segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Notícia - Estrelas criam cristais


O telescópio espacial Spitzer pode ter encontrado a resposta para uma das mais intrigantes questões que desafiam os astrónomos há décadas: como é que cristais de silicatos, que exigem temperaturas altíssimas para se formarem, vão parar aos cometas, corpos congelados, nascidos na fria franja do sistema solar?



Esses cristais podem ter surgido como partículas de silicato não cristalizadas, compondo a mistura de gás e poeira da qual se formam as estrelas e os planetas. Os silicatos originais podem ter-se transformado em cristais por gigantescas erupções que ocorrem na superfície das estrelas.

Os astrónomos detectaram a assinatura infravermelha dos cristais de silicatos no disco de poeira e gás em redor da estrela EX Lupi durante uma de suas frequentes tempestades. Os cristais não estavam presentes na observação anterior que o telescópio Spitzer fez da mesma estrela, durante um dos seus períodos de calmaria.

"Acreditamos ter observado pela primeira vez o processo de formação de cristais em andamento", diz o pesquisador Attila Juhasz, do Instituto Max Planck, na Alemanha.

domingo, 6 de setembro de 2015

Ficha de Avaliação - 7ºAno


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Trabalho - Unidade Hoteleira "Dom Pedro Baía Club"



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Higiene e Segurança no Trabalho - Regulamento de Segurança contra Incendio em Estabelecimentos de Ensino


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3ºAno - Matemática - Ficha de Trabalho - Polígonos


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Ficha de Trabalho - Expressões Numéricas


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Notícia - As formigas agricultoras

Se pensa que o Homem descobriu a agricultura, está enganado! Há mais de 50 milhões de anos que pequenas formigas desenvolvem culturas de fungos, como forma de garantir alimento, numa relação de contornos verdadeiramente impressionantes.

A descoberta da agricultura pelo homem terá acontecido há mais de 10 000 anos. Ao permitir o controlo das fontes de alimento, a agricultura lançou as bases para o desenvolvimento das civilizações. Mas apesar desta descoberta ter sido um triunfo incontestável, na realidade o homem não foi o primeiro ser a pôr em prática técnicas agrícolas.

Há cerca de 50 milhões de anos atrás, não muito depois do desaparecimento dos dinossauros, e muito antes do homem se ter diferenciado dos chimpanzés, algures na bacia do Amazonas, um grupo de humildes formigas descobriu uma forma de assegurar alimento – tornaram-se agricultoras, cultivando fungos no interior dos formigueiros para a sua alimentação. Esta alteração do modo de vida terá ocorrido apenas num grupo restrito de formigas, já que a maioria das actuais 10 000 espécies mantém os seus hábitos de predador. Contudo, a razão porque tal terá acontecido permanece indeterminada. É provável que a competição ou alguma alteração no ambiente tenha “empurrado” este grupo de formigas para uma modificação drástica dos seus hábitos, alteração essa que terá sido vantajosa, pois só assim se explica que actualmente existam cerca de 200 espécies agricultoras. Todas estas espécies pertencem à tribo Attini, e distribuem-se fundamentalmente pelas florestas tropicais da América Central e do Sul. Nesta categoria encontram-se géneros considerados “inferiores” ou mais primitivos e géneros “superiores”, dos quais fazem parte os géneros Atta e Acromyrmex, que correspondem às conhecidas “formigas cortadeiras”, extremamente especializadas.

Mas esta relação está longe de ser uma exploração; pelo contrário, ambos os intervenientes souberam tirar dela o melhor proveito. Na ausência de enzimas que possibilitam a degradação da matéria vegetal e de insectos mortos, estas formigas obtêm os nutrientes de que necessitam através dos fungos. Em contrapartida, eles ganham um local no solo onde se podem desenvolver, protegidos pelas formigas de predadores e parasitas, e conseguem obter mais material da área circundante do que se estivessem por sua conta, material esse que já vem preparado pelas enzimas produzidas pelos insectos. Os fungos utilizam esta biomassa preparada para crescerem e acumulam tantos nutrientes que as extremidades das suas hifas incham com açúcares e proteínas, que depois os insectos podem “morder”. Para além disso, na preparação do substrato para as suas culturas, as formigas conseguem atenuar os efeitos dos fungicidas presentes nas plantas e desenvolveram a capacidade de escolher as folhas com menor conteúdo destes compostos. Esta aptidão é retribuída pelos fungos, já que eles conseguem degradar as substâncias insecticidas presentes no alimento trazido pelas formigas. A horta de fungos é, assim, uma forma eficiente de transformar material indigestível em alimento utilizável pela colónia de formigas.

