sexta-feira, 25 de novembro de 2016
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
EFA - STC - Textos - Transgénicos e OGM's - Sociedade, Tecnologia e Ciência
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Notícia - Quando uma decisão-relâmpago é a melhor opção... e pensar não adianta
“Quando vou ao restaurante, demoro imenso a escolher o que vou comer. Não consigo fazer de outra maneira, mas não tenho a certeza de que essa deliberação me permita desfrutar mais da refeição do que se tivesse escolhido outro prato.” Foi com este exemplo da sua vida quotidiana que Zach Mainen, director do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, em Lisboa, explicou os resultados do trabalho que publicou online a revista Neuron.
O estudo foi liderado por este neurocientista norte-americano no Laboratório de Cold Spring Harbor, nos EUA, antes de ele ter vindo viver para Portugal. Entretanto, já foram obtidos mais resultados cá e outros artigos foram ou deverão ser submetidos para publicação. Mas aquele foi o ponto de partida.
“Muitas vezes, se demorarmos mais tempo, conseguimos melhorar o nosso desempenho”, explica Mainen. Mas há limites: mesmo num exame escolar, após várias horas, isso já não é possível. E, muitas vezes, a melhor decisão pode também consistir em optar sem pensar, intuitivamente. É essa diferença que os cientistas querem elucidar: “Estamos interessados em saber por que algumas decisões parecem beneficiar da atribuição de tempo e outras não; por que é que algumas decisões exigem mais tempo e outras menos. É algo que tem sido pouco estudado.”
Para o fazer, submeteram ratos a tarefas perceptuais simples de discriminação de cheiros. E mostraram que, uma vez treinados, os animais demoravam, quando muito, 300 milissegundos a decidir. E mais: mesmo que os obrigassem a retardar a decisão — ou que reduzissem a água que recebiam por cada resposta certa quando decidiam demasiado depressa (como quem diz “atenção, pensem bem antes de responder!”) —, o desempenho dos ratos não era melhor do que quando apenas dispunham de umas centenas de milissegundos.
O que pareceu funcionar melhor nestas experiências foram as decisões “intuitivas”, os palpites, e não as decisões ponderadas, pensadas. “Os palpites funcionam como uma espécie de processo de reconhecimento de padrões que pode ser realizado muito depressa pelo cérebro”, salienta Mainen. “Pensamos que, quando os animais se tornam peritos na tarefa, deliberarem torna-se supérfluo.”
O mesmo acontece, especula Mainen, nos humanos. “A questão de saber se a deliberação acrescenta alguma coisa permanece em aberto”, diz. E exemplifica: há pessoas que são muito boas a ler expressões faciais para detectar suspeitos. Mas quando se tornam exímios nisso, deixam de conseguir analisar realmente o seu processo de decisão e passam a funcionar só com base em impressões, em informação sensorial. “Se continuassem a olhar para um rosto durante uma hora isso não adiantaria nada”, diz Mainen. “A única coisa que os poderia ajudar era terem mais informação.”
O derradeiro objectivo é saber o que se passa no cérebro durante as decisões-relâmpago — e se os circuitos e mecanismos das decisões rápidas são diferentes dos que lidam com decisões mais lentas. “Os processos de decisão estão na base de tudo o que fazemos”, diz Mainen. “Temos de perceber como funcionam.”
http://www.publico.pt
terça-feira, 22 de novembro de 2016
EFA - STC - Texto - Co-incineração - Sociedade, Tecnologia e Ciência
Ao Homem associa-se a Inevitável produção de resíduos que é necessário eliminar
Á existência humana é inevitável associar-se a produção de resíduos. O trabalho para remediar/minimizar os problemas de contaminação tem de ser paralelo ao conceito de desenvolvimento sustentável, de forma a adaptar os meios de satisfazer as nossas necessidades actuais, sem causar alterações nem colocar em perigo as próximas gerações.
