quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

EFA - STC - NG3 - DR1 - Ficha de Trabalho nº2 - Evolução da Alimentação - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Dispersão e Filopatria - estratégias para a distribuição de aves e mamíferos

Os etólogos repararam numa curiosa tendência: chegada a altura de abandonar o local onde nasceram, entre as aves geralmente dispersam-se as fêmeas, mas nos mamíferos são mais frequentemente os machos que abandonam o território natal.

Muitos animais vivem em comunidade, formando grupos sociais, compostos por elementos da mesma espécie: bandos, alcateias, cardumes, etc. Há também animais que vivem isolados. Mas até estes têm necessidade de se juntar para se reproduzirem, nem que seja apenas no acto do acasalamento. Além disso, mães e crias formam grupos, mais ou menos temporários, conforme as espécies. A fêmea de Urso-pardo passa cerca de três anos com a cria. Por outro lado, algumas espécies de aves são nidífugas, isto é, assim que nascem abandonam o ninho, o que não quer dizer que os pais, ou pelo menos um deles, não acompanhem a prole. No fundo, todos os animais têm a necessidade de, pelo menos em algum momento, partilhar o espaço com outros animais da mesma espécie.

Qualquer grupo obedece a regras internas, normalmente definidoras de hierarquia social, mantendo assim o equilíbrio dos laços existentes. São inúmeros os comportamentos sociais das diversas espécies que os etólogos tentam registar e compreender. O facto de os animais poderem viver isolados ou em comunidade, poderá estar ligado a factores derivados da pressão competitiva: em grupo aumenta a pressão por alimento, por parceiro sexual ou pelo local de reprodução. O risco de contágio por doença aumenta também, além de que vários animais juntos são mais facilmente detectáveis pelos predadores, do que quando se encontram isolados. Mas viver em comunidade também aumenta o número de olhos, narizes e orelhas alerta para o perigo. Entre os predadores, a cooperação conjunta torna mais fácil a caçada, além de poder proporcionar a captura de presas muito maiores do que seria possível obter isoladamente. Existem também casos de cooperação na criação da prole, com as evidentes vantagens de tal facto.

Os jovens adultos, dependendo de vários factores, podem ficar no grupo familiar ou partir para formarem a sua própria família ou para viverem isoladamente. O habitat, a distribuição de alimento, o sistema de acasalamento e os riscos de endogamia, parecem determinar, em grande medida, o nível de dispersão dos jovens animais em relação ao seu local de nascimento. Dependendo da espécie, os factores que mais influenciam a dispersão variam, e dentro de cada espécie, pode também haver diferentes formas de dispersão.

Quando os jovens ficam na sua área natal, partilhando o território com os progenitores, falamos em filopatria natal. Esta estratégia tem vantagens e custos. O grau de parentesco entre os elementos do grupo aumento o risco de endogamia, com a consequente redução de variabilidade genética, o que é uma evidente desvantagem evolutiva. No entanto, a consanguinidade pode favorecer a “selecção” de genes que determinem uma boa adaptação a um determinado habitat.

Entre outros custos da vida em grupo, podemos referir o aumento da densidade populacional, que fará subir a competição por recursos e parceiros sexuais, bem como por abrigos ou locais de reprodução.

Segundo algumas teorias sociobiológicas, porém, a vida em sociedade leva à redução da agressividade entre os membros e ao aumento dos comportamentos altruístas. Outra vantagem da vida social dos animais é a de um melhor conhecimento do local onde o grupo habita.

A dispersão tem, também, custos e benefícios. Se, por um lado, evitam assim a consanguinidade, por outro, dispendem muita energia deambulando à procura de novos territórios, além de que não conhecem as novas áreas para onde se deslocam. Podem ainda encontrar muita resistência e agressividade por parte de indivíduos que habitem territórios por onde passem ou para onde se desloquem.

Portanto, a dispersão e a filopatria têm, cada qual, os seus custos e benefícios. Uma solução de compromisso, que adoptasse comportamentos de dispersão e de filopatria poderia ser uma boa estratégia. Foi o que fizeram muitas espécies, especialmente entre as aves e os mamíferos. Em geral, dá-se uma diferenciação por sexos: enquanto os elementos de um dos sexos ficam no local de nascimento, os do outro sexo partem. Assim, evitam os problemas de endogamia, e os membros que permancem, desfrutam das vantagens da filopatria.

Curiosamente, parece haver uma tendência para que, nas aves, se dispersem as fêmeas, enquanto nos mamíferos são os machos que maioritariamente se dispersam. Alguns etólogos têm tentado explicar esta tendência que, reafirme-se, é uma tendência, com excepções.

Um dos etólogos que se debruçou sobre o assunto, Paul Greenwood, publicou um artigo em 1980, onde explana duas hipóteses para explicar o comportamento de aves e mamíferos quanto à dispersão. Começando por admitir que uma separação comportamental entre sexos, um deles ficando no local onde nasceu o outro partindo para novas paragens, traria evidentes vantagens para a espécie, e acrescenta uma explicação para as diferenças entre aves e mamíferos. Essa diferença, segundo Greenwood, baseia-se no modo diverso como os machos de aves e de mamíferos competem por parceiras. Os mamíferos são maioritariamente poligínicos, isto é, cada macho defende um grupo de fêmeas, competindo com outros machos pelas parceiras. Os machos jovens e os subordinados, impedidos de chegar às fêmeas, aumentam as suas possibilidades de acasalamento quando se dispersam. As fêmeas, normalmente, vivem em grupos matralineares (compostos por mães, filhas e netas), beneficiando das vantagens daí decorrentes. Assim, os machos são “forçados” a dispersarem-se para evitar os problemas de uma elevada taxa de consanguinidade.

Por outro lado, as aves são maioritariamente monogâmicas. Os machos, em vez de competirem directamente pelas fêmeas, competem por locais com bons recursos (em alimentação e em locais de nidificação), locais esses que atrairão as potenciais companheiras. O conhecimento do local será, então, mais importante para os machos do que para as fêmeas. Estas, dispersando-se evitam os problemas genéticos da endogamia e escolhem os territórios com melhores recursos.

Mas estas hipóteses, funcionando bem na generalidade, têm muitas excepções, como no caso dos mamíferos territoriais, em que seria de esperar que se verificasse a hipótese dos machos teritoriais das aves, e que ocorresse a dispersão das fêmeas. Tal não acontece na maioria dos casos.