Contudo, esta relação simbiótica assume contornos distintos, dependendo do tipo de “agricultores” envolvidos, nomeadamente do tipo de material que recolhem como substrato para o crescimento dos seus fungos. Assim, as formigas consideradas “inferiores” constituem colónias relativamente pequenas e colhem uma grande variedade de alimentos que colocam à disposição dos seus fungos, esperando que estes os degradem, desde ervas, folhas caídas, excrementos de insectos e mesmo os seus cadáveres. Contrariamente, as formigas “superiores” tendem a usar apenas material vegetal e as “cortadeiras” utilizam apenas material retirado de plantas vivas.

Estas últimas possuem uma complexidade social espantosa. Os seus formigueiros são enormes estruturas elaboradas, com centenas de câmaras de diferentes tamanhos, por vezes a mais de três metros de profundidade, onde chegam a existir mais de 8 milhões de trabalhadoras, frequentemente pertencentes a diferentes castas, especializadas em tarefas distintas. À superfície, a área envolvente do formigueiro é mantida escrupulosamente limpa pelas trabalhadoras. As colectoras de material vegetal, detentoras de uma força surpreendente, cortam as folhas e carregam-nas até ao formigueiro. Enquanto cortam, elas bebem a seiva que se liberta das margens cortadas, o que constitui uma importante fonte de energia para estes indivíduos. Já no formigueiro, pela acção de diferentes tipos formigas, as folhas são cortadas em fracções cada vez mais pequenas, mastigadas e encharcadas com enzimas, transformando-se numa pasta mole, que é posteriormente espalhada sobre o substrato dos fungos. Existem, ainda, as formigas colectoras de detritos, que os recolhem e transportam até câmaras específicas, situadas a grandes profundidades.

Os efeitos das “formigas cortadeiras” são, por vezes, devastadores. Uma manada de elefantes dificilmente pode causar tanto distúrbio como a passagem das trabalhadoras formigas, que procuram matéria verde para alimentarem as suas hortas, desfolhando em pouco tempo qualquer planta que apareça no seu caminho. Por isso são responsáveis por enormes prejuízos na agricultura, nos países em que atingem grandes densidades. Contudo, para responder a estes ataques das formigas, as plantas desenvolveram um arsenal de substâncias que incorporaram nas suas folhas, incluindo insecticidas e fungicidas que, ao aniquilarem os fungos, afectam indirectamente os insectos. Como resposta, as formigas adquiriram, ao longo da evolução, a capacidade de detectar muitos destes compostos, evitando utilizar folhas de plantas que os produzam. É por este motivo que as plantas nativas não são tão molestadas quanto as introduzidas, que não tiveram tempo de desenvolver defesas. Por isso estas formigas tendem a evitar as florestas húmidas virgens e a preferir zonas já perturbadas.

Apesar do seu impacto devastador, verificou-se que as formigas, ao tratarem cuidadosamente das suas culturas de fungos, desempenham funções ecológicas muito importantes. Elas estimulam o crescimento de novas plantas, promovem a degradação do material vegetal e o enriquecimento e arejamento do solo. Embora possam espalhar a devastação à superfície, elas criam um verdadeiro Éden para os fungos, em autênticos jardins subterrâneos.

Mas a complexidade da simbiose entre as formigas agricultoras e os seus fungos, adquirida durante uma extensa história evolutiva, é bem maior do que inicialmente se pensou. Muito antes dos humanos, as formigas começaram a tomar medidas para optimizarem as condições de crescimento das suas culturas. Por exemplo, os investigadores descobriram que certas áreas da cutícula das formigas se encontram revestidas por uma substância de aspecto poeirento, que estudos micromorfológicos e bioquímicos revelaram ser massas filamentosas de bactérias do grupo dos Actinomicetes, especialmente do género Streptomyces, produtoras de metabolitos secundários, muitos dos quais com propriedades antibacterianas e antifúngicas específicas. À luz das propriedades bioquímicas únicas deste grupo, foi proposto que as bactérias associadas às formigas seriam responsáveis pela supressão do desenvolvimento de agentes patogénicos potencialmente devastadores, nomeadamente outras espécies de fungos, parasitas, que invadem as plantações das formigas. Assim, a utilização de antibióticos tem sido uma constante desde que as formigas iniciaram as suas “actividades agrícolas”

Porém, as descobertas não se ficam por aqui. Também elas foram pioneiras na utilização de técnicas de fertilização, já que realizam adubações à base de folhas misturadas com excrementos, de forma a maximizar o crescimento das culturas. Para além disso, as formigas realizam autênticas mondas quando fungos indesejáveis aparecem, eliminando-os com as suas mandíbulas.

