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quinta-feira, 3 de julho de 2008

Educação inaugura galeria para lembrar os seus quase 100 ministros

Foi em 1870 que foi criado o Ministério dos Negócios da Instrução Pública. Em 138 anos de história, quase uma centena de ministros (93 até agora) foram titulares da pasta da Educação. Os retratos de todos estão desde hoje expostos no átrio do Ministério da Educação (ME), na 5 de Outubro, em Lisboa, numa espécie de reconhecimento aos que com “saber, esforço e sofrimento ajudam a construir o futuro deste país”, justificou a actual ministra, Maria de Lurdes Rodrigues

A inauguração da “galeria dos ministros da Educação” realizou-se hoje e justifica-se ainda mais “num país que nem sempre é grato, que nem sempre tem boa memória e que é pessimista”, declarou Maria de Lurdes Rodrigues, num átrio cheio de ex-titulares da pasta e ex-secretários de Estado; o ambiente da reunião, com tantos abraços, saudades e recordações, fazia lembrar uma reunião de antigos alunos.

Coube a Veiga Simão (1970-74) descerrar os panos que cobriam os painéis, felicitar a ministra pela ideia simbólica que valoriza “o amor à pátria e a confiança no futuro” e desejar que o retrato de Maria de Lurdes Rodrigues só venha a integrar a galeria em 2009, no final do seu mandato.

Se assim for, Rodrigues entrará para a história da democracia como a ministra que mais tempo se manteve à frente da pasta. Dos 25 ministros que por lá passaram desde o 25 de Abril, só dois – Roberto Carneiro (1987-91) e Marçal Grilo (1995-99) – cumpriram o mandato. E será com “orgulho” que figurará na galeria onde estão outros governantes que não aguentaram mais do que uns meses, como foi o caso da sua antecessora, Maria do Carmo Seabra (2004-05).

Livro de experiências

Numa pasta particularmente difícil, que vive sob o escrutínio de milhões de pais, alunos e professores, são vários os governantes que descrevem como muito positivos os anos vividos no ME. Esses testemunhos estão compilados no livro “1962-2005, Quatro décadas de Educação”, também apresentado hoje, e que sintetiza as medidas de política educativa tomadas por cada um.

“Estive em quatro ministérios e o da Educação foi indiscutivelmente o mais gratificante”, recorda Guilherme d’Oliveira Martins (1999-2000), actual presidente do Tribunal de Contas. “O contacto permanente com as escolas, os professores, os alunos e a comunidade educativa é uma coisa que nos enriquece. Aprendi a conhecer melhor o país ao longo dos cinco anos que estive na Educação”, diz o ex-ministro, que assume a expansão da rede do pré-escolar como a medida mais estrutural e importante do seu mandato. Marçal Grilo, que manifestou o “gosto” que sempre sentia ao visitar as escolas, afirma que de todos os cargos que exerceu, foi à pasta da Educação que mais se dedicou.

Mas fica também a “frustração de não se conseguir fazer mais do que se fez”, lembra David Justino (2002-04), ministro da Educação de Durão Barroso e actual assessor do Presidente da República para os assuntos sociais: “O mais importante é conseguir superar este ambiente que se vive há muitos anos, de uma luta constante, como se a educação fosse um campo de batalha. Enquanto não se identificar um conjunto de políticas que possa unir as pessoas em vez de dividir, torna-se muito penoso o exercício do cargo.”

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