Surgiram então mais hipóteses para explicar as diferenças entre sexos na dispersão. Primeiro, em 1989, em relação aos mamíferos, por Clutton-Brock, e depois expandido às aves, por Wolff e Plissner, em 1998. Em ambos os casos, os autores partem do princípio de que a filopatria é preferencial à dispersão. E que o primeiro sexo a ter oportunidade de se reproduzir será o que escolherá ficar no território, enquanto o outro sexo irá dispersar-se. Uma vez que as fêmeas dos mamíferos amamentam e cuidam das suas crias, os machos, geralmente, não apresentam cuidados parentais. Daqui resulta que os machos estão livres para vaguear para longe. Quando a sua descendência feminina alcança a idade de reprodução, muito provavelmente, o pai não estará presente, permitindo às filhas não terem de se ausentar para evitar a consanguinidade. Se o macho reprodutor estiver presente quando as suas filhas atingem a idade reprodutora, são estas que se dispersam.

Uma outra hipótese, sustentada por Stephen Dobson em 1982, afirma que nos mamíferos poligínicos, a competição por parceiros sexuais é maior nos machos do que nas fêmeas, daí serem os machos a dispersarem-se. Por outro lado, nos mamíferos monogâmicos, os níveis de competição por parceiros sexuais serão mais equivalentes, pelo que a dispersão entre sexos tenderá a efectuar-se em proporções equivalentes. Os dados parecem corroborar esta hipótese. Mas também aqui existem lacunas: como explicar, então, por exemplo, o comportamento das fêmeas nas espécies de aves monogâmicas, em que, maioritariamente, são estas a dispersar-se?

Em 1985, surge uma terceira hipótese, desenvolvida por Olof Liberg e Torbjörn von Schantz, apelidada de Hipótese de Édipo. Aqui, os autores colocam a enfase nos reprodutores e não nos jovens adultos, como o fizeram os anteriores autores. Segundo esta nova hipótese, são os pais que expulsam os jovens do território, forçando-os a dispersarem-se, e não estes que tomam a iniciativa de o fazerem. Para Liberg e von Schantz as diferenças na dispersão entre sexos, tanto nas aves como nos mamíferos, reduz a competição em termos reprodutivos entre pais e filhos. Assumem que para a descendência, na maioria dos casos, seria preferível ficar. Mas os pais ocupam uma posição hierárquica superior, e são estes que “decidem” da partida ou não dos filhos, e de qual dos sexos. E se os progenitores beneficiarem com a permanência dos filhos, mas não houver recursos suficientes para tamanha prole, poderão determinar a expulsão de alguns membros, até que o número de efectivos se “encaixe” nos recursos existentes.

Assim, o sistema reprodutivo de aves e mamíferos está intimamente ligado com o tipo de competição entre os progenitores e as descendências masculina e feminina. Genericamente, nas espécies com um sistema de reprodução poligâmico ou promíscuo, a descendência masculina, se ficar em casa, tenderá a competir com o pai por fêmeas, enquanto a descendência feminina não é uma ameaça para nenhum dos progenitores. Já nos sistemas monogâmicos, seria de esperar que nem filhos nem filhas competissem com qualquer dos pais, precisamente porque estes são monogâmicos. Mas, como já vimos, as fêmeas das aves têm tendência à dispersão, o quer dizer: são expulsas pelos pais, enquanto as fêmeas dos mamíferos são toleradas. Porquê? Pelos seus diferentes modos de reprodução: postura versus gestação e nascimento. Nas aves, uma filha a quem seja permitida a permanencia junto dos pais, poderá enganar os pais colocando ovos no ninho da família, deixando assim os custos da nidificação para aqueles. Quanto às filhas dos mamíferos, estas não têm como esconder a gravidez e o nascimento aos pais, pelo que não os poderão enganar e, então, os pais nada têm a temer, em termos de competição reprodutiva com as filhas.

Deste modo, segundo a Hipótese de Édipo temos quatro possibilidades: (1) nas aves monogâmicas, os progenitores expulsam as filhas, porque estas, apesar de não enganarem os pais quanto a cópulas, porque estes são monogâmicos, podem, no entanto, pôr os seus próprios ovos no ninho familiar, enganando ambos os pais. Os filhos, como não podem enganar os pais, são tolerados. (2) Nas aves poligínicas ou promíscuas, ambos os sexos da descendência são forçados a abandonar a área natal, porque ambos podem trair os progenitores. (3) Nos mamíferos monogâmicos, nem machos nem fêmeas descendentes podem enganar os progenitores, pelo que ambos os sexos tendem a ser tolerados no território dos pais. (4) Nos mamíferos poligâmicos ou promíscuos, a descendência masculina é expulsa porque poderão enganar o pai, acasalando com uma das fêmeas. As filhas, como não podem enganar os progenitores tendem a ficar em casa. A Hipótese de Édipo explica muitas contradições das outras hipóteses; no entanto, também tem a sua falha: não explica o facto de alguns descendentes abandonarem “de livre vontade” a área natal, o que se poderá ficar a dever à procura de melhores recursos ou para evitar a endogamia.

Como sempre, a Natureza é equilibrada mas complexa. Nenhuma hipótese explica, por si só, todas as situações que podemos encontrar quando procuramos entender as diferenças entre sexos, em aves e mamíferos, quanto à dispersão ou à filopatria. Portanto, tendo em conta o papel que jogam tanto progenitores como descendência, e as variações que poderão ocorrer de acordo com a espécie, o sexo ou o indivíduo, devemos atender a que os animais, aves e mamíferos, se tenderão a dispersar, ou não, de acordo com a satisfação de três factores básicos: a redução da competição por recursos, a redução da endogâmia e a redução da conflitualidade entre progenitores e descendência.

Eduardo Barrento

Estudo prevê extinção de cerca de 900 espécies de aves até 2100

Entre 600 a 900 espécies de aves, especialmente as tropicais como os colibris, poderão extinguir-se até 2100 se as temperaturas médias do planeta aumentarem 3.5ºC, prevê um estudo científico publicado na revista Biological Conservation Journal.

O estudo, coordenado por Cagan Sekercioglu – biólogo na Universidade do Utah – concluiu que as aves mais afectadas serão aquelas que vivem em zonas montanhosas tropicais, nas florestas perto da costa, aquelas que já ocupam um território muito limitado e as que não têm acesso a territórios com altitudes mais elevadas.

