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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Notícia - Agência Espacial Europeia procura parceiros para detectar lixo espacial


A Agência Espacial Europeia (ESA) espera começar a vigiar o lixo em órbita da Terra nos próximos anos. “O objectivo é começar a oferecer serviços, nos próximos dois ou três anos, que dêem o alerta quando há riscos de colisão”, com satélites ou até com a Estação Espacial Internacional, adiantou Nicolas Bobrinsky, do Centro de Operações Espaciais da ESA em Darmstadt, na Alemanha. A ideia agora é tentar encontrar parceiros privados para investir nestes projectos.

Este é uma das notícias que saíram da V Conferência Europeia sobre Lixo Espacial, que decorreu em Darmstadt, juntando especialistas de 21 países. “Foi a maior conferência de sempre dedicada a este assunto”, diz um comunicado da ESA. Talvez tenham contribuído para esta assistência recorde o alerta recentemente lançado para a Estação Espacial Internacional (ISS), em que os três astronautas a bordo se refugiaram na cápsula Soiuz, devido à aproximação de um pedaço de lixo orbital que poderia fazer estragos, até à colisão entre satélites em órbita, um norte-americano e outro russo.

O lixo em órbita é um pouco de tudo o que os homens mandaram para o espaço, desde que o primeiro satélite artificial, o Sputnik, foi lançado pela União Soviética, a 4 de Outubro de 1957. Há até uma luva de astronauta em órbita, mas muitos destes detritos são pedaços de satélites, e até fragmentos de ferrugem. Alguns detritos são muito pequeninos, mas mesmo assim colocam um grande risco: um buraquinho numa parede de um dos módulos da estação espacial russa Mir, destruída a 23 de Março 2001 (foi deixada cair no Pacífico), obrigou a encerrar essa parte da plataforma orbital durante meses, até que pudesse ser remendado o furo. Para o fazer, teve de entrar lá um cosmonauta russo, fardado como se estivesse a fazer uma saída para o espaço, armado com ferramentas e material para tratar do estrago.

Os cientistas e engenheiros espaciais estão cada vez mais preocupados com esta poeira de lixo que rodeia o planeta. 

Hoje em dia, os alertas sobre fragmentos que passam demasiado próximo de satélites e da ISS são dados pelos Estados Unidos, que vigiam o lixo espacial através de radares em terra. A precisão dos seus alertas é de cerca de 100 metros, e conseguem detectar detritos que têm até um centímetro – “o que é o limite que suportam as protecções nas naves e satélites”, comentou Heiner Klinkrad, o principal especialista em lixo espacial da ESA, citado pela agência noticiosa AFP. 

A capacidade da ESA é hoje em dia muito mais limitada: não consegue detectar fragmentos de lixo com menos de um metro de diâmetro, e a precisão é de apenas um quilómetro. Mas a agência europeia quer mesmo investir em melhorar as suas capacidades.

Durante o último ano, têm-se feito testes em três laboratórios ligados à ESA: num radar em Wachtberg, no noroeste da Alemanha, num radiotelescópio de 100 metros em Effelsberg, também na Alemanha, e numa rede de estações de radar, chamada Eiscat, na Finlândia, na Noruega e na Suécia. “Usando as capacidades destas instalações, poderíamos detectar objectos com um centímetro de diâmetro em órbitas baixas e seguir a rota daqueles que tivessem quatro centímetros ou mais”, disse Klinkrad, citado pela AFP. 

Existem cerca de 600 mil objectos com mais que um centímetro em órbita do planeta, dos quais 13 mil têm mais que dez centímetros, diz a ESA. Estes detritos podem levar anos, décadas ou até mais até que a gravidade da Terra os puxe para entrarem na atmosfera, onde ardem. As piores zonas de poluição espacial são a da órbita baixa (entre 800 e 1500 quilómetros de altitude), e na zona da órbita geoestacionária (35 mil quilómetros de altitude). A ISS, em princípio, não fica na zona pior: orbita a cerca de 350 quilómetros de altitude. 


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