sábado, 24 de março de 2018

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Notícia - É a ferramenta mais antiga da Europa ocidental. Tem 1,4 milhões de anos



Na serra de Atapuerca, perto de Burgos, no Norte de Espanha, os arqueólogos encontraram uma lâmina de sílex talhada há 1,4 milhões de anos, o que a torna a ferramenta de pedra mais antiga da Europa ocidental. De apenas três centímetros, é também o vestígio humano mais antigo no sítio arqueológico de Atapuerca, classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade em 2000.

O fragmento de sílex estava em Sima del Elefante, uma das jazidas de Atapuerca, num nível dois metros abaixo da camada onde, em 2007, já se tinha encontrado uma mandíbula humana com 1,2 milhões de anos – e que foi então considerada como os restos do “europeu mais antigo”.

Coberto por três toneladas de sedimentos, o fragmento tem “um grande valor”, sublinhou Eduald Carbonell, um dos três directores da escavação arqueológica, durante a apresentação dos resultados da campanha anual de escavações, durante este mês de Julho.

“Com esta descoberta, pensamos que nos aproximamos do limite admitido da primeira ocupação da Europa ocidental, que remonta há 1,5 milhões de anos”, referem, por sua vez em comunicado, os investigadores.

De riqueza excepcional, as jazidas da serra de Atapuerca estão em escavação desde a década de 1970. Embora as jazidas cubram um período que recua até 1,5 milhões de anos, jamais foi descoberta uma ferramenta ou resto ósseo humano tão antigo.

Em contrapartida, refere o comunicado, várias ferramentas de pedra trazidas à luz do dia durante a última campanha com “cerca de um milhão de anos confirmam a continuidade do povoamento humano da Europa desde o seu início, há cerca de 1,5 milhões de anos, até ao aparecimento do Homo antecessor, há cerca de 850 mil anos”.

O mundo soube da existência do Homo antecessor como uma espécie nova de humanos em 1997, na revista Science: esses ossos revelavam que a Europa ocidental já era ocupada por humanos há mais tempo do que se supunha. A equipa de Atapuerca também considerou o Homo antecessor o antepassado comum da nossa própria espécie – o homem moderno, ou Homo sapiens sapiens – e dos Neandertais.

Originário de África, o Homo antecessor veio para a Europa, onde terá depois dado origem ao Homo heidelbergensis e este originou, por sua vez, os Neandertais, um ramo evolutivo que acabou por se extinguir há cerca de 28 mil anos. Em África, o Homo antecessor acabaria por desembocar no homem moderno, que depois de lá saiu e se espalhou pelo mundo.


Para a equipa de Atapuerca, as descobertas da campanha de 2013 “contradizem as hipóteses avançadas por alguns que consideram que o primeiro povoamento da Europa foi uma sucessão de pequenas vagas humanas, sem continuidade no tempo e condenadas à extinção devido à sua incapacidade em se adaptarem a novos espaços”. “Embora sejam ferramentas muito arcaicas, já reflectem actividades complexas, como a recuperação de animais apanhados em grutas [que funcionavam como armadilhas]”, acrescenta o comunicado.

Ainda dessa altura, as escavações permitiram descobrir diversos restos daqueles que eram há um milhão de anos os “reis das grutas de Atapuerca”, o Ursus dolinensis, ainda que se encontrassem também ossos de outros animais como rinocerontes, veados gigantes, bisontes e burros-selvagens: “Era um urso de grande porte, antepassado directo dos futuros ursos das cavernas e muito próximo do antepassado comum dos actuais ursos-castanhos.”

No final da campanha de 2013, os arqueólogos apresentaram ainda uma peça muito rara: uma omoplata fossilizada identificada como sendo de uma criança de quatro anos de idade, datada de há 800 mil anos. Era, portanto, uma criança da espécie Homo antecessor. Descoberto em 2005, este fóssil estava preso num bloco de argila calcificado e exigiu sete anos de trabalho para ser finalmente separado do seu invólucro. Depois de analisado, deverá ter lugar no Museu da Evolução Humana de Burgos, onde estão expostos os vestígios mais notáveis das jazidas de Atapuerca.

Noticia retirada daqui

Notícia - Dois novos fósseis lançam mais confusão sobre o aparecimento dos mamíferos


Há 65 milhões de anos, no final do Cretácico, um cataclismo livrou a Terra dos dinossauros e deu aos mamíferos a oportunidade de prosperarem. Rapidamente, estes pequenos animais ocuparam muitos nichos que então ficaram livres. Desta forma, este grupo, do qual o homem descende, divergiu e acabou por evoluir nas formas que hoje conhecemos. Cem milhões de anos antes, em pleno parque Jurássico, os mamíferos já existiam mas não é unânime há quanto tempo tinham aparecido. A descoberta agora de dois fósseis de espécies diferentes, mas aparentadas, de animais que morreram entre há 165 e 160 milhões de anos veio lançar ainda mais confusão.

Uma das espécies, mais primitiva, sugere que os mamíferos tinham acabado de aparecer. Outra tem características morfológicas mais evoluídas e sugere que o aparecimento dos mamíferos deu-se 215 milhões de anos, ainda durante o Triásico. Um comentário da edição desta quarta-feira na Nature aos dois artigos, publicados também nesta revista, defende que será preciso esperar pela descoberta de novos fósseis para tentar destrinçar este paradoxo paleontológico, que está ligado às nossas origens mais remotas.

Depois do fim dos dinossauros e em relativamente poucos milhões de anos, os mamíferos ocuparam o mar, a terra e o ar. Há animais com trombas, longos pescoços, membranas aladas ou barbatanas. Há mamíferos adaptados a viver nas árvores e outros que ficaram cegos por se manterem uma vida inteira debaixo de terra, como algumas espécies de toupeiras. Os marsupiais têm uma bolsa na barriga, onde se dá parte do desenvolvimento das crias, e algumas espécies como o ornitorrinco põem ovos. A divergência é muita, portanto.

Mas os fósseis têm mostrado que há 165 milhões de anos, quando os dinossauros reinavam na Terra, havia ainda outros grupos que, se não eram mamíferos, tinham pelo menos características anatómicas que associamos a esta classe. Grupos, esses, que entretanto se extinguiram. O Arboroharamiya jenkinsi e o Megaconus mammaliaformis, as duas espécies agora descobertas, faziam parte da ordem Haramiyida – um dos grupos que existiu nessa época ancestral e confusa da evolução dos mamíferos e que, entretanto, não sobreviveu ao tempo.

Ainda não se sabe se os Haramiyida eram mamíferos ou apenas partilhavam características desta classe de animais. Aliás, estas duas descobertas vêm pôr mais lenha na fogueira desta discussão e de toda a origem dos mamíferos. O Megaconus mammaliaformis, descoberto pela equipa de Zhe-Xi Luo, da Universidade de Chicago, viveu entre há 165 e 164 milhões de anos no que é hoje o interior da região da Mongólia Interior, no Nordeste da China.

No chão…
O Megaconus seria do tamanho de um grande esquilo e vivia ao nível do chão. O fóssil está bastante bem preservado e mostra que este animal tinha pêlos por todo o corpo, menos na barriga. Os dentes indicam que era omnívoro, já que estavam adaptados a mastigar plantas, mas também insectos e minhocas, e talvez outros pequenos vertebrados.

Esta espécie tinha os três ossos que nos mamíferos servem para ouvir, mas neste animal os ossos ainda estavam ligadas à mandíbula, o que já não acontece nos mamíferos. Por outro lado, o osso do tornozelo é semelhante ao do tornozelo de outros animais pré-mamíferos. Estas são características consideradas primitivas colocam, segundo os autores, os Haramiyida fora do grupo dos mamíferos e levam à equipa a concluir os mamíferos teriam então de ter evoluído mais recentemente.

Mas a sul do local onde se encontrou o fóssil do Megaconus mammaliaformis, na continuação da mesma formação geológica mas já na província chinesa de Shandong, a equipa de Xiaoli Wang, da Academia de Ciências Chinesa, descobriu um fóssil de outra espécie classificada também como Haramiyida. Mas as características deste outro fóssil obrigaram a equipa a desenhar outra árvore evolutiva dos mamíferos.

…E nas árvores
O Arboroharamiya jenkinsi vivia nas árvores há 160 milhões de anos. Pesaria cerca de 354 gramas, teria uma pequena cabeça e seria herbívoro ou omnívoro. Os ossos do ouvido deste pequeno animal estão dispostos como os dos mamíferos. Ora de acordo com esta e outras características, a equipa de Xiaoli Wang coloca os Haramiyida dentro dos mamíferos, onde estão os placentários, os marsupiais, os monotrématos como o ornitorrinco, e os multituberculados, outro grupo que já desapareceu.

A inclusão dos Haramiyida nos mamíferos “implica que estes tenham surgido há pelo menos 215 milhões de anos – uma data muito mais antiga do que muitos paleontólogos aceitam, mas que que está de acordo com uma estimativa recente”, escrevem Richard Cifelli, do Museu de História Natural de Oklahoma, e Brian Davi, da Universidade de Louisville, no Kentucky, Estados Unidos, num comentário na Nature. Para apresentar aquelas características dos mamíferos, o antepassado do Arboroharamiya jenkinsi e de todos os outros mamíferos teve de ter surgido muitos milhões de anos antes.

Richard Cifelli e Brian Davi consideram que estas duas alternativas obrigam a novas interpretação sobre a história inicial e as adaptações mais importantes que determinaram o aparecimento dos mamíferos. “Mas, em última análise, serão necessários mais e melhores fósseis para refinar o conhecimento sobre a divergência das espécies no início da evolução dos mamíferos”, conclui o comentário.

