Desde a época dos descobrimentos que o fenómeno emigratório é uma das constantes da História de Portugal.
Apesar disto o maior movimento emigratório português correspondeu ao período entre 1966 e 1972. Nos primeiros anos assistiu-se a uma emigração clandestina em que os homens emigravam em busca de sustento para a família, só alguns anos mais tarde as famílias se viriam a juntar a estes. A grande vaga de emigração deste período ficou a dever-se a diversos factores: o acentuado atraso económico do nosso país, em especial do mundo rural e da industrialização, a guerra colonial, as perseguições políticas e os elevados salários auferidos noutros países europeus.
Os destinos preferidos passaram a ser os países industrializados da Europa Ocidental e Central, com destaque para a França e a República Federal Alemã. Estes países que, após a 2ª Guerra Mundial, entraram numa fase de prosperidade e de expansão da sua economia, necessitavam de mão-de-obra barata para a indústria, construção civil e serviços pouco qualificados. Também emigraram para a América.
As consequências deste elevado fluxo migratório foram várias, de que se destacam: o envelhecimento da população portuguesa, o agravamento da crise agrícola e o aumento da importação de bens essenciais. Se, por um lado, a emigração trouxe estes inconvenientes, também teve aspectos positivos. Os próprios emigrantes viram melhoradas as condições de vida das suas famílias, e contribuíram também para modernizar as suas aldeias. Ao mesmo tempo, o País saiu beneficiado com as remessas dos emigrantes em divisas estrangeiras que, juntamente com as receitas do turismo, se tornaram indispensáveis ao equilíbrio da balança comercial deficitária e ajudaram a dinamizar a economia nacional.
A partir de 1973, a emigração permanente diminuiu. As principais causas, a nível internacional, foram a crise económica (provocada pela crise do petróleo) e a modernização das diversas actividades económicas, que deram origem ao aumento do desemprego, levando os países receptores a impor restrições à imigração. A nível nacional, a Revolução de 25 de Abril de 1974 contribuiu também para o decréscimo da emigração por causa do fim da guerra colonial, da democratização da sociedade portuguesa e da abertura da nossa economia ao exterior. Estes factores criaram novas expectativas, relativamente à melhoria das condições de vida em Portugal.
Actualmente, muitos portugueses emigram, temporariamente, para países como a Alemanha, a Suíça ou a França onde trabalham, sobretudo, na construção civil, na hotelaria e na agricultura. Também há portugueses que trabalham temporariamente no estrangeiro, como representantes de Portugal nas instituições comunitárias (UE), além dos arquitectos e técnicos de construção que exercem funções em alguns países do Médio Oriente ou nas antigas colónias portuguesas (sobretudo em Angola, Guiné e Moçambique).
Com a internacionalização de muitas empresas portuguesas, existem também quadros dirigentes e profissionais qualificados que vão trabalhar para outros países.
Portugal continua a ser um país de emigrantes, principalmente temporários, mas também nos transformámos num país de imigrantes. As comunidades imigrantes mais numerosas são as dos países de leste (ucranianos, moldavos, russos, romenos), de expressão portuguesa e da China.
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