sábado, 15 de dezembro de 2018

EFA - STC - NG1 - DR3 - Ficha de Trabalho nº5 - Utilizadores, Consumidores e Reclamações - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Macro Phiale sp (provável P. crocea)

Autor Thiago G. Carvalho

Macro Fotografias de Insectos

Lyssomanes sp (macho adulto)

Autor Thiago G. Carvalho

Macro - Néctar de Limão

Autor(a
Autor Mário Pereira

Macro Fotografias

Macro Fotografias

Corythalia sp?

Autor Thiago G. Carvalho

Macrofotografias

Macrofotografias

Macro Fotografias

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Biografia - Abel Manta

Nasceu em Gouveia, em 12 de Outubro de 1888; morreu em Lisboa em 9 de Agosto de 1982. 

Tendo vindo residir para Lisboa em 1904, inscreveu-se em 1908 na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde cursou Pintura. Concluiu o curso em 1915, tendo ganho o 3.º Prémio da Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) no ano seguinte. Estabeleceu-se em Paris de 1919 a 1925, tendo aproveitado para viajar pela Europa, visitando sobretudo a Itália, onde se interessou pelos frescos renascentistas. Na capital francesa expôs, em 1921 e 1923, no salão do La Nationale, e frequentou o curso de gravura da Casa Schulemberger. 

Tendo regressado a Portugal, realizou em Lisboa uma exposição individual na Galeria Bobone, tornando-se no ano seguinte professor de Artes Decorativas no Ensino Técnico, e professor da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL) em 1934. Participou na decoração de alguns pavilhões de Portugal em exposições internacionais, realizadas na década de 30 - em 1929 o Pavilhão de Portugal na Exposição de Sevilha, em 1931 e 1937 o pavilhão nas Exposições de Paris. 

Obteve o prémio Silva Porto do S.N.I. em 1942 e, em 1949, a primeira medalha da SNBA em Pintura. 

Concorreu a várias exposições colectivas, como a 25.ª Bienal de Veneza (1950), a 3.ª Bienal de São Paulo (1955) e, em 1957, à 1.ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Gulbenkian, tendo ganho o Prémio de Pintura. Dois anos depois participou na Exposição Internacional de Bruxelas. 

Pintou os retratos de Aquilino Ribeiro, Paiva Couceiro, Bento de Jesus Caraça, entre outros, quadros que se caracterizam pela densidade expressiva. Noutro género, as suas paisagens notáveis pela frescura da cor e pela impressão de realidade. O seu estilo é sóbrio e incisivo, utilizando um colorido vigoroso. 

Em 1965 a SNBA realizou uma exposição retrospectiva da obra de Abel Manta. Em 1979 foi condecorado com uma comenda da Ordem de Sant'Iago da Espada, tendo morrido em Lisboa em 1982. 

Tinha casado em 1927 com a pintora Clementina Carneiro de Moura, tendo havido um filho do matrimónio, o arquitecto e «cartoonista» João Abel Manta. 

Biografia retirada de NetSaber

Biografia - Almada Negreiros

Uma das figuras marcantes da geração modernista de "Orpheu".

Nasceu em São Tomé e Príncipe a 7 de Abril de 1893;
morreu em Lisboa a 15 de Junho de 1970.

Filho do tenente de cavalaria António Lobo de Almada Negreiros, administrador do concelho de S. Tomé e de Elvira Sobral, foi educado no Colégio de Campolide, dos Jesuítas, e mais tarde, devido à extinção do Colégio em 1910, e por pouco tempo, no Liceu de Coimbra.

Em 1911 ingressa na Escola Internacional de Lisboa, que tem um ensino mais moderno, e onde lhe proporcionam um espaço que lhe vai servir de oficina. e publica o primeiro desenho n'A Sátira. Em 1912 redige e ilustra integralmente o jornal manuscrito A Paródia, reproduzido a copiógrafo na Escola, expõe no I Salão dos Humoristas Portugueses, e colabora com desenhos para várias publicações.

Em 1913 realiza a primeira exposição individual, apresentando cerca de 90 desenhos na Escola Internacional, e conhece Fernando Pessoa, que escrevera uma crítica à exposição n'A Águia. Continua a colaborar como ilustrador para várias publicações, e em 1914 torna-se director artístico do semanário monárquico Papagaio Real.

No ano seguinte, escreve a novela A Engomadeira, publicada em 1917, onde aplica o interseccionismo teorizado por Fernando Pessoa, abeirando-se do surrealismo. Colabora no primeiro número da revista Orpheu, depreciado por Júlio Dantas, que afirma que não há justificação para o sucesso da revista e para a publicidade feita ao seu redor, afirmando que os autores são pessoas sem juízo. Ainda nesse ano de 1915, Almada realiza o bailado O Sonho da Rosa.