Os cientistas conhecem há mais de um século estas formigas que cultivam massas de fungos para alimento, mas enquanto as formigas foram estudadas, o mesmo não aconteceu com os fungos. Por não desenvolverem corpos frutíferos (estruturas da reprodução sexuada) nos formigueiros, foi difícil fazer a classificação taxonómica dos fungos e determinar se poderiam viver no exterior, na ausência da relação simbiótica. No entanto, uma equipa de cientistas conseguiu analisar o ADN de mais de 500 tipos de fungos encontrados em formigueiros, tornando possível relacionar os fungos cultivados pelas formigas e alguns dos cogumelos que apareciam nas redondezas. Os cientistas descobriram que a maioria dos fungos pertence à família Lepiotaceae, escolha que não terá sido arbitrária, já que estes são especializados na decomposição de detritos vegetais.

A partir do momento em que os fungos iniciaram a relação simbiótica deixaram de se reproduzir sexuadamente e acabaram por depender das formigas para a sua dispersão. Reproduzem-se de forma vegetativa, através de rebentos, que não são mais do que “clones” do fungo original. Pelo facto de se ter observado que as novas rainhas destes formigueiros, ao saírem para acasalar e formar novas colónias, transportam fungos nas suas peças bucais, durante muito tempo pensou-se que esta seria a forma de todas as hortas começarem, o que significaria a existência de linhagens de fungos com milhares de anos. No entanto, investigações genéticas demonstraram que, apesar das formigas de uma mesma colónia só cultivarem um tipo de fungo, outras colónias da mesma espécie utilizam outros tipos de fungos, o que implica que, de vez em quando, as formigas saiam dos formigueiros para obter fungos livres na natureza, de forma a refrescarem os seus stocks e, provavelmente, obterem uma maior variedade alimentar. Por outro lado, algumas colónias de diferentes espécies cultivam exactamente os mesmos tipos de fungos. Por tudo isto considera-se, actualmente, que as formigas agricultoras “domesticaram” fungos várias vezes ao longo da sua evolução.

Em situações de desespero, resultantes de factores ambientais (como uma inundação) ou do ataque de doenças ou parasitas que “limpam” estas hortas, as formigas podem tornar-se mais beligerantes, pois estes condicionalismos têm efeitos devastadores, podendo condenar à indigência toda a colónia. Nas situações de crise as formigas ou morrem ou têm de procurar novos fungos para cultivarem. Esta procura pode ser feita na natureza ou mesmo no formigueiro das suas vizinhas. Já foram observadas operações organizadas de “furto”, em que as formigas de uma colónia tomam de assalto outro formigueiro para obterem fungos, forçando-o a sair, e chegando mesmo a fazer “prisioneiros”, que põem a trabalhar.

Os cientistas sempre se impressionaram com a harmonia da relação existente entre as formigas e os seus parceiros, mas apenas agora estão a desvendar as nuances que esta história evolutiva e de simbiose tem por trás. Eles estão a aplicar ferramentas moleculares para reconstruir a história genealógica da simbiose, determinando a sua origem e como terá progredido ao longo dos milhões de anos da sua existência. Esta interdependência assume um carácter tão forte que virtualmente controla o ecossistema de muitas regiões neotropicais. Existem cientistas que consideram esta relação como um dos maiores passos da evolução animal, colocando-a a par da conquista do meio terrestre. Mas estas descobertas são importantes ainda noutro sentido. O facto desta simbiose ter despertado tanto interesse constitui um motivo para que os fungos sejam estudados. Este tem sido um grupo bastante desprezado, apesar do seu papel crucial no funcionamento de todos os ecossistemas.

