sábado, 11 de junho de 2022

No rastilho dos incêndios

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Os grandes fogos de junho e outubro de 2017 voltaram a preocupação dos portugueses para a necessidade urgente de prevenção dos incêndios. Cinco anos depois, o número de ignições diminuiu, mas a intensidade do fogo aumentou. Com as mudanças do clima, as chamas ganham força e os investigadores apelam a novas medidas de gestão territorial.

No espaço de uma década, 2021 foi o ano em que se registaram menos incêndios em Portugal, mas os grande fogos de junho e outubro de 2017 não deixam esquecer o poder destrutivo das chamas. A região centro foi a mais afetada, com um saldo superior a 100 mortos – o maior de sempre no país – e mais de 500 mil hectares de área ardida.

Estima-se que até 2030 haja um aumento de 14 por cento de eventos extremos relacionados com o fogo em todo o mundo, e até final do século essa subida deverá chegar aos 50 por cento. Segundo os especialistas, a intensidade dos incêndios está diretamente relacionada com as alterações climáticas.

Há, no entanto, questões como a gestão do solo e da paisagem que são também fundamentais para os fenómenos extremos a que se assiste cada vez com maior regularidade. Por exemplo, nas áreas mediterrânicas o fogo é potenciado pela forma como se constrói dentro de áreas altamente arborizadas, pelo tipo de vegetação dominante e pelo abandono dos campos agrícolas.

A alteração do coberto vegetal – de grandes manchas homogéneas de pinhal e eucaliptal para espécies autóctones de forte resistência, como os carvalhos e os sobreiros – levanta a problemática do longo tempo de espera e choca com a economia ligada às árvores de rápido crescimento.

A aposta no combate, mas, sobretudo, na prevenção de fogos florestais, tem-se intensificado com outro tipo de medidas. Não há, ainda assim, soluções perfeitas, pois mesmo a limpeza com fogo controlado levanta questões de ordem ambiental.

A topografia, as caraterísticas da vegetação e a falta de chuva, entre outros, são fatores que têm contribuído para a erosão dos solos portugueses. Cada vez mais degradados pela intensificação agrícola e pela seca, Portugal vê a qualidade da sua superfície terrestre ainda mais ameaçada pelos incêndios, o que leva a um aumento galopante da desertificação.

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