quinta-feira, 26 de novembro de 2015

EFA - STC - Exercício - DNA - Sociedade, Tecnologia e Ciência


Biotecnologia em poucas palavras...

As palavras Biotecnologia e Engenharia Genética introduziram-se nas nossas vidas e aparecem constantemente nos meios de comunicação social. Para a maior parte dos cidadãos estes termos representam conceitos obscuros e até perigosos merecendo pouca confiança muitas vezes devido à grande falta de informação.
Mas uma coisa é certa: a expansão da investigação biológica está a gerar um conhecimento muito mais profundo do funcionamento dos seres vivos e, como tal, abrem-se novas portas para o aparecimento das tecnologias de produção inovadoras e de novos produtos que podem ter um grande impacto na indústria, no meio ambiente e até na alimentação e saúde dos cidadãos.


Uma dúvida se coloca: em que consiste a Engenharia Genética?

Os genes contêm informação necessária para que se manifeste uma determinada característica hereditária num ser vivo.
Em termos de estrutura um gene é um fragmento de DNA que armazena informação para fabricar uma determinada proteína que, por sua vez, determina um caracter como por exemplo a cor da pele, a presença de semente, a resistência a uma doença, entre outros. O DNA, por sua vez, organiza-se em cromossomas e ao conjunto de todas as instruções contidas no ADN dos cromossomas de uma célula dá-se o nome de Genoma.
Todas as células de um organismo vivo, desde as bactérias até ao Homem, têm uma cópia do genoma da espécie a que pertencem.
O genoma pode ser comparado a uma enciclopédia, em que cada cromossoma corresponde um volume da mesma e cada gene o equivalente aos vários capítulos dos vários volumes. Estima-se que a “enciclopédia” (genoma) de uma planta possa conter até 25 000 capítulos (genes) – e para o caso do Homem supunha-se cerca de 100 000 genes, mas de facto esse número rondará apenas os 32 000!.
A Engenharia Genética corresponde a um conjunto de técnicas que permitem alterar as características de um organismo mediante a modificação dirigida e controlada do seu genoma (acrescentando, eliminando ou modificando alguns dos seus genes).



Assim a Engenharia Genética poderá apresentar várias aplicações no campo da agricultura:

► Eliminar uma característica indesejável de um
organismo (por exemplo a produção de uma toxina)
através da eliminação do gene que a determina.

► Introduzir uma nova característica numa espécie
tornando assim a planta mais produtiva e nutritiva
(maior conteúdo de açúcar no fruto, resistência a
insectos).

Parece complicado e quase um ”passe de mágica” transformar assim as plantas a nosso belo prazer no entanto basta por exemplo copiar um gene que determina a resistência aos insectos numa outra espécie e introduz-se esse gene no genoma da espécie susceptível.

Não se deve no entanto ficar com a ideia de que este intercâmbio de informação genética á apenas resultado de uma intervenção humana - este pode ocorrer com certa frequência na natureza e entre microorganismos. Até o próprio Homem, sem recorrer à biotecnologia pôde produzir novas formas de cultivo mais resistentes a pragas, por exemplo. Repare na seguinte situação:

O senhor Manel, agricultor bem sucedido e conceituado do Baixo Alentejo, andava com um problema; os seus campos de flores que tanto sucesso e lucro davam no mercado andavam a padecer de uma estranha doença, estragando-lhe os negócios. O senhor Manel pensou então que teria de resolver o problema. Como não sabia o que era a Engenharia Genética, pensou um pouco e arranjou uma solução! Procurou uma planta da mesma espécie dessas flores com elas relacionadas que apresentasse resistência à doença. Posteriormente procedeu a uma série de cruzamentos entre as flores que ele pretendia melhorar com as plantas resistentes. Entre os descendentes obteve flores ainda sem a resistência no entanto outras já tinham o problema resolvido! – Seleccionou estas e voltou a cruzá-las...e assim sucessivamente!

