quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Biografia - Carl Ferdinand Sohn

Pintor alemão

Nasceu em Berlim, Prússia em 10 de Dezembro de 1805;
morreu em Colónia, Prússia, em 25 de Novembro de 1867.

Estudou na Akademie der Kunste, em Berlim, e na Kunstakademie de Dusseldorf, em qualquer das duas sob a direcção de Friedrich Wilhelm von Schadow. Viajou por Itália, em 1830 e 1831, tendo adoptado como modelos as obras dos pintores venezianos Ticiano, Veronese e Palma Vecchio. Esta viagem antecedeu a sua entrada para professor da Kunstakademie de Dusseldorf. Sohn tornou-se conhecido com o quadro Rinaldo e Armida, de 1828, uma cena mostrando os amantes do poema épico do autor quinhentista italiano Torquato Tasso, Gerusalemme liberata, 

O jovem pintor impressionou os seus contemporâneos ao pintor no estilo literário e idealista de Schadow e dos seus seguidores da Escola de Dusseldorf. O quadro, de um colorido brilhante e realista mostra o talento de Sohn para descrever personagens de corpo inteiro, sensuais e graves. Mas, de facto, foi nos retratos que a reputação de Sohn se estabeleceu. Especializou-se na pintura de aristocratas, jovens e bonitas, elegantemente vestidas e em poses graciosas com um fundo neutro, tudo realizado nas brilhantes cores venezianas, como são exemploa o retrato de Elisabeth von Joukowsky, de 1873 (Dusselford, Kunstmuseum) e o da Rainha D. Estafânia, de 1860 (Lisboa, Palácio da Ajuda).

Com os quadros baseados na peça de Goethe Tasso, As Duas Leonores, de 1836 (Poznan, Museu Nacional) e Tasso e as duas Leonores, de 1839 (Dusseldorf, Kunstmuseum) o pintor voltou a usar a técnica já provada de pintar figuras voluptuosas de grande tamanho, com trajes ricos e detalhados, num ambiente lânguido e amoroso, colocadas num cenário exterior. Mas, de facto, estes temas limitavam-no, já que as composições são indefinidas, havendo falta de acção e tendo um conteúdo muito vago.

Fonte:
Jane Turner (ed.), The Dictionary of Art, Vol. 29, Nova Iorque e Londres, Grove, 1996, pág. 16.




Biografia - Dirk Stoop

Pintor e gravador holandês do séc. XVII.

Nasceu em Utreque, Províncias Unidas (Países Baixos) por volta de 1610; 
morreu na mesma cidade em 1686.

Filho do pintor de vidro Wilhelm Iansz van der Stoop, veio para Portugal em 1651 eu 1659, entrando como gravador ao serviço de D. João IV. Acompanhou a Londres a infanta D. Catarina, em 1662, quando esta princesa se casou com Carlos II de Inglaterra, tendo regressado a Utreque em 1678.

Trabalhou como pintor e realizou várias séries de gravuras a água-forte. Tendo assinado as suas obras com vários nomes próprios, pensou-se que fosse não um  artista, como parece ser o caso mais verosímil, mas uma família de artistas, já que os vários nomes com que assinou parecem não ser mais do que a tradução do seu nome em cada uma das línguas dos países onde trabalhou.

Sobre Portugal, conhecem-se-lhe uma Vista da Igreja e Convento de Belém, um retrato de D. Catarina,  sete gravuras descrevendo a ida de D. Catarina para Inglaterra, desde a saída do Palácio do Terreiro do Paço, até à chegada a Hampton Court e oito vistas de Lisboa gravadas também a água-forte.


Fontes:
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Ernesto Soares, História da Gravura Artísitica em Portugal. Os Artistas e as suas Obras, vol. II, Nova Edição, Lisboa, Livraria Samcarlos, 1971, págs. 616 a 617.

Biografia - Sara Afonso

Pintora e ilustradora portuguesa teve uma participação impar na vida artística dos anos trinta, embora se não possa dissociar a sua vida da do seu marido, José de Almada Negreiros. Sara, nasceu em Lisboa numa família burguesa, filha de um oficial do Exército e de Alexandrina Gomes Afonso. Passou a infância no Minho, que a viria a inspirar em temas populares de grande beleza e ingenuidade. Em 1924, ainda solteira, partiu sozinha para Paris, depois de ter tido lições com o pintor Columbano Bordalo Pinheiro. Paris foi uma experiência determinante, então também a cidade de Picasso e Hemingway. Ali expôs com sucesso no Salon d'Automne. Regressou a Portugal e, à sua custa, voltou para Paris entre 1928 e 1929, trabalhando no atelier de uma modista fazendo croquis de moda, gosto que lhe ficou, tendo colaboraria mais tarde com desenhos de moda para revistas portuguesas. Sara Afonso de regresso a Lisboa seria a primeira mulher a frequentar o café A Brasileira do Chiado, então exclusiva do sexo masculino. Contemporânea de Bernardo e Ofélia Marques, Carlos Botelho e outros. Era previsível que havia de casar com um pintor. Participou no primeiro Salão de Artistas Independentes em 1930. Casou aos 35 anos com José de Almada Negreiros. Sara Afonso conciliou a sua vida de mãe de família e de pintora. Fez uma exposição individual, em 1939 e participou na Exposição do Mundo Português, em 1940. Em 1944 recebeu o Prémio Sousa Cardoso. Em 1953 integrou a delegação portuguesa à Bienal de São Paulo. Não deixou de pintar até quase ao fim dos seus dias. Fez retrospectivas dos seus trabalhos em 1953, 1962, 1975 e 1980. Sara Afonso dedicou especial atenção às festas populares e às tradições portuguesas em cores doces e luminosas. Por ocasião do centenário do seu nascimento, em 1999, realizaram-se exposições comemorativas em Viana do Castelo e Porto.

Biografia - Domingos António de Sequeira

n.     10 de março de 1768.
f.      7 de março de 1837.

Ilustre e distinto artista, o pintor mais notável não só de Portugal como de toda a Europa, e talvez o maior do seu tempo. Nasceu em Belém a 10 de março de 1768; faleceu em Roma a 7 de março de 1837.  

Era filho de pais humildes, António do Espírito Santo e Rosa Maria de Lima. Foi do seu padrinho, Domingos de Sequeira Chaves, que recebeu o nome próprio, e que mais tarde adoptou o apelido. Desde muito criança manifestou uma viva inteligência e uma grande vocação artística. O pai vendo aquele talento que alvorecia tão auspicioso; desejou dar-lhe uma posição mais elevada e estudos superiores, destinando-o para médico, mas afinal, por conselho dos que admiravam a vocação tão decidida que a criança manifestava para o desenho, condescendeu em a aproveitar.