O mais antigo agricultor da Terra tem seis patas e pode ser capaz de nos dar algumas ideias de como praticar agricultura sem causar danos ambientais, pois é isto que tem feito durante muitos milhões de anos. As formigas poderão fornecer-nos algumas pistas sobre a forma de manter as mesmas técnicas agrícolas por tão longo tempo. Por exemplo, uma das lições que podemos reter prende-se com a necessidade de manutenção das diferentes variedades de plantas de cultivo em meio natural. Da mesma forma que as formigas saem para trazer novos fungos se uma doença devastar as suas culturas, os agricultores também deveriam poder ir buscar à natureza as plantas originais após o ataque de doenças. Por tudo isto, o que quer que nós tenhamos aperfeiçoado, em termos de práticas agrícolas, terá sido inquestionavelmente melhor realizado pelas formigas agricultoras, ao longo de 50 milhões de anos.

Maria Carlos Reis

Planificação - Sala dos 2 Anos


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Biografia - D.Miguel


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Powerpoint - Avaliação Familiar - Um Caso Clinico

sábado, 5 de setembro de 2015

Powerpoint - Iniciação ao Microsoft Excel


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EFA - CMA - Conteúdo - Violência Contra Idosos - Cidadania e Mundo Atual


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Notícia - Sondas procuram água em solo lunar


A agência espacial norte-americana NASA vai procurar provas definitivas da existência de água na Lua já este mês com o lançamento de duas novas missões.



No próximo dia 17, um foguete Atlas V será lançado do Cabo Canaveral, levando a bordo as missões ‘LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter’ – Sonda de Reconhecimento Lunar) e ‘LCROSS (Lunar Crater Observation and Sensing Satellite’ – Satélite de Observação e Sensoriamento de Crateras Lunares).

Em conjunto, as duas missões permitirão o mapeamento de altíssima resolução da Lua, com precisão até um metro, o conhecimento da sua mineralogia, além da esperada resposta a uma pergunta que permanece no ar há décadas: existirá de facto água congelada no interior das crateras dos pólos lunares, menos expostas à acção solar?

A existir, a água estará, provavelmente, nas sombras das frias crateras, escondida e congelada.

Nos anos 90, recorde-se, duas sondas espaciais, a ‘Lunar Prospector’ e a ‘Clementine’, encontraram sinais de gelo nas crateras escuras, próximas dos pólos lunares – sensivelmente um quilómetro cúbico de gelo. Mas os dados não foram conclusivos.

A primeira descoberta ocorreu em 1996, quando a sonda ‘Clementine’ encontrou sinais de gelo em regiões escuras perto dos pólos lunares. A NASA, porém, não desiste de procurar provas definitivas da existência de água no satélite terrestre e investiu numa missão específica para este fim.

Utilizando sete instrumentos científicos diferentes, a missão ‘LRO’ ajudará a identificar locais de pouso seguros para as futuras missões tripuladas à Lua. Além do mapeamento da superfície lunar no espectro ultravioleta, as câmaras da ‘LRO’ construirão um mapa a três dimensões, em alta resolução, da superfície da Lua.

A sonda ‘LCROSS’ irá lutar por uma resposta definitiva sobre a presença ou não de água congelada nos pólos lunares. A missão usará o segundo estágio do foguete Atlas de uma forma inédita, culminando com dois impactos espectaculares sobre a superfície lunar.

Estas missões constituem um primeiro passo para o regresso do homem à Lua, mas também servem de trampolim para voos espaciais mais arrojados, como a exploração do planeta Marte.

CORRIDA MUNDIAL PARA O SATÉLITE

China, Japão, Rússia, Estados Unidos e Índia estão numa corrida intensa e todos têm planos para enviar satélites em direcção à Lua. O objectivo é olhar bem de perto o nosso satélite, e até pousar nele, em busca de novas descobertas geológicas e recursos naturais.

A proximidade torna esse desafio mais do que possível. A Lua é atingível e até mesmo países com programas espaciais ainda na sua fase infantil podem lá chegar, o que representa um grande salto tecnológico para esses países.

Os japoneses, recorde-se, rodearam a Lua com a missão ‘Kaguya’ e os chineses, com a missão ‘Chang’e-1’, também já marcaram presença e recolheram dados. Até a Índia tem planos para uma viagem especial em 2010, com seu veículo Chandrayaan, e os russos, um pouco mais devagar, planeiam regressar.

