quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Biografia - Isaac Newton

Era um fim de tarde de 1606. O jovem Isaac Newton, com um livro debaixo do braço, penetrou no pomar da mãe, no coração da Inglaterra. Sentou-se sob uma árvore e a mais famosa maçã da história caiu. Certamente que lhe doeu, mas também fez com que o jovem cientista de vinte e três anos pensasse no assunto.
No mesmo dia, Isaac debatia-se com o problema do que mantinha a Lua na sua órbita à volta da Terra e os planetas nas suas rotas em volta do Sol. Foi depois de pensar sobre a causa da queda da maçã, que ele começou a encontrar a resposta para aquelas questões.
A Infância...
Newton nasceu pouco depois da meia-noite do dia de Natal de 1642. Foi um parto prematuro e o médico que assistiu não esperava que ele sobrevivesse. O seu pai, um agricultor bastante próspero, morreu três meses antes do nascimento de Isaac, deixando a mulher, Hannah, com a responsabilidade das propriedades e o cuidado da frágil criança.
Quando tinha 3 anos a mãe decidiu voltar a casar; o novo marido era um clérigo rico, Barnabas Smith. Após o casamento, ele aconselhou-a a deixar o filho a viver com a avó. Hannah e Barnabas mudaram-se para a aldeia onde ele era prior.
A infância de Isaac foi um período muito solitário, fez poucos amigos e era normalmente introvertido. Fechava-se frequentemente num quarto das traseiras da casa da avó e passava lá o dia construindo modelos e ferramentas.
Quando tinha 10 anos, o padrasto morreu e a sua mãe voltou para casa onde Newton vivia com a avó. Dois anos mais tarde, Isaac foi para o liceu, situado perto da casa do tio com quem ficou a viver. Foi considerado um aluno médio pelos professores e insociável pelos seus colegas. Ignorava o trabalho da escola e passava a maior parte do tempo a construir modelos e a fazer as suas próprias experiências.
Em 1659, Hannah decidiu retirar o filho do liceu e pô-lo a trabalhar na propriedade agrícola da família. Mas, felizmente, o seu génio já tinha sido reconhecido pelo tio com quem vivera e pelo director do liceu. Além disso, a sua capacidade de trabalho na lavoura não era das melhores, deixando frequentemente o trabalho inacabado. Assim, devido à persuasão destes dois homens, Newton foi admitido na Universidade de Cambridge em 1661.
Cambridge, Prismas e a Teoria da Luz...
A mãe de Isaac não tinha recursos para pagar todos os custos universitários; por isso ele entrou na universidade como um bolseiro especial; em vez de receber uma bolsa, pagava à Universidade com trabalho, limpando os quartos.
Numa tarde de Domingo de 1664, Isaac e John Wickins, o seu companheiro de quarto, decidiram visitar uma feira. Enquanto conversava com John, o seu olhar foi atraído por um objecto que brilhava ao sol de fim de tarde, um prisma.
Como os prismas eram considerados brinquedos, os cientistas nunca se tinham preocupado em fazer experiências com eles, contentando-se em maravilhar-se como o efeito de arco-íris, ao qual Newton denominou de espectro. Não satisfeito com a simples observação, traduziu-a para a linguagem matemática e apresentou hipóteses. Foi isto que o fez tão diferente dos cientistas da sua época.
Isaac descobriu que a luz visível, a luz que nos permite ver o mundo, era constituída por todas as tonalidades do arco-íris. Quando estas se encontram misturadas, vê-se luz branca. Quando falta uma parte do espectro, a luz já não aparece branca, mas de cor.
A publicação das descobertas de Newton causaram grande impacto no fabrico de lentes e permitiram transformar o microscópio num instrumento mais sofisticado. No entanto, o resultado mais importante do trabalho de Newton sobre a luz foi o aparecimento de uma nova ciência, a Espectroscopia.
Em Abril de 1664, depois de três anos de estudo, tornou-se num verdadeiro bolseiro, deixando de fazer os trabalhos a que era obrigado. Um ano mais tarde foi-lhe concedido o bacharelato. Isto significava que ele poderia passar mais quatro anos no Trinity College, continuando qualquer outro curso.
A Peste e a Maçã...