Fundando-se em 1781 uma aula régia de desenho, o futuro pintor matriculou-se, sendo um dos primeiros alunos, a 2 de dezembro do mesmo ano, figurando no respectivo livro da matricula com o nome de Domingos António do Espírito Santo, apelido de seu pai. Foi seu mestre Joaquim Manuel da Rocha, pintor medíocre, mas zeloso e muito afeiçoado aos discípulos, entre os quais se contavam os dois maiores pintores portugueses, Domingos António de Sequeira e Vieira Portuense. Estudou ali durante cinco anos, sendo por vezes premiado, passando depois à aula de pintura do professor Francisco José da Mocha, mais conhecido por Francisco de Setúbal, que também pouco o poderia guiar, porque apesar de ser pintor de grande talento, era muito leviano e pouco sabia. Alcançara, porém, grande fama, e recebia muitas encomendas, e para as satisfazer, aproveitava os discípulos para o auxiliarem. Dois anos, quando muito, seguiu Domingos António de Sequeira as lições deste professor.

O marquês de Marialva, que morava em Belém e era vizinho e apreciador do talento do jovem artista, recomendou-o à rainha D. Maria I, e obteve lhe uma pensão de 300$000 reis do régio bolsinho, para que fosse a Roma, a cidade das artes, aperfeiçoar-se, onde já se encontravam alguns artistas estudando, mandados pelo intendente de policia, Pina Manique. Constituíam estes estudantes uma Academia Portuguesa, organizada pelo modelo da Academia Francesa da vila Medicis. Quando Sequeira chegou a Roma em 1788, foi hospedar-se na casa do embaixador português, no palácio Cimarra, indo depois viver na casa dum seu amigo chamado Cometti. Nas aulas da Academia Portuguesa continuou a mostrar se aluno distintíssimo, e logo em 1789 alcançou o segundo prémio. Pouco tempo, porém, esteve seguindo o estudo oficial da Academia, e aproveitando a faculdade que era permitida aos alunos de escolherem professor, foi seguir as lições de António Cavallucci, um dos mestres da nova escola de pintura, que afastando se completamente da escola do convencionalismo, pretendia aproximar-se da natureza, não directamente ainda, mas procurando na arte antiga os seus principais modelos. Sequeira trabalhava, e trabalhou muito, e frequentes vezes sentiu o desalento invadi-lo, ao ver que tinha de refazer completamente os seus estudos para se acomodar com a disciplina severa do seu novo mestre, mas os quadros, que então pintou, revelavam um notável progresso, que o devia compensar largamente das fadigas a que tivera de sujeitar-se, porque em 1791 obteve o primeiro prémio da Academia de S. Lucas; o assunto proposto à emulação dos artistas fora o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Em 1794 era admitido como académico emérito, apresentando por esta ocasião o seu belo quadro da Degolação de S. João Baptista.

Sequeira estudou deveras, e com afinco e ardor, visitando incessantemente museus públicos e particulares, fazendo cópias do antigo, e passando as noites a estudar anatomia e adquirir outros conhecimentos indispensáveis para a sua profissão, que afinal adoeceu gravemente, sendo-lhe necessário, para se restabelecer, fazer uma viagem em que visitou Parma, Bolonha, Milão e Veneza. Voltando a Roma, já o seu talento começou a ser tão apreciado que o encarregaram de trabalhos para varias igrejas e palácios. Roma estava sendo para Sequeira a sua segunda pátria. Conhecia muito bem, não só a língua italiana, como também os dialectos romanos, e valeu-lhe isso de muito numa aventura que ia sendo para ele extremamente grave. Rebentara a revolução francesa, e os seus princípios eram pouco estimados na cidade dos papas entre a plebe fanática. O ódio aos franceses estava sendo uma das paixões mais ardentes do populacho. Uma tarde, voltando do Coliseu, foi Sequeira assaltado por um bando de populares aos gritos de: «Morra o francês!» Sequeira, sem perder o sangue frio, explicou-lhe no mais puro transteverino que não era francês, mas sim português de nascimento e romano pelo afecto Deixaram-no, mas Sequeira julgou então prudente ir residir de novo para o palácio do embaixador, porque percebeu que nessa ocasião os estrangeiros em Roma precisavam de ser protegidos pelas imunidades dos embaixadores. Mas os acontecimentos políticos que revolviam a Europa, levaram o governo português a fechar a Academia em Roma e a chamar à pátria os artistas portugueses. Sequeira obedeceu, e partiu na esperança de tornar em breve para Roma, e cheio de distinções com o diploma de académico da Academia de S. Lucas, e os de sócio das academias de Bolonha e de Florença, e tendo sido muito afectuosamente recebido pelo papa Pio VI, que lhe enviou uma relíquia de Santo António, honraria insigne não só pelo valor religioso da oferta realçada pela fineza de ser a relíquia dum santo português, mas também porque, sendo essa uma distinção que os papas faziam ás pessoas que queriam obsequiar, eram essas dadivas levadas aos agraciados por um camareiro num coche de gala, o que realmente devia ser uma honra notável para um simples artista pensionado pelo seu governo. 

Regressando a Portugal, Domingos António de Sequeira percorreu de novo a Itália do Norte, e embarcou finalmente em Génova em outubro de 1795, chegando no ano seguinte a Lisboa, depois de oito anos de ausência Foi aqui recebido admiravelmente. O príncipe D. João, regente do reino, concedeu-lhe uma pensão anual de 60 moedas e casas pagas, sem prejuízo das remunerações que houvesse de receber por cada uma das obras que executasse. Afluíram encomendas tanto da família real, conventos e particulares, como dos próprios estrangeiros amadores das belas artes, entre os quais avultava o opulento e inteligentíssimo Beckford. Mas Domingos António de Sequeira vinha habituado aos preços elevados de Roma, de forma que aquela afluência decaiu rapidamente. Todos queriam ter um quadro do eminente pintor, mas recuavam perante o exagero dos preços que ele pedia. Exagero para os costumes de Portugal, mas não para os preços que já então lá fora obtinham as obras de arte. Quando o conde de Vale de Reis encomendou dez quadros de batalhas para as suas antecâmaras, e que Sequeira lhe pediu mil moedas de ouro (4.800$000 reis), o conde ficou espantado e desistiu da sua ideia. Sequeira, que era orgulhoso, estimulou-se, quis coligar-se com os outros artistas para obter que se levantassem as cotações do mercado artístico, mas os outros, que já o invejavam, ciosos do seu grande valor, recusaram-se. 