A primeira missão à Lua iniciou--se em 1958 com o Programa Luna, da União Soviética.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

2ºAno - Estudo do Meio - Sopa de Letras


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Jogo - Batalha Naval / Latitude e Longitude


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Powerpoint - O Turismo Mundial - Tendências do sector e posicionamento de Portugal


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Higiene e Segurança no Trabalho - Orientações para a elaboração de um manual de boas práticas em bacteriologia


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Powerpoint - Equações


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Notícia - A Vida Secreta e Surpreendentemente Fascinante dos Anfíbios

Muitas vezes esquecidos, os anfíbios possuem das mais espantosas e interessantes adaptações do reino animal, tornando a realidade frequentemente bem mais surpreendente do que a ficção que poderíamos criar sobre eles.

Os anfíbios, tal como os répteis, foram sempre vistos como formas de vida inferiores e desinteressantes, por muito tempo incapazes de entusiasmar até as maiores personalidades da comunidade científica. Felizmente a Ciência moderna trouxe à luz a verdadeira essência destes animais excepcionais, dando a conhecer alguns dos seus comportamentos e capacidades extraordinariamente complexas, bizarras e até enternecedoras.

Os primeiros colonizadores
A classe Amphibia é uma classe de vertebrados incrivelmente diversa que existe há mais de 230 milhões de anos, composta pelos descendentes directos dos primeiros vertebrados a conquistar o meio terrestre. Os anfíbios dividem-se em três ordens: Anura (anfíbios sem cauda, como as rãs e os sapos), Caudata (anfíbios com cauda, como as salamandras e os tritões) e Gymnophiona (anfíbios ápodes, como as cecílias e que não ocorrem em Portugal).

Apesar de não serem capazes de produzir calor corporal e de possuírem ciclos de vida complexos, os anfíbios conseguiram conquistar o meio terrestre, colonizando todos os continentes à excepção da Antárctida. Uma vez que não despendem energia a manter a temperatura corporal, têm menores necessidades alimentares, o que lhes permite sobreviver em habitats muito pobres e passar por grandes períodos de inactividade.

A rã-dos-bosques (Rana sylvatica) consegue sobreviver aos Invernos do Canadá e Alasca enterrando-se na manta morta e deixando congelar até 65% da água do seu corpo. O sucesso desta estratégia deve-se à produção de glucose que actua como anti-congelante nas suas células e não permite a formação de cristais que danificariam os tecidos. Na Primavera, quando as temperaturas começam a subir, as rãs-dos-bosques saem da hibernação - descongelam - e reproduzem-se. Já os sapos do género Cyclorana habitam algumas das regiões mais áridas do continente Australiano, enterrando-se em esconderijos por si criados, onde podem permanecer inactivos durante anos. Têm a capacidade de armazenar grandes quantidades de água na bexiga e de produzir um “casulo” que reduz as perdas de água. Emergem do subsolo apenas quando há chuvadas intensas para se alimentarem e, claro, rapidamente se reproduzirem. Graças à capacidade de armazenar água em pleno deserto Australiano, estas espécies sempre foram muito utilizadas pelos Aborígenes.

A sedução a sangue frio
Quando as condições ambientais se tornam mais favoráveis, muitos anfíbios começam a despertar dos períodos de inactividade, emergindo dos seus esconderijos terrestres ou aquáticos para se reproduzirem.

O início da época de reprodução dos anuros (rãs, relas, sapos) é imediatamente denunciada pelos coros que se iniciam ao fim da tarde e se prolongam noite dentro. Estas autênticas serenatas, audíveis até 1 km de distância, são produzidas pelos machos para tentar atrair as fêmeas, que elegem o futuro pai da sua descendência apenas com base no seu canto. Há, no entanto, espécies de anuros que não valorizam tanto o romantismo, caso do macho de uma rã nativa da Papua-Nova Guiné (Liophryne schlaginhaufeni) que segrega e excreta uma hormona sobre a fêmea, pondo-a inconsciente para depois proceder à cópula.

A corte dos urodelos (tritões, salamandras) não passa pela produção de vocalizações atractivas, mas pela segregação e transmissão de feromonas por parte do macho. A corte do tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai) é particularmente complexa. Em meio aquático, o macho coloca-se diante da fêmea, dobra a cauda para a frente de modo a ficar paralela ao corpo, realizando com ela movimentos ondulatórios regulares que se destinam a transmitir partículas odoríferas à fêmea. No caso da fêmea não se sentir atraída, o macho pode realizar novos movimentos, entre os quais se destaca o “flamenco”, alçando a cauda e oscilando a sua ponta de um lado para o outro.