"Em aguns modelos, a perda de habitat pode aumentar as extinções causadas pelas alterações climáticas em 50%", escrevem os autores no artigo.

Os investigadores estimam que 89% das extinções vão acontecer nos trópicos.

“A percepção das pessoas é que a maioria das aves é migradora e que, por isso, as alterações climáticas não são um problema. Mas a verdade é que a maioria das espécies do planeta são extremamente sedentárias”, disse Sekercioglu, citado pela BBC.

Para sobreviver a temperaturas mais elevadas, as aves terão de se adaptar fisiologicamente e escapar para zonas de floresta húmida mais elevadas. Estas vão recuando para o cimo das montanhas, onde têm de competir com povoações humanas, notou o investigador.

“As espécies que vivem na zona costeira também são muito vulneráveis. As florestas costeiras são muito sensíveis à salinidade e podem ser muito afectadas por tempestades, eventos que se prevê aumentarem de intensidade e frequência”, acrescentou Sekercioglu.

“Já sabemos que muitas espécies de aves tropicais não são muito boas a dispersar para outros territórios. Por isso, este será um grande problema no futuro se os climas adequados para elas se deslocarem centenas de quilómetros. Algumas aves não serão capazes de mudar os seus territórios suficientemente rápido”, notou Mike Crosby, da federação Birdlife International para a Ásia.

Os autores do estudo acreditam que "as áreas protegidas serão mais importantes do que nunca, mas devem ser desenhadas tendo em consideração as alterações climáticas". Ainda assim, salientam, no espaço de um século, 92% das áreas protegidas actuais correm o risco de se tornarem climaticamente desadequadas. Na Europa também.

Num artigo publicado em Abril de 2011 na revista Ecology Letters, o investigador Miguel Araújo – da Universidade de Évora e do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid e um dos autores do estudo – salientou que no final do século, se os modelos climáticos se vierem a verificar, mais de metade das espécies que ocorrem nas áreas protegidas europeias encontrar-se-ão numa situação de stress climático. De acordo com o especialista, entre as espécies mais vulneráveis às alterações do clima estão “as espécies tolerantes a ambientes frios” e as “menos tolerantes a períodos de seca prolongada, as espécies de mobilidade reduzida, espécies especialistas no uso de determinados recursos ecológicos ou muito dependente de interacções com outras espécies, espécies com baixa fertilidade”.

Para Sekercioglu, vai tornar-se claro que as novas áreas protegidas do planeta terão de ser definidas “tendo em conta territórios com maior altitude e deixando mais espaço para as espécies ameaçadas se moverem para maiores altitudes”.

“Temos de nos preparar para começar a medir as temperaturas, a precipitação e monitorizar o que se passa com os animais nas áreas protegidas, para que consigamos dar uma resposta adequada”, comentou Crosby.

Lontras Mariza e Ronaldo foram pais de três crias

Após um namoro de quase cinco anos, as lontras "Mariza" e "Cristiano Ronaldo", do Fluviário de Mora, tiveram três crias, aumentando para cinco o número de exemplares desta espécie de lontras-de-garras-pequenas em exposição no fluviário.

As crias nasceram no início de Dezembro e ainda não têm nome. Para já ainda não saíram do ninho mas quando crescerem poderão usufruir do lontrário, ainda em construção e integrado nas obras de ampliação do Fluviário de Mora.

O casal, que recebeu os nomes da fadista e do futebolista - à semelhança das lontras Amália e Eusébio (que entretanto já morreu), do Oceanário de Lisboa - vive actualmente num tanque, que será transformado num aquário para peixes de grande porte, explica o Fluviário em comunicado.

Com mais de 500 peixes de 55 espécies diferentes de todo o mundo em habitats naturais, aquáticos e terrestres, num percurso entre a nascente e a foz de um rio, o Fluviário de Mora já recebeu desde Março 2007 mais de 660 mil visitantes.

Encontrado gene que protege rãs de fungo devastador

É mais um ponto para a variabilidade da natureza, um grupo de cientistas encontrou numa espécie de rã o gene que protege contra o fungo que tem sido o terror dos anfíbios pelo mundo fora. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the Natural Academy of Sciences.

Há mais de três décadas que os cientistas identificaram que um inimigo novo andava a matar os anfíbios, principalmente sapos e rãs. Mas só na década de 1990 é que se descobriu a causa da quitridiomicose: o fungo Batrachochytrium dendrobatidis.

Desde aí, os cientistas têm tentado encontrar uma resposta para a doença que já matou várias espécies, dizimou populações de um grupo que já tem ameaças que chegue como as alterações climáticas ou a diminuição de habitat.

Anna Savage e Kelly Zamudio, ambos da Universidade de Cornell, no estado de Nova Iorque, deram um passo em frente ao descobrirem um gene que está a salvar certos indivíduos de uma espécie de rãs.

Os investigadores trabalham com um tipo de rãs leopardo, a espécie Lithobates yavapaiensis . E recolheram indivíduos de cinco populações diferentes. No laboratório infectaram estes indivíduos com o fungo. As rãs de três das cinco populações morreram todas, mas alguns indivíduos das outras duas populações sobreviveram.

Através de estudos genéticos, perceberam que as rãs sobreviventes tinham uma variação num dos genes que pertence ao Complexo Maior de Histocompatibilidade. Esta região, que vários grupos de animais partilham, incluindo os mamíferos, tem uma grande importância para o sistema imunitário, porque ajuda os glóbulos brancos a identificar corpos estranhos no corpo provocando uma resposta imunitária e combatendo as infecções.

Os investigadores chamaram de Q ao novo alelo que encontraram – chama-se alelo a cada variante de um dado gene que se encontra na natureza. “Examinámos o ADN onde estava o alelo Q, e descobrimos que tinha existido uma mudança recente”, disse Savage citada pela ABC News. “Esta mudança no ADN dá-nos provas que as rãs podem estar a adaptar-se à quitridiomicose ao evoluírem novas variantes dos genes que combatem melhor [a doença].”

É provável que estas duas populações já tenham sido expostas ao fungo desde a década de 1970 e por isso, ao longo das últimas décadas, tenha havido uma selecção natural muito intensiva. Estes indivíduos conseguem debelar os fungos, uma situação diferente de outros indivíduos de outras espécies que podem ter o fungo, mas não apresentam sintomas da doença.

