n. 1748.
f. 5 de outubro de 1825.
Fidalgo da Casa Real, conselheiro, comendador da ordem de S. Bento de Avis, marechal de campo, ministro e secretário de Estado, fundador e primeiro director do Colégio Militar, etc. N. na freguesia da Cumeeira, concelho de Santa Marta de Penaguião, em 1748, fal. em Lisboa a 5 de Outubro de 1825.
Depois de estudar gramática latina e filosofia, alistou se a 27 de Setembro de 1761 como voluntário no regimento de artilharia de Valença, que então se organizara. Em 1780 matriculou-se na Academia de Marinha. onde obteve plena aprovação em todos os anos, ambos os partidos e os mais distintos elogios de todos mestres. Foi promovido a 2º tenente em 1784 para o regimento de artilharia de Faro, do qual passou para o regimento da corte, e nessa época traduziu do inglês o Tratado de artilharia de João Muller, que se imprimiu em 1793, 2 tomos com estampas, sendo adoptado na academia militar, podendo essa versão considerar-se uma obra original pelas correcções e aditamentos que lhe fez Teixeira Rebelo.
Tendo no último dos regimentos indicados ganho por oposição todos os postos até ao de major, em 1792, foi nomeado comandante da artilharia das forças que em auxílio do exército espanhol partiram para o Rossilhão, e nessa campanha se distinguiu muito em varias ocasiões, e especialmente na acção de 29 de Maio de 1794, concorrendo eficazmente para a vitória alcançada, pelas posições difíceis que tez ocupar à artilharia. Sendo já tenente-coronel graduado, passara em 1793 à efectividade desse posto. Foram relevantíssimos os serviços prestados por este oficial na guerra contra os soldados da república francesa, já estabelecendo e regularizando a administração dos hospitais, já cuidando no provimento dos transportes para os parques e, quase no fim da luta, a seu pedido, obteve autorização do governo de Madrid para, nos estabelecimentos de Barcelona, fundir peças e construir reparos e palamentas para substituir o material da nossa artilharia, que fora perdido pelo exercito espanhol.
Aproveitando essa ocasião. que se oferecia, tirou dos arquivos desses estabelecimentos fabris os planos que julgou convenientes para o progresso da artilharia entre nós, e regressando à pátria, depois de finda a campanha, foi em 1796, já em coronel graduado, nomeado comandante do parque de artilharia que nesse ano devia acompanhar o exército de observação do Alentejo. No fim de 18 meses desse importante comando, foi encarregado de melhorar a fortificação de Abrantes, e logo em seguida de dirigir a reedificação da praça de Cascais e de todos os fortes marítimos desde o de Santo António da Barra até ao do Cabo da Roca, e nesse serviço se empenhou com toda a sua costumada actividade e inteligência despendendo até de seu bolso algumas somas para mais depressa realizar as obras que julgava necessárias. No meio desses trabalhos que só por si seriam bastantes para ocupar deveras qualquer outro homem, encontrou ainda Teixeira Rebelo tempo para fazer um reconhecimento de terreno e costas adjacentes à praça de Cascais, propondo em vista dele um plano de defesa contra o ataque dum inimigo que desembarcasse naquelas proximidades.
Quando em 1801 se tratou de preparar o nosso exercito para resistir à agressão da Espanha, foi Teixeira Rebelo incumbido do estabelecimento de parques volantes e de reserva, da construção e organização dum depósito geral, e da criação, organização e instrução das companhias de artilharia montada, arma até então desconhecida no nosso país. Em 1802 foi promovido a coronel efectivo, e fazendo parte da Sociedade Real Marítima, foi em 1803 encarregado de organizar a instrução para a manobra das peças de todas as qualidades e calibre, nomeado membro da comissão do Código Penal Militar; em 1804 foi escolhido para dar parecer sobre a nossa pólvora e sobre o alcance das peças e resistência dos reparos de nova construção; em 1807 teve a promoção de brigadeiro, e depois, em 1808, desempenhou varias comissões importantes, mas o principal título de glória de Teixeira Rebelo foi a criação do Colégio Militar, em 1803, que teve princípio com o título de Colégio da Feitoria, ou Colégio Regimental da Artilharia da Corte, que depois tornou a denominação de Colégio Militar, sendo Teixeira Rebelo nomeado em 1818 seu director. Desde então o seu constante pensamento, até falecer, foi o progresso e o desenvolvimento daquele estabelecimento de tão grande utilidade. (V. Real Colégio Militar, no Portugal, vol. VI, pag. 105 e seguintes).
Em 1821 foi Teixeira Rebelo promovido a marechal de campo, e sendo chamado a exercer o cargo de ministro e secretário de estado dos negócios da guerra, esteve na gerência dessa pasta desde 1 de Fevereiro de 1821 até 8 de Setembro do mesmo moer. Deixando o ministério voltou ao exercício do cargo de director do Colégio Militar, até que faleceu. Aquele estabelecimento no ano seguinte à morte. em homenagem à sua memoria, colocou o seu retrato numa das suas salas, pronunciando-se naquela cerimónia solene um Artigo necrologico, que foi impresso, e no qual se lêem estas palavras: “A memória do Sr. António Teixeira Rebelo justamente será duradoura no Real Colégio Militar como a memória do homem a quem ele deve os princípios da sua existência; e o monumento simples que ali hoje se lhe erige, é um tributo devido ao seu reconhecimento e não um estímulo necessário à sua lembrança.»
Teixeira Rebelo era sócio da Sociedade Real Marítima Militar e Geográfica, onde apresentou os seguintes trabalhos: Memoria sobre a necessidade de levantar cartas topographicas e formar memorias em que se dê conta em detalhados terrenos relativamente aos movimentos militares; Memoria em que se dá uma ligeira ideia das serras, cordilheiras e terrenos irregulares e se arbitra a sua classificação e nomes. À mesma sociedade além destes trabalhos, apresentou ainda o Tratado de artilharia, de Muller, já citado, e elaborou a Instrução geral, ou escola de serviço braçal da arma de artilharia, mandada organisar por ordem de Sua Majestade, em 1819.
Informação retirada daqui
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