Não existe entre os vertebrados classe com maior variedade de estratégias reprodutivas e formas de cuidados parentais do que a classe Amphibia. Apesar de muitos anfíbios não exibirem qualquer cuidado parental, limitando-se a colocar as posturas em meios aquáticos, há espécies que dedicam muita da sua energia a cuidar da descendência de formas por vezes inacreditáveis.

A face terna dos anfíbios
A evolução dos cuidados parentais representa uma enorme mudança na história natural dos animais, promovendo a sobrevivência da descendência perante condições ambientais adversas.

A maioria dos anfíbios é ovípara, depositando os ovos em meio terrestre ou aquático onde as larvas se desenvolvem autonomamente. No entanto, existem espécies vivíparas capazes de alimentar os seus fetos com uma mucoproteína (leite uterino) depois das reservas vitelinas já se terem esgotado, caso dos sapos do género Nectophrynoides, da rã-coqui (Eleutherodactylus jasperi) actualmente considerada extinta, ou da cecília recentemente descoberta na Índia, Gegeneophis seshachari. Além das diferenças inter-específicas, pode ainda existir variação nas estratégias reprodutivas de populações da mesma espécie como resultado de diferentes condições ambientais: a salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) que habitualmente é ovovivípara e deposita as suas larvas em meio aquático, em regiões montanhosas dá à luz indivíduos completamente metamorfoseados.

Quando presente, o cuidado parental característico das salamandras e dos tritões consiste na assistência às posturas. Nas salamandras aquáticas, a fêmea (Família Proteidae) ou o macho (Cryptobranchus alleganiensis) prestam assistência às posturas para promover essencialmente as trocas gasosas, movimentando rapidamente as brânquias ou o próprio corpo. No caso dos tritões europeus (p.ex. Triturus marmoratus), a fêmea passa muito tempo a colocar criteriosamente cada ovo na vegetação para que esteja mais protegido de predadores e dos efeitos nefastos da radiação ultravioleta.

Cerca de 75% das cecílias são vivíparas, alimentando os fetos com células do oviducto e dando à luz larvas totalmente metamorfoseadas. Os cuidados prestados pela cecília africana Boulengerula taitanus às suas larvas após a eclosão são únicos entre os anfíbios. A progenitora desenvolve uma camada dérmica rica em gorduras e nutrientes que assegura a nutrição das larvas. Estas possuem dentes especializados para raspar e consumir a pele da mãe durante as primeiras 4 semanas de vida.

Os anuros apresentam a maior diversidade de cuidados parentais na classe Amphibia. A assistência às posturas é a forma mais comum de prestação de cuidados, sendo frequentemente feita pelo macho, fenómeno raro no mundo animal. Em algumas espécies um dos progenitores carrega os ovos fertilizados durante o desenvolvimento larvar no dorso ou mesmo em bolsas especializadas.

Os sapos-parteiros, Alytes spp., carregam os cordões de ovos enrolados nos membros posteriores, colocando-os em meio aquático apenas quando já estão prontos para eclodir. O macho da rã marsupial australiana (Assa darlingtoni) possui bolsas ao longo dos seus flancos onde os girinos podem completar o desenvolvimento larvar até à metamorfose.

Os cuidados parentais mais complexos encontram-se frequentemente em habitats tropicais húmidos. Algumas rãs-flecha (família Dendrobatidae), transportam os girinos no seu dorso e depositam-nos em pequenas bolsas de água que se formam em plantas epífitas como as bromélias. A larva completa então o seu desenvolvimento nestes minúsculos meios livres de predadores, alimentando-se de invertebrados e dos ovos não fertilizados que a progenitora lhe fornece periodicamente.

Há espécies que apresentam cuidados parentais ainda mais impressionantes, como as rãs australianas do género Rheobatrachus, em que a fêmea engole cerca de 20 ovos fertilizados que se desenvolvem no seu estômago. Durante o período de desenvolvimento larvar a progenitora não só não se alimenta como fica com o sistema digestivo inibido, suspendendo a produção de ácido e os movimentos peristálticos. Terminado o desenvolvimento larvar, a progenitora regurgita os indivíduos recém-metamorfoseados. Infelizmente as duas espécies que compõem este género, R. vitelinus e R. silus, descobertas na década de 70, foram dadas como extintas na década seguinte, ficando muito por desvendar acerca das capacidades únicas destes anuros.