Os resíduos sólidos urbanos, industriais, tóxicos e perigosos necessitam de tratamento
Na maioria das actividades humanas há consumo de recursos naturais e consequente produção de resíduos (materiais que deixam de ter utilidade) e que se podem classificar em:
Industriais – resultam dos vários sectores da indústria extractiva (minas e pedreiras), transformadora (têxtil, siderurgia), das centrais produtoras de energia, da construção civil, dos transportes, dos automóveis (sucatas, pneus, óleos), do sector agro-pecuário (aviários, suiniculturas), de explorações florestais e empresas ligadas à madeira (fábricas de papel), entre outras;
Tóxicos e perigosos – contêm substâncias causadoras de alterações graves nos ecossistemas e na saúde pública, onde se incluem os resíduos industriais tóxicos, os materiais radioactivos, os resíduos hospitalares (pensos, ligaduras, reagentes de laboratório, medicamentos), as pilhas, as tintas, as películas fotográficas, etc;
Sólidos urbanos – a quantidade produzida aumentaram ao longo dos anos, em parte devido ao crescimento demográfico, mas acima de tudo, à mudança de hábitos de vida, destacando-se o aumento do uso de materiais descartáveis e de embalagens. Desta categoria excluem-se os resíduos líquidos.
De um modo geral, não prestamos muita atenção ao que deitamos para o lixo, que inclui frequentemente substâncias perigosas mal acondicionadas. Compete ás autarquias recolherem e eliminarem os resíduos sólidos urbanos. Até aos anos 70, a maior parte destes resíduos eram despejados em lixeiras a céu aberto, onde eram queimados, de modo a reduzir o seu volume e aumentar o tempo de utilização dessa lixeira. Nuvens de fumo, odores desagradáveis e infestações de insectos e de ratos eram acontecimentos normais.
A incineração é uma solução para a eliminação de resíduos sólidos urbanos, além de produzir electricidade
Os resíduos podem ser incinerados em estações próprias. A incineração é geralmente um processo de eliminação de resíduos perigosos, pelo que podem ser libertados vários gases tóxicos que se apresentam contaminados com chumbo, mercúrio, dioxinas, etc. Sendo assim, as incineradoras devem cumprir normas que as impeçam de se transformarem em locais privilegiados de contaminação atmosférica.
Em determinadas situações, a queima de resíduos pode fazer-se nos fornos das cimenteiras, designando-se esse processo por co-incineração. Para tal as cimenteiras necessitam de ser equipadas com filtros específicos. Em Portugal, o aproveitamento dos fornos das cimenteiras e a construção de incineradoras tem sido alvo de muita polémica, tendo até sido constituída uma Comissão Cientifica Independente de Controlo e Fiscalização Ambiental da Co-incineração.
Dos Estudos efectuados sobre a incineração, foram apontadas as principais vantagens e desvantagens.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Notícia - Venenos para dar e vender
Vivemos rodeados de substâncias venenosas. Pior ainda, todos os dias inalamos ou consumimos pequenas doses de compostos tóxicos. Vejamos como nos afectam e qual a utilização letal que lhes foi dada ao longo da história.
A tinta da revista que tem nas mãos contém uma pequena dose de chumbo, um metal que se torna extremamente tóxico se for ingerido. Se tiver uma secretária de madeira, poderá integrar um pouco de arsénico para evitar que as térmites a devorem, e o mesmo veneno está presente, em pequenas quantidades, nos telemóveis. No ar que respiramos, flutua monóxido de carbono, um gás que se transforma, em doses elevadas, num veneno invisível e letal. Além disso, há cianeto nos móveis e objectos de plástico que contêm poliuretano, e mercúrio nas pilhas dos relógios, nas lâmpadas fluorescentes e nas obturações dos molares.