Noticia retirada daqui

Notícia - Nós, os neandertais, os denisovanos e como tudo se complicou



A ponta de um dedo veio evidenciar ainda mais que, se há coisa que não é simples, é a história da evolução humana. Descoberto em 2008 na gruta Denisova, nos montes Altai, Sibéria, o pequeno osso da falange era afinal de um grupo de humanos desconhecido - os denisovanos, que viveram até há 30 mil anos. E se as surpresas não chegassem, também eles, tal como os neandertais, se reproduziram com a nossa espécie. Uma equipa publica nesta sexta-feira, na revista Science, a análise do genoma completo dos denisovanos, a partir do fragmento de dedo: dentro de nós há um pouco de neandertal e de denisovano, é verdade, mas a genética revelou agora uma nova teia de migrações e relações complexas entre nós e estes dois humanos já extintos.

A equipa de Svante Pääbo, do Instituto Max Planck para a Antropologia Evolutiva, Alemanha, já tinha ficado surpreendida com o que representava a descoberta da falange e de dois dentes molares. Quando os cientistas sequenciaram o ADN das mitocôndrias (as baterias das células), herdado só da parte da mãe e que está fora do núcleo celular, perceberam que era um novo grupo de humanos. O osso é de uma menina de cinco a sete anos de idade, que viveu há 80 mil anos. Tinha a pele escura, cabelos e olhos castanhos.

Em Maio de 2010, a revelação da sua existência espantou o mundo e, em Dezembro desse ano, a equipa de Pääbo avançava com a publicação de um primeiro rascunho do ADN do núcleo. Dizia já que os denisovanos se tinham misturado connosco e que a herança desse passado "promíscuo" não era igual em toda a Terra. Os europeus têm ADN dos neandertais, mas não têm material genético dos denisovanos, que por sua vez deixaram a sua pegada genética para os lados das ilhas da Melanésia.

No meio desta viagem à história da evolução humana através do ADN, a equipa de Pääbo disponibilizou na Internet, no início deste ano, toda a sequenciação do genoma dos denisovanos, para quem a quisesse usar na investigação. A leitura deste ADN antigo já era bastante rigorosa, graças a um método desenvolvido por Matthias Meyer, também do Instituto Max Planck, que permite ler até 30 vezes as letras do genoma (pequenas moléculas que compõem a grande molécula de ADN). Agora, a equipa aprofunda na Science as reflexões sobre essa informação e faz mais revelações, comparando o genoma da nossa espécie (os humanos modernos), dos denisovanos e dos neandertais.

"Pudemos confirmar que parentes de um indivíduo da gruta Denisova contribuíram geneticamente para os antepassados das pessoas actuais na Nova Guiné, mas esse fluxo genético não afectou o resto das pessoas da Eurásia continental, incluindo o Sudeste da Ásia continental", disse um dos autores do artigo, o geneticista David Reich, da Faculdade de Medicina de Harvard, numa conferência organizada pela revista. "No entanto, é claro que os denisovanos contribuíram com 3% a 5% de material genético para os genomas das pessoas da Austrália, Nova Guiné, os nativos das Filipinas e de algumas ilhas das redondezas. A confirmação foi muito forte", acrescentou.

Como se explica que o material genético dos denisovanos não se encontre sequer na Ásia continental, onde viveram, como mostra a falange e os dentes? "Diria que a mistura entre os denisovanos e os antepassados dos habitantes da Melanésia, Papuásia-Nova Guiné e aborígenes australianos deu-se provavelmente no Sudeste da Ásia continental. Quando os antepassados dos humanos modernos chegaram a essa área, encontraram-se com os denisovanos, misturaram-se e depois partiram para colonizar a Melanésia", disse Pääbo.

E agora vem a última descoberta, aquela que complica tudo. Envolve os neandertais, extintos há cerca de 28 mil anos e que durante mais de 150 anos estiveram no centro da polémica sobre se eles e nós tínhamos feito sexo e deixado descendentes. Sim, tinham já concluído outros estudos de Pääbo.

"As pessoas das regiões Leste da Eurásia [Ásia] e os nativos americanos têm mais material genético dos neandertais do que as da Europa, apesar de os neandertais terem vivido sobretudo na Europa, o que é mesmo muito interessante", considerou David Reich. "Vemos que há uma contribuição dos neandertais ligeiramente superior na Ásia do que na Europa- em cerca de 20% -, o que é surpreendente, porque os neandertais viveram na Oeste da Ásia e na Europa", acrescentou Pääbo.

Como aconteceu isto? De início, pensava-se que tinha havido um único intercâmbio genético entre neandertais e humanos modernos, que saíram de África há cerca de 50 mil anos. Talvez quando os dois tipos de humanos se encontraram no Médio Oriente. Depois a nossa espécie espalhou-se pelo mundo inteiro e teria levado consigo essa herança.

"Agora tudo se tornou mais complicado com os neandertais", disse Pääbo. "Vemos que toda a gente fora de África teve uma contribuição dos neandertais. A maneira mais simples de explicar isto é que algo ocorreu assim que os humanos modernos saíram de África, se encontraram com os neandertais no Médio Oriente e se misturaram com eles."

Como hipóteses, a equipa diz que pode ter havido uma segunda mistura entre humanos modernos e neandertais na Ásia Central, reforçando aí a carga genética destes. Ou a contribuição genética dos neandertais na Europa foi diluída com a chegada tardia de humanos modernos vindos de África e que não tinham um pouco de Neandertal no genoma.

Noticia retirada daqui

Notícia - A Evolução Culminou no Homem?



A bióloga e professora universitária Teresa Avelar acaba de publicar, na Bertrand Editora, um novo livro, A Evolução Culminou no Homem?, subtitulado Progresso, Contingências, Catástrofes e Extraterrestres. Trazemos-lhe a introdução e o primeiro capítulo, para aguçar a curiosidade.

A noção de progresso, no sentido de uma mudança direccional conduzindo a um estado que se assume ser “melhor”, influencia profundamente o pensamento contemporâneo, a ponto de se pensar frequentemente que não só existe progresso cultural e tecnológico como progresso ao nível biológico: ou seja, que a evolução tem levado os seres vivos a “progredir” ao longo do tempo. Esse progresso culmina em nós, seres humanos, que somos “evidentemente” a espécie mais “evoluída” que existe. Expressões como “animais inferiores e superiores” (os “superiores” são aqueles que são mais parecidos connosco), espécies mais ou menos “evoluídas”, linhagens “progressivas e degeneradas” são outros indicadores da crença em progresso evolutivo culminando nos humanos. Melhores do que nós só eventuais inteligências extraterrestres (visto que outros tipos de seres “superiores”, como anjos ou deuses, já não são do domínio científico). Quantas vezes vimos a nossa evolução representada como uma série de macacos cada vez mais “evoluí­dos” e verticais, até vermos um homem (é praticamente sempre um indivíduo do sexo masculino) a caminhar, de modo quase heróico, em direcção ao futuro?

De facto, é difícil ter uma ideia mais errada do que esta relativamente ao processo evolutivo. Mas a crença na existência objectiva de progresso ao nível dos fenómenos e processos biológicos é extraordinariamente persistente. Parece-nos chocante que, no século XXI, uma noção tão subjectiva e antropocêntrica não só continue a ter aceitação geral por parte de leigos, como até seja defendida por alguns cientistas. A convicção de que há progresso biológico, e que é praticamente inevitável que a evolução conduza a seres semelhantes a nós, é ilustrada pelo pressuposto de que, se ocorrer vida extraterrestre, haverá necessariamente, algures, inteligência extraterrestre, como se uma coisa implicasse automaticamente a outra. É essa ideia de progresso inevitável, “garantido” pelos processos biológicos, que vamos discutir neste livro.


O conceito de progresso em geral é relativamente recente, uma vez que só é possível quando se admite que o mundo mudou ao longo do tempo. Os Gregos raramente consideraram essa ideia, visto que, em geral, imaginavam o mundo como sendo estático. Em relação aos seres humanos, uma ideia frequente era a de uma queda e regressão após uma “Idade do Ouro” ou uma idade heróica – por exemplo, na Ilíada, o velho Nestor contrasta o presente com a sua juventude, quando os homens eram “maiores” em todos os aspectos, e em geral Homero fala dos seus heróis como sendo “superiores” às pessoas a quem estava a contar a história. No entanto, mais tarde, vários pensadores gregos admitiram que os humanos haviam progredido: por exemplo, o autor da peça Prometeu Agrilhoado descreve o progresso cultural dos humanos desde um estado inicial miserável. Certos filósofos pré-socráticos como Protágoras e, mais tarde, o romano Lucrécio, inspirado pelo filósofo grego Epicuro (cujas obras em grande parte se perderam), referem-se ao progresso humano desde a “barbárie” até à civilização.

O cristianismo foi inicialmente ambivalente em relação ao progresso. Por um lado, baseia-se na ideia de queda e expulsão do “Jardim do Éden” e na crença em que qualquer melhoria e salvação só são possíveis pela graça de Deus e não devido a esforços humanos. Por outro lado, admite que houve progresso desde os pagãos até à instauração do cristianismo e projecta um futuro paradisíaco (e.g., Santo Agostinho, na Cidade de Deus, século V). Além disso, ao introduzir a noção de que o mundo (e não apenas os seres humanos) tem uma história mais ou menos linear, ou seja, que se alterou desde a Criação e que se modificará até chegar ao Juízo Final, contribuiu para preparar o terreno relativamente à possibilidade de progresso secular em geral.