O estranho mundo das armas anfíbias
Os anfíbios são uma parte essencial da cadeia trófica, constituindo presas habituais para uma vasta gama de predadores. Essa pressão deu origem a uma série de características fisiológicas, morfológicas e comportamentais que, isoladas ou em sinergia, podem potenciar a sua sobrevivência a ataques predatórios.

As formas mais comuns de defesa anti-predatória em adultos são os comportamentos de fuga (saltar ou enterrar-se) e a produção de secreções cutâneas nocivas. No entanto, muitos anfíbios adoptam estratégias mais curiosas, fazendo-se de mortos, empolando o seu tamanho ou atraindo o predador para partes do corpo menos essenciais e/ou tóxicas. É muito frequente que anuros menos ágeis invistam em aparentar estar mortos, caso de espécies como o Stereocyclops parkeri, que estica totalmente os seus membros, ficando hirto, ou da Acanthixalus spinosus, que encolhe os seus membros e coloca a língua cor-de-laranja de fora.

De uma forma geral há entre as salamandras e os tritões um claro investimento na produção de toxinas e na exploração de comportamentos que podem maximizar a eficácia dessas secreções. A salamandra-de-pintas-amarelas possui, na parte de trás da cabeça, glândulas que segregam toxinas capazes de provocar ardor e cegueira temporária. Quando atacada, é capaz de produzir um esguicho de intensidade de direcção controladas, preferencialmente para os olhos do atacante. Já as salamandras da família Plethodontidae agitam a cauda verticalmente enquanto mantêm o resto do corpo rígido, procurando atrair o predador para a parte do seu corpo mais dispensável e tóxica.

Os anfíbios capazes de produzir toxinas são frequentemente espectaculares, apresentando padrões corporais acentuados por cores fortes (laranja, vermelho, amarelo) que servem como sinalizadores da sua perigosidade. Certas espécies exploram o carácter dissuasor dessas cores e, apesar de serem absolutamente inofensivas, apresentam padrões semelhantes aos das espécies mais tóxicas.

Os géneros Pleurodeles e Echinotriton apresentam capacidades únicas para reduzir a sua palatibilidade e aumentar a sua probabilidade de sobrevivência. A salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl), endemismo ibérico que se pode encontrar no Sul e Centro de Portugal, tem a capacidade de, perante um ataque, projectar as pontas das suas costelas para fora do seu corpo. Apesar da projecção não se fazer através de poros especializados, as pontas expostas das costelas ficam posicionadas imediatamente abaixo das manchas alaranjadas dos flancos, aumentando o impacto visual deste comportamento. Como se não bastasse, estas espécies são também tóxicas, pelo que as pontas das costelas podem injectar toxinas na corrente sanguínea do predador.

Se a estratégia defensiva da salamandra-de-costelas-salientes pode parecer bizarra, a utilizada por alguns sapos africanos (Géneros Astylosternus e Trichobatrachus) prova que a realidade é muitas vezes bem mais impressionante do que a ficção. Estes anuros têm a capacidade de projectar a parte terminal das falanges de alguns dedos através da pele. Estas estruturas ósseas de forma semelhante à das garras de alguns mamíferos, causam feridas profundas em quem tentar pegar ou abocanhar estes sapos. Não se conhece mais nenhum vertebrado com uma estrutura semelhante a uma garra sem queratina, composta apenas por massa óssea, que tem de se libertar da estrutura esquelética e perfurar a pele para se tornar funcional.

No século XVIII, o famoso cientista sueco Carl von Linné, responsável pela criação do actual sistema de nomeação científica das espécies referiu-se aos anfíbios como criaturas “feias e asquerosas”, reforçando que Deus não se havia esmerado na sua criação. Agora, depois de conhecer uma parte da vida secreta destes vertebrados, cabe ao leitor decidir se estas criaturas tão menosprezadas não podem de facto integrar orgulhosamente o grupo dos animais mais interessantes e inspiradores deste planeta.

Joana Teixeira Ribeiro

Vídeo - Trailer do filme "Um Sonho Possível"