Ainda não acabámos. Expomo-nos, diariamente, a diferentes toxinas quando nos sentamos à mesa. Nas batatas, por exemplo, há solanina, um fungicida e pesticida natural que o tubérculo utiliza para se proteger e que, além de ser responsável por um ligeiro sabor amargo, pode exercer efeitos neurotóxicos ou causar lesões gastrointestinais se for consumido em excesso. Muitos fungos e cogumelos comestíveis incorporam uma substância, a amatoxina, que pode destruir o fígado.
Mais ainda: ingerimos, todos os dias, entre 12 e 50 miligramas de arsénico às refeições, embora os japoneses, com uma alimentação mais rica em peixe e moluscos, possam consumir até 140 miligramas. Todavia, o aspecto mais alarmante da gastronomia nipónica é a elevada concentração de mercúrio que determinadas variedades de sushi contêm, nomeadamente as de atum vermelho, que podem, segundo um estudo publicado na revista Biology Letters, tornar-se perigosas para a saúde. Quanto à água da torneira, é enriquecida com flúor nos Estados Unidos, na Ásia e em alguns países da Europa, com efeitos nocivos sobre o cérebro, embora aja na prevenção das cáries.
Definitivamente, estamos rodeados de potenciais venenos. No entanto, como sublinha o divulgador científico australiano Peter Macinnis no livro Poisons, “não podemos classificar como veneno qualquer substância que destrua a saúde ou a vida de um organismo: embora não sejam produtos tóxicos, beber 100 chávenas de café ou ingerir 250 gramas de sal de uma assentada também poderia dar cabo de um homem adulto”. Por isso, Macinnis propõe especificar um pouco e afirma que “veneno é uma substância que causa doença ou morte mesmo tomado em pequenas quantidades”.
Esta definição enquadra na perfeição o referido mercúrio, um metal que pode provocar a loucura e as contínuas perdas de memória que afectavam Isaac Newton (1643–1727). Tal como muitos outros cientistas da sua época, o físico inglês sonhava transformar o mercúrio em ouro e, enquanto se consagrava às experiências, ficou intoxicado. Os sintomas eram inequívocos: insónia, agressividade, perda de apetite, surdez… Segundo análises forenses ao seu cabelo, acumulava, quando morreu, 73 partes por milhão de mercúrio no organismo (o valor considerado normal é de 5 ppm). Felizmente para o físico, as coisas ficaram por ali: se tivesse acumulado um pouco mais de metal no sangue, além de perder repentinamente todos os dentes, teria sofrido convulsões e lesões nas ligações entre neurónios. Em seguida, os rins teriam paralisado por completo.
A mesma fatalidade poderia ter acontecido ao presidente norte-americano Abraham Lincoln (1809–1865). Segundo demonstrou, há uma década, o historiador médico Norbert Hirschhorn, receitaram-lhe um comprimido conhecido como “pílula azul”, que era utilizado para tratar a depressão. Continha mercúrio em proporções verdadeiramente perigosas: 9000 vezes acima dos actuais limites de segurança. No entanto, os médicos recorriam ao medicamento há séculos para aliviar os males dos seus pacientes. O czar Ivan, o Terrível (1530–1584) tomava-o para tratar a sífilis; o astrónomo Tycho Brahe (1546–1601) morreu intoxicado com o mercúrio dos medicamentos para tratar problemas da próstata.
Napoleão Bonaparte (1769–1821) começou a tomar um anti-séptico intestinal à base de calomelano (cloreto de mercúrio) à sua chegada à ilha de Santa Helena, embora o que talvez tenha posto fim à vida do imperador francês seja outro elemento da tabela periódica: o arsénico. Depois de estudar, através da espectroscopia, uma amostra do cabelo de Napoleão obtida após a sua morte, Roger Martz, químico do FBI, determinou que alguns fios continham mais de 30 ppm de arsénico (actualmente, é considerado normal um máximo de 1 ppm). O mais estranho do caso é que Ivan Ricordel, do Laboratório da Polícia de Paris, obteve em amostras anteriores (1805, 1814, 1816…) valores que oscilavam entre 100 ppm e 5 ppm.