Realmente o senhor Manel resolveu o seu problema e continuou a ser o prestigiado e rico agricultor ali da zona mas...Será que a situação não poderia ter
sido ultrapassada de forma mais rápida? Claro que sim...
O processo que o senhor Manel utilizou (Cruzamentos artificiais), como deve calcular, foi muito demorado... E mais; imagine que ele não conseguia encontrar uma planta resistente à doença que pudesse ser cruzada com as flores que o mesmo pretendia salvar? Ou imagine que a planta resistente continha genes que determinavam a formação de frutos pouco nutritivos? Com os sucessivos cruzamentos também esta característica poderia ficar nos descendentes... Lá se ia a fazenda do senhor Manel por água abaixo...

Se este agricultor tivesse seguido a via da engenharia genética teria sido mais fácil e vantajoso, nem seriam necessários cruzamentos: as células recebiam um gene em laboratório que nem tinhade ser necessariamente da mesma planta. Podia ser de qualquer organismo vivo, como de um animal, de uma planta diferente, ou mesmo de uma bactéria. Vejamos algumas vantagens da Engenharia Genética:


• As características que se pretendem incorporar podem ser provenientes de qualquer espécie – se necessário e desejável podem introduzir-se genes de bactérias em plantas ( o que, na natureza, seria já é possível: caso da Agrobacterium).

• Pode introduzir-se apenas um gene novo preservando na descendência os restantes genes da planta original.

• A engenharia genética é um processo muito rápido e preciso.


As Plantas Transgénicas

Uma planta transgénica é aquela cujo genoma foi modificado mediante Engenharia Genética, quer para introduzir um ou vários genes quer para modificar a função de um gene próprio. Uma vez realizada a inserção ou modificação do gene este transmite-se à descendência. Como consequência destas modificações a planta transgénica revelará uma nova e desejável característica.
Pode então pensar que, se o milho for alterado geneticamente, então certamente irá ficar com aspecto diferente do milho “tradicional”. Mas isso não acontece...É que a modificação genética realiza-se de forma dirigida e afecta apenas um número reduzido de genes perfeitamente conhecidos – como resultado, as variedades transgénicas não diferem muito das variedades não transgénicas e apresentam, quase sempre, as características previsíveis.
Não é possível muitas vezes, determinar se uma planta é ou não transgénica observando apenas as suas características externas. Por exemplo se uma planta for geneticamente alterada para resistir a herbicidas basta cultivar a planta na presença do herbicida – se ela sobreviver é porque estamos perante a variedade transgénica, se não sobreviver é porque estamos perante a variedade “tradicional”.




E como é possível “fabricar” uma planta transgénica?

Para já, existem dois processos essenciais:

1 – Transformação: processo onde se insere o gene que se pretende apenas numa célula da planta. Para tal utiliza-se uma bactéria do solo (Agrobacterium) que tem capacidade para metálicos recobertos de ADN que penetram na célula e integram o novo ADN no seu genoma (existem outros métodos).

2 – Regeneração: a partir de uma célula já transformada obtém-se a planta completa. Isto consegue-se cultivando os fragmentos de tecido vegetal que foram geneticamente alterados em meios de cultivo que favoreçam a regeneração de novas plantas.

É difícil conseguir a transformação de árvores de fruto, gramíneas e leguminosas; no entanto já existem formas transgénicas do arroz, milho, tomate, tabaco, algodão e soja, entre muitos outros.
Já é possível construir genes sintéticos em laboratório e introduzi-los. Claro que, para tal, é muito importante conhecer a função desses genes para que os possamos utilizar para o “desenho” de uma nova planta. Daí o facto de, na actualidade, existirem em curso projectos de investigação de diversos organismos aumentando-se assim os conhecimentos da função dos genes.






Serão as plantas transgénicas importantes e necessárias para a Sociedade?

•A agricultura tradicional implica um forte impacto no ambiente pois há sempre necessidade de um uso massivo de fertilizantes químicos, insecticidas, fungicidas, herbicidas, etc. Estes produtos contaminam os terrenos e os lençóis de água. Mediante a engenharia genética podem gerar-se variedades resistentes que permitem a existência de uma agricultura mais respeitosa para com o meio ambiente.



