Quase todos os vocábulos portugueses possuem a imprescindível letra “A”. Basta folhear um dicionário para perceber isso. A princípio, muitos acreditam ser impossível escrever uma frase ou um texto sem empregar a letra “A”. Porém, é possível. E em vez de um único texto, mostramos-lhe 2. Comprove:
TEXTO 1
“Se quisermos, poderemos escrever muito bem, omitindo o emprego de elementos tidos como imprescindíveis. Rico é o português e nos permite um sem número de efeitos e modos diferentes de dizer e escrever com bom gosto, com correto e distinto porte.
Mesmo em estilo simples, despretensioso, muito se pode conseguir.
Porém, incluindo termos menos comuns, pode-se ter o luxo de desenvolver extensos discursos e escritos diversos sobre muitos motivos e teses diferentes.
É possível escrever sem o “O”, sem o “I”, sem o “B”, sem o “R”, sem o “P”, enfim, isso pode ser feito como escolhermos.
Por exemplo, sem verbos, sem conjunções, sem pronomes e outros. Depende só do início e de um breve treino.
Prosseguindo, pois, vou expondo, neste simples e breve comento o que ficou dito, e provo que é possível, escrevendo estes conceitos sem nenhum emprego do elemento referido no título deste tópico.
Todo médio escritor e todos os estudiosos e curiosos podem conseguir o mesmo sem temer o encontro de difíceis trechos.
O verbo sublime sempre explode fecundo, se o homem, movido de puro intento, insiste no esforço meritório de produzir o belo e útil.
Nobres leitores: deixo-lhes este convite: brindemos sempre o nosso português com o justo conceito que lhe é devido. Devemos reconhecer sem indiscutível mérito. Devemos promover de todos os modos o prestígio que ele deve ter no consenso do mundo. Com nosso perene fervor, honremos o que é nosso!”
Da autoria de Geraldo Valle, sob o título “Sem a Letra A’’,transcrito do jornal da AGI-janeiro-fevereiro/2002, página 4
TEXTO 2
“Tudo requer muito equilíbrio psicológico, pois o nosso viver, o nosso mundo,tudo que se move, se bebe, que se come e dorme requer o devido equilíbrio. E equilíbrio é sempre um jeito de ser.
Um sonho moderno deste novo século é o de que preciso ser, eu me pergunto: “Eu sou? Estou? Eu existo? Eu quero? Eu vivo?” Sim! Eu vivo! É só o que sinto.
Vivo num mundo sofrido, pobre de espírito, poderoso, sem motivos nem objetivos.
Pode ser novo ou velho, rico ou pobre, solteiro ou viúvo, feliz ou triste.
Vivemos sós e nenhum de nós persiste muito em viver, em querer, no nosso compromisso um com o outro, no motivo… que motivos temos em nosso mundo com gente morrendo de fome, de sede, com suicídios, enfim, mortes e mortes e mortes.(…)”
Da autoria de Magno Alves de Araújo, in: www.palavrasnaweb. blogspot.com.br
Fonte: Observatório da Língua Portuguesa
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