Esta é a primeira prova que existe pelo menos um potencial para estes animais ultrapassarem a doença com a sua própria genética. Mas os cientistas defendem projectos de conservação para os anfíbios mais susceptíveis a esta doença, que não parecem estar a reagir à epidemia.

Investigador da Carolina do Sul desenvolve carne em laboratório

Um cientista norte-americano pensa ter descoberto a fórmula para fazer frente à futura crise alimentar, através de uma forma de desenvolver carne em laboratório.

Vladimir Moronov, biólogo e director do Centro Avançado de Bio-fabricação de Tecido (Advanced Tissue Biofabrication Center), do departamento de Medicina Regenerativa e Biologia Celular da Universidade Médica da Carolina do Sul, trabalha com o intuito de criar carne há já uma década, no seu pequeno laboratório.
Inicialmente, Monorov dedicou-se à criação de tecidos, cuja aplicação seria para órgãos humanos. O crescimento de "in vitro" ou a engenharia do tecido através de cultura de células, também já está a ser desenvolvida na Holanda. Até agora, o grande problema com que se tem deparado tem sido a falta de financiamento.

A medida poderá repudiar muita gente; contudo, o cientista defende que já existe uma série de produtos de consumo regular, considerados naturais, produzidos de forma similar – os iogurtes, a cerveja e o vinho são apenas alguns.

Monorov prevê futuros edifícios do tamanho de um campo de futebol preenchidos com grandes bioreactores, ou então do tamanho de uma máquina de café em mercearias, a que lhe chama “charlem” – "Charleston engineered meat" (Engenharia da carne de Charleston). Será uma forma funcional, natural de desenhar comida.

A carne será geneticamente criada por encomenda – com um pouco de gordura, com o sabor do porco ou vitela, por exemplo. O investigador acredita que poderá ser, num futuro próximo, desenvolvida sem genes. Entretanto, alimentos geneticamente modificados já começam a ser práticos comuns.

Biólogos de Aveiro descobriram 30 novas espécies no oceano profundo

Um coral cor-de-rosa, um pequeno lagostim, 20 crustáceos, quatro bivalves e várias minhocas são algumas das novas espécies encontradas por uma equipa da Universidade de Aveiro junto aos vulcões de lama no oceano profundo, no âmbito de um projecto europeu.

Os navios oceanográficos do projecto Hermione, no qual participam 39 instituições europeias, estão desde 2009 a estudar os ecossistemas marinhos profundos da margem continental europeia. Os investigadores portugueses participaram em cerca de 20 campanhas no Golfo de Cádis, costa portuguesa, Mediterrâneo e Atlântico. Durante períodos de duas a quatro semanas - e graças à detecção por sonar, submarinos tripulados e veículos de operação remota - foram recolhidas amostras que permitiram identificar mil espécies num ecossistema único e ainda pouco conhecido: os vulcões de lama.

“Estão previstas para este ano três campanhas oceanográficas, uma das quais ao Golfo da Biscaia, no final da Primavera”, disse Marina Cunha, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro.

“Neste momento estamos a estudar a colecção de amostras que recolhemos”, explicou, acrescentando que já foram descritas 30 novas espécies e ainda restam por descrever 15 por cento das mil espécies recolhidas.

Entre as novidades está o coral cor-de-rosa Corallium sp.nov. (espécie ainda não descrita), formando “maciços muito exuberantes”, encontrado a cerca de dois mil metros de profundidade em volta do vulcão de lama Carlos Ribeiro.

O pequeno lagostim branco Vulcanocalliax arutyunovi e as minhocas Spirobrachia tripeira e Bobmarleya gadensis estão na lista das descobertas, juntamente com os 20 pequenos crustáceos “que passam muito desapercebidos”.

Os investigadores já esperavam surpresas. “O mar profundo ainda é pouco estudado e os vulcões de lama são uma área científica relativamente recente”, justificou a Marina Cunha. Estes ecossistemas – “zonas de erupção de sedimentos finos, ou lama, ricos em compostos como o metano e outros hidrocarbonetos, que são trazidos de profundidades muito elevadas” – no Golfo de Cádis entre os dois mil e os quatro mil metros de profundidade, por exemplo, só são conhecidos desde o final dos anos 90 do século passado. “O isolamento destes vulcões nas margens dos continentes propicia a evolução de espécies diferentes”, acrescentou.

Um dos mistérios por resolver é a ligação entre estes vulcões de lama, muitas vezes separados por milhares de quilómetros. “Em 2008 encontrámos organismos da mesma espécie no Golfo de Cádiz e ao largo de Angola e do outro lado do Atlântico. Quais foram os mecanismos de transporte? Como conseguem passar de uns ‘oásis’ de vida para os outros?”, questionou Marina Cunha.

Para a investigadora, estas missões têm “um interesse muito grande. Com o alargamento da Zona Económica Exclusiva, temos o dever de conhecer e proteger estes ecossistemas. E ainda se conhece muito pouco”.

Os resultados obtidos na exploração científica das profundezas dos oceanos, financiada pela Comissão Europeia, serão aplicados na definição de estratégias para uma gestão sustentada dos recursos marítimos.

Postal Antigo - Reprodução de Arte - Fernando, o Infante - Acrílico sobre tela 1985 (0,5x0,7) - Michael Barrett


ADN do tulipeiro está praticamente congelado no tempo



O tulipeiro é uma árvore enorme com flores grandes que vive nos Estados Unidos. Foi das primeiras plantas com flores, chamadas angiospérmicas. Agora, uma equipa de cientistas analisou o ADN das mitocôndrias e verificou que o ritmo de mutação deste material genético é extremamente vagaroso – 2000 vezes mais lento do que o do humano. Esta árvore leva-nos numa viagem até o início da evolução deste grupo de plantas, refere um artigo publicado nesta semana na revista de acesso livre BMC Biology.

O surgimento das flores foi a última grande revolução na história evolutiva das plantas. O antepassado das angiospérmicas terá aparecido há mais de 200 milhões de anos. O registo fóssil mostra que as plantas com flor espalharam-se por todo o mundo durante o período Cretácico, entre os 145 e os 65 milhões de anos, suplantando as florestas de coníferas, feitas de árvores como os pinheiros.

O Liriodendron tulipifera, o nome científico do tulipeiro-da-virgínia, ou árvore-do-ponto ou simplesmente tulipeiro, pode atingir mais de 50 metros de altura. O seu habitat natural é no Leste e Centro dos Estados Unidos.