Estas variações não parecem ajustar-se a uma tentativa de homicídio, pelo que os investigadores chegaram à conclusão de que o arsénico que tinha andado a envenenar o imperador provinha do “verde de Scheele”, um pigmento usado no papel com que se revestia as paredes naquela época e que contaminava a atmosfera do interior das casas, em especial os espaços pouco arejados e húmidos.
No mesmo sentido, um artigo publicado na revista The Lancet afirmava que o papel utilizado até ao século XIX para forrar uma divisão de tamanho médio incluiria 30 gramas de arsénico, quantidade mais do que suficiente para matar cem pessoas. Esse facto poderia explicar o motivo pelo qual Napoleão sentia tantas dores de estômago quando vivia em Santa Helena, embora ainda não se saiba ao certo se foi o pigmento que o matou.
Contudo, embora seja possível que o envenenamento de Bonaparte fosse acidental, o mesmo não se poderá dizer dos quatro maridos de Mary Ann Cotton, a enfermeira britânica e assassina em série que conseguiu desfazer-se, entre 1860 e 1873, de uma vintena de pessoas com arsénico, incluindo os maridos e os seus onze filhos. Foi fácil a Mary Ann cometer os crimes. Como sublinha Macinnis, “o veneno é uma das poucas armas que o fraco pode usar contra o forte”: os sintomas da intoxicação por arsénico, como vómitos e diarreia, são comuns a outras doenças e, por conseguinte, difíceis de diagnosticar.
Talvez por isso, a família italiana renascentista dos Bórgia utilizava o mesmo composto na fórmula de La Cantarella, uma estranha poção venenosa que também continha fósforo e cobre e com a qual eliminavam, de forma discreta, os seus inimigos. O arsénico era também o principal ingrediente da água-tofana, com a qual foram cometidos, na Sicília e em Itália, 600 homicídios por encomenda, incluindo os de dois papas. A partir de 1836, quando o químico James Marsh concebeu um método forense para se poder detectá-lo, a utilização criminosa do arsénico diminuiu consideravelmente. Actualmente, só causa intoxicações em algumas profissões ou por acidente, na indústria produtora de cobre e na agricultura.
Outro clássico entre os venenos é o cianeto, uma substância que impede a distribuição adequada de oxigénio, pelo que as células morrem asfixiadas. Wallace Carothers, o inventor do nylon, suicidou-se, em 1937, com um cocktail de cianeto de potássio e limonada. Outro génio, Alan Mathison Turing, pai da teoria da computação, também escolheu este veneno para pôr fim à vida, em 1954: impregnou de cianeto uma maçã. E foi cianeto de hidrogénio que os nazis utilizaram durante a Segunda Guerra Mundial para perpetrar os assassínios em massa nas câmaras de gás.
É igualmente do lado sombrio da tabela periódica que se situa o chumbo, metal responsável, segundo demonstrou, há um par de anos, Christian Reiter, perito forense de Viena, pela morte de Ludwig van Beethoven, em 1827. Parece que o compositor teria começado a ficar intoxicado, três meses antes de falecer, por causa de sais expectorantes tomados para tratar uma pneumonia. O lento envenenamento provocou-lhe saturnismo, uma doença cujos sintomas coincidem com os documentados na sua biografia: cólicas, dores articulares, depressão, cefaleias e alterações comportamentais. O composto afectou de tal modo o génio que já foi sugerido que, se estivesse de boa saúde, talvez ele não tivesse criado aquela que é, seguramente, a sua obra mais conhecida, a Nona Sinfonia.