No verão de 1665 uma grande calamidade abateu-se sobre o país: a Grande Peste. Cambridge tornara-se, então, demasiado perigosa para ser habitada e a Universidade foi encerrada. Newton voltou para a sua terra natal, onde pretendia continuar os seus estudos. No fim do Verão deu-se a grande descoberta quando ocorreu o incidente da maçã, e Newton começou a trabalhar na sua Teoria da Gravidade Universal. Quando a maçã caiu sobre a sua cabeça, ele soube que esta tinha sido atraída para a Terra pela mesma força invisível que mantinha os planetas nas suas órbitas: a Força da Gravidade. Mas outra questão surgiu: se era esse o caso, por que é que os planetas não se despenhavam contra o Sol, tal como a maçã contra o solo?
Já de volta a Cambridge, tudo parecia fazer sentido, tinha de haver outra força, que produzia o efeito de repulsão sobre os planetas e que era equivalente à força atractiva do Sol: a Força Centrífuga. E ela só se manifestava quando um corpo rodava em volta de outro, a uma velocidade suficiente. Fora por isso que a maçã não flutuava sobre a sua cabeça, ela não estava a girar à volta da Terra como a Lua, não sofrendo, por isso, a força centrífuga, e fora atraída para o chão por causa da força da gravidade.
Professor Isaac Newton e a Royal Society...
Com 26 anos, Newton tornou-se o mais jovem Professor de Matemática da história de Cambridge, depois do seu grande amigo, o Professor Barrow decidir reformar-se e nomeá-lo como seu sucessor.
O lugar de professor exigia que ele fizesse conferências várias vezes por ano, mas Newton era um fraco orador. O número dos assistentes desceu gradualmente e, numa famosa ocasião, ele deu uma conferência para uma sala vazia.
No início de 1672, Newton foi convidado a tornar-se membro da distinta "Royal Society", um pequeno círculo constituído por cientistas de categoria superior. Logo após se ter associado, fez uma demonstração para todos os membros da sua Teoria da Luz. Foi nessa palestra que conheceu outro grande cientista, Robert Hooke. Este considerava-se o especialista na área da Luz e discordava da teoria de Newton. Pela primeira vez, Newton confrontava-se com um cientista que lhe era equiparado. Durante muitos anos, acérrimas discussões assolaram a Royal Society e toda a comunidade científica.
Devido às frequentes discussões, Newton decidiu abandonar a Física e a Matemática e dedicar-se à Alquimia. Os alquimistas não eram cientistas, pareciam-se mais com feiticeiros. Mas Newton estava convencido que podia dar uma contribuição valiosa a esta inexplorada área da ciência. Usou os seus métodos científicos na Alquimia mas, ao contrário do que acontecera com a Física e Matemática, não fez grandes descobertas nesta área.
Leis do Movimento e os Principia...
Os seus estudos em Alquimia foram interrompidos com a noticia de que sua mãe estava a morrer. Durante seis meses o seu tempo foi ocupado a tratar de assuntos referentes à propriedade da mãe. Levou meses a perceber o funcionamento do solar e da propriedade agrícola, e só no início de 1680 pôde entregar a propriedade a um gestor competente e voltar para Trinity.
As querelas entre Newton e Hooke voltaram, agora, sobre as Leis do Movimento que Newton se encontrava a desenvolver e que Hooke reclamara que as tinha pensado primeiro, faltando-lhe só o "fatigante" trabalho de cálculo. Mas só publicou os seus estudos após persuasão de um dos seus melhores amigos, o cientista Edmund Halley; que o convenceu a escrever um relato completo das suas maiores descobertas. Newton precisou de dois anos para acabar o seu livro, trabalhando dia e noite para o completar.
A 28 de Abril de 1686 o livro estava finalmente pronto, chamava-se Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, mas é normalmente conhecido como Principia. Ninguém sabe realmente de que doença Newton sofreu entre 1693 e 1696. Alguns afirmaram que ele teve um esgotamento nervoso, outros simplesmente que ele estava fisicamente exausto. Esses anos foram considerados mais tarde pelo próprio como os piores da sua vida, em que pouco conseguiu no campo da Física e não fez nenhum progresso real na Alquimia. O apoio de todos os amigos fez com que gradualmente sai-se da depressão e da sua doença física.
A Casa da Moeda Real e a Presidência da Royal Society ... até ao fim.