A convicção generalizada relativamente ao progresso humano só se espalhou após a Renascença. Por exemplo, em França, no século XVII, teve lugar a famosa Querela entre Antigos e Modernos, em que os partidários dos Antigos (e.g., Boileau e, em Inglaterra, Jonathan Swift) defendiam que nada se tinha produzido que chegasse à altura da Antiguidade clássica e os partidários dos Modernos afirmavam, pelo contrário, que os modernos eram superiores porque podiam construir sobre os alicerces elaborados pelas épocas anteriores. No século XVIII, com o iluminismo, influenciado pelos triunfos científicos de Galileu e Newton, a crença num progresso cultural inevitável e cada vez maior generalizou-se. O fim da Revolução Francesa abalou um pouco este optimismo, mas não o conseguiu eliminar. Por exemplo, o reverendo Thomas Malthus (1766–1834) escreveu o seu famoso livro (Essay on the Principle of Population) em 1798 para demonstrar que a população humana tende a crescer geometricamente mas os recursos apenas crescem aritmeticamente, de onde se conclui que, a menos que as pessoas refreiem a sua actividade sexual (concebida como só sendo lícita quando se trata de procriar), haverá sempre intensa competição por recursos e muita miséria. Esta visão parecia ir contra a crença iluminista no progresso, mas para Malthus a situação fora elaborada por Deus precisamente para encorajar as pessoas a se esforçarem, trabalharem e comportarem com virtude (i.e., pouco sexo).

Durante todo o século XIX e grande parte do século XX, a fé no progresso perdurou, afirmada por filósofos como Auguste Comte, John Stuart Mill, Herbert Spencer, Karl Marx e Friedrich Engels, e vários outros. No fundo, continuamos a subscrever esta ideia de progresso inevitável da cultura humana.

As ideias evolucionistas foram influenciadas pela noção de progresso cultural humano, estendendo essa ideia e tornando possível a concepção de um progresso já não só humano e cultural, mas biológico, i.e., dos seres vivos em geral. Mais tarde, a influência foi recíproca, ou seja, o próprio evolucionismo favoreceu a crença no progresso humano.

A hipótese de evolução surgiu em parte a partir de uma modificação da concepção da Grande Cadeia dos Seres (ou Scala Naturae), uma escala linear ascendente ordenando todos os seres, do mais simples até ao mais “perfeito”. Na sua versão inicial, esta cadeia remontava a Aristóteles, e foi muito difundida na Idade Média. A cadeia era obviamente estática e, na Idade Média, incluía tudo, desde os minerais, em baixo, até aos anjos, em cima, logo abaixo de Deus, passando pelas plantas e pelos animais, e assumindo, claro, que todos coexistiam no mesmo momento, sem alteração desde a Criação. Em versões posteriores, evolutivas, como as de Erasmus Darwin (o avô de Charles Darwin) e de Lamarck, a cadeia passou não só a ter uma dimensão temporal (os seres mais simples davam origem a seres cada vez mais complexos), mas a dividir-se em duas (uma para as plantas e outra para os animais, ficando os minerais fora da biologia) e a culminar no homem em vez de nos anjos. Assim, a vida tinha uma história (não ocorrera uma Criação única e definitiva) e essa história mostraria um progresso indo dos seres mais “simples”, como as criaturas unicelulares, aos invertebrados mais “complexos”, destes aos vertebrados, e finalmente atingindo o “apogeu” no homem. Ainda hoje essa ideia perdura em expressões do tipo “da bactéria ao homem”, como se a evolução seguisse um caminho previamente traçado para chegar finalmente até nós.

Erasmus Darwin (1731–1802), médico bem-sucedido e avô paterno de Charles Darwin, foi o primeiro autor a propor uma teoria evolutiva, quer num tratado em prosa, Zoonomia (1794, e reeditado pelo autor em 1801), quer, de modo ainda mais explícito, em verso, no livro póstumo The Temple of Nature (“O Templo da Natureza”, 1803). A evolução e o progresso estavam indissoluvelmente associados para Erasmus Darwin. A vida teve uma origem única (uma entidade microscópica inicial, microscopic ens) e desenvolveu-se, passando por fases sucessivamente mais aperfeiçoadas, até culminar, até ao momento, no homem, e, eventualmente (no futuro), em formas ainda mais perfeitas, visto que o processo de aperfeiçoamento continua a operar e continuará para todo o sempre (FOR EVER AND EVER, como escreveu Erasmus, com maiúsculas). O mecanismo desta mudança não era claro, mas Deus estava por detrás dele: Erasmus Darwin era crente, deís­ta, como muitos autores do século XVIII, para os quais Deus ainda era o Grande Arquitecto, o Autor de todas as coisas, embora posteriormente à Criação inicial do universo tivesse essencialmente deixado de interferir (os deístas, ao contrário dos teístas, não aceitavam a existência de milagres).


As especulações evolutivas de Erasmus Dar­win não foram tomadas muito a sério e assim foi Jean-Baptiste Antoine de Monet, chevalier de Lamarck (1744–1829), o primeiro autor a propor uma teoria evolutiva que teve algum efeito sobre os contemporâneos (mesmo que fosse sobretudo negativo). Lamarck ganhara credibilidade científica ao publicar obras em botânica (a primeira Flora completa de França, 1778) e depois em zoologia, em especial sobre invertebrados (termo inventado por ele), em tratados publicados em 1801 e 1815–1822, após se tornar curador dos invertebrados no Museu de História Natural de Paris (reorganizado após a Revolução Francesa). As suas ideias evolutivas estão subjacentes a várias das suas obras, mas foram principalmente dadas a conhecer na Philosophie Zoologique (“Filosofia Zoológica”, 1809). A sua teoria, tal como a de Erasmus Darwin, baseava-se na transformação da Scala Naturae, tornando-a dinâmica: os seres vivos mais simples (unicelulares) originam-se permanentemente por geração espontânea e depois transformam-se e aperfeiçoam-se ao longo do tempo até chegarem ao último estado da scala, que é o dos seres humanos. Lamarck foi mais claro do que Erasmus ao explicitar os mecanismos que levam os seres vivos a progredir. O primeiro mecanismo era uma “força que tende permanentemente a compor a organização” e que portanto levava os seres vivos a “melhorarem” linearmente. Mas, como os ambientes estão permanentemente a variar, outro mecanismo, a “influência das circunstâncias”, pode causar desvios relativamente à cadeia linear, produzindo ramificações, embora de menor importância. A sua capacidade permanente de mudança faz com que os organismos não se extingam, mas se transformem noutros, mais bem adaptados.Curiosamente, embora acreditasse firmemente numa tendência progressiva inerente aos seres vivos, Lamarck não aceitava claramente uma mudança direccional do mundo ao longo do tempo, visto que, para ele, haveria sempre espécies em todas as fases do “avanço”. Por essa razão, Lamarck pouco se interessou pelo registo fóssil que começava a ser conhecido na época e nunca acreditou na existência de extinção (segundo ele, as espécies aparentemente extintas cujos fósseis começavam a ser descritos ainda existiam algures na Terra). Embora a sua “força” motora nos pareça hoje milagrosa, Lamarck considerava-se um mecanicista (falava de fluidos orgânicos) e opunha-se ao “vitalismo” aristotélico. Ao contrário de Erasmus Darwin, não invocava a acção directa de Deus sobre a matéria viva.

As especulações evolutivas de Lamarck foram no entanto classificadas pelos seus contemporâneos como fazendo parte do seu lado menos científico, junto com teorias químicas já completamente ultrapassadas na época de Lavoisier e especulações meteorológicas delirantes (Lamarck estava convencido de que podia prever o clima de todo o ano e publicou almanaques com previsões para cada dia).

O inglês Charles Lyell (1797–1875) é um caso curioso, visto que foi dos poucos que, embora acreditasse no progresso humano, começou por negar não só o progresso biológico mas inclusivamente mudanças direccionais no registo fóssil. Lyell começou por ter uma formação de advogado, mas cedo se “mudou” para a geologia, a sua grande paixão. Foi o autor do famoso livro Principles of Geology: Being an Attempt to Explain the Former Changes of the Earth’s Surface by Reference to Causes now in Operation (“Os Princípios da Geologia: Uma Tentativa para Explicar as Mudanças Passadas da Superfície da Terra Invocando Causas hoje em Operação”), publicado em três volumes entre 1830 e 1833. Neste livro, Lyell defendeu a causa do que veio a chamar-se “uniformitarismo” (o nome foi inventado por um opositor), contra a ideia vigente em geologia, o “catastrofismo”. Segundo os geólogos catastrofistas, a sucessão de floras e faunas observáveis no registo fóssil explicava-se através de uma sucessão de catástrofes de magnitude superior ao que ocorria no presente e que haviam dizimado as espécies do passado. Após cada catástrofe, novas espécies surgiam (criadas directamente por Deus), substituindo as anteriores, e cada vez mais semelhantes às actuais, dado que Deus estava por assim dizer a “preparar o terreno” para a criação do homem. Lyell insinuou, como crítica, que essas “catástrofes” eram consideradas como tendo uma origem sobrenatural, o que não era necessariamente o caso: muitos “catastrofistas” apenas argumentavam que certos fenómenos como tremores de terra haviam sido mais violentos do que o que era observável no presente. Apenas a criação de novas espécies resultava da acção directa de Deus (e Lyell não se opunha a esta ideia).