Outro elemento que convém recear é o tálio. Os serviços secretos sul-africanos utilizaram-no, em 1990, para tentar assassinar Nelson Mandela. O sulfato de tálio foi também a arma incolor que os espiões de Saddam Hussein escolheram para eliminar alguns dissidentes, e há suspeitas de que a CIA pensou utilizá-lo para intoxicar o presidente cubano Fidel Castro. Os sintomas do envenenamento com tálio são semelhantes aos de uma gastroenterite, mas, depois, provoca terríveis danos neurológicos.
Além destes compostos, os assassinos de luvas utilizaram, ao longo da história, substâncias mortíferas extraídas de numerosas plantas. Em Atenas, o veneno oficial era a cicuta, obtida da planta Conium maculatum. Foi com ela que Sócrates pôs fim à vida. O curare, que se extrai de diversas plantas, era usado pelos povos indígenas do Amazonas para impregnar os dardos com que paralisavam presas e inimigos. Por sua vez, o meimendro branco, mais conhecido como “flor da morte”, é dez vezes mais letal do que a mordedura de uma cobra.
A rainha das intrigas policiais, Agatha Christie, escolheu a estricnina, um veneno obtido da semente da árvore Strychnos nuxvomica, para a sua primeira obra, O Misterioso Caso de Styles. Contudo, o veneno natural mais poderoso é a ricina. Este alcalóide que se obtém das sementes do rícino, Ricinus communis, impede as células de sintetizar proteínas; nessas circunstâncias, estas optam por suicidar-se através de apoptose. Basta um miligrama de ricina para exercer um efeito letal, e não há antídoto.
No entanto, parece que ainda nem tudo foi inventado em matéria de venenos. Podemos encontrar o exemplo mais recente disso na morte do ex-agente do KGB Alexander Litvinenko, envenenado, em Novembro de 2006, num restaurante de Londres, com um isótopo radioactivo, o polónio 210. A imagem de Litvinenko prostrado numa cama sem um único fio de cabelo na cabeça, a morrer lentamente, impressionou o mundo inteiro.
Através de um relatório elaborado pouco tempo depois ficámos a saber que a ingestão ou inalação de uma quantidade excessiva pode ter as mesmas consequências do que ter ficado exposto à radiação em Hiroshima; e que não há nada a fazer quando a radiação parte do interior. Os primeiros sintomas são a queda do cabelo e problemas gastrointestinais. Em seguida, o fígado e os rins colapsam e o metabolismo e a medula óssea sofrem uma paralisia. A morte produz-se por falência multiorgânica.
Ainda mais surrealista foi a tentativa de assassínio do presidente ucraniano Viktor Yushchenko, em 2004, que chegou a adoecer com gravidade mas conseguiu salvar a vida por os assassinos terem calculado mal a dose de veneno a administrar-lhe. Após semanas de exames, os médicos chegaram à conclusão de que o seu organismo estava cheio de dioxina, um composto organoclorado muito tóxico, provavelmente fabricado na Rússia ou nos Estados Unidos. Um estudo publicado na revista The Lancet, em 2009, revelou que as dioxinas eram eliminadas de forma extremamente lenta do corpo do dirigente. Levou mais de três anos a expulsar metade. O pior, como assinala Martin McKee, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, é que, se ele tivesse efectivamente falecido, ninguém teria suspeitado de que se tratara de um envenenamento.
Dez tóxicos de trazer por casa
Antimónio – Os fósforos, os vidros coloridos, as garrafas de plástico e certos vernizes contêm este elemento semimetálico cuja ingestão desencadeia vómitos súbitos e violentos. Se for absorvido, provoca dores de cabeça, fraqueza e depressão.
Arsénico – Utiliza-se para fabricar componentes electrónicos e em insecticidas. Este semimetal cinzento-prateado produz vómitos, espasmos, diarreia, manchas na pele e perda de peso.
Cianeto – Combinado com hidrogénio e azoto, forma o ácido prússico, um líquido extremamente volátil. O cianeto gasoso emana um odor a amêndoas amargas. Pode ser encontrado em plásticos, nylon, papel, adesivos... Produz cefaleias, convulsões e paralisia respiratória.
