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É hoje uma das mais espectaculares regiões do Mundo, não só pelas surrealistas paisagens que ali se descobre, com inúmeros barcos de pesca encalhados num mar de sal e de areia, quando ainda há vinte anos navegavam em águas profundas, mas sobretudo porque nunca se tinha dado oportunidade ao homem de observar com uma tal rapidez o resultado das suas acções e da degradação do meio ambiente daí resultante.
A causa do que alguns especialistas consideram uma das maiores catástrofes ecológicas dos últimos anos é clara: um brutal plano de regadio para as plantações de algodão em 7,5 milhões de hectares desenvolvido pela antiga URSS entre os anos 70 e 80 do século passado.
Nos seus tempos áureos, este mar interior da Ásia central era o quarto maior lago do Planeta e a sua actividade pesqueira dava emprego a 60 mil pessoas nos anos 50 – dali retiravam cerca de 50 mil toneladas de peixe por ano. Agora, as capturas estão reduzidas a zero, o limite das águas retrocedeu 100 quilómetros e o seu volume total ficou reduzido a uma quarta parte do que foi.
A tragédia do Mar de Aral tem sido tema de conferências internacionais patrocinadas pela ONU, nas quais os especialistas se concentraram mais no problema de salvar a zona envolvente do que tratar de dar nova vida ao mar, tarefa considerada praticamente impossível.
Não é só a perda do Aral, como também as consequências que uma mudança tão radical do ecossistema impôs à zona envolvente, e que agora se estão a notar com toda a dureza. Por causa da drástica redução do volume, a salinidade das águas triplicou e a superfície antes coberta por água está agora convertida num imenso deserto.
Para milhões de pessoas que vivem nas suas margens, a situação é dramática: doenças congénitas, cancro e malformações, e um alarmante aumento da mortalidade infantil.
CURIOSIDADES
A ENCOLHER
O Mar de Aral vai continuar a encolher nas próximas décadas. A sua superfície é um terço da que se verificava em 1960.
SALINIDADE
A salinidade atingiu os 35 gramas por litro, quando há quarenta anos era de dez gramas por litro.
DOIS LAGOS
O mar está agora dividido em dois lagos. Foi construído um dique para separar completamente as duas partes.
PÓ VEVENOSO
O vento recolhe, anualmente, entre 40 e 150 toneladas de uma mistura tóxica de pó, deixando improdutivo o solo agrícola envolvente ao mar.
RECUO
Os antigos portos pesqueiros encontram-se agora a mais de cem quilómetros das suas águas.
Mário Gil
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