Em 1696, Newton foi convidado para assumir o importante cargo de Administrador da Casa da Moeda Real. Aceitou imediatamente a oferta e durante algum tempo abandonou por completo a pesquisa científica e lançou-se numa nova carreira. A Inglaterra estava a mudar a sua cunhagem e necessitava fortemente de ser actualizada e melhorada, e Newton revelou-se o homem ideal para conseguir que esta mudança se desse com suavidade.
Em 1703, os membros da Royal Society elegeram Newton como o seu novo líder. Quando assumiu a presidência, o número de membros era o mais baixo de sempre. Mas, Newton transformou-a na instituição respeitada e mundialmente famosa que é hoje.
Em 1704, foi persuadido a publicar o trabalho que começara quando ainda era graduado em Cambridge, chamou–lhe Opticks. Neste livro, descreveu as suas descobertas com a Luz e foi outro sucesso imediato.
No ano posterior à publicação de Opticks, Newton foi armado cavaleiro pela rainha Ana, em recompensa pelos trabalhos realizados.
Durante mais 33 anos manteve a ilustre posição que ocupava tanto na Ciência como no funcionalismo público. Não publicou mais nenhum trabalho de grande importância, mas, na verdade, já tinha oferecido ao mundo dois dos maiores trabalhos publicados até então.
Sir Isaac Newton faleceu a 20 de Março de 1727 com 84 anos, tendo estado doente durante vários meses. Foi enterrado na Abadia de Westminster, em Londres, a 4 de Abril.
"Na minha opinião, os maiores génios criativos foram Galileu e Newton, a quem vejo, em certo sentido, como uma unidade. E nesta unidade Newton é aquele que atingiu a mais imponente realização no reino da ciência."
Albert Einstein
"Não sei o que pareço ao mundo, mas, a mim, parece-me ter vivido apenas como um rapazinho brincando à beira do mar divertindo-se ... enquanto o grande oceano da verdade se estendia, por descobrir, na minha frente."
Isaac Newton
Glória Almeida
Biografia - Lote Lehmann
Soprano, de origem alemã, radicada nos EUA. Estudou em Hamburgo e aqui se estreou, em 1909. Ingressou na Ópera Imperial de Viena, e ali teve o reconhecimento profissional. Cantou todo o repertório da ópera alemã. O compositor Richard Strauss escreveu para ela a ópera Arabella. Interpretou inúmeros papéis, destacando-se na ópera O Cavaleiro da Rosa, onde o papel do jovem é interpretado por uma mulher. Devido à escalada do nazismo saiu da Áustria rumo aos EUA. Aqui teve uma carreira brilhante cantando em Chicago, Nova Iorque. Foi viver para Santa Bárbara onde viria a falecer.
Biografia retirada daqui
Conteúdo - Baruch Espinoza - Conteúdo Filosófico - Natureza Humana
Baruch Espinoza viveu em um tempo onde recebeu diferentes influências, um tempo de transição, que marcava o início da modernidade. O filósofo teve que ser cauteloso na exposição de seu pensamento, porque muitos de seus colegas sofreram perseguição e foram até mortos. Para Espinoza, Deus e a natureza são uma coisa só, não havendo distinção entre eles. Essa concepção exclui ideias transcendentais e entra em choque com os que acreditam no direito divino para os reis, bem como com Direitos naturais hereditários. Seu caracter Naturalista exclui a ideia Dualista de que haveria uma maneira natural de como as coisas deveriam ser. Muitos pensadores acreditavam que as coisas deveriam ser da maneira que são pela vontade de Deus: essa é uma diferença importante no pensamento de Spinoza.
O filósofo começa a expor seu pensamento acerca da natureza humana no livro Tratado Teológico-político. Nele, o autor explica como acredita que funcionam as economias dos Afetos e Desejos e de que maneira isso afeta como vivemos. No capítulo XVI/3, encontramos um exemplo: "O direito natural e cada homem definem-se, portanto, não pela razão sã, mas pelo desejo e pela potência. Ninguém, com efeito, está determinado a se comportar conforme as regras e as leis da razão; ao contrário, todos nascem ignorantes de todas as coisas e a maior parte de suas vidas transcorre antes que possam conhecer a verdadeira regra da vida e adquirir o estado de virtude, mesmo que tenham sido bem educados. E eles não são menos obrigados a viver e a se conservar, nessa espera, pelo simples impulso do apetite, pois a natureza não lhes deu outra coisa, e lhes recusou a potência atual de viver conforme a reta razão; logo, considerando submetido apenas ao império da natureza, tudo o que um indivíduo julgar como lhe sendo útil, seja pela conduta da razão seja pela violência de suas paixões, é-lhe permitido desejar, em virtude desejar, em virtude de um soberano direito de natureza e tomar por qualquer via que seja, pela força, pela artimanha, por preces, enfim, por meio mais fácil que lhe pareça. Consequentemente, também ter por inimigo aquele que quiser impedi-lo de se satisfazer".