Sequeira, que contava enriquecer rapidamente para voltar a Roma e casar com Nannina Cometti, senhora por quem estava enamorado, entristeceu. Sempre fora religioso, os dissabores agravaram-lhe a sua tendência ascética, e saiu da capital, indo ocultar o seu desanimo e desespero no ermo da serra do Buçaco, donde passou para a Cartuxa de Laveiras, estando, naquele convento como noviço, muito seriamente disposto a professar. Ali esteve desde o fim do século 18 até ao ano de 1802, pintando uns quadros todos alusivos ao estado que desejava tomar, representando episódios da vida de S. Bruno, etc. Afinal,  D. Rodrigo de Sousa Coutinho, informado da deplorável resolução de Sequeira, conseguiu arrancá-lo do convento, e intercedendo com o príncipe regente, mostrando-lhe a perda irreparável que seria para a arte portuguesa a falta de Sequeira no mundo artístico, o príncipe, por decreto de 28 de 1unho de 1802, o nomeou primeiro pintor da corte com um ordenado de 2.000$000 reis, e com obrigação de dirigir juntamente com Francisco Vieira Portuense as decorações artísticas do paço da Ajuda. 

Foi nessa ocasião que Domingos António de Sequeira deliberou fundar uma academia de desenho e pintura ligada com as obras da Ajuda, como em Mafra se fundara em tempo uma aula de escultura ligada comas obras do convento. Sequeira, contudo, parece que não tinha paciência para o ensino, porque abandonou muito a aula, como abandonou também as obras da Ajuda, cuja direcção lhe fora confiada, e que afinal. foram feitas quase todas por Taborda e Fuschini. De Sequeira havia apenas a pintura de um tecto, que desapareceu por se terem transformado as decorações da sala onde esse tecto estava, e uns quadros pintados sobre tela, que a família real levou para o Brasil, quando para ali foi em 1801, fugindo aos franceses, e por lá ficaram. Representavam episódios da vida de D. Afonso Henriques. Os directores das obras da Ajuda, Sequeira e Vieira Portuense, abandonaram ambos aquele encargo, Vieira porque teve de ir para a Madeira, onde faleceu. Sequeira, porque tinha muitas coisas em que ocupar-se, e estava granjeando avultados rendimentos. Ganhava 2.000$000 reis como primeiro pintor da corte, continuava a receber a pensão de 60 moedas anuais que lhe fora arbitrada quando regressou de Roma, e continuava a ter casas pagas; tendo sido agraciado com o hábito de Cristo, recebia a tença de 12.000 reis, que lhe andava anexa. Foi escolhido para mestre de desenho dos infantes, e cumpria-lhe exercer gratuitamente esse cargo, na sua qualidade de primeiro pintor da corte, mas dava lhe direito a ter sege montada por conta do paço, o que equivalia a um bom ordenado, finalmente foi nomeado director da aula de desenho, que a junta, da Companhia das vinhas do Alto Douro fundara no Porto, e que fora anexa à. Academia de Marinha e Comércio da mesma cidade, legar pelo qual recebia o ordenado de 600$000 reis anuais tendo apenas a obrigação de ir passar todos os anos três meses no Porto para superintender os trabalhos de que era director. 

Chegara-se ao ano de 1807, e viera a invasão francesa; Sequeira fora ao Porto no desempenho dos seus deveres de director da aula de desenho. Entretanto as obras da Ajuda eram suspensas pelo governo de Junot, por ordem de 9 de Dezembro de 1807, que mandava despedir os operários, mas a 23 do mesmo mês foi nova ordem mandando que tudo continuasse como até aí Sequeira, chegando a Lisboa em Janeiro de 1808, encontrou tudo no mesmo estado em que deixara, e naturalmente afeiçoado a estrangeiros pela sua longa residência na Itália e estranho completamente à política, relacionou-se com o conde de Forbin, grande amador das artes, e que foi depois no tempo da Restauração director das belas artes em França. Este conde, que também pintava, e pintava com certo gosto, era nesse tempo ajudante de ordens de Junot. Quis fazer uma digressão artística em Portugal, e Sequeira acompanhou-o à Batalha e a Alcobaça, onde Forbin desenhou o túmulo de D. Inês de Castro. Por intermédio de Forbin, relacionou-se com outros oficiais franceses e com o próprio Junot. Aceitou e executou encomendas para alguns deles, e não duvidou também, e está aqui a sua culpa, fazer para Junot, que lhe prometia pagar uns meses do seu ordenado que estavam em divida, o seguinte quadro: «Lisboa amparada pelo Génio das Nações e pela Religião, mas triste e melancólica, era consolada pelo vulto de Junot; a um lado. Marte simbolizando a França, fulminava Neptuno, que representava a Inglaterra.» Dizia-se que este quadro fora pintado com tintas corrosivas, para durar pouco tempo. Esta versão não parece verdadeira, porque se o fosse, não deixaria de a alegar o advogado de Sequeira na Memória Justificativa que teve de escrever em defesa do grande pintor, quando este foi processado por esse e outros factos. É certo que Sequeira não se esquivou a executar o trabalho, e pouca atenção merecem realmente as suas desculpas. Alegou que, se Junot não fosse obedecido, o castigaria com severidade. Mas sujeitou-se ao castigo. Mais lhe valia o ter estado preso durante o domínio francês por não ter querido cumprir as ordens do estrangeiro, do que estar, como obteve depois, oito meses encarcerado por não ter manifestado suficiente patriotismo. E não foi só um quadro que Sequeira pintou para glorificação dos invasores. O conde de Farrobo, possuía um esboço firmado por Sequeira, e que representava um génio pairando com um ramo de saudades numa das mãos, e com um medalhão na outra, medalhão onde se lia em letras microscópicas a legenda Duque de Abrantes. Em baixo densas nuvens, sobre as quais pousava uma águia branca de asas fechadas, abriam a cena, que representava vagamente Lisboa e a torre de Belém, onde flutuava também dum modo quase indistinto a bandeira tricolor.