Em 21 de Outubro do mesmo ano estreia-se a peça de Júlio Dantas Soror Mariana. Almada irá reagir com a publicação do Manifesto Anti-Dantas e por Extenso,


"O Manifesto Anti-Dantas tornou-se famoso na obra de Almada Negreiros por várias razões: Primeiro porque é dirigido contra um escritor que dominava a literatura conservadora em Portugal e que mantinha o trono da dramaturgia de sucesso entre a classe dominante em Portugal. Júlio Dantas (1876-1962) é um médico, poeta, jornalista, dramaturgo e académico prestigiado entre a intelectualidade portuguesa, figura de presença variada em vários géneros literários, e uma figura controvertida. Em segundo lugar, pela violenta mordacidade e ironia com que Almada tenta desmontar o prestígio literário de Dantas. Em terceiro lugar, porque ao desmontar o prestígio literário de Dantas, Almada Negreiros está a tentar desmontar também toda a arquitectura da literatura conservadora acoplada a Dantas e que dominava Portugal na altura em que apareceu a revista Orpheu. Em quarto lugar, porque é uma peça onde aparecem ricos elementos de estudo não só do perfil do modernismo literário português, mas também da crítica literária em Portugal e sobretudo preciosos dados válidos para o estudo do género da ironia literária." (João Ferreira, Usina de Letras) (a ligação abrirá noutra janela)
O Manifesto causa algum impacto nos meios artísticos. Almada começa a corresponder-se com Sonia Delaunay, refugiada em Portugal com o marido por motivo da Guerra que assola a Europa. Publica o Manifesto da exposição de Amadeo de Souza Cardoso, com o título Primeira Descoberta de Portugal na Europa no Século XX.

Em 1917 realiza, vestido de operário, a conferência Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, e publica a novela K4 O Quadrado Azul, que inspirou o quadro homónimo de Eduardo Viana. 1918, é quase inteiramente dedicado ao bailado integrando o grupo de Helena de Castelo Melhor.

Em 1919, com o fim da Primeira Guerra Mundial, parte para Paris, onde exerce actividades de sobrevivência, e escreve Histoire du Portugal para coeur, publicada em 1922, mas regressa no ano seguinte.

Em 1921 começa a colaboração com António Ferro, que o apresenta quando Almada realiza a conferência A Invenção do Corpo, como "o imaginário na terra dos cegos", e posteriormente o convida para desenhar para a Ilustração Portuguesa. Em 1923 Almada desenhará a capa do livro de Ferro, A Arte de Bem Morrer, continuando a produzir ilustrações para revistas, cartazes para empresas e publicando peças como Pierrot e Arlequim (1924),  romances como Nome de Guerra (1925) e ensaios como A Questão dos Painéis; a história de um acaso de uma importante descoberta e do seu autor (1926).

De 1927 a 1932 vive em Espanha, e em 1934 casa com a pintora Sarah Afonso. Começa a ser solicitado regularmente para a realização de trabalhos de índole oficial, como seja um selo para a emissão comemorativa da 1.ª Exposição Colonial, um cartaz para o álbum Portugal 1934 editado pelo Secretariado da Propaganda Nacional e ilustrações para o programa das Festas da Cidade de Lisboa, e sobretudo começa os estudos para os vitrais a colocar na Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, que concluirá em 1938. Esta colaboração  com a «Política do Espírito» de António Ferro culmina em 1941, quando o S.P.N. organiza a exposição Almada - Trinta Anos de Desenho, e o convida a participar na 6.ª Exposição de Arte Moderna e na exposição Artistas Portugueses apresentada no Rio de Janeiro, no Brasil e lhe atribui, em 1942, o Prémio Columbano.

De 1943 a 1948 a sua actividade incide na realização dos frescos das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, sendo-lhe atribuído o Prémio Domingos Sequeira em 1946.

Regressa à realização de vitrais em 1951, desenhando  os da Igreja do Santo Condestável, Lisboa, e os da Capela de S. Gabriel, em Vendas Novas, e à pintura em 1954, quando pinta o Retrato de Fernando Pessoa.

A sua actividade, no final dos anos 50, incide na decoração de obras de arquitectura, como sejam:

- painéis para o Bloco (Edifício) das Águas Livres e frescos para a Escola Patrício Prazeres (1956);

- decoração das fachadas dos edifícios da Cidade Universitária (1957);

- cartões de tapeçaria para a Exposição de Lausanne, o Tribunal de Contas e o Hotel de Santa Luzia de Viana do Castelo (1958) e o Palácio da Justiça de Aveiro (1962);

Realiza as suas últimas obras em 1969 - o painel Começar no átrio da Fundação Calouste Gulbenkian, começado no ano anterior, e os frescos Verão na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.

Em 15 de Junho de 1970 morre no Hospital de São Luís dos Franceses, no mesmo quarto em que tinha morrido Fernando Pessoa.

Biografia retirada de Arqnet

Biografia - Carl Ferdinand Sohn

Pintor alemão

Nasceu em Berlim, Prússia em 10 de Dezembro de 1805;
morreu em Colónia, Prússia, em 25 de Novembro de 1867.

Estudou na Akademie der Kunste, em Berlim, e na Kunstakademie de Dusseldorf, em qualquer das duas sob a direcção de Friedrich Wilhelm von Schadow. Viajou por Itália, em 1830 e 1831, tendo adoptado como modelos as obras dos pintores venezianos Ticiano, Veronese e Palma Vecchio. Esta viagem antecedeu a sua entrada para professor da Kunstakademie de Dusseldorf. Sohn tornou-se conhecido com o quadro Rinaldo e Armida, de 1828, uma cena mostrando os amantes do poema épico do autor quinhentista italiano Torquato Tasso, Gerusalemme liberata, 

O jovem pintor impressionou os seus contemporâneos ao pintor no estilo literário e idealista de Schadow e dos seus seguidores da Escola de Dusseldorf. O quadro, de um colorido brilhante e realista mostra o talento de Sohn para descrever personagens de corpo inteiro, sensuais e graves. Mas, de facto, foi nos retratos que a reputação de Sohn se estabeleceu. Especializou-se na pintura de aristocratas, jovens e bonitas, elegantemente vestidas e em poses graciosas com um fundo neutro, tudo realizado nas brilhantes cores venezianas, como são exemploa o retrato de Elisabeth von Joukowsky, de 1873 (Dusselford, Kunstmuseum) e o da Rainha D. Estafânia, de 1860 (Lisboa, Palácio da Ajuda).

