sábado, 11 de junho de 2022

Os Novos Nómadas

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Dez mil anos depois de se ter sedentarizado, o homem vê-se obrigado, em muitos pontos do globo, a regressar a um novo nomadismo, o que conduz ao maior movimento migratório da história. Dentro de meio século, estima-se que será de mil milhões o número de pessoas em fuga, não só da pobreza e dos conflitos, mas também por causas novas como as alterações do clima.

Os fluxos migratórios sempre fizeram parte da história da humanidade e hoje não é diferente, como não se prevê que o seja ao longo das próximas décadas. A ONU (Organização das Nações Unidas) revelou que em 2020 o número de pessoas em movimento por conflitos, perseguições e catástrofes foi de quase 80 milhões. O dobro do que tinha sido dez anos antes. E desses 80 milhões, o total de deslocados com estatuto de refugiado foi de 26 milhões.

Os fluxos migratórios dão-se pela fuga a conflitos e a regimes políticos ditatoriais, para tráfico de pessoas com vista a vários tipos de exploração, como a laboral ou sexual, por perseguição religiosa, para fugir à pobreza e começam também a surgir novos movimentos de migrantes que advêm das  alterações climáticas. Há zonas do planeta onde as atividades económicas, nomeadamente agrícolas, estão ameaçadas ou mesmo destruídas devido aos fenómenos extremos como grandes inundações ou secas prolongadas.

Está assim, o planeta, em reconfiguração humana. As pessoas movem-se como nunca e a Europa surge como espaço de eleição para refúgio de muitos que pretendem encontrar paz, liberdade e prosperidade económica. E se são múltiplos os problemas para gerir estes fluxos, facto é também que o continente europeu precisa claramente de mão de obra migrante, tendo em conta a queda acentuada da demografia da sua população natural.


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