sábado, 13 de setembro de 2008

Pais de alunos surdos reclamam apoio

Os pais das crianças que frequentavam a Unidade de Apoio à Educação de Alunos Surdos de Santarém (UAEAS) lamentam a forma como este serviço foi encerrado e reclamam a manutenção da linguagem gestual na formação dos seus filhos. Sílvia Fonseca, representante dos pais dos alunos da UAEAS, que funcionava há quatro anos na escola básica de primeiro ciclo de S. Domingos, disse à agência Lusa que foi com surpresa que soube, em Julho, que as sete crianças que frequentavam a unidade teriam de passar para a escola de referência de Riachos (Torres Novas), o que obrigaria algumas das crianças a deslocações de 160 quilómetros por dia.

Informados, na sequência de uma pergunta da deputada Luísa Mesquita à ministra da Educação, de que não era obrigatória a frequência das escolas de referência, os pais decidiram manter os filhos na escola de S. Domingos, mas Sílvia Fonseca não se conforma com o "apoio mínimo" de que vão dispor.

A escola tem duas salas equipadas para o trabalho com as crianças surdas e, nos últimos quatro anos, contou com o apoio especializado de duas professoras de educação especial, uma formadora de língua gestual e uma terapeuta da fala.

A partir de segunda-feira, as cinco crianças que ainda frequentam o primeiro ciclo (duas transitaram para o segundo ciclo) vão ficar distribuídas em diferentes turmas e contarão com uma professora de apoio que correrá as várias salas.

A terapia da fala será assegurada ao abrigo de um protocolo celebrado entre o Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano e a Associação de Pais e Amigos dos Cidadãos com Deficiência Mental (APPACDM).

Para Sílvia Fonseca, a continuação da formação em linguagem gestual é fundamental para as crianças e os pais não se conformam com a interrupção abrupta do seu ensino.

A vereadora da Câmara Municipal de Santarém com o pelouro da Educação, Lígia Batalha, disse à agência Lusa que a autarquia tem a garantia do Governo de que será colocada uma técnica em linguagem gestual na escola.

"Pode não ser no primeiro dia, mas as crianças irão certamente contar com esse apoio especializado", assegurou.

Lígia Batalha afirmou que a autarquia acompanhou o processo e que, caso não venha a resposta esperada do Ministério da Educação, tem propostas alternativas no sentido de salvaguardar o "superior interesse das crianças".

Maria João Igreja, presidente do conselho executivo do Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano, disse à Lusa que gostaria de poder oferecer as melhores condições aos alunos do ensino especial que frequentam as suas escolas, assegurando que todos os apoios que forem dados "serão rentabilizados ao máximo", para que nada afecte o normal desenvolvimento destas crianças.

Sílvia Fonseca lamenta que tenha sido invocada, como justificação para o não funcionamento de uma escola de referência em Santarém, a resposta dada pelos pais a um questionário que lhes foi enviado num dia à noite para entregar na manhã seguinte em que lhes era perguntado qual a primeira língua que pretendiam para os filhos, língua portuguesa ou língua gestual.

"Ninguém nos deu nenhuma informação sobre as implicações dessa opção, mas mesmo assim anexámos uma carta em que, apesar de indicarmos a língua portuguesa como primeira língua, sublinhávamos a importância da continuação da formação em linguagem gestual", disse.

"Foi uma rasteira que nos pregaram", considerou.

Contudo, disse, os pais mantêm a esperança de que não se perca o trabalho realizado nos últimos anos, que considerou fundamental para o sucesso escolar que estas crianças têm demonstrado. Mirante

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