• Se os caracteres que se incorporarem na planta transgénica modificarem a composição do produto aumentando a sua qualidade (tamanho, odor, sabor, textura e valor nutritivo) o consumidor pode beneficiar directamente de todos estas melhorias e, consequentemente o agricultor venderá mais. E não só: se à planta também for aumentado o seu valor agronómico (por ex: maior vigor, maior aproveitamento da água, dos fertilizantes, resistência a pragas e doenças) o seu custo de produção será menor e o agricultor poderá vender mais barato. A engenharia genética pode, em última instância solucionar os problemas de pobreza no mundo, levando a uma melhoria da qualidade de vida.



Será tudo um ”mar de rosas?”

O maior perigo dos alimentos transgénicos é não se saber ao certo quais são os efeitos para a saúde humana e para o meio ambiente a longo prazo.
Existem então vários riscos potenciais associados às plantas transgénicas

•Contaminação genética: Nos anos 80, no Canadá, cultivaram-se plantas transgénicas resistentes a herbicidas e essa resistência transferiu-se para plantas indesejáveis que até aí eram facilmente eliminadas usando o herbicida. É que as plantas transgénicas, de forma natural, cruzaram-se com as plantas nas quais não se desejava essa característica e assim a resistência foi também surgindo nessas plantas, pelo que os herbicidas passaram a ser ineficazes.

• Há sempre o risco de uma planta transgénica se “escapar” da zona de cultivo, conseguindo competir com vantagem com as outras plantas à sua volta que vão acabando por ser eliminadas verificando- se assim a redução da biodiversidade. Além disso, o cultivo das variedades transgénicas favorecerá apenas aquelas plantas mais fáceis de modificar geneticamente e que têm mais importância comercial – as outras plantas poderão, a pouco e pouco caminhar para a extinção. Mas...com a agricultura tradicional não se passará o mesmo? Os agricultores cultivam as plantas que mais rendimentos dão...

• Plantas transgénicas resistentes podem favorecer a selecção de pragas que sejam capazes de superar a barreira da resistência e desse modo o gene introduzido na planta pode, ao longo do tempo, tornar-se ineficaz. Também este problema se coloca com a agricultura tradicional – ao usar insecticidas podem surgir insectos a eles resistentes).

• Na produção de plantas transgénicas utilizam-se muitas vezes genes resistentes a antibióticos – há quem afirme que embora baixa, existe a probabilidade dessa resistência ser transferida para as bactérias que existem no nosso corpo.

• Podem surgir problemas de alergia aos produtos das plantas transgénicas.
• Os fundamentos da biotecnologia podem ter “pés de barro” – para surpresa da comunidade científica actual, surgiu a hipótese, decorrente de projectos de investigação relacionados com o genoma humano, de que os genes transferidos de um organismo para outro poderem nem sempre continuar com a mesma função. Segundo Barry Commoner :«O que nos separa em número de genes de algumas plantas ou moscas é muito pouco... Pelo que é preciso muito mais do que os genes para explicar a complexidade dos traços hereditários e das diferenças entre espécies». Há pois quem defenda que, para além dos genes existem ainda outros intervenientes no grande mistério da vida e, como tal, as bases em que assenta a engenharia genética não são de todo correctas. A "transferência" de um gene de um organismo para outro pode não ser um passeio pacífico, absolutamente controlado quanto aos resultados.
• Muitas pessoas acreditam que a tecnologia de transgénicos pode trazer impactos sociais negativos, como a formação de monopólios no mercado de produção e distribuição de sementes. Além disso, o que acontecerá se as empresas não respeitarem a lei da biosegurança e utilizarem, por exemplo, genes humanos em alimentos para consumo humano?!
• São poucos os Laboratórios que têm os dispendiosos equipamentos, reagentes e pesquisadores capazes de obter organismos transgénicos com toda a segurança.

Na verdade, os impactos ambientais e na saúde humana dos transgénicos ainda são uma incógnita...


Com base no texto que acabou de ler, responda às seguintes questões:


1 – O que são genes.


2 – Explique o que é o genoma.


3 – Explique em que consiste a Engenharia Genética.


4 – Quais são as mais-valias da Engenharia Genética para a agricultura.


5 – Indique 3 vantagens da Engenharia Genética.

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