Com os quadros baseados na peça de Goethe Tasso, As Duas Leonores, de 1836 (Poznan, Museu Nacional) e Tasso e as duas Leonores, de 1839 (Dusseldorf, Kunstmuseum) o pintor voltou a usar a técnica já provada de pintar figuras voluptuosas de grande tamanho, com trajes ricos e detalhados, num ambiente lânguido e amoroso, colocadas num cenário exterior. Mas, de facto, estes temas limitavam-no, já que as composições são indefinidas, havendo falta de acção e tendo um conteúdo muito vago.

Fonte:
Jane Turner (ed.), The Dictionary of Art, Vol. 29, Nova Iorque e Londres, Grove, 1996, pág. 16.




Biografia - Dirk Stoop

Pintor e gravador holandês do séc. XVII.

Nasceu em Utreque, Províncias Unidas (Países Baixos) por volta de 1610; 
morreu na mesma cidade em 1686.

Filho do pintor de vidro Wilhelm Iansz van der Stoop, veio para Portugal em 1651 eu 1659, entrando como gravador ao serviço de D. João IV. Acompanhou a Londres a infanta D. Catarina, em 1662, quando esta princesa se casou com Carlos II de Inglaterra, tendo regressado a Utreque em 1678.

Trabalhou como pintor e realizou várias séries de gravuras a água-forte. Tendo assinado as suas obras com vários nomes próprios, pensou-se que fosse não um  artista, como parece ser o caso mais verosímil, mas uma família de artistas, já que os vários nomes com que assinou parecem não ser mais do que a tradução do seu nome em cada uma das línguas dos países onde trabalhou.

Sobre Portugal, conhecem-se-lhe uma Vista da Igreja e Convento de Belém, um retrato de D. Catarina,  sete gravuras descrevendo a ida de D. Catarina para Inglaterra, desde a saída do Palácio do Terreiro do Paço, até à chegada a Hampton Court e oito vistas de Lisboa gravadas também a água-forte.


Fontes:
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Ernesto Soares, História da Gravura Artísitica em Portugal. Os Artistas e as suas Obras, vol. II, Nova Edição, Lisboa, Livraria Samcarlos, 1971, págs. 616 a 617.

Biografia - Sara Afonso

Pintora e ilustradora portuguesa teve uma participação impar na vida artística dos anos trinta, embora se não possa dissociar a sua vida da do seu marido, José de Almada Negreiros. Sara, nasceu em Lisboa numa família burguesa, filha de um oficial do Exército e de Alexandrina Gomes Afonso. Passou a infância no Minho, que a viria a inspirar em temas populares de grande beleza e ingenuidade. Em 1924, ainda solteira, partiu sozinha para Paris, depois de ter tido lições com o pintor Columbano Bordalo Pinheiro. Paris foi uma experiência determinante, então também a cidade de Picasso e Hemingway. Ali expôs com sucesso no Salon d'Automne. Regressou a Portugal e, à sua custa, voltou para Paris entre 1928 e 1929, trabalhando no atelier de uma modista fazendo croquis de moda, gosto que lhe ficou, tendo colaboraria mais tarde com desenhos de moda para revistas portuguesas. Sara Afonso de regresso a Lisboa seria a primeira mulher a frequentar o café A Brasileira do Chiado, então exclusiva do sexo masculino. Contemporânea de Bernardo e Ofélia Marques, Carlos Botelho e outros. Era previsível que havia de casar com um pintor. Participou no primeiro Salão de Artistas Independentes em 1930. Casou aos 35 anos com José de Almada Negreiros. Sara Afonso conciliou a sua vida de mãe de família e de pintora. Fez uma exposição individual, em 1939 e participou na Exposição do Mundo Português, em 1940. Em 1944 recebeu o Prémio Sousa Cardoso. Em 1953 integrou a delegação portuguesa à Bienal de São Paulo. Não deixou de pintar até quase ao fim dos seus dias. Fez retrospectivas dos seus trabalhos em 1953, 1962, 1975 e 1980. Sara Afonso dedicou especial atenção às festas populares e às tradições portuguesas em cores doces e luminosas. Por ocasião do centenário do seu nascimento, em 1999, realizaram-se exposições comemorativas em Viana do Castelo e Porto.

Biografia - Domingos António de Sequeira

n.     10 de março de 1768.
f.      7 de março de 1837.

Ilustre e distinto artista, o pintor mais notável não só de Portugal como de toda a Europa, e talvez o maior do seu tempo. Nasceu em Belém a 10 de março de 1768; faleceu em Roma a 7 de março de 1837.  

Era filho de pais humildes, António do Espírito Santo e Rosa Maria de Lima. Foi do seu padrinho, Domingos de Sequeira Chaves, que recebeu o nome próprio, e que mais tarde adoptou o apelido. Desde muito criança manifestou uma viva inteligência e uma grande vocação artística. O pai vendo aquele talento que alvorecia tão auspicioso; desejou dar-lhe uma posição mais elevada e estudos superiores, destinando-o para médico, mas afinal, por conselho dos que admiravam a vocação tão decidida que a criança manifestava para o desenho, condescendeu em a aproveitar.