Mais adiante, Spinoza vai argumentar que o uso da Razão viria a partir de um exercício, mas que ainda estamos longe de chegar lá devido às Paixões. O autor disserta: "Mas falta muito para que todos se deixem facilmente se conduzir apenas pela razão; cada um se deixa levar por seu prazer e, mais amiúde, a avareza, a glória, a inveja, o ódio etc. ocupam a mente, de tal sorte que a razão não tem qualquer lugar".
No ano de sua morte, Spinoza termina um outro livro, que seria uma continuação do anterior, dando sequência a seus pensamentos e sua teoria. No Tratado Político (Espinosa), título do novo livro, Espinosa também aborda, em diferentes momentos, a questão da natureza humana, bem como a força das paixões e os efeitos que elas produzem nos corpos. Logo no primeiro capítulo, o autor explica de que maneira ele tenta entender essas paixões e estudá-las, a fim de aplicá-las na sua teoria: "Quando, por conseguinte, apliquei o ânimo à política, não pretendi demonstrar com razões certas e indubitáveis, ou deduzir da própria condição humana, algo que seja novo ou jamais ouvido, mas só aquilo que está mais de acordo com a prática. E, para investigar aquilo que respeita a esta ciência com a mesma liberdade de ânimo que é costume nas coisas matemáticas, procurei escrupulosamente não rir, não chorar nem detestar as ações humanas, mas entendê-las. Assim não encarei os afetos humanos, como são o amor, o ódio, a ira, a inveja, a glória, a misericórdia e as restantes comoções do ânimo, como vícios da natureza humana, mas como propriedades que lhe pertencem, tanto como o calor, o frio, a tempestade, o trovão e outros fenômenos do mesmo gênero que pertencem à natureza do ar, os quais, embora sejam incômodos, são contudo necessários e têm causas certas mediante as quais tentamos entender sua natureza".
O autor expõe seu pensamento com clareza acerca da sua discordância com o pensamento comum da época. Explicando o porquê de não acreditar que as pessoas agem exclusivamente através da razão: "Depois, na medida em que cada coisa se esforça, tanto quanto esta em si, por conservar o seu ser, não podemos de forma alguma duvidar de que, se estivesse tanto em nosso poder vivermos segundo os preceitos da razão como conduzidos pelo desejo cego, todos se conduziriam pela razão e organizaram sabiamente a vida, o que não acontece minimamente, pois cada um é arrastado pelo seu prazer". Para o filósofo, as pessoas não se submetem ao estado por uma análise racional, mas por uma economia de seus desejos, sejam eles medo ou esperança. São as paixões que, em acordo com outras Paixões, encontram vontades comuns que permitem que as pessoas se agrupem em "estados" e, assim, se submetam de alguma maneira a algum sistema. Seja ele monárquico aristocrático ou democrático. "Longe de ser fruto de uma ruptura com a natureza, o estado forma-se no âmbito desta, mediante a dinâmica afetiva, ou passional, que associa ou põe em confronto os indivíduos". "Por isso também, a essência do político é impossível de se confundir com uma qualquer moldura racional de onde e no interior da qual as normas de conduta fossem deduzidas, de modo a imporem-se como condição necessária e legítima da paz e da estabilidade".