Existe um parente próximo, do mesmo género, no Centro e no Sul da China. Há registos fósseis do género Liriodendron também na Europa, mas as glaciações causaram a sua extinção. Em Portugal, o Liriodendron tulipifera pode ser observado no Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Tal como a magnólia, o tulipeiro é uma árvore que se estabeleceu numa altura muito inicial da dispersão das angiospérmicas. Na investigação, de uma equipa de cientistas da Universidade do Indiana e do Arkansas, nos Estados Unidos, sequenciou-se o ADN das mitocôndrias para o caracterizar e avaliar a rapidez com que esta espécie está a evoluir.

As mitocôndrias, organelos que existem nas células das plantas, animais, fungos, são as baterias das células, convertendo açúcar em energia. Mas têm um ADN próprio, tal como o núcleo das células.

Os resultados da equipa mostram um ADN mitocondrial extremamente conservado no tempo, que pouco mudou desde a altura dos dinossauros. Os investigadores observaram as mutações silenciosas, aquelas que não causam problemas no funcionamento dos genes, e descobriram que, comparadas com as mutações nos humanos, no tulipeiro acontecem 2000 vezes mais devagar. Isto significa que a quantidade de alterações genéticas ocorridas numa única geração de Homo sapiens demora, no tulipeiro, qualquer coisa como 50.000 anos.

A sequenciação do ADN revelou muitos genes ancestrais que desapareceram na grande maioria das plantas com flor. “Com base nisto, parece que o genoma tem estado mais ou menos congelado durante milhões e milhões de anos”, explica Jeffrey Palmer, um dos autores do artigo, da Universidade do Indiana.

Num artigo de opinião sobre o estudo, Ian Small, da Universidade da Austrália Ocidental, defende que este estudo permite viajar no tempo, recuando mais de 200 milhões de anos, quando as angiospérmicas surgiram. “O genoma ‘fossilizado’ dá-nos algumas pistas importantes sobre como seriam as mitocôndrias quando as plantas com flor apareceram.”

http://www.publico.pt

Biografia - Jean-Marc Nattier

Pintor rococo francês 

Nasceu em Paris (França),  em 17 de Março de 1685;
e morreu na mesma cidade em 7 de Novembro de 1766.

Foi instruído inicialmente pelo seu pai, o retratista Marc Nattier (c.1642-1705), e depois pelo seu tio, o pintor histórico Jean Jouvenet. Inscreveu-se na Academia Real em 1703, tendo realizado uma série de desenhos com base nas pinturas de Peter Paul Rubens, expostas no palácio do Luxemburgo e conhecidas como o ciclo de Maria de Médicis. A publicação em 1710 de gravuras baseados nestes  desenhos tornou Nattier famoso. Em 1715 viajou para Amesterdão, tendo pintado o retrato do imperador russo Pedro I, e de sua mulher a imperatriz Catarina, recusou a oferta do Czar para se radicar na Rússia.

Nattier desejava especializar-se na pintura histórica, mas a crise financeira de 1720 em França, provocada pelos esquemas de John Law,  arruinou-o, sendo obrigado a virar-se para o retrato, devido a ser uma actividade mais lucrativa. Decidiu então re... o género do retrato alegórico, em que o retratado era apresentado enquanto uma figura mitológica. Os retratos graciosos de damas da corte de Luís XV de acordo com este método tornaram-se moda, até porque o retratado podia ser bastante  beneficiado sem perder a verosimilhança. Devido ao seu sucesso, tornou-se retratista oficial das quatro filhas do rei de França em 1745.Nesta função pintou as princesas várias vezes em inumeráveis situações.

Fonte:
Enciclopédia Britânica

Biografia - Adolf Loos

Loos foi um dos pioneiros da arquitetura moderna. Após seus estudos em Dresden, passou três anos nos Estados Unidos, sofrendo influência sobretudo da escola de Chicago. Quando inaugurou seu ateliê de arquitetura em Viena, em 1896, aplicou suas idéias estéticas às formas de construção. Foi pioneiro na negação do papel da intuição artística na procura de um estilo, confiando mais nas formas fundamentais usadas pelo homem desde os seus primórdios. Precursor da nova objetividade, procurou sempre a solução mais simples para seus projetos e métodos de construção, empregando apenas ocasionalmente motivos ornamentais como elementos articuladores. Esta concepção arquitetônica baseada na funcionalidade entrou em conflito aberto com a "Secessão" de Viena. Suas obras mais célebres e importantes são a moradia Steiner (1910) e a de Michaelplatz (1910-1911), em Viena, bem como a residência Tzara, em Paris.


Noticia retirada daqui

Biografia - Domenico Pellegrini

Pintor italiano

Nasceu em Galliera di Bassano, Pádua, em 19 de Março de 1759;
morreu em Roma em 4 de Março de 1840.

Estudou na Academia de Belas Artes de Veneza, sendo discípulo de Lodovico Gallina. Ganhou os primeiros prémios em 1782 e 1784, tornando-se um retratista pela influência de Alessandro Longhi, o mais importante retratista veneziano do seu tempo. Amigo e protegido do escultor Antonio Canova, seu conterrâneo e um dos principais expoentes do neo-classicismo, completou a sua educação artística em Roma com o pintor Domenico Corvi, sendo influenciado por isso pelo estilo classisante de Anton Raphael Mengs. Em Roma expôs em 1788 o seu quadro Rinaldo e Armida.

Começou então a viajar. Em 1789 estava em Paris, e no ano seguinte irá estabelecer-se em Nápoles, onde pintou bastantes retratos, em concorrência com a pintora francesa Elisabeth Vigée Le Brun que vivia em Nápoles desde Abril de 1790, e onde se manterá até Abril de 1792. Pellegrini saiu de Nápoles nesse mesmo ano indo-se para Londres. Na capital britânica viverá até 1803, tendo trabalhado muito e ganho bastante, sendo influenciado pelos grandes retratistas britânicos, sir Joshua Reynolds, que já que tinha morrido quando o pintor veneziano chegou, e George Romney, que morreria em 1802. Em Londres, foi protegido pelo gravador florentino Francesco Bartolozzi, que retratou num belíssimo quadro actualmente na Academia de Veneza.

Por recomendação de Bartolozzi, estabeleceu-se em Portugal em 1803, tendo vivido em Portugal até 1810, onde continuou a sua actividade de retratista da aristocracia e personagens importantes do país, tendo pintado também, em 1805, Laura Junot  por um brevíssimo momento embaixatriz de França em Lisboa, a célebre memorialista Duquesa de Abrantes. Em 1812 estava de novo em Londres, residindo mais tarde sucessivamente em Paris, Veneza e Nápoles, até que por volta de 1820 estabeleceu-se definitivamente em Roma.