Fundando-se em 1781 uma aula régia de desenho, o futuro pintor matriculou-se, sendo um dos primeiros alunos, a 2 de dezembro do mesmo ano, figurando no respectivo livro da matricula com o nome de Domingos António do Espírito Santo, apelido de seu pai. Foi seu mestre Joaquim Manuel da Rocha, pintor medíocre, mas zeloso e muito afeiçoado aos discípulos, entre os quais se contavam os dois maiores pintores portugueses, Domingos António de Sequeira e Vieira Portuense. Estudou ali durante cinco anos, sendo por vezes premiado, passando depois à aula de pintura do professor Francisco José da Mocha, mais conhecido por Francisco de Setúbal, que também pouco o poderia guiar, porque apesar de ser pintor de grande talento, era muito leviano e pouco sabia. Alcançara, porém, grande fama, e recebia muitas encomendas, e para as satisfazer, aproveitava os discípulos para o auxiliarem. Dois anos, quando muito, seguiu Domingos António de Sequeira as lições deste professor.

O marquês de Marialva, que morava em Belém e era vizinho e apreciador do talento do jovem artista, recomendou-o à rainha D. Maria I, e obteve lhe uma pensão de 300$000 reis do régio bolsinho, para que fosse a Roma, a cidade das artes, aperfeiçoar-se, onde já se encontravam alguns artistas estudando, mandados pelo intendente de policia, Pina Manique. Constituíam estes estudantes uma Academia Portuguesa, organizada pelo modelo da Academia Francesa da vila Medicis. Quando Sequeira chegou a Roma em 1788, foi hospedar-se na casa do embaixador português, no palácio Cimarra, indo depois viver na casa dum seu amigo chamado Cometti. Nas aulas da Academia Portuguesa continuou a mostrar se aluno distintíssimo, e logo em 1789 alcançou o segundo prémio. Pouco tempo, porém, esteve seguindo o estudo oficial da Academia, e aproveitando a faculdade que era permitida aos alunos de escolherem professor, foi seguir as lições de António Cavallucci, um dos mestres da nova escola de pintura, que afastando se completamente da escola do convencionalismo, pretendia aproximar-se da natureza, não directamente ainda, mas procurando na arte antiga os seus principais modelos. Sequeira trabalhava, e trabalhou muito, e frequentes vezes sentiu o desalento invadi-lo, ao ver que tinha de refazer completamente os seus estudos para se acomodar com a disciplina severa do seu novo mestre, mas os quadros, que então pintou, revelavam um notável progresso, que o devia compensar largamente das fadigas a que tivera de sujeitar-se, porque em 1791 obteve o primeiro prémio da Academia de S. Lucas; o assunto proposto à emulação dos artistas fora o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Em 1794 era admitido como académico emérito, apresentando por esta ocasião o seu belo quadro da Degolação de S. João Baptista.

Sequeira estudou deveras, e com afinco e ardor, visitando incessantemente museus públicos e particulares, fazendo cópias do antigo, e passando as noites a estudar anatomia e adquirir outros conhecimentos indispensáveis para a sua profissão, que afinal adoeceu gravemente, sendo-lhe necessário, para se restabelecer, fazer uma viagem em que visitou Parma, Bolonha, Milão e Veneza. Voltando a Roma, já o seu talento começou a ser tão apreciado que o encarregaram de trabalhos para varias igrejas e palácios. Roma estava sendo para Sequeira a sua segunda pátria. Conhecia muito bem, não só a língua italiana, como também os dialectos romanos, e valeu-lhe isso de muito numa aventura que ia sendo para ele extremamente grave. Rebentara a revolução francesa, e os seus princípios eram pouco estimados na cidade dos papas entre a plebe fanática. O ódio aos franceses estava sendo uma das paixões mais ardentes do populacho. Uma tarde, voltando do Coliseu, foi Sequeira assaltado por um bando de populares aos gritos de: «Morra o francês!» Sequeira, sem perder o sangue frio, explicou-lhe no mais puro transteverino que não era francês, mas sim português de nascimento e romano pelo afecto Deixaram-no, mas Sequeira julgou então prudente ir residir de novo para o palácio do embaixador, porque percebeu que nessa ocasião os estrangeiros em Roma precisavam de ser protegidos pelas imunidades dos embaixadores. Mas os acontecimentos políticos que revolviam a Europa, levaram o governo português a fechar a Academia em Roma e a chamar à pátria os artistas portugueses. Sequeira obedeceu, e partiu na esperança de tornar em breve para Roma, e cheio de distinções com o diploma de académico da Academia de S. Lucas, e os de sócio das academias de Bolonha e de Florença, e tendo sido muito afectuosamente recebido pelo papa Pio VI, que lhe enviou uma relíquia de Santo António, honraria insigne não só pelo valor religioso da oferta realçada pela fineza de ser a relíquia dum santo português, mas também porque, sendo essa uma distinção que os papas faziam ás pessoas que queriam obsequiar, eram essas dadivas levadas aos agraciados por um camareiro num coche de gala, o que realmente devia ser uma honra notável para um simples artista pensionado pelo seu governo. 