Bem consciente estava das suas culpas o grande pintor, porque foi um dos primeiros que acudiram com donativos para auxilio da guerra contra os franceses cedendo tudo quanto recebia, como pensão, do régio bolsinho, que eram a esse tempo 688$00 reis, e mais um conto dos dois do ordenado que recebia como primeiro pintor da corte, mas ao mesmo tempo que se conservasse a dádiva secreta, e é por isso que não figura na lista de donativos que apareceram na Gazeta. Mostra isso que Sequeira, em primeiro lugar, quis, pelo valor da oferta, desarmar as iras do governo, e ao mesmo tempo temia que a aparição do seu nome fizesse lembrada de todos a sua transigência com o governo intruso. Não lhe valeu essa precaução. O povo revoltou-se contra ele e a regência viu-se obrigada a mandá-lo prender. Efectuaram a prisão com alguma violência, na noite de Natal de 1808 uns soldados de cavalaria. n.º 4, que o levaram para o corpo da guarda do regimento, e donde passou ao Limoeiro, até que foi solto no princípio de setembro de 1809. Se houve processo, com absolvição ou condenação, desapareceu completamente. O que parece mais provável é que os protectores de Sequeira, que os tinha muitos e poderosos, pusessem pedra em cima da questão. O que aconteceu, em todo o caso, é que Sequeira deixou a direcção das obras do paço da Ajuda, não demitido oficialmente, mas não lhe sendo permitido assumir a direcção efectiva, que foi confiada a Ângelo Fuschini. Em 1818 quiseram que ele de novo tomasse a direcção desses trabalhos, mas Domingos António de Sequeira opôs dificuldades.

Em 1814, tendo sido concluída a guerra com os franceses, foi Sequeira encarregado pela regência de desenhar e dirigir a factura da magnífica baixela de prata, com que esse governo presenteou lorde Wellington. Em 1820, quando rebentou a revolução em 24 de agosto, Sequeira mostrou-se sinceramente entusiasmado pelas novas ideias liberais então proclamadas, e parece que foi encarregado de dirigir um monumento que se projectava erigir no Rossio Em 1822 teve também a incumbência de fazer os desenhos da medalha da Sociedade da Industria Nacional. Em 1823, quando se discutia o orçamento, alguns deputados quiseram que se lhe suprimisse o ordenado de 2.000$000 reis. Defendeu-o Borges Carneiro, pondo em relevo os serviços que ele prestara à sua pátria, ilustrando-a e honrando-a no estrangeiro. Foi grande o debate que se travou, e por ele se sabe que Sequeira estivera em Inglaterra, provavelmente quando se tratou da baixela para lorde Wellington, e que a esse tempo a imperatriz da Rússia lhe oferecera 16.000$000 reis para ele ir trabalhar para os seus domínios, o que Sequeira rejeitara. Apesar de todos estes louvores, as cortes sempre lhe foram cerceando os vencimentos, suprimindo lhe a pensão de 400$000, e reduzindo-lhe o ordenado a 1.600$000 reis.

No entretanto, quando veio a reacção desse ano de 1823, Sequeira, lembrando-se da sua prisão em 1808, quis por força sair de Portugal. Debalde o marquês de Palmela, que fazia parte do novo governo, instou com ele para que não saísse do reino, assegurando-lhe que nada tinha a recear, Sequeira insistiu, e então o marquês de Palmela lhe foi levar pessoalmente a casa os seus passaportes. A 7 de setembro de 1823 partiu para Paris, onde chegou a 20 de outubro. Ali privado dos recursos que lhe dava na pátria a sua posição oficial, trabalhou incansavelmente, e fez alguns dos seus mais belos quadros, entre eles o da Morte de Camões, que inspirou a Garrett o seu imortal poema, e que ele ofereceu a D. Pedro, nesse tempo imperador do Brasil, que o agraciou com o habito da ordem do Cruzeiro. Sequeira demorou-se em Paris até 15 de setembro de 1826, dirigindo se nesse ano para Roma, onde chegou a 1 de novembro. Os dez anos e meio que passou naquela cidade das artes, foram os últimos da sua vida, e por ventura os mais bem aproveitados no estudo, e os mais gloriosos para o distinto artista. Além de muitos desenhos e retratos, que lhe eram pedidos com instancia, executou em Roma não menos de catorze quadros, que em seguida mencionamos, dos quais os quatro últimos, que só de por si faziam a reputação de qualquer pintor, elevaram Sequeira no conceito e estimação dos entendidos à categoria de um talento de primeira ordem. 

Eis a nota dos catorze quadros citados: O Baptismo do Salvador e a Crucificação do Cristo pertencentes ao duque de Braciano; A Fé, propriedade da grã-duquesa Helena, existente em S. Petersburgo; A Santa Verónica, encomendado para um convento de Roma; O Caminho da Cruz, que está na igreja da Paz em Roma; A Sacra Família; A Virgem; O Anjo Rafael e Tobias pai e filho; Santo António pregando aos peixinhos e O Salvador, que pertencem ao cavalheiro Miguéis; O Calvário executado em Castelo Gandolfo, no curto espaço de três meses, no Verão de 1827, A Adoração dos Magos, igualmente executado em três meses e durante o verão de 1828; A Ascensão e o Juízo Universal, foram começados e pintados, quando o grande artista já se achava gravemente enfermo da doença que o vitimou. 

Além das composições que apontamos, consta que na quinta das Aguas Férreas, no Porto, existe um esboceto representando Cristo sobre os joelhos da Virgem e de Santa Maria Madalena; na galeria da casa dos duques de Palmela, além dos quatro quadros: O Calvário, A Adoração dos Magos, A Ascensão e O Juízo Universal, que foram comprados em Roma pelo primeiro duque de Palmela em 1845, há mais duas belas compilaçõezinhas de Sequeira. representando uma Susana saindo do banho, a outra Loth deitado, e nu até à cintura com duas filhas ao lado. Nas Academias das Belas Artes de Lisboa e do Porto, na casa do antigo conde do Farrobo, na da condessa de Anadia, e outras muitas, existem, ou existiram, obras de Domingos António de Sequeira. O conde de A. Raczynski, o distinto diplomata e grande amador das artes, dedica um longo artigo elogioso ao notável pintor português no seu Dictionnaire Historico Artistique du Portugal.

Informação retirada daqui

Conteúdo - Origami - Bruxa


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domingo, 9 de dezembro de 2018

Biografia - Nicolas Poussin

Pintor francês, principal autor clássico do período Barroco, trabalhou quase exclusivamente em Roma.

Nasceu em Les Andelys, Normandia, França, em Junho de 1594;
morreu em Roma em 19 de Novembro de 1665.