No seu livro, Lyell avançou três hipóteses. Em primeiro lugar, as leis da natureza não se alteraram com o tempo: esta componente da teoria de Lyell não era controversa e era aceite por todos os contemporâneos. Em segundo lugar, a intensidade dos processos que existem no presente não se alterou com o tempo, ao contrário do que era afirmado pelos “catastrofistas”. Lyell acumulou uma impressionante quantidade de factos para apoiar a sua afirmação de que os fenómenos observáveis no presente, como o vulcanismo, os tremores de terra, a erosão pela água e pelo vento, a sedimentação, etc., são suficientes para explicar todas as observações do registo do passado. Por exemplo, no frontispício do livro, Lyell apresentou uma gravura das colunas do templo de Serápis em Pozzuoli para mostrar que se tinham mantido de pé (o que não seria possível se tivessem sofrido alterações violentas) apesar de terem sido submergidas no passado, como se demonstrava pelos vestígios de perfurações por bivalves marinhos. Esta componente da sua teoria, inicialmente controversa, acabou por conquistar a comunidade científica, dada a sua vantagem metodológica relativamente às teorias “catastrofistas”.

O terceiro elemento da teoria de Lyell era que a própria Terra não se alterou direccionalmente com o tempo. Esta sugestão parece-nos hoje (e assim pareceu aos seus contemporâneos) muito estranha, mas segundo Lyell a aparente direccionalidade do registo fóssil é um artefacto da preservação, e a Terra existe num estado global de equilíbrio, de modo que as faunas se substituem ciclicamente (daí a sua frase famosa: “o enorme iguanodonte pode reaparecer nos bosques, e o ictiossauro no mar, enquanto o pterodáctilo pode voltar a voar através de bosques de fetos gigantes”). A única excepção a este estado de equilíbrio sem alterações temporais irreversíveis é o ser humano. Nós, obviamente, surgimos uma única vez.

Dada esta ideia de que a Terra não mudou direccionalmente, mas apenas se alterou de modo cíclico, com repetições dos mesmos fenómenos, Lyell constituiu uma excepção em relação à crença contemporânea no progresso biológico. De facto, praticamente todos os cientistas admitiam que havia progresso biológico ao longo do tempo, mesmo antes de as ideias evolucionistas serem geralmente aceites. O progresso biológico podia ter ocorrido por saltos bruscos (e.g., após sucessivas catástrofes), e substituições dos seres de uma dada época por seres posteriores “superiores” (entenda-se mais perfeitos, melhores, ou seja, mais semelhantes aos humanos), mas praticamente ninguém duvidava de que ocorrera. Os processos que tinham levado a esse progresso não eram especificados, embora a ideia subjacente era que de algum modo se deviam à intervenção mais ou menos directa de Deus.

Lyell acabou por renunciar a esta parte da sua teoria uniformitarista. Em 1866 admitiu que a Terra havia de facto mudado ao longo do tempo – e que essa mudança havia, obviamente, sido progressista. Ou seja, logo que Lyell aceitou a ideia de direccionalidade, aceitou concomitantemente a ideia de progresso, como se as duas noções fossem inseparáveis. É sintomático que a “conversão” de Lyell ao progresso não foi devida à sua “conversão” às ideias evolucionistas do seu amigo Darwin (na realidade, Lyell nunca aceitou plenamente o mecanismo evolutivo proposto por Darwin, ou seja, a selecção natural), mas sim à sua admissão de que havia direccionalidade na história da Terra (e portanto já não podemos esperar que o iguanodonte ou o ictiossauro regressem...). A partir dessa admissão, o progresso biológico era automático e Lyell não o questionou.

Em 1844 surgiu em Inglaterra um livro de divulgação intitulado Vestiges of the Natural History of Creation (“Vestígios da História Natural da Criação”), delineando uma teoria evolutiva eminentemente progressista, segundo a qual leis de “desenvolvimento” (não especificadas mas semelhantes às leis que governam o desenvolvimento embrionário dos seres vivos mais complexos) estariam subjacentes à evolução dirigida (por Deus) dos seres vivos, com um objectivo final, o de produzir o homem. O último capítulo do livro é precisamente intitulado “Objectivo e condição geral da criação animada”. Nele o autor garante que “o sistema presente é apenas parte de um todo, uma etapa numa Grande Progressão, e a Compensação está garantida”. Segundo o livro, “o mundo inorgânico tem uma lei final abrangente, a GRAVITAÇÃO. O mundo orgânico, a outra grande secção de coisas terrenas, apoia-se de modo semelhante numa única lei, e esta é – DESENVOLVIMENTO”. Não fica claro se o autor dos Vestiges se considerava o Newton da biologia... O autor era na realidade um editor escocês bem-sucedido, Robert Chambers (1802–1883), que publicou Vestiges anonimamente, porque não queria arriscar a sua reputação (Vestiges só foi oficialmente assumido como sendo de Chambers na 12.ª edição, póstuma, em 1884). O livro foi atacado pela comunidade científica, em grande parte com razão porque continha inúmeras incorrecções factuais (chegando a sugerir que seres tão complexos como insectos eram produzidos por geração espontânea), embora muitas das críticas se devessem mais à sua ideia de evolução do que aos erros factuais. No entanto, essas críticas ajudaram à enorme popularidade do livro, o qual vendeu mais exemplares do que A Origem das Espécies. Mais uma vez vemos como ideias de mudança ao longo do tempo estavam indissoluvelmente associadas à ideia de progresso: i.e., essas mudanças só podiam ser concebidas como sendo no sentido de uma melhoria (entenda-se: no sentido da produção de seres cada vez mais semelhantes a nós), e o estado final (nós) estava predeterminado desde o início (tal como no caso do desenvolvimento do embrião).

Spencer foi o maior apologista da inevitabilidade do progresso. No seu tempo, foi considerado como um filósofo de primeira grandeza, e mais importante como pensador do que Darwin, embora tivesse sido subsequentemente esquecido a ponto de nem sequer ser referido por Bertrand Russell na sua História da Filosofia Ocidental. O próprio Darwin chamou-lhe “o maior filósofo vivo” numa carta, mas noutras cartas a outros correspondentes afirmou que Spencer o deixava sempre confuso e na sua Autobiografia (privada e escrita para os filhos) escreveu que as generalizações de Spencer, embora valiosas do ponto de vista filosófico, não lhe pareciam de qualquer utilidade científica. Thomas Henry Huxley, o grande defensor de Darwin, era amigo pessoal de Spencer, mas céptico relativamente às suas teorias ambiciosas, e disse uma vez que, para Spencer, a ideia de uma verdadeira tragédia era a de uma linda dedução destruída por um pequeno facto.

Spencer foi um defensor precoce da evolução, tendo sido influenciado pelo livro Principles of Geology de Lyell, por Lamarck (tal como Lyell o descrevera) e outros, incluindo Malthus, e provavelmente pelos Vestiges. A sua primeira publicação sobre evolução foi em 1852: The Development Hypothesis (“A Hipótese do Desenvolvimento”). Como muitos contemporâneos, Spencer usou a palavra evolução para designar quer o desenvolvimento embrionário quer as transformações evolutivas propriamente ditas. Segundo ele, a competição pelos recursos obrigaria à utilização crescente das faculdades mentais e levaria ao seu aumento durante a vida de um indivíduo. Ora isso estaria associado a uma diminuição da fertilidade, visto que a energia vital é limitada e se mais energia for investida no cérebro sobra menos para os órgãos genitais e para a fertilidade. O aumento das faculdades intelectuais durante a vida seria herdável e daria portanto origem a uma sucessão de formas cada vez mais inteligentes, culminando (obviamente) no homem inglês vitoriano. Neste, sempre de acordo com Spencer, ter-se-ia chegado perto de um equilíbrio populacional estável, porque a fertilidade teria diminuído relativamente não só aos animais como a populações humanas menos “evoluídas” e mais férteis, por exemplo os irlandeses (a grande fome da Irlanda ocorreu em 1848). Note-se que Spencer, solteiro, sem filhos e muito inteligente, seria um bom exemplo de “perfeição evolutiva”.

Em 1855, Spencer publicou uma nova obra, Principles of Psychology (“Princípios de Psicologia”), a qual, de acordo com a sua “modesta” opinião, seria colocada a par da obra de Newton, e em 1859 publicou um artigo intitulado “Progress: its law and cause” (“Progresso: a sua lei e causa”). Segundo Spencer, tudo (incluindo a física) estaria abrangido por uma vasta lei global de progresso e de desenvolvimento. Esta lei (tão abrangente como a da gravidade) consistiria numa mudança do “homogéneo” para o “heterogéneo”. Esta mudança iria desde a condensação da nebulosa homogénea inicial que originou o sistema planetário heterogéneo actual até ao aparecimento do homem. Entre os seres vivos, a progressão parecia óbvia a Spencer: os peixes seriam mais “homogéneos” do que os répteis (e.g., têm um corpo mais simples, não têm membros), que por sua vez seriam mais “homogéneos” do que as aves e os mamíferos.

Após ter proposto esta lei universal, Spencer passou o resto da sua vida a preencher os detalhes. Não mostrou muito apreço pela teoria evolutiva de Darwin, considerou a selecção natural como um mecanismo absolutamente menor e defendeu energicamente as ideias de hereditariedade das características adquiridas, as quais considerava necessárias e suficientes para o processo evolutivo.

Convém sublinhar que as ideias de Spencer só começaram a ter repercussão após a publicação de A Origem das Espécies de Darwin em 1859 – antes disso ele não convencera ninguém relativamente à ocorrência da evolução. Relativamente ao progresso, pelo menos no seu aspecto pré-evolutivo, não era necessário convencer as pessoas, dado que a existência de progresso, com os ingleses do sexo masculino no cume, era considerada evidente por quase todos. Após a publicação de A Origem das Espécies, como veremos, a ideia de progresso biológico, com os seres humanos no cume, foi praticamente imediata.