Observamos que Spinoza defende uma espécie de sistema econômico de gerenciamento dos afetos, tanto por parte dos súditos, como do Soberano. Esse gerenciamento é subjetivo, e acontece individualmente, com efeitos no coletivo. Cabe, aos súditos, sentirem sua Potência, a fim de preservar sua vida, e maximizar sua liberdade, bem como o soberano de não impor sistema rígido demais que encurrale seus súditos a ponto de que esses se rebelem. O estado mais "racional", é aquele que consegue entender as demandas da sua população, e promover uma espécie de bem-estar. A paz imposta pelo medo, como ausência de guerra, é sempre temporária. O bem-estar de todos é o que ajuda a manter o estado coeso. Esse sistema é precário, e está sempre sujeito a avaliações e adequações para melhor atender a todos, defendendo, assim, até a manutenção do estado pelo soberano. Spinoza entende o estado como a potência da Multidão, e define, no TP 2/17, os sistemas políticos que podem constituir esse estado. O autor esclarece: "Detém–no absolutamente quem, por consenso comum, tem a incumbência da república, ou seja, de estatuir, interpretar e abolir direitos, fortificar as urbes, decidir sobre guerra e paz etc. E se esta incumbência pertencer a um conselho que é composto pela multidão comum, então o estado chama–se Democracia; mas se for composto só por alguns eleitos, chama–se Aristocracia; e se finalmente, a incumbência da República e por conseguinte, o estado, estiver nas mãos de um só, então chama–se Monarquia". Com isso, podemos concluir o pensamento de Spinoza e entender como a Natureza age sobre/através as potências de todos e como isso influencia o estado e o sistema político.
terça-feira, 31 de outubro de 2017
Notícia - Cientistas devolvem movimentos a ratos paraplégicos

Cientistas da Universidade Zurique, na Suíça, conseguiram que ratazanas paraplégicas voltassem a andar, e até mesmo a correr, graças a uma complexa combinação de medicamentos, estimulação eléctrica e exercício físico.
O estudo desenvolvido sugere que a regeneração de fibras nervosas não é fundamental, como anteriormente se pensava, para que os indivíduos afectados por paralesia recuperem os movimentos, abrindo uma nova linha de investigação no tratamento de lesões da espinal medula.
De acordo com Gregoire Courtine, professor responsável pela equipa de científicos, “a medula contém circuitos nervosos que, por si mesmos, sem intervenção do cérebro, podem gerar a actividade rítmica que faz mover os músculos das pernas, impulsionando o movimento de andar”.
Os cientistas da Universidade suíça trataram ratazanas que não conseguiam mexer as patas traseiras, colocando-as sobre uma passadeira que se movia a baixa velocidade, ao mesmo tempo que lhe administravam fármacos e choques eléctricos no local da lesão.
Esta combinação de técnicas provocou a regeneração do movimento rítmico dos músculos. No final do procedimento os animais caminhavam com normalidade, chegando a correr quando a passadeira rolante aumentava a velocidade.
A equipa dirigida por Courtine sublinha que o procedimento não permite que o indivíduo se desloque quando o seu cérebro ordena, mas sim através de uma acção externa que recupera os movimentos, que poderá também vir a ser aplicada em seres humanos.
L.M.N.
Biografia - Paul von Lettow-Vorbeck
Oficial comandante das forças alemãs que invadiram Moçambique durante a Primeira Guerra Mundial.
Nasceu em Saarlouis, Província do Reno, Prússia [Alemanha] em 20 de Março de 1870;
morreu em Hamburgo, em 9 de Março de 1964.
Oficial colonial alemão por excelência, Lettow-Vorbeck foi enviado para a China durante a Revolta dos Boxers, tendo sido destinado a seguir para a colónia alemã do Sudoeste Africano, actual Namíbia, servindo nas forças expedicionárias que combateram a rebelião de Herero e de Hottentot entre 1904 e 1908, durante a qual ganhou uma valiosa experiência da guerra no mato. Ferido, foi enviado para a África do Sul para recuperar.
Promovido a tenente-coronel foi nomeado comandante das forças militares da colónia alemã da África Oriental, a actual Tanzânia. Com o começo da Primeira Guerra Mundial, dirigiu vários bem sucedidos ataques surpresa contra o caminho-de-ferro britânico do Quénia, tentou a conquista de Mombaça e repeliu uma tentativa de desembarque britânico em Tanga, no Norte da colónia, em Novembro desse ano.
Durante quatro anos, dirigindo uma força que nunca excedeu 14.000 homens, sendo 3.000 alemães e 11.000 askaris - soldados nativos da colónia -, obrigou ao envio de forças aliadas para a região que acabaram por ter um efectivo conjunto que se estima entre 130.000 a mais de 300.000 homens, compostas por tropas britânicas, belgas, e portuguesas, tendo entretanto invadido Moçambique e a Rodésia. O armistício apanhou-o na Zâmbia, quando provavelmente se dirigia para a colónia portuguesa de Angola.