Nascido numa aldeia do vale do Sena, no Norte de França, era filho de lavradores. Educado localmente foi com a visita do pintor Quentin Varin (1570-1634) à sua vila, em 1612, que o seu interesse pela arte foi despertado. Decidido a ser pintor foi estudar para Rouen e mais tarde para Paris. Não tendo encontrado professores de qualidade, devido à sua pobreza e ignorância, estudou com pintores de pouca qualidade. Devido às dificuldades regressou à casa paterna, doente e humilhado.

Voltou a Paris um ano depois, mas com outro objectivo, o de ir para Roma estudar, já que a cidade era a capital do mundo artístico. Com a ajuda de Giambattista Marino, poeta da corte de Maria de Médicis, conseguiu alcançar o seu objectivo em 1624.

O poeta encomendou a Poussin uma série de desenhos para ilustrarem as Metamorfoses de Ovídio. Entretanto Poussin ia tentando os vários estilos de pintura utilizados pelos artistas de Roma. A sua principal obra nesta época foi uma obra para um altar da Basílica de S. Pedro, O Martírio de Santo Erasmo, realizada em 1629. A obra não foi bem acolhida pela comunidade artística, o que levou Nicolas Poussin a virar-se para temas da mitologia clássica e de Torquato Tasso, sendo influenciado pelo pintor veneziano Ticiano. Até 1640, ano em que volta a França por um curto espaço de tempo, o artista aproxima-se deliberadamente do modelo de Rafael e da antiguidade romana, começando a criar o classicismo que marcará todo o resto da sua obra.

O seu trabalho em Roma atraiu a atenção da corte francesa, e o cardeal de Richelieu, ministro de Luís XIII, convenceu Poussin a regressar a França. As obras encomendadas não tinham a ver com as suas qualificações, e o que realizou não foi bem recebido, o que o obrigou a deixar Paris em 1642, regressando a Roma.

As suas obras dos anos 40 e 50 tratam de momentos de crises ou de difícil escolha moral, e os seus heróis são aqueles que rejeitam o vício e os prazer, pela virtude e pela razão. As suas paisagens mostra que a natureza desordenada submetida à ordem geométrica, sendo que as árvores se tornam quase suportes arquitectónicos.

No início da década de 60 do século, a saúde Nicolas Poussin degradou-se tendo vindo a morrer em 1665.

Fonte:
Jane Turner (ed.), The Grove Dictionary of Art

Biografia - Dante Gabriel Rossetti

Nasceu em Londres, Inglaterra, em 12 de Maio de 1828, e 
morreu em Birchington-on-Sea, no Kent, Inglaterra, em 9 de Abril de 1882.

Filho de Gabriel Rossetti, um controverso estudioso italiano da obra de Dante, exilado político em Londres, e de Frances Polidori, também de origem italiana, era o segundo de quatro irmãos, sendo o seu nome  original Gabriel Charles Dante Rossetti. A irmã mais velha tornou-se uma freira anglicana, tendo publicado um estudo sobre Dante; o irmão William tornou-se o historiador e arquivista do movimento Pré-Rafaelita, tendo editado os poemas do irmão; a irmã mais nova, Cristina, foi uma poeta (ou poetisa) tão famosa como o irmão.

Começou a estudar na escola secundária do King's College de Londres, de 1836 a 1841, passando por uma escola de desenho antiquada, e acabando na escola de antiguidades da Royal Academy britânica em 1845. Nessa época descobriu o pintor e poeta do século XVIII William Blake, crítico feroz do academismo na pessoa do seu contemporâneo Joshua Reynolds. Gabriel Rossetti, seguindo o seu modelo, decidiu-se a atacar a trivialidade da pintura vitoriana, sobretudo a obra de Edwin Landseer.

Discípulo de Ford Madox Brown, entrou em contacto com os «Pré-Rafaelitas» alemães, o nome por que eram conhecidos os «Nazarenos», um grupo de pintores que criaram em Viena, em 1809, uma cooperativa chamada Irmandade de São Lucas, que mais tarde foi viver para Roma. Estes criadores usavam pinturas medievais italianas e alemãs como modelos para as suas obras, tentando um regresso à pureza de estilo e de objectivos da arte anterior ao Renascimento.

Tendo como pano de fundo os grandes movimentos revolucionários de 1848, foi devido aos esforços de Rossetti que se criou nesse ano em Inglaterra a Irmandade dos Pré-Rafaelitas, formada por sete membros todos eles antigos estudantes da Royal Academy, tirando o seu irmão mais novo. O objectivo de Rossetti era vasto, dando como objectivos à Irmandade a poesia e o idealismo social, para além da pintura, que via como devendo romantizar o passado medieval, e tinha como base a obra do crítico de arte John Ruskin, Modern Painters, publicada a partir de 1843.

Foi o que mostrou nos seus quadros «A Infância de Maria», de 1848, e na «Anunciação», de 1850, de estilo simples mas de grande simbolismo. Obras que se relacionavam com o seu poema «The Blessed Damozel» publicado no 1.º número da revista pré-rafaelita «The Germ», que tinha como subtítulo «Pensamentos sobre a Natureza na Poesia, Literatura e Arte». A crítica, que Rossetti nunca aceitou bem, não lhe foi favorável e o pintor refugiou-se na aguarela, passando a ilustrar as obras de Shakespeare, Dante e Browning, o grande poeta da época vitoriana. 

Em 1854, numa época em que o grupo se começava a dissolver, Rossetti ganhou um poderoso e exigente patrono em Ruskin, o seu mentor original, o que lhe granjeou uma nova vaga de admiração, atraindo ao grupo os estudantes de Oxford, Edward Burne-Jones e William Morris, com os quais iniciou a segunda fase do movimento Pré-Rafaelita. O grupo dedicou-se, a partir de 1856 e com base nas obras de Thomas Malory, Morte Darthur, e de Tennyson, Idylls of the King, a recriar a época do rei Artur. Ligado a este entusiasmo romântico pelo passado lendário, que divergia substancialmente do ideal inicial de um realismo de acordo com a natureza, estava a vontade de reformar as artes decorativas. O novo grupo publicou o The Oxford and Cambridge Magazine para divulgar as suas posições

O contrato para a realização de um tríptico para a catedral de Llandaff, em Cardiff no País de Gales, pintado a partir de 1858, levou-o a aceitar decorar o salão de debates do edifício da Oxford Union, a associação de estudantes da Universidade de Oxford, criada para ser um local de debate livre, fora da organização constrangedora dos Colégios universitários. A tarefa, conhecida pela «Campanha Alegre» (Jovial Campaign) acabou em desastre devido à ignorância das técnicas de pintura moral, mas mostrou ao grupo que os seus ideais se podiam alargar às artes oficinais.

