terça-feira, 23 de junho de 2015

Conteúdo - Poderão alguns alimentos ter calorias negativas?


Chegados a esta altura, fazem-se apostas sobre qual será a dieta da moda que promova a desejada perda rápida de peso e o corpo escultural para mostrar na praia. Este ano, a concorrência foi feroz entre a Dieta dos dois dias e a Dieta das Calorias Negativas. Debruçando-nos sobre esta última, será que existem mesmo alimentos que gastam mais calorias a serem metabolizados do que aquelas que possuem intrinsecamente? Poderão ter assim “calorias negativas”?

Este potencial efeito das “calorias negativas” de alguns alimentos baseia-se naquilo que é designado como o efeito térmico dos alimentos, ou seja, as calorias que o nosso organismo despende para a digestão, absorção, transporte e armazenamento dos nutrientes desse alimento. A este nível são as proteínas que dão “mais trabalho” ao nosso organismo ao consumirem 20% a 30% do seu valor calórico neste processo, seguidas dos hidratos de carbono (5% a 10%) e das gorduras (0 a 5%).

Neste contexto, uma série de alimentos com baixo valor calórico e alta quantidade de fibra – outro dos constituintes que interfere positivamente no efeito térmico - têm sido propostos como alimentos com calorias negativas - como aipo, chicória, cogumelos, alface, nabo, salsa, beringela, cenoura e todo o tipo de couves. Também as frutas menos calóricas e mais ricas em água e fibra estão presentes nesta “dieta” como a meloa, melancia, melão e morango. Todos estes alimentos possuem menos de 50 kcal por 100 gramas. Assim, num pressuposto teórico, até seria admissível pensar que poderia ser mais custoso do ponto de vista energético a metabolização destes alimentos do que o valor calórico que nos aportam. No entanto, não existem estudos que comprovem devidamente esta dedução, algo que não pode ser encarado como uma decepção uma vez que, independentemente do fim, a ingestão dos alimentos acima citados constitui-se como uma vantagem. Uma história diferente é contada por outros alimentos como o pimento/malagueta, café, chás e, eventualmente, o gengibre, uma vez que estes sim possuem compostos com comprovado efeito estimulante.

É importante referir que esta perspectiva da termogénese não deve ser levada ao extremo. Isto é, fumar, apanhar frio ou estar de pé também são actividades que aceleram o nosso metabolismo e que não são necessariamente mais saudáveis ou agradáveis. Já algo que não é assim tão desagradável é o exercício físico que, para além do gasto calórico que encerra em si mesmo, consegue também aumentar o efeito térmico dos alimentos face a indivíduos sedentários, algo que também parece ocorrer (pelo menos nas mulheres) quando se adopta um padrão alimentar regular ao invés de uma grande volatilidade no número diário de episódios alimentares. Mas voltando ao exercício, assumindo que este consegue ser igualmente eficaz na melhoria da composição corporal com o aumento da massa muscular e diminuição da massa gorda, temos assim algo que interfere positivamente nas três formas de que dispomos para “queimar” calorias: aumenta o metabolismo basal, aumenta o efeito térmico dos alimentos e aumenta o gasto energético decorrente de toda a actividade física efectuada.

No fundo, a verdadeira dieta das calorias negativas não nos ensina nada de novo: ingerir muitos legumes e fruta (sem esquecer os restantes grupos de alimentos), manter estável o número de refeições diárias e aumentar a prática de exercício. É a chamada beleza das coisas simples.

Em resumo: 
- Apesar de na teoria parecer um conceito interessante, não existem estudos que comprovem que de facto existam alimentos com “calorias negativas”;

- Como a grande maioria destes alimentos são saudáveis, sinta-se livre para os inserir na sua alimentação diária, mas não fique totalmente confinado a eles;

- Nunca se esqueça que existe uma “receita mágica” que queima também bastantes calorias… Chama-se exercício!

Noticia retirada daqui

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