Regressando a Portugal, Domingos António de Sequeira percorreu de novo a Itália do Norte, e embarcou finalmente em Génova em outubro de 1795, chegando no ano seguinte a Lisboa, depois de oito anos de ausência Foi aqui recebido admiravelmente. O príncipe D. João, regente do reino, concedeu-lhe uma pensão anual de 60 moedas e casas pagas, sem prejuízo das remunerações que houvesse de receber por cada uma das obras que executasse. Afluíram encomendas tanto da família real, conventos e particulares, como dos próprios estrangeiros amadores das belas artes, entre os quais avultava o opulento e inteligentíssimo Beckford. Mas Domingos António de Sequeira vinha habituado aos preços elevados de Roma, de forma que aquela afluência decaiu rapidamente. Todos queriam ter um quadro do eminente pintor, mas recuavam perante o exagero dos preços que ele pedia. Exagero para os costumes de Portugal, mas não para os preços que já então lá fora obtinham as obras de arte. Quando o conde de Vale de Reis encomendou dez quadros de batalhas para as suas antecâmaras, e que Sequeira lhe pediu mil moedas de ouro (4.800$000 reis), o conde ficou espantado e desistiu da sua ideia. Sequeira, que era orgulhoso, estimulou-se, quis coligar-se com os outros artistas para obter que se levantassem as cotações do mercado artístico, mas os outros, que já o invejavam, ciosos do seu grande valor, recusaram-se. 

Sequeira, que contava enriquecer rapidamente para voltar a Roma e casar com Nannina Cometti, senhora por quem estava enamorado, entristeceu. Sempre fora religioso, os dissabores agravaram-lhe a sua tendência ascética, e saiu da capital, indo ocultar o seu desanimo e desespero no ermo da serra do Buçaco, donde passou para a Cartuxa de Laveiras, estando, naquele convento como noviço, muito seriamente disposto a professar. Ali esteve desde o fim do século 18 até ao ano de 1802, pintando uns quadros todos alusivos ao estado que desejava tomar, representando episódios da vida de S. Bruno, etc. Afinal,  D. Rodrigo de Sousa Coutinho, informado da deplorável resolução de Sequeira, conseguiu arrancá-lo do convento, e intercedendo com o príncipe regente, mostrando-lhe a perda irreparável que seria para a arte portuguesa a falta de Sequeira no mundo artístico, o príncipe, por decreto de 28 de 1unho de 1802, o nomeou primeiro pintor da corte com um ordenado de 2.000$000 reis, e com obrigação de dirigir juntamente com Francisco Vieira Portuense as decorações artísticas do paço da Ajuda. 

Foi nessa ocasião que Domingos António de Sequeira deliberou fundar uma academia de desenho e pintura ligada com as obras da Ajuda, como em Mafra se fundara em tempo uma aula de escultura ligada comas obras do convento. Sequeira, contudo, parece que não tinha paciência para o ensino, porque abandonou muito a aula, como abandonou também as obras da Ajuda, cuja direcção lhe fora confiada, e que afinal. foram feitas quase todas por Taborda e Fuschini. De Sequeira havia apenas a pintura de um tecto, que desapareceu por se terem transformado as decorações da sala onde esse tecto estava, e uns quadros pintados sobre tela, que a família real levou para o Brasil, quando para ali foi em 1801, fugindo aos franceses, e por lá ficaram. Representavam episódios da vida de D. Afonso Henriques. Os directores das obras da Ajuda, Sequeira e Vieira Portuense, abandonaram ambos aquele encargo, Vieira porque teve de ir para a Madeira, onde faleceu. Sequeira, porque tinha muitas coisas em que ocupar-se, e estava granjeando avultados rendimentos. Ganhava 2.000$000 reis como primeiro pintor da corte, continuava a receber a pensão de 60 moedas anuais que lhe fora arbitrada quando regressou de Roma, e continuava a ter casas pagas; tendo sido agraciado com o hábito de Cristo, recebia a tença de 12.000 reis, que lhe andava anexa. Foi escolhido para mestre de desenho dos infantes, e cumpria-lhe exercer gratuitamente esse cargo, na sua qualidade de primeiro pintor da corte, mas dava lhe direito a ter sege montada por conta do paço, o que equivalia a um bom ordenado, finalmente foi nomeado director da aula de desenho, que a junta, da Companhia das vinhas do Alto Douro fundara no Porto, e que fora anexa à. Academia de Marinha e Comércio da mesma cidade, legar pelo qual recebia o ordenado de 600$000 reis anuais tendo apenas a obrigação de ir passar todos os anos três meses no Porto para superintender os trabalhos de que era director. 

Chegara-se ao ano de 1807, e viera a invasão francesa; Sequeira fora ao Porto no desempenho dos seus deveres de director da aula de desenho. Entretanto as obras da Ajuda eram suspensas pelo governo de Junot, por ordem de 9 de Dezembro de 1807, que mandava despedir os operários, mas a 23 do mesmo mês foi nova ordem mandando que tudo continuasse como até aí Sequeira, chegando a Lisboa em Janeiro de 1808, encontrou tudo no mesmo estado em que deixara, e naturalmente afeiçoado a estrangeiros pela sua longa residência na Itália e estranho completamente à política, relacionou-se com o conde de Forbin, grande amador das artes, e que foi depois no tempo da Restauração director das belas artes em França. Este conde, que também pintava, e pintava com certo gosto, era nesse tempo ajudante de ordens de Junot. Quis fazer uma digressão artística em Portugal, e Sequeira acompanhou-o à Batalha e a Alcobaça, onde Forbin desenhou o túmulo de D. Inês de Castro. Por intermédio de Forbin, relacionou-se com outros oficiais franceses e com o próprio Junot. Aceitou e executou encomendas para alguns deles, e não duvidou também, e está aqui a sua culpa, fazer para Junot, que lhe prometia pagar uns meses do seu ordenado que estavam em divida, o seguinte quadro: «Lisboa amparada pelo Génio das Nações e pela Religião, mas triste e melancólica, era consolada pelo vulto de Junot; a um lado. Marte simbolizando a França, fulminava Neptuno, que representava a Inglaterra.» Dizia-se que este quadro fora pintado com tintas corrosivas, para durar pouco tempo. Esta versão não parece verdadeira, porque se o fosse, não deixaria de a alegar o advogado de Sequeira na Memória Justificativa que teve de escrever em defesa do grande pintor, quando este foi processado por esse e outros factos. É certo que Sequeira não se esquivou a executar o trabalho, e pouca atenção merecem realmente as suas desculpas. Alegou que, se Junot não fosse obedecido, o castigaria com severidade. Mas sujeitou-se ao castigo. Mais lhe valia o ter estado preso durante o domínio francês por não ter querido cumprir as ordens do estrangeiro, do que estar, como obteve depois, oito meses encarcerado por não ter manifestado suficiente patriotismo. E não foi só um quadro que Sequeira pintou para glorificação dos invasores. O conde de Farrobo, possuía um esboço firmado por Sequeira, e que representava um génio pairando com um ramo de saudades numa das mãos, e com um medalhão na outra, medalhão onde se lia em letras microscópicas a legenda Duque de Abrantes. Em baixo densas nuvens, sobre as quais pousava uma águia branca de asas fechadas, abriam a cena, que representava vagamente Lisboa e a torre de Belém, onde flutuava também dum modo quase indistinto a bandeira tricolor.