Em 1837 foi nomeado para a Academia de São Lucas, à qual se afeiçoou tanto que lhe deixou em testamento todos os seus bens, para que com esse dinheiro se instituísse um prémio para jovens artistas.

Fonte:
Enciclopedia Italiana, Vol.XXVI

Biografia - Rembrandt Peale

Importante pintor americano de meados do século XIX.
Nasceu no Condado de Bucks, Pensilvânia, E.U.A. em 22 de Fevereiro de 1778;
morreu em Filadélfia, Pensilvânia, E.U.A. em 3 de Outubro de 1867.

Pintor, director de Museu e escritor, filho do artista e proprietário de museus Charles Wilson Peale e da sua primeira mulher Rachel Brewer, irmão de Rubens, Raphaelle e Titian Peale, começou a pintar muito novo terminando um Auto-retrato aos 13 anos de idade e um retrato de George Washington (1795) aos 17.

A carreira de Rembrandt Peale desenvolveu-se em quatro períodos. O primeiro inclui os seus primeiros retratos, como o simpático Rubens Peale with a Geranium, de 1801 e os dois retratos de Thomas Jefferson, de 1800 e 1805, que mostram a influência  do seu pai e dos estudos realizados em Inglaterra, na Royal Academy, em 1802 e 1803. Os quadros pintados a seguir ao seu regresso de França em 1810 são mais cuidados e neo-clássicos devido à influência de Jacques-Louis David. Deste período são os retratos de Joseph Louis Gay-Lussac, de 1810, Isaac McKim, de 1815 e o do General Samuel Smith, de 1817.

No terceiro período, Rembrant Peale tentou estabelecer a sua reputação artística com a produção de obras de carácter histórico, como The Roman Daughter, de 1811, ou heróico como o George Washington, Patriae Pater, de 1824, e o ambicioso The Court of Death, de 1820 assim como com os retratos sumptuosos das suas filhas, The Sisters, Eleanor and Rosalba Pearle, de 1826. No começo da década de 40 Rembrandt Peale concentrou-se na produção de cópias do seu Washington, tirando partido de ser o único artista existente na época que tinha pintado o presidente ao vivo, e de obras dos Mestres antigos.

Aspirando permanentemente à grandeza, a vida de Rembrandt foi marcada pelo seu carácter itinerante, de Filadelfia para Baltimore, de Nova Iorque para Boston, passando por Washington e Charleston, à procura de encomendas, e para a Europa à procura de inspiração. 

De 1795 a 1798, foi a Charleston, Baltimore e Nova Iorque realizando retratos para o Museu do pai. Em 1798 e 1799 trabalhou como artista itinerante no estado do Maryland. Em 1801 ajudou o pai a desenterrar as ossadas de mamíferos pré-históricos, em Newburgh, no estado de Nova Iorque, que levou para serem exibidos a Inglaterra no ano seguinte. Em 1808 e de novo em 1809 e 1810 esteve em Paris, pintando artistas e cientistas franceses para a colecção paterna. De 1813 a 1822 dirigiu o Museu de Baltimore, onde já tinha estado de 1796 a 1798, mas a instituição foi desleixada devido ao seu interesse em introduzir a iluminação a gás na cidade. Esteve em Itália de 1828 a 1830, onde copiou quadros dos antigos Mestres italianos, para coleccionadores americanos, e em 1832 - 1833 esteve de novo em Inglaterra.

Escreveu poesia, relatos de viagem, como as suas Notes on Italy, de 1835 e um manual de desenho. Em 1839 publicou The Portfolio of an Artist, e de 1855 a 1859 escreveu as suas recordações no The Crayon: A Journal Devoted to the Graphic Arts and the Literature Related to Them, publicado em Nova Iorque de 1855 a 1861.

Apesar da desigualdade do seu trabalho e de algum sentimentalismo, sobretudo nos seus últimos retratos, Peale é um importante artista americano de meados do século XIX. brilhante na utilização da côr e senhor de uma técnica invejável, revela os seus dons extraordinários nos retratos da família e de amigos. As muitas réplicas do seu Washington e o seu monumental quadro Washington before Baltimore, pintado de 1824 a 1825, tornaram-se obras de referência da pintura americana, assim como exemplos do neo-classicismo americano

Fonte:
Jane Turner (ed.), The Dictionary of Art, Vol. 24, Nova Iorque e Londres, Grove, 1996, págs. 303-304.




Biografia - José Ângelo Cottinelli Telmo

Arquitecto e cineasta

Nasceu em Lisboa,  em 13 de Novembro de 1897;
morreu em Cascais em 18 de Setembro de 1948.

Estudou Arquitectura na Escola de Belas Artes de Lisboa, curso que completou em 1920.

No decorrer do curso colaborou com a Lusitânia-Film na produção dos filmes Malmequer e Mal de Espanha de Leitão de Barros, realizados em 1918.

Tendo construído em 1932, com A.P. Richard, o estúdio da Tobis, no bairro do Lumiar, em Lisboa, aí realizou, no ano seguinte, A Canção de Lisboa.

A Canção de Lisboa, que teve a participação de Vasco Santana, António Silva, Beatriz Costa e de Manuel de Oliveira, o conhecido realizador, foi o primeiro filme sonoro inteiramente produzido em Portugal, e tornou-se um verdadeiro modelo do humor cinematográfico português.

Mas são as suas obras arquitectónicas que o tornam verdadeiramente conhecido. No início da carreira, em 1922, realiza o Pavilhão de Honra da Exposição do Rio de Janeiro e mais tarde, em 1929, o Pavilhão português da Exposição de Sevilha. Mais tarde projectará a fábrica da Standard Eléctrica, na Junqueira, em Lisboa e mais tarde a cidade universitária de Coimbra.

Em 1940 é Arquitecto-chefe da Exposição do Mundo Português, sendo dele o plano da Praça do Império e da sua Fonte Monumental e o Monumento dos Descobrimentos, assim como a Porta da Fundação.

De 1938 a 1942 foi director da revista Arquitectos.

Morreu devido a um acidente de pesca.