Em 1860 Gabriel Rossetti casou com Elizabeth Siddal, que tendo começado a posar para toda a Irmandade, acabou por se tornar seu modelo exclusivo. O casamento acabou em tragédia, em 1862, quando Siddal ingeriu uma dose excessiva e fatal de láudano - um medicamento à base de ópio. No caixão da mulher Rossetti colocou, num gesto romântico e insensato, toda a sua obra poética.

Após a morte da mulher Rossetti mudou não só de zona residencial, mudando-se das áreas ribeirinhas de Londres para a mais aristocrática zona de Chelsea, como de estilo, que se tornou mais sensual e estilizado. Os temas literários foram abandonados pelos retratos a óleo de belezas mundanas. A nova fase, de que «The Blessed Damozel», pintado entre 1871 e 1879, é um dos mais perfeitos exemplos, tornou-o muito popular entre os coleccionadores, tornando-o um homem abastado.

Mas a publicação em 1870 dos seus poemas, recuperados anteriormente pela exumação da mulher, bem recebidos de início, provocaram um violento ataque do crítico literário Robert Buchanan, acusando a poesia de Rossetti de indecente, o que juntos aos remorsos, ao álcool e ao cloral, ingerido para debelar as persistentes insónias, terá provocado o colapso de Rossetti em 1872.

Dante Gabriel recuperou a saúde, retomando a pintura e a escrita de poesia, mas ficou muito debilitado, tendo passando, até 1874, bastante tempo em Oxford, tendo ao lado Jane Morris, mulher de William.

Até à sua morte, no Domingo de Páscoa de 1882, Rossetti publicou uma edição muito revista e alrgada dos seus poemas, assim como um livro com baladas e sonetos, ambos publicados em 1881.

Fonte:
Enciclopédia Britânica

Biografia - Antoine Pesne

Pintor rococo francês que foi o mais importante artista na Prússia da primeira metade do século XVIII.
Nasceu em Paris, em 23 de Maio de 1683; 
morreu em Berlim em 5 de Agosto de 1757.

Ensinado pelo seu pai, o pintor Thomas Pesne e pelo seu tio-avô Charles de La Fosse, foi influenciado pelos principais retratistas franceses da época, Rigaud e Largillière. 

Continuou os seus estudos em Itália, em Roma, Nápoles mas sobretudo em Veneza, onde trabalhou com Andrea Celesti. Em 1707 pintou o retrato de corpo inteiro do embaixador prussiano na República de Veneza, o barão von Knyphausen, o que o levou a ser chamado por Frederico I da Prússia a Berlim e ser nomeado pintor da câmara real.

Quando Frederico II subiu ao trono em 1740, trabalhou como pintor decorador nos palácios que o novo rei  mandou construir ou redecorar, como os de Rheinsberg, Charlottenbourg, Berlim, Potsdam e Sans-Souci. Continuou a pintar retratos, que lembram, pela sua cor e efeitos impressionistas, Pierre-Auguste Renoir, destacando-se os que representam actrizes e dançarinas italianas e francesas que actuaram na Ópera de Berlim, e que são reconhecidos pelas suas inteligentes caracterizações.

Fontes:
Enciclopédia Britânica;

Biografia - George Romney

Nasceu em Dalton-in-Furness, Lancashire, Inglaterra, em 15 de Dezembro de 1734, e morreu em Kendal, Westmorland, em 15 de Novembro de 1802.

Popular pintor de retratos da sociedade inglesa de finais do século 18,  Romney evitou sempre fazer qualquer tipo de alusão ao carácter ou à sensibilidade dos seus clientes. O seu sucesso baseou-se exactamente nesta capacidade de conseguir lisonjear desapaixonadamente os retratados. Em Romney o desenho sobrepõem-se à cor, e os ritmos fluidos e as poses descontraídas vindas da  escultura romana clássica caracterizam as suas composições fluídas. 

De 1755 a 1757 Romney estudou com Christopher Steele, um pintor itinerante de retratos e de temas. A carreira de Romney começou quando percorreu as regiões do norte da Inglaterra pintando retratos por algumas libras. Em 1762 foi viver para Londres. O seu famoso quadro de tema histórico «A Morte do General Wolfe» permitiu-lhe ganhar um prémio da Sociedade das Artes. Mas mesmo assim, virou-se determinadamente, e quase de imediato, para a pintura de retratos. Em 1764 visitou pela primeira vez Paris, onde se tornou amigo de Joseph Vernet. Romney admirou especialmente o trabalho de Nicolas Le Sueur, cujo uso de temas da Antiguidade lhe agradou bastante. Em 1773 visitou a Itália  durante dois anos, tendo estudado os frescos de Rafael em Roma, as pinturas de Ticiano em  Veneza, e de Correggio em Parma. As viagens ao estrangeiro tornaram madura a sua pintura, tendo retratos como a «Sra. Carwardine e filho», de 1775, e o «Sir  Christopher e Lady Sykes», de 1786, uma graciosidade e uma elegância novas. 

Romney era naturalmente sensível e metido consigo próprio. Manteve-se afastado da Academia Real e dos pintores seus companheiros de profissão, tendo feito a maior parte dos amigos em círculos filosóficos e literários. Por volta de 1781-82 conheceu Emma Hart (a futura Lady  Hamilton), que o fascinou de uma maneira mórbida. Para Romney tornou-se um meio de fugir para um mundo imaginário e ideal. A sua «divina Ema» aparece em mais de 50 quadros, tanto representada como uma bacante, como personificando Joana d'Arc, quadros que foram quase todos pintados de memória.

Fonte:
Enciclopédia Britânica

Biografia - Francisco de Matos Vieira (Vieira Lusitano)

n.      4 de outubro de 1699.
f.       13 de agosto de 1783.

Cavaleiro professo na Ordem de Santiago da Espada, pintor histórico da Casa Real, académico de mérito da Academia de S. Lucas em Roma, etc. Era mais conhecido pelo [nome de] Vieira Lusitano, por ser natural de Lisboa, onde nasceu a 4 de outubro de 1699, e faleceu no sitio do Beato António a 13 de agosto de 1783.