Quando regressou à Alemanha em Janeiro 1919, Lettow-Vorbeck foi acolhido como um herói. Em Julho 1919, com o fim da guerra, comandou um corpo dos voluntários que ocuparam Hamburgo para impedir a tomada do poder na cidade dos comunistas do partido espartaquista de Rosa Luxemburgo.
Foi deputado ao Reichstag, o parlamento alemão, de Maio de 1929 a Julho de 1930. Sendo membro da ala direita, nunca apoiou os Nazis, tendo tentado organizar em vão uma oposição conservadora a Hitler.
Fontes:
Enciclopédia Britânica
Biografia - Richard Boyle
(1627 - 1691) Químico e físico irlandês naturalizado britânico, natural de Lismore Castle, em Lismore, Irlanda, redirecionador metodológico da física e da química modernas em função da valorização das medidas e da racionalidade das deduções experimentais. Um dos catorze filhos de Richard Boyle, o primeiro conde de Cork, estudou em Eton e em vários centros culturais europeus, desenvolvendo conhecimentos com as principais correntes do pensamento da época e tornando-se um admirador da obra de Galileu. Viajou vinte anos pela Europa, inicialmente se dedicando à difusão da fé cristã e ao estudo das línguas orientais, além de se aprofundar na pesquisa científica. De volta à Inglaterra, escreveu diversos ensaios filosóficos e começou seus estudos de física e química. Embora seu principal interesse fosse a química, era também fascinado pelas propriedades físicas do ar. Foi um dos fundadores da Royal Society, a partir de um movimento iniciado entre os cientistas da época (1644).
Transferiu-se para Oxford (1654), onde realizou sua maior produção científica. A partir dos trabalhos de Von Guerrick, incentivou Hooke a aperfeiçoar a bomba de vácuo e ambos construíram uma máquina pneumática para desenvolvimento de pesquisas com gases (1659), especialmente com o ar. Publicou Novas experiências físico-mecânicas, tocando a mola do ar (1660), sobre máquinas propulsoras de ar e geradoras de vácuo, criadas juntamente com Robert Hooke. Ambos construíram uma bomba pneumática, que permitiu demonstrar a impossibilidade de se obter o vácuo absoluto.
Analisando o ar, descobriu que ele servia de meio para a propagação do som e que era compressível por ser constituído de partículas minúsculas que se movem no vácuo. Verificou também que seu volume era inversamente proporcional à pressão a que era submetido (anos depois o abade francês Edme Mariotte deu maior precisão a essa lei, observando que só era válida sob temperatura constante). Outra de suas descobertas importantes foi a de que a água se expandia ao se congelar.
Notabilizou-se pelos desenvolvimento de estudos sobre a dilatação dos gases, publicados em The Sceptical Chymist (1661), um dos primeiros textos científicos em que a química se diferencia da alquimia e da medicina. Nela atacou a teoria aristotélica dos quatro elementos (terra, ar, fogo e água) e também os três princípios (sal, enxofre e mercúrio) propostos por Paracelso, desenvolvendo o conceito de partículas primárias que, por combinação, produziriam corpúsculos. Todos os fenômenos naturais, por conseguinte, se explicavam não pelos elementos e qualidades aristotélicas, mas sim pelo movimento e organização de partículas primárias.
Também com Hooke publicou Alguns ensaios fisiológicos (1662), onde formulou a importante Lei de Boyle. Foi a partir de suas definições químicas e reações que se iniciou a separação entre química e alquimia. Estabelecendo-se em Londres (1668), foi eleito presidente da Royal Society (1680), mas declinou da honra por não concordar com os termos do juramento de posse. Os seus múltiplos interesses intelectuais levaram-no a montar uma gráfica em que imprimiu diversas traduções da Bíblia. Durante alguns anos dirigiu a Companhia das Índias Orientais e, sem abandonar a pesquisa, dedicou os últimos anos de vida a pregação religiosa.