N.R. – Os subtítulos deste texto são adaptações das divisões originais do livro.


SUPER 152 - Dezembro 2010

Notícia - Novo fóssil de pé de hominídeo põe fim à solidão da australopiteca Lucy

Durante décadas pensou-se que o Australopithecus afarensis, a espécie a que pertence a famosa Lucy, da África austral, era o único hominídeo no período entre 3,9 e 2,9 milhões. Afinal não era. Lado a lado, há 3,4 milhões de anos, havia outro hominídeo de que se sabe muito pouco. Apenas oito ossos do pé direito de um indivíduo desta espécie foram encontrados em 2009.

Tinha, tal como os gorilas, o dedo grande oponível, eficaz para quem trepava às árvores, mas era bípede como Lucy e caminhava com os dois pés a distâncias curtas. A descoberta, publicada nesta quarta-feira na Nature, ainda não valeu a junção de um elemento novo à árvore evolutiva dos hominídeos: são necessários mais dados, mas, para já, aumentou a complexidade da história humana e do aparecimento do bipedismo.

“Esta descoberta mostra-nos pela primeira vez que existia uma outra linhagem de hominídeos contemporâneos da Lucy. Temos um animal que estaria nas árvores durante uma parte significativa do tempo, mas quando descia até ao chão apoiar-se-ia nos metatarsos [ossos dos pés] laterais. Isto contrasta com o Australopithecus afarensis, que não subia às árvores e mostra as diferenças entre os dois padrões de locomoção”, explica Bruce Latimer, da Case Western Reserve University, de Cleveland, EUA. “Honestamente, pensaria que o Australopithecus afarensis era uma espécie sozinha”, diz o especialista, um dos autores do artigo.

Os oito ossos com 3,4 milhões de anos foram encontrados em Fevereiro de 2009, região de Afar, no centro da Etiópia. São quatro metatarsos do pé direito (os ossos que vêm antes de cada falange), três falanges proximais e uma falange média. A descoberta está longe de dar uma visão completa do hominídeo desconhecido como fez o esqueleto da Lucy, descoberto em 1974, em relação ao Australopithecus afarensis. Ou como aconteceu com a Ardi, encontrada em 1994 mas apresentada ao mundo só em 2009. Considerada por muitos a avó da humanidade, a Ardi, um homínideo mais velho do que a Lucy, viveu há 4,4 milhões de anos e pertence à espécie Ardipithecus ramidus.

“Os primeiros hominíneos [o ramo humano da evolução] são caracterizados por uma grande diversidade que se reflecte nos vários géneros e nas muitas espécies existentes entre 7 e 2,5 milhões de anos. A passagem para o bipedismo terá sido gradual e em função das características ambientais e, consequentemente, hábitos dietéticos”, explica  Eugénia Cunha, antropóloga e professora da Universidade de Coimbra, que não esteve envolvida no trabalho.

A Ardi é importante para esta história, porque existiu um milhão de anos antes do dono do novo fóssil, na Etiópia, e os ossos do dedo grande mostram que ele era oponível, de quem vivia nas árvores. Mas o resto do pé indica que mantinha um caminhar a duas pernas, embora com um estilo mais coxo do que os hominídeos que surgiram depois. A espécie da Lucy, por exemplo, já tinha os ossos do dedo grande a acompanhar os dos outros dedos do pé, tal como o pé humano actual. Um sinal claro de uma espécie que fazia a vida no chão.

O novo fóssil tinha características intermédias. “Este pé parece ser uma continuação/evolução do género Ardipithecus de há 4,4 milhões de anos. Nesse aspecto é interessante verificar que esse género poderá ter tido continuidade”, avalia a investigadora portuguesa. Caminhava de forma bípede, porque a ligação entre os metatarsos laterais e as falanges tinha as características que permitiam dar o impulso com os dedos dos pés para iniciar o próximo passo. Mas não tinha o arco do pé, porque o dedo grande era oponível. “Provavelmente usava o dedo grande para se equilibrar”, sugeriu Bruce Latimer, numa conferência de imprensa. “Tenho dificuldade em pensar como é que esta espécie caminharia”, admite, rindo-se.

A descoberta reforça, no entanto, o que a Ardi já tinha mostrado. O antepassado de chimpanzés, gorilas e humanos (e tudo o que existiu entre estas espécies), um ser muito mais antigo do que Ardi, que viveu há cerca de dez milhões de anos, não teria um aspecto parecido com os primatas de hoje, como se pensou durante décadas. O gorila e o chimpanzé divergiram tanto desse antepassado como nós. “O pé do chimpanzé é um modelo impróprio e pobre para o que seria o pé ancestral humano. É muito diferenciado, e agora podemos ver isto”, reflecte Latimer. Faltam mais fósseis do esqueleto deste hominídeo para os cientistas conseguirem dizer que é uma nova espécie e para se conhecer os seus hábitos alimentares. “Este pé não é necessariamente uma nova espécie. A história da paleontologia humana diz-nos que devemos ser prudentes relativamente à criação de novas espécies. Os autores são cautelosos a esse respeito”, contextualiza Eugénia Cunha, explicando que pode ser uma “continuidade do Ardipithecus”.

Mas o contexto geológico responde a muitas questões sobre que local era aquele há 3,4 milhões de anos. “Era um ambiente aquático, os rios desaguavam numa massa de água perene, haveria floresta à beira da água, o que é consistente com o registo fóssil de uma criatura que trepava às árvores”, descreve Beverly Saylor, outra autora do artigo.

Estes dados sobre o ambiente são importantes. O registo fóssil da espécie da Lucy estende-se ao longo de um milhão de anos. Além de se sobrepor temporalmente à nova descoberta, muitos achados estão a poucos quilómetros de distância do fóssil do pé. Por isso, existiam duas espécies a servirem-se de nichos ecológicos diferentes na mesma região. Uma ficava em cima das árvores, a outra, por contraste, optou pelo chão. “Temos tipos divergentes de bipedismo, um como o da Lucy, a andar de forma erecta, decidida a caminhar no chão”, interpreta Latimer. O outro a ficar nas árvores.

Uma conclusão imediata é que, afinal, a variedade de hominídeos foi maior, assim como as suas morfologias e adaptações ao ambiente. Num artigo de análise da Nature, Daniel Liberman, da Universidade de Harvard, refere que “são necessários mais fósseis para determinar qual o corpo que acompanha este pé e para perceber que características [do bipedismo] evoluíram uma só vez ou várias vezes”. É preciso voltar ao terreno à procura das próximas ossadas.

Notícia - E depois de nós?




O avanço imparável do trans-humanismo
Os progressos tecnológicos e científicos vão permitir-nos intervir no corpo para eliminar deficiências congénitas e potenciar capacidades. A humanidade ultrapassa-se a si mesma.

Mais de sessenta cientistas, peritos e “tecno-intelectuais” foram convocados pela Universidade de Harvard (Estados Unidos), no Verão passado, para debater um tema tão transcendental como a capacidade humana para alterar a sua própria evolução. Os presentes expuseram as suas previsões sobre o futuro da ciência e da tecnologia, assim como sobre o impacto destas no fenómeno da trans-humanização. O prolongamento da vida humana, o domínio dos circuitos do cérebro, a robótica, a nanotecnologia, a inteligência artificial e as técnicas para aperfeiçoar a espécie humana foram apenas algumas das ideias que se discutiram na reunião, promovida pela Humanity+, uma ONG conhecida até há pouco tempo sob o nome de World Transhumanist Association.

A Humanity+ é a organização mais representativa do chamado “movimento trans-humanista”, cujos adeptos estão convencidos de que os avanços tecnocientíficos vão permitir modificar ad libitum o corpo e a mente do homem, deixando em segundo plano a evolução biológica. A ideia fundamental é que os seres humanos serão um dia capazes de se redesenharem a si próprios. Desse modo, poderão escolher o tipo de organismo em que pretendem transformar-se: um ciborgue (formado por matéria viva e dispositivos electrónicos), um siliborgue (organismo criado com silício a partir de um ADN artificial), um simborgue (indivíduo reencarnado que reside num meio interligado) ou qualquer outra criatura imaginável que a tecnologia permita congeminar.

Todas essas possíveis configurações parecem estar mais perto do que pensamos, devido à aceleração do conhecimento tecnológico e científico: uma eclosão que foi bap­ti­zada com o nome de “singularidade”. Raymond Kurz­weil, o guru que vaticinou que um com­pu­tador ganharia uma partida de xadrez a um hu­mano, sentenciou que faltam apenas duas ou três décadas para esse momento chegar.

Diz o Antigo Testamento que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Os maias acreditavam que as divindades colheram milho, deram-lhe forma humana e insuflaram-lhe vida. Um antigo mito egípcio conta que Cmun (divindade com cabeça de carneiro) moldava deuses e homens no seu torno de oleiro. As mitologias de diferentes civilizações e culturas deixaram explícito que o homem resultou de um trabalho divino, não humano.

Graças à teoria da evolução, completada nos séculos XVIII e XIX, sabemos que somos produto de milhões de anos de adaptação. Talvez por isso, a convicção de que os seres humanos podem intervir e alterar o seu próprio processo evolutivo já foi considerada “a ideia mais perigosa do mundo”, como assinalou Francis Fukuyama, conhecido politólogo e ensaísta da Universidade Johns Hopkins (Estados Unidos).