Fonte:
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, vol. 17.º

Biografia - Warren Roebling

No mês de Maio de 1983, os nova-iorquinos festejaram com a grande alegria, bandas de música, muito fogo de artifício, serpentinas e discursos, o primeiro centenário da Ponte de Brooklyn. Um século antes, e como se deve «dar a César o que é de César», os oradores que inauguraram a Ponte não se esqueceram de enaltecer o trabalho imenso de paciência e persistência de Emily Roebling, pois, sem ela a ponte de Brooklyn jamais teria sido acabada. Ela teve a honra de ser a primeira pessoa a atravessá-la.
Emily era uma simpática dona de casa, casada com o coronel e engenheiro, Washington Augustus Roebling (1837-1926) e nora de John Augustus Roebling (1806-1869) engenheiro de origem alemã[1] que emigrou para os Estados Unidos, em 1831. Foi ele quem desenhou, ou melhor, projectou a ponte, mas teve um acidente grave, ao estudar o local exacto da construção da ponte, tendo ficado com um pé esfacelado. Na sequência desse ferimento grave, contraiu o tétano e viria a falecer três semanas mais tarde sem poder iniciar a construção da ponte para a qual gastou muito do seu tempo e saber. Sucedeu-lhe o filho, Washington Roebling, que continuou o trabalho, tendo-lhe sido exigido frequentar o Rensselaer Polytecchnic Institute, graduar-se em engenharia e, então sim, poder prosseguir o trabalho do pai. Porém uma segunda fatalidade envolveria a família Roebling.
Numa tarde de Verão no ano de 1872, Washington Roebling, devido a uma doença chamada “mal dos mergulhadores”, ficou parcialmente paralisado e sem fala. É foi então que a sua mulher, Emily, percebeu que podia e devia intervir. Sendo ela a única pessoa que sabia comunicar com ele e como já lhe tinha servido de secretária será ela a arcar, por sua própria opção, com a responsabilidade de levar a bom termo este projecto de enorme envergadura.
De início o marido ensinou-lhe matemática, cálculo e resistência de materiais, mas Emily sabia quais eram as suas limitações e era imperioso estudar muito mais. Orientada pelo marido, consegue passar nas provas de ingresso na escola superior Georgetown Visitation Convent, onde seguiu um rigoroso programa de estudos, tendo, entre outras, as disciplinas de álgebra, geometria, botânica, química e geologia. Depois desta árdua etapa de estudos, Emily Roebling podia negociar os acordos com as diversas firmas intervenientes num tão grande projecto e acompanhar a construção da ponte.
Entretanto o marido observava a construção de longe, na sua casa em Brooklyn Heights, que, como o nome indica, era numa zona alta do então bairro de Brooklyn. Para poder controlar os trabalhos o Sr. Roebling utilizava um potente telescópio. Agora Emily podia perceber quais os materiais que se deviam utilizar, inspeccionar o andamento da ponte todos os dias. Depois de algum tempo passou a ser admirada e tomada a sério por todos os homens que durante praticamente 16 anos, construíram uma das mais complexas e belas pontes do mundo.
Ao contrário do que se possa pensar, durante aqueles longos anos Emily manteve-se num quase total anonimato para o comum das pessoas. Apenas no dia da inauguração, o congressista Abram S. Hewitt descreve a nova ponte também como um monumento «à mulher e à sua capacidade para estudos elevados, lamentando que estes lhe tivessem sido negados demasiado tempo». Fez-se justiça à inteligência e vontade indomável de uma mulher com um profundo sentido cívico, porque a ponte era um bem necessário a uma grande comunidade.
A ponte de Brooklyn, tinha, de início, um arco de 486 metros, uma extensão de pouco mais de 2 km, fundações que atingiam 41 metros e foi a primeira ponte dos EUA onde se utilizaram cabos de aço unidos paralelamente, em vez de cabos de ferro. As duas torres que emitam o estilo gótico são de grande beleza e elevam-se a 82 metros de altura. A ponte comportava duas vias-férreas, duas para carruagens de cavalos e uma via superior para peões. Várias experiências e estudos feitos por outros engenheiros foram testados na nova ponte. Houve contratempos e avanços, como se previa, mas foi uma obra ainda hoje considerada extraordinária.
De cada lado da Ponte foi colocada uma placa comemorativa, com os nomes do casal Roebling, a quem se deve a concepção e acompanhamento da construção bem como a homenagem aos 26 trabalhadores que morreram para que ela fosse erguida. Não foram muitos os mortos, tendo em conta que lá trabalhavam 600 homens todos os dias.
Depois da inauguração, Emily Roebling apoiou a National Federation of Women’s Clubs e multiplicaram-se os convites para aparecer em acontecimentos da maior importância, relacionados com o papel das mulheres na sociedade e o seu contributo para a construção daquele, ainda jovem, país. Emily participou na Exposição Mundial de Columbia, em 1893. Não contente com o que sabia, foi ainda estudar Direito na Universidade de Nova Iorque e chegou a publicar um trabalho nesta área, no Albany Law Journal. Com os conhecimentos adquiridos, Emily Roebling, considerada a primeira engenheira americana, projectou sozinha a mansão da família em Trenton, para onde foi viver com a família. Feliz por ser agora uma mulher diferente, um dia disse ao filho que com o que aprendera podia ser útil à sociedade, podia ter uma profissão e auferir um salário, sem depender, como era uso na época nas classes altas, do ordenado do marido. No fim de século passado muitas norte americanas pensavam como Emily Roebling.
Em 1899 a ponte de Brooklyn sofreu grandes alterações e hoje o caminho-de-ferro que passava na ponte foi substituído por uma auto-estrada com seis vias e uma via superior é especial para passeios de peões. Aos domingos é costume verem-se milhares de ciclistas atravessá-la, aproveitando o dia de descanso.
No dia 4 de Julho, festa nacional dos EUA, a Ponte é um dos lugares de grandes festejos onde se concentram muitos milhares de pessoas.
Emily Roebling faleceu em 1903, e o seu nome ficou, para sempre, ligado à construção da mais emblemática ponte de Nova Iorque. 

Informação retirada daqui

Biografia - Antoni Gaudi i Cornet

Arquitecto espanhol de finais do séc.19 e princípios do séc. 20.
Nasceu em Reus, Catalunha, Espanha, em 25 de Junho de 1852; 
morreu em Barcelona, em 10 de Junho de 1926.