Biografia - Angelica Catalani
Uma das maiores sopranos do seu tempo. Nasceu em Senigallia, Marca de Ancona, Estados da Igreja [actualmente Itália] a 10 de Maio de 1780; morreu em Paris, França, a 12 de Junho de 1849. O pai, primeiro baixo no coro da Sé Catedral de Senigallia, e ourives, entregou a sua educação ao maestro da capela Pietro Morandi, que a integrou no coro do Convento de S. Luzia em Gubbio, perto de Roma. Como tinha uma voz naturalmente bonita e ágil, e os progressos tinham sido rápidos, devido à ajuda paterna, o empresário Cavos não hesitou em apresentá-la no teatro La Fenice, de Veneza, em 1797. O público foi indulgente com a imaturidade vocal e cénica da nova cantora de dezassete anos, e aplaudiu-a na Lodoiska de Johann Simon Mayr, ópera que tinha sido estreada no ano anterior naquele mesmo teatro. Regressou a Veneza em 1798 e no Carnaval de 1800, tendo cantado Carolina e Mexicow e Il Ratto delle Sabine de Niccolò Antonio Zingarelli, e Lauso e Lidia e Gli Sciti de Mayr, assim como a Morte di Cleopatra de Sebastiano Nasolini, na nova versão de Gaetano Marinelli. Em 1800 cantou em Trieste Gli Orazi e i Curiazi de Domenico Cimarosa, em 21 de Janeiro de 1801 no Scala de Milão, e depois seguiram-se actuações em Florença e no Teatro Argentina de Roma.
Em 27 de Setembro de 1801 estreou-se em Lisboa cantando a Cleopatra de Nasolini, e em 23 de Dezembro cantou La Morte de Semiramide de Marcos Portugal, de acordo com Ruders. Tinha vindo de Génova, segundo Fonseca Benevides. Em 1804 casou com um oficial francês, Paul Valabrègue, adido à embaixada do seu país em Lisboa. Ficará até 1806 em Portugal, tendo ido nesse mesmo ano para Paris, passando por Madrid.
Cantou três vezes para Napoleão Bonaparte no Palácio de Saint-Cloud. O público da ópera de Paris pôde ouvi-la em duas árias de Cimarosa, assim como em duas de Marcos Portugal, retiradas das óperas Semiramide e Zaira, uma de Niccolini e uma de Niccolo Piccini. O Imperador francês tentou retê-la em Paris, mas a cantora decidiu-se por Londres, para onde partiu clandestinamente, sem passaporte, embarcando em Morlaix. Ficará no Reino Unido até 1813.
A sua estreia na capital britânica realizou-se em 13 de Dezembro de 1806, no King's Theatre, com a ópera de Marcos Portugal, La Morte de Semiramide, tendo as récitas seguintes continuado a agradar. Nos seis meses seguintes cantou Il ritorno di Serse e La morte de Mitiridate do compositor português, Il Fanatica per la musica de Mayr e a Cleopatra de Nasolini. Na temporada de 1807, de durou de Janeiro a Agosto, foi contratada para cantar duas vezes por semana por mais de 5.000 libras, numa época em que o normal seria receber 500. Em 1809 não foi contratada, mas no ano seguinte regressou ao King's Theatre, para as quatro temporadas seguintes, tendo em 1812 sido Susana na estreia londrina da ópera de Mozart Le nozze di Figaro. As suas interpretações do God Save the King e do Rule Britannia, provocavam grandes manifestações patrióticas em Inglaterra, tendo passado a fazer parte do seu repertório.
Regressou a Paris em 1814, após a Restauração da monarquia, e Luís XVIII acolheu-a muito bem, tendo a cantora assumido a direcção da Opéra-Italien na Salle Favart, com um subsídio de 160.000 francos. A companhia faliu devido à ingerência do marido e Angélica Catalani acabou por abandonar a França, devido ao regresso de Napoleão. Viajou pela Europa do Norte, tendo actuado na Alemanha, Dinamarca e Suécia, onde poderá ter sido ouvida novamente por Carl Israel Ruders. Com a Segunda Restauração voltou a Paris e reassumiu a direcção do mesmo teatro, abandonando-o de novo em Maio de 1816.
Realizou tournées na Alemanha, tendo sido ouvida por Goethe em 1818, tendo estado em Berlim em 1827, em Itália, assim como na Polónia, na Rússia e em Inglaterra onde actuou pela última vez em 1824, regressando várias vezes a Paris. Em 1826 esteve em Itália, passando por Génova, Roma e Nápoles. Retirou-se em 1828, com quase cinquenta anos para uma villa em Florença, onde criou uma escola gratuita para futuras cantoras de ópera. Morreu em Paris em 1849, tentando fugir da epidemia de cólera que assolou a Itália nesse ano, e que acabou por a vitimar.