As vozes críticas, para deitar mais lenha na fogueira, esclarecem-nos com relatos sobre homens que brincaram aos deuses e tiveram um final triste e exemplar. A ficção literária do dr. Frankenstein, empenhado em ressuscitar a matéria morta, recorda-nos que há experiên­cias que a ciência nunca deveria empreender. E obras de ficção como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, e 1984, de George Orwell, alertam para o modo como os avanços tecnológicos podem voltar-se contra a sociedade se caírem nas mãos de determinados regimes.

Dura oposição
As críticas ao trans-humanismo são em grande número e baseiam-se em diferentes argumentos. O primeiro é que não vamos dispor das tecnologias necessárias para efectuar essas modificações. Porém, Kurzweil, que é um dos mais acérrimos defensores da singularidade, faz questão de recordar a lei de Moo­re, segundo a qual o número de transístores de um chip duplica (mais ou menos) a cada 18 meses. Segundo Kurzweil, essa norma não se aplica apenas aos computadores, mas também a outras tecnologias.

“Quando se iniciou a leitura da sequência do genoma humano, em 1990, os detractores disseram que, devido à velocidade a que se conseguia efectuar a operação, levaria milhares de anos para completar todo o mapa”, assinala, no livro The Singularity Is Near. Em 13 anos, foi possível ler os 3000 milhões de “letras” que integram o nosso ADN.

Kurzweil sublinha que não foi só a velocidade de leitura que aumentou; o custo também diminuiu. O preço para sequenciar cada par de bases (as “letras” genéticas) passou de dez dólares para cerca de dois cêntimos. Essa redução do custo, associada a um crescimento tecnológico quase exponencial, é também aplicável a outras áreas de estudo, como a da exploração da mente humana.

O que impele a filosofia trans-humanista é a erradicação de qualquer forma de sofrimento causado por doenças, pelo envelhecimento ou mesmo pela morte. O objectivo é alcançar as máximas potencialidades em termos de desenvolvimento humano. Porém, nesse caso, o que aconteceria a quem não tivesse acesso aos avanços que permitem um tal desenvolvimento? Por exemplo, os progressos eugenésicos proporcionariam mais privilégios aos poderosos, o que iria criar uma ordem social semelhante à descrita em Admirável Mundo Novo, com castas de indivíduos superiores e inferiores já predestinados antes de nascerem.

Se a evolução tecnológica conseguir impor-se à biológica, se todos os progressos previstos se materializarem, seremos obrigados a redefinir o que é um ser humano. Nas tecnologias do futuro anunciadas pelos trans-humanistas, ainda se vislumbram vestígios de ficção científica, mas há dez anos ninguém teria conseguido prever o que a internet e as tecnologias da comunicação nos iriam trazer e a forma como transformariam a sociedade. Como saber, agora, o que nos espera no futuro? Talvez David Orban tenha a resposta. Vejamos.

Trans-humanista chefe
David Orban (nascido em Budapeste, em 1965) presidiu, até há pouco tempo, à Humanity+, a principal organização que divulga, actual­mente, a filosofia trans-humanista. É também assessor da Universidade da Singularidade (localizada em Silicon Valley, na Califórnia), uma instituição académica que recebe apoio económico da Google e da NASA, entre outros, e que possui cursos sobre as tecnologias mais avançadas.

Este visionário observa o passado para descrever um futuro surpreendente. Orban está firmemente convencido de que um salto tecnológico inédito nos permitirá mudar como espécie, mas irá também contribuir para uma maior justiça social. Por outro lado, não se importa que isso signifique alterar as características que nos definem como Homo sapiens para dar as boas-vindas a uma união estável entre homem e máquina.

O objectivo do trans-humanismo é conseguir construir o ser humano perfeito?
Sim, creio que a perfeição é um ideal que perseguimos, mas, para essa ideia fazer sentido, temos de inseri-la num contexto. Precisamos de entender quais são as condições que nos tornam humanos, em que meio vivemos e que alterações no avanço tecnológico e na compreensão do mundo poderão exercer um impacto na natureza humana e no conjunto da sociedade.

Qual a relação entre a singularidade e o trans-humanismo?
Os dois movimentos e os seus adeptos acreditam que nos espera um futuro radicalmente diferente do passado. Durante o século XX, foi estabelecida a infraestrutura da internet, o que transformou e exerceu um profundo impacto em todas as tecnologias e ramos do conhecimento. Os transportes, as comunicações, a biologia e a medicina foram enormemente influenciados pelo que aconteceu antes.

Nesse caso, que futuro nos espera?
A singularidade diz-nos que vai chegar um ponto de inflexão. Quando pomos água a aquecer, a temperatura aumenta pouco a pouco, de 30 para 40, 50, 70 graus, e podería­mos pensar que essa progressão continuaria indefinidamente. Todavia, sabemos que as coisas não funcionam assim; que algo muito diferente acontece quando a água atinge determinada temperatura, pois deixa de aquecer e começa a ferver para se transformar em vapor. Os adeptos da singularidade não têm dúvidas de que, a partir de um ponto de inflexão, o nível humano será ultrapassado, que a inteligência artificial é possível, que irá estar disponível dentro de poucos anos e que vai mudar as regras do jogo.

Até que ponto se irão alterar essas regras?
A singularidade permitirá que seres humanos e máquinas se unam para formar um novo tipo de organismo híbrido. A ideia é que, tal como nos apercebemos de que se aproxima uma tempestade porque ouvimos os trovões ao longe, também já há sinais dessas mudanças revolucionárias que foi possível começar a interpretar.

Não lhe parece que, no actual estado de desenvolvimento tecnológico, pensar em termos de um organismo híbrido, metade máquina, metade humano, soa mais a ficção do que a rea­li­dade previsível?
Arthur C. Clarke, que também tinha vastos conhecimentos científicos, chegou a dizer que as tecnologias podem ser indistinguíveis da magia. No entanto, a verdade é que a magia desaparece quando se entende como funciona. Daqui a 20 ou 30 anos, quando a inteligência artificial for acessível à escala humana e os híbridos homem-máquina estiverem disponíveis, as pessoas habituar-se-ão e começarão a encará-los como algo normal.

Há alguma tecnologia actual que nos ajude a fazer uma ideia de como será essa combinação?
Não é preciso imaginar coisas muito extraor­dinárias. Quando falamos em organismos híbridos entre humanos e máquinas podemos pensar em coisas correntes às quais já estamos habituados. Eu, por exemplo, sou um ciborgue, pois uso lentes de contacto, que são um produto de alta tecnologia. Imaginemos que vivia numa sociedade primitiva e que tinha de caçar para obter alimento. Seguramente, estaria morto há duas décadas. O facto de poder usar óculos ou lentes de contacto aumenta as minhas possibilidades de sobreviver. Se pensarmos bem, esse tipo de progressos repete-se constantemente na actual sociedade. No futuro, compreenderemos mais pormenorizadamente como funciona o nosso metabolismo e o nosso cérebro, e poderemos influir na forma como trabalham.
justiça social

Fala em avanços tecnológicos que irão melhorar a vida dos indivíduos, mas também menciona frequentemente os problemas de justiça social que acarretam...
Parece-me evidente que há muitas coisas que não funcionam, tanto para aqueles que vivem em sociedades opulentas como para os que nasceram em regiões desfavorecidas e têm de abandonar o seu país de origem em busca de melhores condições de vida. É precisamente aí, nas sociedades em que as pessoas são extremamente pobres, que se torna mais evidente que o mundo deve mudar para aumentar as oportunidades e para que haja maior justiça social.

E a tecnologia vai resolver esses problemas?
Tomemos um exemplo concreto. Na década de 1960, um grupo de cientistas e economistas vaticinou que milhares de milhões de pessoas iriam morrer de fome num prazo de 20 anos. Não só isso não se verificou como, graças à nossa capacidade para aumentar a produção de alimentos, fizemos subir de forma inesperada o número de calorias disponível para cada cidadão. A Índia, o Sueste Asiático ou a China, que eram zonas tremendamente pobres, viram aumentar de um modo muito positivo a sua qualidade de vida. Isso deve-se à tecnologia, ao recurso aos transportes, à logística, aos fertilizantes e à produção agrícola. Tudo isso, por sua vez, permite a universalização da educação.

Acha que seríamos o que somos, como espécie, sem a tecnologia?
O Homo sapiens deixou África e conseguiu estabelecer-se em todos os habitats possíveis: ocupou todos os nichos ecológicos do planeta e demonstrou que é inacreditavelmente adaptável. Devemos isso à tecnologia. Agora, chegou a altura de nos interrogarmos sobre se essa adaptabilidade irá atingir um limite. Um dos possíveis resultados das actuais mudanças e dos futuros avanços a curto prazo é que a tecnologia venha a tornar-se autónoma, isto é, que possa tomar decisões por si própria. Assim, irá depender de nós estarmos ou não preparados para o mundo de amanhã, pois esse mundo não vai deter-se para ficar à nossa espera.

Como nasceu o movimento H+
A espécie humana pode, se quiser, transcender-se a si própria, não apenas globalmente – um indivíduo aqui, de uma maneira; outro indivíduo acolá, de outra maneira –, mas também integralmente, como humanidade. Precisamos de um  nome para essa nova crença. Talvez ‘trans-humanismo’possa servir: o homem continua a ser homem, mas transcende-se a si próprio, concretizando novas possibilidade de, e para, a sua natureza humana.” Foi desta forma que se baptizou oficialmente o termo trans-humanismo, cujo símbolo é “H+”.