Arquitecto cujo estilo distinto se caracteriza pela liberdade de forma, cor e texturas voluptuosas e na unidade orgânica, Gaudí trabalhou quase sempre em Barcelona ou nos seus arredores. Grande parte da sua carreira foi ocupada com a construção do Templo Expiatório da Sagrada Família, que ainda não estava concluído quando morreu. 

Gaudí nasceu numa localidade costeira da Catalunha. De origens humildes, era filho de um latoeiro que iria viver com ele no fim da vida acompanhado de uma sobrinha, nunca tendo casado. Mostrou desde cedo interesse pela arquitectura, tendo ido estudar em 1869 para Barcelona, então o centro político e intelectual da Catalunha, sendo também a cidade a mais moderna de Espanha. Só acabou o curso oito anos mais tarde, tendo os estudos sido interrompidos pelo serviço militar e outras actividades intermitentes. 

O estilo de Gaudí atravessou diversas fases. Quando saiu da escola provincial de arquitectura de Barcelona, em 1878, começou a projectar de acordo com um estilo Vitoriano bastante florido, que já era evidente nos seus projectos escolares, mas desenvolveu rapidamente uma maneira de compor por meio de justaposições de massas geométricas, até aí nunca usadas, cujas superfícies eram animadas com pedra ou tijolo modelado, painéis cerâmicos de cores vivas, e estruturas de metal utilizando motivos florais ou repteis. O efeito geral, embora os detalhes não o sejam, é Mourisco - ou Mudéjar, como a mistura especial da arte muçulmana com a cristã é conhecida em Espanha. Os exemplos de seu estilo Mudéjar são a Casa Vicens, de 1878-80, e El Capricho construída entre 1883 e 1885, assim como a Propriedade e o Palácio de Güell, de finais dos anos 80 do século XIX. Todas as obras, excepto o El Capricho estão localizadas em Barcelona. Mais tarde, Gaudí experimentou as possibilidades dinâmicas de vários estilos arquitectónicos: o gótico no Palácio Episcopal de Astorga, obra realizada entre 1887 e 1893, e na Casa de los Botines em Leão, construída entre 1892 e 1894; o barroco na Casa Calvet em Barcelona (1898-1904). Mas após 1902 os seus projectos deixam de poder ser atribuídos a um estilo arquitectónico convencional. 

À excepção de alguns edifícios em que é clara representação simbólica da natureza ou da religião, os edifícios de Gaudí transformaram-se em representações da sua estrutura e dos materiais que os constituem. Na sua Vila Bell Esguard, de 1900-02, e no Parque de Güell, de 1900 a 1914, em Barcelona, e na igreja da Colonia Güell (1898 - c. 1915), a sul daquela cidade, chegou a um tipo de estrutura que veio ser chamada equilibrada - isto é, uma estrutura projectada para se apoiar sobre si própria sem apoios internos ou suportes externos - ou, como Gaudí afirmava, exactamente como uma árvore se ergue. Gaudí aplicou seu sistema equilibrado a dois edifícios de apartamentos de vários andares edificados em Barcelona: a Casa Batlló, de 1904-06, uma renovação que incorporou novos elementos equilibrados, sobretudo a fachada; e a Casa Milá (1905-10). Como era frequente nele, projectou os dois edifícios, tanto nas suas formas com nas superfícies, como metáforas do carácter montanhoso e marítimo da Catalunha. 

Arquitecto admirado, mesmo que considerado um pouco excêntrico, Gaudí foi um participante importante na Renaixensa catalã, um movimento artístico revivalista das artes e dos ofícios que se combinou com um movimento político de feições nacionalistas que se baseava num fervoroso  anti-castelhanismo. Ambos os movimentos procuraram restabelecer um tipo de vida na Catalunha que tinha sido suprimido pelo governo centralista de Madrid, ao longo do século XVIII e XIX. O símbolo religioso da Renaixensa em Barcelona era a igreja da Sagrada Família, um projecto que ocupou Gaudí durante toda a sua carreira. 

Contratado para construir a igreja desde 1883, não viveu para a ver terminada. Ao trabalhar nela tornou-se cada vez mais religioso, e após 1910 passou a trabalhar quase exclusivamente na construção da Igreja, tendo mesmo passado a residir nos estaleiros. Aos 75 anos, foi atropelado por um trolley-car, tendo morrido dos ferimentos. 

Ignorado durante os anos 20 e 30 do século XX, quando o estilo internacional era o estilo arquitectónico  dominante, foi redescoberto nos anos 60, sendo reverenciado tanto por profissionais como pelo público em geral, devido à sua imaginação transbordante. A avaliação do trabalho arquitectónico de Gaudí é notável pela sua escala de formas, texturas, e policromia, e pela maneira livre e expressiva como estes elementos da sua arte se conjugam. A geometria complexa de um edifício de Gaudí coincide com a sua estrutura arquitectónica em que o todo, incluindo a sua fachada, dá à aparência de ser um objecto natural conformando-se completamente com as leis da natureza. Tal sentido da unidade total informou também a vida de Gaudí, já que a sua vida pessoal e  profissional  eram indistinguíveis.


Fontes: 
Enciclopédia Britânica
Internet:

Gaudí 2002 
Espaço oficial das comemorações do 150.º aniversário do nascimento de Antoni Gaudí, da responsabilidade da Generalitat de Catalunya e do Ajuntament de Barcelona, em inglês, castelhano, catalão e japonês.

Gaudí Central 
Espaço de um antigo estudante da universidade da Pennsylvania, criado em 1997 e terminado em 1998.

Biografia retirada daqui

Conteúdo - Origami - Pássaro


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Conteúdo - Origami - Cisne


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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Biografia - Elizabeth Louise Vigée le Brun

Pintora francesa famosíssima. Com precoce talento, foi uma exímia retratista. Viveu na corte de França pintou inúmeras telas da malograda família de Luís XVI. Conhecemos a rainha Maria Antonieta em mais de trinta retratos de sua autoria. Viveu entre dois séculos e numa época de profundas mudanças sociais. Esteve exilada doze anos e foi convidada a pintar em diversas cortes europeias. Pertenceu a diversas Academias de Belas Artes como as de Florença, Roma, Bolonha, e Sampetersburgo. Viveu seis anos na Rússia. Está representada em praticamente todos os museus do mundo. Pintou mais de novecentas telas das quais setecentos retratos. Afável e generosa foi também uma pessoa muito estimada. Deixou diversos auto-retratos.

Biografia retirada daqui

Mucosa do Intestino Delgado