quarta-feira, 13 de junho de 2018

Conteúdo - Portugal com dois fusos horários


Em junho de 1916 Portugal começava a ter dois fusos horária e era ao Real Observatório Astronómico de Lisboa que competia "fazer a transmissão telegráfica da hora oficial às estações semafóricas e outros pontos do país".
Em 1912, a hora em Portugal passou a reger-se pelos Fusos Horários da Convenção de Washington, e a hora continental passou a ser a do Fuso das zero horas, pelo meridiano de Greenwich.

Um decreto de 1915 regulamentou o Serviço da Hora Legal em relação ao novo relógio público construído em finais de 1913 e colocado na Praça Duque de Terceira (Cais do Sodré), ao lado do edifício do então escritório da Exploração do Porto de Lisboa.

O relógio estava ligado ao Observatório por cabo eléctrico e era por ele que os navios que chegavam ao porto de Lisboa acertavam os relógios.

Já vinha de 1784 dos Estados Unidos da América a ideia do Daylight Saving Time, ou horário de verão: mudar a hora para ganhar uma hora de sol e poupar energia. Mas foi só em 1916, e perante a falta de carvão, que a Alemanha em guerra resolveu mudar a hora. Seguiram-se os aliados e Portugal não foi excepção.

De 17 para 18 de Junho, pela primeira vez, a hora mudou em Portugal e os relógios foram adiantados uma hora. Houve polémica, humor e censura, mas a verdade é que – com algumas interrupções – o hábito de mexer nos ponteiros do relógio se manteve durante os últimos 100 anos.

E se por um lado se decretava a mudança de hora para poupar carvão, por outro concedia-se tolerância aos teatros, permitindo que estes abrissem mais tarde para evitar prejuízos. Assim enquanto os aliados tinham teatro pelas oito da noite, em Portugal subia-se ao palco só pelas 22 horas, o que criava outros problemas: os espectáculos acabavam entre a uma e as duas da manhã, altura em que as carreiras de carros eléctricos tinham terminado.

A solução foi mudar o horário dos eléctricos e o último passou a sair do Rossio pela 1.50 horas da manhã.

Portugal era, afinal, um país moderníssimo.

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