Bem consciente estava das suas culpas o grande pintor, porque foi um dos primeiros que acudiram com donativos para auxilio da guerra contra os franceses cedendo tudo quanto recebia, como pensão, do régio bolsinho, que eram a esse tempo 688$00 reis, e mais um conto dos dois do ordenado que recebia como primeiro pintor da corte, mas ao mesmo tempo que se conservasse a dádiva secreta, e é por isso que não figura na lista de donativos que apareceram na Gazeta. Mostra isso que Sequeira, em primeiro lugar, quis, pelo valor da oferta, desarmar as iras do governo, e ao mesmo tempo temia que a aparição do seu nome fizesse lembrada de todos a sua transigência com o governo intruso. Não lhe valeu essa precaução. O povo revoltou-se contra ele e a regência viu-se obrigada a mandá-lo prender. Efectuaram a prisão com alguma violência, na noite de Natal de 1808 uns soldados de cavalaria. n.º 4, que o levaram para o corpo da guarda do regimento, e donde passou ao Limoeiro, até que foi solto no princípio de setembro de 1809. Se houve processo, com absolvição ou condenação, desapareceu completamente. O que parece mais provável é que os protectores de Sequeira, que os tinha muitos e poderosos, pusessem pedra em cima da questão. O que aconteceu, em todo o caso, é que Sequeira deixou a direcção das obras do paço da Ajuda, não demitido oficialmente, mas não lhe sendo permitido assumir a direcção efectiva, que foi confiada a Ângelo Fuschini. Em 1818 quiseram que ele de novo tomasse a direcção desses trabalhos, mas Domingos António de Sequeira opôs dificuldades.

Em 1814, tendo sido concluída a guerra com os franceses, foi Sequeira encarregado pela regência de desenhar e dirigir a factura da magnífica baixela de prata, com que esse governo presenteou lorde Wellington. Em 1820, quando rebentou a revolução em 24 de agosto, Sequeira mostrou-se sinceramente entusiasmado pelas novas ideias liberais então proclamadas, e parece que foi encarregado de dirigir um monumento que se projectava erigir no Rossio Em 1822 teve também a incumbência de fazer os desenhos da medalha da Sociedade da Industria Nacional. Em 1823, quando se discutia o orçamento, alguns deputados quiseram que se lhe suprimisse o ordenado de 2.000$000 reis. Defendeu-o Borges Carneiro, pondo em relevo os serviços que ele prestara à sua pátria, ilustrando-a e honrando-a no estrangeiro. Foi grande o debate que se travou, e por ele se sabe que Sequeira estivera em Inglaterra, provavelmente quando se tratou da baixela para lorde Wellington, e que a esse tempo a imperatriz da Rússia lhe oferecera 16.000$000 reis para ele ir trabalhar para os seus domínios, o que Sequeira rejeitara. Apesar de todos estes louvores, as cortes sempre lhe foram cerceando os vencimentos, suprimindo lhe a pensão de 400$000, e reduzindo-lhe o ordenado a 1.600$000 reis.

No entretanto, quando veio a reacção desse ano de 1823, Sequeira, lembrando-se da sua prisão em 1808, quis por força sair de Portugal. Debalde o marquês de Palmela, que fazia parte do novo governo, instou com ele para que não saísse do reino, assegurando-lhe que nada tinha a recear, Sequeira insistiu, e então o marquês de Palmela lhe foi levar pessoalmente a casa os seus passaportes. A 7 de setembro de 1823 partiu para Paris, onde chegou a 20 de outubro. Ali privado dos recursos que lhe dava na pátria a sua posição oficial, trabalhou incansavelmente, e fez alguns dos seus mais belos quadros, entre eles o da Morte de Camões, que inspirou a Garrett o seu imortal poema, e que ele ofereceu a D. Pedro, nesse tempo imperador do Brasil, que o agraciou com o habito da ordem do Cruzeiro. Sequeira demorou-se em Paris até 15 de setembro de 1826, dirigindo se nesse ano para Roma, onde chegou a 1 de novembro. Os dez anos e meio que passou naquela cidade das artes, foram os últimos da sua vida, e por ventura os mais bem aproveitados no estudo, e os mais gloriosos para o distinto artista. Além de muitos desenhos e retratos, que lhe eram pedidos com instancia, executou em Roma não menos de catorze quadros, que em seguida mencionamos, dos quais os quatro últimos, que só de por si faziam a reputação de qualquer pintor, elevaram Sequeira no conceito e estimação dos entendidos à categoria de um talento de primeira ordem. 