Era destinado pela sua família à carreira eclesiástica, mas desde criança revelou tal vocação para o desenho, tanto parecia que as belas artes o atraíam, e que nelas poderia alcançar de futuro um grande nome, que essa resolução foi posta de parte. Uns fidalgos da quinta da Boavista, situada próximo do convento da Luz, quiseram conhecê-lo, e o pai lá foi apresentá-lo. Nessa quinta é que Francisco de Matos Vieira se encontrou com uma menina, que foi a sua primeira e única paixão, e por causa da qual muito havia de sofrer toda a vida. Esse amor que foi desabrochando por entre os brinquedos infantis, havia de atormentá-lo, depois, até ao fim da vida. Vieira ia fazendo progressos no desenho, e o marquês de Abrantes, que viu alguns desses trabalhos, e estava nomeado embaixador em Roma, propôs-lhe levá-lo consigo e protege-lo, para que ele pudesse aperfeiçoar-se na arte, para que mostrava tão evidente vocação. A família de Vieira aceitou a proposta, e a criança foi estudando regularmente com um professor, cujo nome se ignora, até que a 16 de Janeiro de 1712 saiu de Lisboa na companhia do diplomata português com destino à capital italiana. O navio que o conduzia sofreu um violento temporal defronte de Cartagena, mas felizmente chegou a porto de salvamento.

Em Roma foi discípulo de Lutti, e seguindo as indicações deste professor, estudou os quadros dos Caraches da galeria dos Farnésios, frequentou as academias nocturnas, e procurou com grande ardor aproveitar utilmente e tempo, mas o marquês de Abrantes lembrou-se de o distrair desses trabalhos encarregando-o de lhe fazer desenhos de todos os festejos e funções religiosas que se efectuavam em Roma, de todos os ornamentos e peças que serviam de adorno aos altares da basílica de S. Pedro, do museu do cardeal de Alpedrinha, e satisfeitas todas estas vontades, ainda o marquês de Abrantes o mandou copiar os panos de Arrás, os candelabros, os móveis e tudo quanto guarnecia a sala principal do palácio da embaixada, bem como tirar um desenho da sua carruagem. Nesta altura estava o diplomata português quase em vésperas de regressar a Portugal, e queria trazer consigo e seu protegido, ao qual comunicou a sua intenção. Vieira recebeu grande desgosto ao saber de tal ideia, porque na verdade, pouco aproveitara com a sua estada em Roma, e pediu-lhe para se demorar mais algum tempo, por ser o seu ardente desejo aperfeiçoar-se na pintura. O marquês de Abrantes não gostou do pedido, e parece mesmo que tratou desabridamente o seu protegido; afinal, reconhecendo que o pedido era razoável, deixou-o ficar em Roma, e Vieira ali se demorou mais dois anos, entregando-se então com todo o ardor ao estudo, e tendo Trevisani por mestre. Tomando parte num concurso da Academia de S. Lucas, ganhou o prémio com um trabalho em que representou a conhecida cena de Noé embriagado diante de seus filhos, sendo ele o primeiro português que em Roma alcançou tão sabida honra.

Regressando à pátria depois de 7 anos de ausência, foi logo encarregado por D. João V de fazer um grande quadro do Santíssimo Sacramento para servir na procissão do Corpo de Deus, e depois de lhe pintar o retrato para servir de modelo aos cunhos da moeda. Posteriormente pintou também na sacristia da igreja patriarcal alguns quadros, representando Os Apóstolos, um Ecce Homo, Cristo crucificado, O Senhor preso à coluna, Cristo caminhando para o Calvário; e igualmente fez os esboços de três quadros do Salvador, S. João Evangelista e S. Lucas, os quais não chegou a concluir. Entretanto Vieira Lusitano e a menina de quem já se falou, D. Inês Helena de Lima e Melo, estavam cada vez mais apaixonados um pelo outro, e como a família de D. Inês se opunha ao casamento por julgarem o noivo de condição inferior, os dois namorados procuraram obter do patriarcado as licenças necessárias para o consorcio se realizar por procuração e apesar daquela resistência. O casamento realizou se, mas os pais da noiva, logo que souberam das diligências em que andava Vieira, levaram a filha para o convento de Santana, e a obrigaram a professar, embora ela protestasse era casada. Francisco de Matos Vieira tentou por todos os modos legais tirar a esposa da clausura, mas como nem o próprio soberano o atendeu, decidiu voltar a Roma afim de pedir ao papa os breves precisos para a realização do seu desejo.

Esteve mais de cinco anos em Roma, trabalhando activamente, por um lado para entrar na posse de sua mulher, e por outro estudando constantemente para mais se aperfeiçoar na pintura, e se é certo que os seus esforços se malogravam quanto ao seu casamento não é menos certo, no que respeita ás artes. tiveram eles o melhor êxito, porque, consolidando de dia para dia a sua reputação, foi feito académico de mérito na Academia de S. Lucas. Já antes da sua segunda viagem, em 22 de outubro de 1719, havia entrado na confraria de S. Lucas, onde estava designado com o nome de Francisco Vieira de Matos. No ano seguinte foi feito membro do conselho administrativo deste instituto. Dos trabalhos que então executou, especializa-se o quadro que pintou para a Academia representando Moisés na presença do rei do Egipto. Voltando à pátria desanimado por não ter conseguido do pontífice aquilo que tanto ambicionava, entendeu-se com sua mulher e com ela deliberou levar a efeito o projecto, saltando embora por cima de todas as leis civis e eclesiásticas. Arranjou meio de lhe chegar ás mãos um fato completo de homem, e um dia, ao anoitecer, D. Inês saiu da sua cela, passou em frente da abadessa, que não a reconheceu com aquele disfarce, e saiu do mosteiro para se encontrar com seu marido, e assim no fim de tantos anos de trabalhos e de amarguras puderam unir-se os dois estremecidos esposos. Não tardou que a fuga de Inês fosse conhecida no convento, e os parentes, ao saberem do facto, logo juraram que Vieira Lusitano não ficaria impune.