Fontes:
Enciclopedia dello Spettacolo, Roma, Casa Ed. Le Machere, 1954;
Carl Israel Ruders, Viagem em Portugal, 1798-1802, trad. de António Feijó, pref. e notas de Castelo Branco Chaves, Lisboa, Biblioteca Nacional («Série Portugal e os Estrangeiros»), 1981; tradução parcial de Portugisk Resa, beskrivfen i bref til vanner, 3 vols., Stockholm, 1805-1809;
Francisco da Fonseca Benevides, O Real Theatro de S. Carlos de Lisboa desde a sua fundação em 1793 até á actualidade: estudo historico, Lisboa, Typ. Castro Irmão, 1883.
Conteúdo - Baruch Espinoza - Conteúdo Filosófico - Substãncia
Espinosa defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações. Ele afirmou que Deus sive Natura ("Deus ou Natureza" em latim) era um ser de infinitos atributos, entre os quais a extensão (sob o conceito atual de matéria) e o pensamento eram apenas dois conhecidos por nós.
A sua visão da natureza da realidade, então, fez tratar os mundos físicos e mentais como dois mundos diferentes ou submundos paralelos que nem se sobrepõem nem interagem mas coexistem em uma coisa só que é a substância. Esta formulação é uma solução muitas vezes considerada um tipo de panteísmo e de monismo, porém não por Espinosa, que era um racionalista e, por extensão, se teria um acompanhamento intelectual do Universo, como define ele em seu conceito de "Amor Intelectual de Deus".
Espinosa também propunha uma espécie de determinismo, segundo o qual absolutamente tudo o que acontece ocorre através da operação da necessidade, e nunca da teleologia. Para ele, até mesmo o comportamento humano seria totalmente determinado, sendo então a liberdade a nossa capacidade de saber que somos determinados e compreender por que agimos como agimos. Deste modo, a liberdade para Espinosa não é a possibilidade de dizer "não" àquilo que nos acontece, mas sim a possibilidade de dizer "sim" e compreender completamente porque as coisas deverão acontecer de determinada maneira.
A filosofia de Espinosa tem muito em comum com o estoicismo, mas difere muito dos estoicos num aspecto importante: ele rejeitou fortemente a afirmação de que a razão pode dominar a emoção. Pelo contrário, defendeu que uma emoção pode ser ultrapassada apenas por uma emoção maior. A distinção crucial era, para ele, entre as emoções activas e passivas, sendo as primeiras aquelas que são compreendidas racionalmente e as outras as que não o são.
Para Espinoza, a substância não possui causa fora de si, ela é causa de si mesma, ou seja, uma causa sui. Ela é singular a ponto de não poder ser concebida por outra coisa que não ela mesma. Por ser causa de si, a substância é totalmente independente, livre de qualquer outra coisa, pois sua existência basta-se em si mesma. Ou seja, a substância, para que o entendimento possa formar seu conceito, não precisa do conceito de outra coisa. A substância é absolutamente infinita, pois se não o fosse, precisaria ser limitada por outra substância da mesma natureza.
Pela proposição VI da Parte I da Ética, ele afirma: "Uma substância não pode ser produzida por outra substância", portanto, não existe nada que limite a substância, sendo ela, então, infinita. Da mesma forma, a substância é indivisível, pois, do contrário, ao ser dividida ela, ou conservaria a natureza da substância primeira, ou não. Se conservasse, então uma substância formaria outra, o que é impossível de acordo com a proposição VI; se não conservasse, então a substância primeira perderia sua natureza, logo, deixaria de existir, o que é impossível pela proposição 7, a saber: "à natureza de uma substância, pertence o existir". Assim, a substância é indivisível.
Assim, sendo da natureza da substância absolutamente infinita existir e não podendo ser dividida, ela é única, ou seja, só há uma única substância absolutamente infinita ou Deus.
Apesar de ser denominado Deus, a substância de Espinoza é radicalmente diferente do Deus judaico-cristão, pois não tem vontade ou finalidade já que a substância não pode ser sem existir (se pudesse ser sem existir, haveria uma divisão e a substância seria limitada por outra, o que, para Espinoza, é absurdo, como foi explicado no parágrafo anterior). Consequentemente, o Deus de Espinoza não é alvo de preces e menos ainda exigiria uma nova religião.
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