Eis a nota dos catorze quadros citados: O Baptismo do Salvador e a Crucificação do Cristo pertencentes ao duque de Braciano; A Fé, propriedade da grã-duquesa Helena, existente em S. Petersburgo; A Santa Verónica, encomendado para um convento de Roma; O Caminho da Cruz, que está na igreja da Paz em Roma; A Sacra Família; A Virgem; O Anjo Rafael e Tobias pai e filho; Santo António pregando aos peixinhos e O Salvador, que pertencem ao cavalheiro Miguéis; O Calvário executado em Castelo Gandolfo, no curto espaço de três meses, no Verão de 1827, A Adoração dos Magos, igualmente executado em três meses e durante o verão de 1828; A Ascensão e o Juízo Universal, foram começados e pintados, quando o grande artista já se achava gravemente enfermo da doença que o vitimou. 

Além das composições que apontamos, consta que na quinta das Aguas Férreas, no Porto, existe um esboceto representando Cristo sobre os joelhos da Virgem e de Santa Maria Madalena; na galeria da casa dos duques de Palmela, além dos quatro quadros: O Calvário, A Adoração dos Magos, A Ascensão e O Juízo Universal, que foram comprados em Roma pelo primeiro duque de Palmela em 1845, há mais duas belas compilaçõezinhas de Sequeira. representando uma Susana saindo do banho, a outra Loth deitado, e nu até à cintura com duas filhas ao lado. Nas Academias das Belas Artes de Lisboa e do Porto, na casa do antigo conde do Farrobo, na da condessa de Anadia, e outras muitas, existem, ou existiram, obras de Domingos António de Sequeira. O conde de A. Raczynski, o distinto diplomata e grande amador das artes, dedica um longo artigo elogioso ao notável pintor português no seu Dictionnaire Historico Artistique du Portugal.

Informação retirada daqui

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domingo, 9 de dezembro de 2018

Biografia - Nicolas Poussin

Pintor francês, principal autor clássico do período Barroco, trabalhou quase exclusivamente em Roma.

Nasceu em Les Andelys, Normandia, França, em Junho de 1594;
morreu em Roma em 19 de Novembro de 1665.

Nascido numa aldeia do vale do Sena, no Norte de França, era filho de lavradores. Educado localmente foi com a visita do pintor Quentin Varin (1570-1634) à sua vila, em 1612, que o seu interesse pela arte foi despertado. Decidido a ser pintor foi estudar para Rouen e mais tarde para Paris. Não tendo encontrado professores de qualidade, devido à sua pobreza e ignorância, estudou com pintores de pouca qualidade. Devido às dificuldades regressou à casa paterna, doente e humilhado.

Voltou a Paris um ano depois, mas com outro objectivo, o de ir para Roma estudar, já que a cidade era a capital do mundo artístico. Com a ajuda de Giambattista Marino, poeta da corte de Maria de Médicis, conseguiu alcançar o seu objectivo em 1624.

O poeta encomendou a Poussin uma série de desenhos para ilustrarem as Metamorfoses de Ovídio. Entretanto Poussin ia tentando os vários estilos de pintura utilizados pelos artistas de Roma. A sua principal obra nesta época foi uma obra para um altar da Basílica de S. Pedro, O Martírio de Santo Erasmo, realizada em 1629. A obra não foi bem acolhida pela comunidade artística, o que levou Nicolas Poussin a virar-se para temas da mitologia clássica e de Torquato Tasso, sendo influenciado pelo pintor veneziano Ticiano. Até 1640, ano em que volta a França por um curto espaço de tempo, o artista aproxima-se deliberadamente do modelo de Rafael e da antiguidade romana, começando a criar o classicismo que marcará todo o resto da sua obra.

O seu trabalho em Roma atraiu a atenção da corte francesa, e o cardeal de Richelieu, ministro de Luís XIII, convenceu Poussin a regressar a França. As obras encomendadas não tinham a ver com as suas qualificações, e o que realizou não foi bem recebido, o que o obrigou a deixar Paris em 1642, regressando a Roma.

As suas obras dos anos 40 e 50 tratam de momentos de crises ou de difícil escolha moral, e os seus heróis são aqueles que rejeitam o vício e os prazer, pela virtude e pela razão. As suas paisagens mostra que a natureza desordenada submetida à ordem geométrica, sendo que as árvores se tornam quase suportes arquitectónicos.

No início da década de 60 do século, a saúde Nicolas Poussin degradou-se tendo vindo a morrer em 1665.

Fonte:
Jane Turner (ed.), The Grove Dictionary of Art

Biografia - Dante Gabriel Rossetti

Nasceu em Londres, Inglaterra, em 12 de Maio de 1828, e 
morreu em Birchington-on-Sea, no Kent, Inglaterra, em 9 de Abril de 1882.

Filho de Gabriel Rossetti, um controverso estudioso italiano da obra de Dante, exilado político em Londres, e de Frances Polidori, também de origem italiana, era o segundo de quatro irmãos, sendo o seu nome  original Gabriel Charles Dante Rossetti. A irmã mais velha tornou-se uma freira anglicana, tendo publicado um estudo sobre Dante; o irmão William tornou-se o historiador e arquivista do movimento Pré-Rafaelita, tendo editado os poemas do irmão; a irmã mais nova, Cristina, foi uma poeta (ou poetisa) tão famosa como o irmão.