Um irmão da ex-reclusa constituiu-se em vingador da honra da família supostamente ultrajada, e esperando o pintor próximo, da rua das Pretas, desfechou sobre ele um tiro de pistola, que o feriu gravemente. Algum tempo depois, Vieira Lusitano achando-se restabelecido, foi pedir a D. João V justiça contra o seu traiçoeiro agressor, mas o monarca não o atendeu, porque influencias poderosas evitaram que a justiça procedesse; o criminoso saiu do reino livremente, e passados anos, caindo em miséria, viu-se na dura necessidade de ir mendigar o pão àquele mesmo que tentara assassinar. No entretanto, Matos Vieira, temendo algum novo insulto, retirou-se por algum tempo para o convento dos Paulistas, onde em 1730 e 1731 pintou uns famosos eremitas para o cruzeiro da igreja, e depois resolveu, para viver sossegado, uma nova viagem a Roma, mas chegando a Sevilha em 1733, foi dali chamado a Lisboa, e voltando a esta cidade, foi nomeado pintor do rei com o ordenado mensal de 60$000 reis e as obras pagas. Esteve em Mafra, onde enviuvou em 1775, e cheio de desgosto pela perda da sua estremecida companheira, abandonou a pintura, e foi viver para o Beato António, passando ali os últimos anos da sua existência.

Muitos dos trabalhos de Vieira Lusitano se perderam na terrível catástrofe do terramoto de 1755, sendo mais notável de todos eles o tecto da igreja dos Mártires, pintado em 1750, e em que se via representada a tomada de Lisboa por D. Afonso Henriques. Das suas outras obras, que escaparam ao terramoto, citaremos dois painéis na igreja de S. Roque: Santo António pregando aos peixes e Santo António prostrado diante de Nossa Senhora, os quais eram muito louvados por Pedro Alexandrino; Santo Agostinho, na portaria do convento da Graça. em 1736; uns quadros de Santo António, S. Pedro, S. Paulo, a Família Sagrada, e Santa Bárbara, pertencentes à casa de Povolide e executados de 1736 a 1740; outra Sagrada Família, pertencente ao conde de Assumar; um grande painel representando S. Francisco, do convento do Menino de Deus; um quadro da capela-mor da Cartuxa; os quadros de S. Francisco de Paula, na capela-mor da sua igreja, e nas capelas laterais, os de Nossa Senhora da Conceição, da Sagrada Família e Santo António, todos executados em 1765. A capela dos sete altares da igreja de Mafra tem um grande quadro da Sacra Família; na capela de S. Joaquim ao Calvário. Há outro quadro da Família Sagrada, colocado por cima do altar, que passa por ser um dos seus mais belos trabalhos; uma Senhora da Conceição, que estava na Junta do Comércio. O conde de Lippe visitou Vieira em 1762, e obteve dele um Santo António que, levou para Alemanha; Guilherme Hudson também adquiriu um belo quadro da Adoração dos Reis magos, que levou para Inglaterra. Fez um número prodigioso de óptimos desenhos, dos quais a maior parte deles possui a Inglaterra, onde os amadores das belas artes os pagaram por bom preço, e muitos deles foram reproduzidos em gravura. Vieira Lusitano também gravou a agua forte, evidenciando se entre os seus trabalhos desse género: Neptuno e Coronis, e as Parcas cortando o fio vital de seu irmão. A sua vida tão amargurada por causa dos seus primeiros e últimos amores, contou-a ele num longo poema impresso em 1780, intitulado: O insigne pintor e leal esposo, historia verdadeira que ele escreve em cantos líricos.

Entre os discípulos do notável pintor conta se sua irmã Catarina Vieira, de quem eram, em parte alguns quadros da ermida de S. Joaquim e que pintou um S. Lucas e um S. João Evangelista, que pertenciam a um particular chamado Moreira Dias, que morava na rua da Fé. Também foi seu discípulo o morgado de Setúbal. Consta que na Biblioteca de Évora existe uma grande colecção de desenhos de Vieira Lusitano.

Informação retirada daqui



Biografia - Daniel MacLise

Pintor histórico irlandês do século XIX, percursor dos Pré-Rafaelitas.

Nasceu em Cork, Irlanda, em 25 de Janeiro de 1806; 
morreu em Londres em 25 de Abril de 1870.

Começou a estudar na escola de arte de Cork, para onde entrou em 1822, vivendo da venda de retratos. Em 1827 foi viver para Londres e entrou nas escolas da «Royal Academy» britânica, onde ganhou os principais prémios. 

Realizou regularmente exposições de retratos na Academia, tendo sido eleito, em 1835,  membro associado da Academia e académico em 1840.

A partir de 1830 começou a publicar no periódico londrino Fraser's Magazine, sob o pseudónimo de Albert Croquis, retratos de pessoas célebres do seu tempo, que acabaram por formar um conjunto composto por 72 litografias, que publicou em 1871 com o nome de MacLise Portrait Gallery.

Em 1854 o Parlamento Britânico encomendo-lhe um fresco sobre O Casamento de Longbow e Eva, que representava a ligação entre a Inglaterra e a Irlanda, mas que acabou por não realizar, tendo produzido de facto entre 1859 e 1864 dois grandes painéis históricos, começados como frescos mas terminados de acordo com uma nova técnica alemã, e que representavam A Morte de Nelson, na Batalha de Trafalgar, e O Encontro de Wellington e Blucher, no final da Batalha de Waterloo.

A realização destes dois painéis, pintados sem nenhuma ajuda, debilitaram-no muito não tendo recuperado a saúde.

Fonte:
Enciclopédia Britânica.

Biografia - Décio Rodrigues Vilares

Pintor brasileiro.

Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil em 1 de Dezembro de 1851;
e morreu na mesma cidade em 1931.

Estudou na Academia Imperial de Belas-Artes, e em 1872 foi para a Europa, onde estudou com Paul Cabanel e com Pedro Américo, em França e em Itália. Expôs no Salon de Paris de 1874 o quadro Paolo e Francesca. A sua técnica e sensibilidade evidenciam-se mais no desenho de figuras femininas. Abordou primeiro temas religiosos, tendo ganho uma medalha de ouro na Exposição oficial de 1879, no Rio de Janeiro, com um São Jerónimo, mas depois tornou-se retratista reconhecido tendo-se mostrado, nesta técnica, mais liberto dos convencionalismos. 

Regressado ao Brasil em 1881, Décio Vilares trabalhou também em escultura realizando vários bustos de personagens históricas, e  desenhou caricaturas para jornais satíricos. Católico, Décio Vilares converteu-se em Paris ao positivismo, tornando-se republicano, tendo pintado uma Queda do Cristianismo e uma Virgem da Humanidade para o Templo da Religião da Humanidade, a igreja positivista de Paris. O desenho da actual bandeira do Brasil, foi executado por Décio Vilares, de acordo com a ideia de Raimundo Teixeira Mendes. A sua viúva incendiou o atelier onde trabalhava tendo-se perdido uma parte importante da sua obra.

Biografia retirada daqui

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