Chumbo – Este metal pesado, maleável e de um tom cinzento-azulado pode ser encontrado em insecticidas, tintas e algumas canalizações. Causa irritabilidade, insónia, anemia e, em doses elevadas, cegueira e convulsões.
Etileno-glicol – Trata-se de um líquido viscoso, incolor e de sabor adoçicado que se pode encontrar nos anticongelantes líquidos para travões e em soluções para revelações fotográficas. Irrita a pele e as mucusas e causa lesões cerebrais e problemas cardíacos.
Flúor – Trata-se de um elemento do grupo dos halogénios, que se apresenta na forma de gás à temperatura ambiente. Está presente na água potável e na pasta de dentes. Em excesso no organismo, endurece os ossos e provoca deformações esqueléticas.
Mercúrio – Está presente em lâmpadas fluorescentes, pilhas, obturações dentárias, velhos termómetros e alguns peixes e mariscos. Uma intoxicação causada pelo metal, que adopta a forma líquida à temperatura ambiente, produz tremuras, psicoses e lesões nos rins.
Monóxido de carbono – Trata-se de um gás incolor e inodoro que se fixa à hemoglobina e impede a captação de oxigénio, o que produz falta de coordenação, perda de conhecimento e convulsões. Entre as fontes, incluem-se os aquecedores, fogões a gás, chaminés e tubos de escape, entre outros.
Nicotina – O alcalóide proveniente da planta Nicotiana tabacum é característico do tabaco. Um envenenamento por nicotina provoca alterações metabólicas, além de lesões neurológicas e renais.
Oxalato de cálcio – Algumas plantas ornamentais incluem este composto que cria cristais em forma de molhos de agulhas. Pode causar ardor, inflamação da língua e faringe, problemas digestivos e dificuldades respiratórias.
Venenos com usos médicos
Tirofiban – A mordedura da víbora Echis carinatus causa hemorragia interna e cerebral. Em 1998, a companhia farmacêutica Merck & Co. isolou do veneno um potente péptido anticoagulante e tratou-o para desenvolver o tirofiban (nome comercial: Aggrastat), eficaz na prevenção de ataques cardíacos em pacientes com risco elevado.
Exenatida – Os diabéticos de tipo II devem muito ao monstro-de-gila, o Heloderma suspectum. A partir de una proteína presente na saliva deste lagarto venenoso mexicano, uma equipa de endocrinologistas norte-americanos desenvolveu a exenatida (Byetta), que regula os níveis de insulina e glicose no sangue.
Captopril – Depois de serem mordidos por uma serpente jararaca-da-mata, Bothrops jararaca (na foto), os trabalhadores de algumas plantações brasileiras perdiam os sentidos, devido a uma descida súbita da tensão arterial. O estudo do veneno permitiu à companhia Squibb aperfeiçoar o captopril (Capoten), um eficaz hipotensor.
Eptifibatida – Fármaco fabricado pela Millennium Pharmaceuticals e “inspirado” no veneno da cascavel Sistrurus miliarius barbouri. Inibe a agregação das plaquetas.
Huachansu - Alguns médicos oncologistas chineses utilizam um veneno segregado na pele por certos sapos para tratar o cancro do fígado, do pulmão, do cólon e do pâncreas. O Instituto Nacional do Cancro norte-americano já iniciou ensaios clínicos com este fármaco promisor, a fim de decidir se será seguro importá-lo.
Ziconotida – Este fármaco baseia-se numa toxina produzida pelo caracol marinho Conus magus, que vive em águas tropicais. O molusco usa o veneno para paralisar os peixes que depois devora. A ziconotida (Prialt) é um analgésico não-narcótico utilizado para tratar as dores crónicas fortes em pacientes que não reagem aos analgésicos habituais.
E.S. - SUPER 152 - Dezembro 2010
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