Começou a estudar na escola secundária do King's College de Londres, de 1836 a 1841, passando por uma escola de desenho antiquada, e acabando na escola de antiguidades da Royal Academy britânica em 1845. Nessa época descobriu o pintor e poeta do século XVIII William Blake, crítico feroz do academismo na pessoa do seu contemporâneo Joshua Reynolds. Gabriel Rossetti, seguindo o seu modelo, decidiu-se a atacar a trivialidade da pintura vitoriana, sobretudo a obra de Edwin Landseer.

Discípulo de Ford Madox Brown, entrou em contacto com os «Pré-Rafaelitas» alemães, o nome por que eram conhecidos os «Nazarenos», um grupo de pintores que criaram em Viena, em 1809, uma cooperativa chamada Irmandade de São Lucas, que mais tarde foi viver para Roma. Estes criadores usavam pinturas medievais italianas e alemãs como modelos para as suas obras, tentando um regresso à pureza de estilo e de objectivos da arte anterior ao Renascimento.

Tendo como pano de fundo os grandes movimentos revolucionários de 1848, foi devido aos esforços de Rossetti que se criou nesse ano em Inglaterra a Irmandade dos Pré-Rafaelitas, formada por sete membros todos eles antigos estudantes da Royal Academy, tirando o seu irmão mais novo. O objectivo de Rossetti era vasto, dando como objectivos à Irmandade a poesia e o idealismo social, para além da pintura, que via como devendo romantizar o passado medieval, e tinha como base a obra do crítico de arte John Ruskin, Modern Painters, publicada a partir de 1843.

Foi o que mostrou nos seus quadros «A Infância de Maria», de 1848, e na «Anunciação», de 1850, de estilo simples mas de grande simbolismo. Obras que se relacionavam com o seu poema «The Blessed Damozel» publicado no 1.º número da revista pré-rafaelita «The Germ», que tinha como subtítulo «Pensamentos sobre a Natureza na Poesia, Literatura e Arte». A crítica, que Rossetti nunca aceitou bem, não lhe foi favorável e o pintor refugiou-se na aguarela, passando a ilustrar as obras de Shakespeare, Dante e Browning, o grande poeta da época vitoriana. 

Em 1854, numa época em que o grupo se começava a dissolver, Rossetti ganhou um poderoso e exigente patrono em Ruskin, o seu mentor original, o que lhe granjeou uma nova vaga de admiração, atraindo ao grupo os estudantes de Oxford, Edward Burne-Jones e William Morris, com os quais iniciou a segunda fase do movimento Pré-Rafaelita. O grupo dedicou-se, a partir de 1856 e com base nas obras de Thomas Malory, Morte Darthur, e de Tennyson, Idylls of the King, a recriar a época do rei Artur. Ligado a este entusiasmo romântico pelo passado lendário, que divergia substancialmente do ideal inicial de um realismo de acordo com a natureza, estava a vontade de reformar as artes decorativas. O novo grupo publicou o The Oxford and Cambridge Magazine para divulgar as suas posições

O contrato para a realização de um tríptico para a catedral de Llandaff, em Cardiff no País de Gales, pintado a partir de 1858, levou-o a aceitar decorar o salão de debates do edifício da Oxford Union, a associação de estudantes da Universidade de Oxford, criada para ser um local de debate livre, fora da organização constrangedora dos Colégios universitários. A tarefa, conhecida pela «Campanha Alegre» (Jovial Campaign) acabou em desastre devido à ignorância das técnicas de pintura moral, mas mostrou ao grupo que os seus ideais se podiam alargar às artes oficinais.

Em 1860 Gabriel Rossetti casou com Elizabeth Siddal, que tendo começado a posar para toda a Irmandade, acabou por se tornar seu modelo exclusivo. O casamento acabou em tragédia, em 1862, quando Siddal ingeriu uma dose excessiva e fatal de láudano - um medicamento à base de ópio. No caixão da mulher Rossetti colocou, num gesto romântico e insensato, toda a sua obra poética.

Após a morte da mulher Rossetti mudou não só de zona residencial, mudando-se das áreas ribeirinhas de Londres para a mais aristocrática zona de Chelsea, como de estilo, que se tornou mais sensual e estilizado. Os temas literários foram abandonados pelos retratos a óleo de belezas mundanas. A nova fase, de que «The Blessed Damozel», pintado entre 1871 e 1879, é um dos mais perfeitos exemplos, tornou-o muito popular entre os coleccionadores, tornando-o um homem abastado.

Mas a publicação em 1870 dos seus poemas, recuperados anteriormente pela exumação da mulher, bem recebidos de início, provocaram um violento ataque do crítico literário Robert Buchanan, acusando a poesia de Rossetti de indecente, o que juntos aos remorsos, ao álcool e ao cloral, ingerido para debelar as persistentes insónias, terá provocado o colapso de Rossetti em 1872.

Dante Gabriel recuperou a saúde, retomando a pintura e a escrita de poesia, mas ficou muito debilitado, tendo passando, até 1874, bastante tempo em Oxford, tendo ao lado Jane Morris, mulher de William.

Até à sua morte, no Domingo de Páscoa de 1882, Rossetti publicou uma edição muito revista e alrgada dos seus poemas, assim como um livro com baladas e sonetos, ambos publicados em 1881.

Fonte:
Enciclopédia Britânica