O texto, revelador, é da autoria de Julian Sorell Huxley (1887–1975) e surge no ensaio Novas Garrafas para Vinho Novo, publicado em 1957. Além de irmão do autor de Admirável Mundo Novo, Julian foi também um distinto biólogo e humanista, e um dos primeiros divulgadores científicos da história.

O britânico foi um fervoroso defensor do aperfeiçoamento da espécie humana através da ciência e da tecnologia. No mesmo ensaio, Julian Huxley sentenciava: “Creio no trans-humanismo. Chegará a altura em que a espécie humana terá alcançado o limiar de um novo tipo de existência, e será tão diferente de nós como nós o somos do Homo erectus. O homem estará, então, consciente do seu verdadeiro destino.”

Pronto para um back-up cerebral?
O empenho em proteger-se de acidentes fatais e um certo desejo de imortalidade levou os trans-humanistas a acreditar numa tecnologia do futuro, a transferência mental ou mind uploading. O processo (que, por enquanto, ainda pertence ao domínio da ficção científica) consistiria em efectuar uma cópia de segurança de toda a informação contida na nossa mente. Isso permitiria transferi-la para um dispositivo independente do cérebro, como um computador ou outro mecanismo alojado dentro de um robô humanóide, por exemplo;  a informação armazenada poderia mesmo voltar a ser implantada noutro encéfalo.

Numa das páginas criadas pelos adeptos desta ideia (http://minduploadingproject.org), assegura-se que a técnica estará pronta entre 2013 e 2025. Os trans-humanistas indicam também que, com o início da transferência cerebral, serão criados dois universos paralelos: um de realidade virtual, em que a existência não estará limitada pelo tempo, mas pelo desejo de viver, e outro tal como o conhecemos.

A ideia do mind uploading é tão inovadora e transgressora como polémica. Há numerosos detractores que a criticam e a consideram irrealista; argumentam que essa emulação do cérebro nunca poderia chegar a funcionar como uma autêntica mente humana. Referem, igualmente, o aspecto filosófico da questão, pois o conceito de identidade diluir-se-ia no novo contexto.

B.M.

SUPER 155 - Março 2011

Notícia - Homem do Gelo tinha olhos castanhos, tez branca e intolerância à lactose

A múmia mais completa de sempre, encontrada em 1991, nos Alpes italianos, continua a ser uma fonte de informação. Agora foram reveladas as conclusões da análise genética do seu ADN. Ötzi teria olhos castanhos e pele branca, era intolerante à lactose e tinha disposição genética para ter problemas cardíacos, revela o estudo publicado nesta terça-feira na revista Nature Communications.

A história deste representante do neolítico, que morreu há 5300 anos, por motivos mais ou menos misteriosos, mas que envolveram certamente uma seta que carrega no ombro esquerdo e um corte na mão direita, é rica em detalhes conhecidos nos últimos 20 anos.

Em 1991, um casal de alpinistas alemão encontrou no Vale Ötzal, a 3120 metros de altitude, um corpo mumificado, que há milénios o frio, o gelo e a escuridão protegeram da deterioração. O Homem do Gelo foi encontrado e descrito.

Como múmia, Ötzi é mais completo do que os faraós egípcios, pois continua a ter todos os órgãos, que nos faraós foram retirados. Tinha 1,59 metros, pesava em vida 50 quilos e quando morreu teria cerca de 46 anos. Vestia couro de cabra e tinha se alimentado, recentemente, de carne de veado e cabra.

O cabelo era rico em arsénio e cobre, o que poderá indicar que trabalhava com a fundição de cobre. Com ele viviam uma série de parasitas: piolhos do cabelo, piolhos do corpo, lombrigas. Sofria de artrose. Tratava-se para algumas destas maleitas e, para um homem do neolítico, viveu bastante.

Já a causa da sua morte é mais especulativa. Primeiro julgou-se que tinha sido apanhado numa tempestade de neve. Depois descobriu-se que tinha uma seta enfiada no ombro esquerdo que o terá ferido mortalmente e uma outra ferida profunda na mão direita. Os cortes tê-lo-ão feito perder sangue durante horas, em sofrimento, até morrer e indicam ter havido uma luta. Mas com quem e em que contexto, não se sabe.

Os novos dados caracterizam a genética e fisiologia deste antepassado. A equipa liderada por Albert Zink, do Instituto de Múmias e do Homem do Gelo, ligado ao Museu Arqueológico de Bolzano, na Itália, onde está a múmia, analisou o ADN celular pela primeira vez.

Até agora, só se tinha sequenciado o ADN das mitocôndrias, as baterias das células. Desta vez, com a ajuda de uma nova tecnologia, sequenciou-se o ADN dos cromossomas de Ötzi.

Os resultados mostram que o Homem do Gelo tinha “provavelmente olhos castanhos, pertencia ao grupo sanguíneo O e era intolerante à lactose [o açúcar do leite]”, revela o artigo. Além disso, tinha pele branca e tendência genética para aterosclerose coronária.

“Andámos a estudar o Homem do Gelo durante 20 anos. Sabemos tantas coisas sobre ele – onde viveu e como morreu – mas sabíamos muito pouco sobre a sua genética e a informação genética que carregava consigo”, disse Zink à BBC News. A equipa também encontrou informação genética da bactéria que causa a doença de Lyme, que é transmitida pela carraça. É a indicação mais antiga desta doença.

Mas esta nova análise de Ötzi também serviu para comparar a sua assinatura genética com as populações humanas que existem hoje na Europa. Os resultados foram surpreendentes. A população geneticamente mais próxima do Homem do Gelo vive hoje na ilha da Sardenha, no Mediterrâneo.

Uma das hipóteses é a população na Sardenha “representar uma relíquia da população genética que existia na Itália durante a pré-história, mas que agora está transformada devido fenómenos de migrações e mistura genética posteriores”, sugeriu Peter Underhill, citado num blogue da Scientific American. O investigador da Universidade de Stanford, na Califórnia, fez parte da extensa equipa de investigadores.

A análise da sequência genética vai continuar. “Gostaríamos de aprender mais com estes dados – estamos apenas no início da sua análise”, disse Zink. Ficamos à espera dos próximos capítulos sobre a história de Ötzi.

Notícia - Neandertais poderiam já estar perto da extinção quando nos encontraram

Os estudos de ADN têm uma tendência para revolver a história da evolução humana, desta vez uma nova investigação sugere que quando os nossos antepassados contactaram com os Neandertais, há menos de 50.000 anos, estes já eram sobreviventes de um fenómeno que tinha ceifado quase totalmente a espécie, conclui um artigo publicado na revista Molecular Biology and Evolution.

A equipa internacional, que inclui investigadores do Centro de Evolução e Comportamento Humano da Universidade Complutense de Madrid, analisou o ADN extraído do osso de 13 Neandertais. Os indivíduos viveram entre os 100.000 e os 35.000 anos, e foram encontrados em sítios arqueológicos que se estendem desde a Espanha até à Ásia.

Os cientistas analisaram a variabilidade do ADN mitocondrial, que existe dentro das mitocôndrias, as baterias das células que são sempre herdadas da mãe para os filhos. A partir desta análise, verificaram que havia muito mais variabilidade entre os Neandertais que viveram há mais de 50.000 anos, do que os indivíduos que viveram durante os 10.000 anos depois, pouco antes de se terem extinguido.

Os indivíduos com menos de 50.000 anos tinham uma variabilidade genética seis vezes menor do que os mais antigos. Isto evidencia um fenómeno que provocou a morte de um grande número de pessoas desta espécie. Depois disto, sucedeu-se uma re-colonização da Europa a partir de populações de Neandertais vindas de Ásia.

“O facto de os Neandertais terem estado quase extintos na Europa, e depois terem recuperado, e tudo isso ter acontecido antes de entrarem em contacto com os humanos modernos, é uma surpresa total”, disse Love Dalen, o primeiro autor do artigo, que pertence ao centro de investigação de Madrid e ao Museu de História Natural de Estocolmo, Suécia. “Isto indica que os Neandertais poderiam ser mais sensíveis a mudanças climáticas dramáticas que ocorreram durante a última Idade do Gelo, do que se pensava anteriormente”, disse, citado pela BBC News.

Segundo o artigo, a variabilidade do genoma dos Neandertais antes do tal fenómeno que ocorreu há 50.000 anos era equivalente à variabilidade da espécie humana. Depois do fenómeno, essa variabilidade passou a ser menor do que a que existe hoje entre a população da Islândia.

Este fenómeno poderá estar ligado às alterações climáticas. Pensa-se que há cerca de 50.000 anos alterações nas correntes oceânicas do Atlântico causaram uma série de temporadas geladas que alteraram inclusive a cobertura vegetal da Europa.

O que quer que tenha acontecido depois, quando os humanos modernos foram migrando pela Europa, continua a ser uma incógnita. Mas estes dados sugerem que as populações de Neandertais que os nossos antepassados encontraram seriam muito mais homogéneas a nível genético e por isso muito mais vulneráveis a alterações no ambiente.

Notícia - Calor fez diminuir tamanho de cavalos há 56 milhões de anos

Há mais de 50 milhões de anos, a Terra era um local mais quente do que hoje e cavalos do tamanho de gatos corriam nas florestas da América do Norte, descobriram cientistas dos Estados Unidos, que publicaram nesta quinta-feira um artigo na Science.

Estes cavalos primitivos, conhecidos como Sifrihippys, encolheram de tamanho ao longo de dezenas de milhares de anos para se adaptarem às temperaturas mais altas durante um período em que as emissões de metano atingiram um pico, provavelmente devido a uma série de erupções vulcânicas.

A investigação pode dar indicações de como é que os animais que vivem hoje no planeta vão adaptar-se ao aquecimento provocado pelas alterações climáticas de causa humana, defendem os cientistas.

Os investigadores fizeram esta descoberta depois de analisarem fósseis de dentes de cavalos descobertos no estado de Wyoming, EUA. Os fósseis mostraram que os espécimes mais antigos tinham dentes maiores, o que significa que a espécie diminuiu ao longo do tempo.

Muito animais acabaram por se extinguir durante um período de 175.000 anos conhecido pelo Máximo Térmico do Paleoceo – Eoceno, há cerca de 56 milhões de anos. Outros animais ficaram mais pequenos para sobreviverem num mundo com menos alimento.

“Por ser um período de tempo suficientemente longo, há um argumento forte de que estamos a olhar para a selecção natural e para a evolução – isso corresponde à mudança de temperatura como força motriz da evolução destes cavalos”, disse o co-autor Jonathan Bloch, do Museu de História Natural da Florida.

As temperaturas médias do globo subiram cerca de 5,7 graus célsius durante o período de tempo em que quantidades enormes de carbono entraram na atmosfera e nos oceanos. A superfície do mar do Árctico seria de cerca de 23 graus célsius, uma temperatura semelhante às águas subtropicais de hoje.

A investigação mostrou que o Sifrhippus diminui quase para um terço do tamanho original, alcançando o tamanho de um pequeno gato de quatro quilos nos primeiros 130.000 anos deste período. Depois, ao fim de um período de 45.000 anos, os cavalos foram aumentando de tamanho até aos sete quilos.

Durante este período, cerca de um terço dos mamíferos conhecidos também ficaram mais pequenos, alguns reduziram para metade do tamanho.

“Isto tem implicações para o que poderemos esperar que aconteça nos próximos dois séculos, pelo menos a partir de alguns modelos climáticos que prevêem um aumento de até 4 graus célsius na temperatura ao longo dos próximos 100 a 200 anos”, disse Ross Secord, outro autor do estudo, da Universidade de Nebrasca.

Já foi observada uma diminuição do tamanho de alguns pássaros quando são comparados com as versões que existiam no passado, quando o clima era mais frio, argumenta o cientista.

No entanto, estima-se que as previsões das mudanças do clima ocorram já nos próximos dois séculos. Este máximo térmico que aconteceu há 56 milhões de anos ocorreu muito mais gradualmente, demorando entre 10.000 e 20.000 anos para a temperatura subir os seis graus.

“Por isso há uma grande diferença na escala e a questão é: ‘Vamos ver o mesmo tipo de resposta?’ Será que os animais são capazes de responder às mudanças e reajustarem o tamanho dos seus corpos durante o próximo par de séculos?”, questionou o cientista.

Notícia - Cem mil visitam Darwin

Entre 70 a 100 mil pessoas vão passar, a partir de hoje e até 24 de Maio, pela Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde está patente uma exposição sobre a vida e legado de Charles Darwin. ‘A Evolução de Darwin’, é considerada a "melhor exposição sobre Darwin em toda a Península Ibérica", conforme afirmou Mariano Gago, ministro da Ciência e Tecnologia. Poderá ser vista de terça-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00, por 4 euros.




A expectativa junto do público mais jovem é enorme, tanto mais que as 600 visitas programadas para grupos de alunos estão esgotadas há mais de um mês e meio, existindo ainda uma lista de espera com centenas de escolas. "Essa é a nossa grande aposta. Às escolas que não conseguiram acesso a uma visita guiada, estamos a disponibilizar exactamente o mesmo material pedagógico que fornecemos às outras. Isso inclui uma biografia de Darwin, um livro ilustrado sobre evolução e manuais de visita detalhados", afirmou ao CM o biólogo José Feijó, comissário científico da exposição.

A iniciativa está inserida nas comemorações dos 200 anos do nascimento de Charles Darwin e dos 150 anos da publicação do livro ‘A Origem das Espécies’, obra que mudou a forma como a Humanidade se via a si própria até à época.

Os grandes focos de atracção são, de acordo com José Feijó, a reconstituição da figura do naturalista inglês e a réplica do barco ‘HMS Beagle’. Quem visitar a exposição vai poder encontrar logo à entrada um Charles Darwin, em tamanho real, a observar um escaravelho na mão esquerda. A réplica foi feita por Elisabeth Daynss, com base em registos fotográficos do inglês, responsável por reconstituições famosas como a de Tutankhamon.

"Nesta antecâmara, a ideia é fazer uma ‘lavagem cerebral ao visitante’ de forma a que o visitante se depare com o mesmo cenário da época que antecedeu a Darwin", explicou José Feijó, realçando a importância deste ambiente: "É uma época de debate de ideias que motivou os interesses e as descobertas de Darwin."

Após esta viagem ao passado, o visitante entra num percurso alucinante de descobertas científicas que marcaram a Humanidade para sempre. Nos oito espaços distintos da exposição, estão em exibição vídeos sobre Darwin, a réplica do navio ‘HMS Beagle’ e um espólio riquíssimo de vários museus nacionais e internacionais.

INVESTIMENTO DE 1,3 MILHÕES

Para concretizar esta exposição foi necessário um investimento de 1,3 milhões de euros. "O objectivo não era criar algo que acabasse no final da exposição. Será algo maior que terminará com a construção de um museu permanente em Oeiras no final de 2011. Até lá, a exposição irá percorrer várias cidades do Mundo", explicou José Feijó.

FIGURAS-CHAVE DA EVOLUÇÃO HUMANA

1735 – Carl Linnaeus sugere que as plantas descendem de um antepassado comum. Publica ‘Sistema Naturae’, a base da taxinomia moderna.

1858 – Alfred Russel Wallace envia um ensaio a Darwin, no qual apresenta ideias sobre a evolução natural das espécies, pressionando Darwin a escrever ‘A Origem das Espécies’.

1865 – O monge checo Gregor Mendel investiga o caracter hereditário. As suas ideias só serão, contudo, reconhecidas no século XX.

1925 – O professor norte-americano John Scopes é condenado, no que ficou conhecido como o ‘Julgamento do Macaco’, por ensinar a Teoria da Evolução no Estado do Tennessee.

1933 – O extermínio na Alemanha Nazi baseou-se em experiências eugenistas, na Califórnia, onde 60 mil pessoas foram esterilizadas.

1953 – Descoberta a estrutura do ADN por James Watson e Francis Crick. Conhecido o código genético, surge a oportunidade de estudar a biologia molecular da evolução.

CRIACIONISMO CONTESTA EVOLUÇÃO

Na exposição da Gulbenkian está patente uma escada de ADN com 3,6 metros de altura que assinala a descoberta do código genético. Este avanço na Ciência não diminuiu a polémica nos EUA, existindo escolas que recusam ensinar a Teoria de Evolução de Darwin por acreditarem na criação divina. O ex-presidente Bush na campanha de 2000 defendeu o tratamento igual para as duas correntes.

CRONOLOGIA

1809

Charles Robert Darwin nasce a 12 de Fevereiro em Shrewsbury, em Inglaterra, no seio de uma família abastada. O pai, Robert Waring Darwin, era um reconhecido médico inglês que tentou recrutar o filho para a mesma profissão.

1825

Após uns primeiros anos de rebeldia, o pai decide dar um rumo a Darwin, inscrevendo-o no curso de Medicina na Universidade de Edimburgo. Dois anos depois, Charles Darwin abandona os estudos.

1831

A 27 de Dezembro, Charles Darwin deixa Plymouth a bordo do Navio de Sua Majestade Beagle. Com apenas 22 anos, dá início a uma viagem que terminaria em 1836. A primeira paragem foi em Cabo Verde.

1835

Em Setembro chega às ilhas Galápagos, onde as observações de Charles Darwin lhe permitem sustentar a teoria da evolução apresentada mais tarde.

1839

Em Maio, Charles Darwin publica ‘A Viagem do Beagle’ no qual descreve a aventura de cinco anos. No mesmo ano casa-se com a prima Emma Wedgood, com quem tem dez filhos. Muda-se para uma quinta em Downe onde morre.

1859

Uma reflexão de 20 anos até publicar o livro ‘A Origem das Espécies’, apresentando a sua teoria da selecção natural.

1871

Darwin publica ‘A Descendência do Homem’ demonstrando que Homem e macaco têm o mesma origem.

1882

A 19 de Abril, Charles Darwin morre com 73 anos, sendo enterrado na Abadia de Westminster.

INICIATIVAS

RECEITA DE BOLO

Receita de bolo de aniversário do cientista que a esposa, Emma, realizava. Disponível em www.darwin2009.pt.

RÉPLICA DO CIENTISTA

Réplicas do cientista e de hominídeos podem ser vista no Parque Biológico de Vila Nova de Gaia.

DIÁLOGO COM A ESPOSA

Conversa entre o cientista e a esposa Emma, no Centro de Ciência Viva de Aveiro.

ESPÓLIO NACIONAL

Exposição no Museu de História Natural da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

IMPACTO NA CIÊNCIA

4.º Ciclo de Conversas na Aldeia Global: ‘Do Mundo Fechado ao Universo Infinito’, no Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras, pelas 21h30, a 12 de Setembro, 12 de Março e 16 de Abril.

ZOO

Em colaboração com o Jardim Zoológico de Lisboa, há animais vivos numa galeria anexa ao recinto da exposição, como tartarugas. A mostra na Gulbenkian integra também colecções de vários museus nacionais.

André Pereira