quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Biografia - Samuel Cooper



Um dos melhores pintores ingleses de miniaturas Nasceu em Londres,  em 1609, e morreu na mesma cidade em 5 de Maio de 1672.

Sobrinho de John Hoskins, célebre pintor de miniaturas no reinado de Carlos I, foi educado pelo tio, conjuntamente com o o seu irmão Alexandre, na mesma arte. Rapidamente ultrapassou em técnica o seu mentor, o que terá provocado no tio algum ciúme. Segundo Horace Walpole o «mérito de Cooper deviam muito às obras de Van Dyck, mas podia ser visto independentemente já que tinha sido o primeiro a utilizar a pintura a óleo nas miniaturas». Os seus bustos, pintados em velino sobre cartão, são excelentes na diversidade dos tons e no tratamento do cabelo, mas o desenho do pescoço e dos ombros é muitas vezes  incorrecto, que faz pensar que é por isso que deixou por finalizar muitas obras.

Por volta de 1640, e durante muito tempo, viveu e trabalhou na Rua Henrietta, em Convent Garden, na época uma zona muito na moda, sendo referido por Samuel Pepys, o célebre escritor do diário, que era seu amigo e frequentador, como o pintor, do Café de Convent Garden. A mulher deste posou para Cooper, tendo-lhe também comprado uma miniatura de Oliver Cromwell, o Lord Protector de Inglaterra durante a República. Após a Restauração, continuou a ser solicitado. Evelyn, o outro célebre diarista da época, refere-se a ele em 1662 a desenhar a face de Carlos II para as novas moedas a cunhar. A partir de 1663 receberá uma pensão anual do rei.

Visitou a França, onde permaneceu durante algum tempo, tendo pintado retratos numa escala maior do que a habitual. Algum tempo depois passou à Holanda. Morreu em Londres, tendo sido enterrado na velha igreja de Saint Pancreas. A sua mulher, cunhada do poeta Alexander Pope, recebeu uma pensão da corte francesa.

Pintou várias vezes Cromwell, e membros da sua família, assim como membros da corte restaurada inglesa, como o rei Carlos II, a rainha D. Catarina de Bragança, o futuro Jaime II e o príncipe Rupert. 


Fonte:
The Dictionary of National Biography, founded in 1882 by George Smith
Oxford, Oxford University Press, 1998;
Encyclopedia Britannica, edição de 1911 e na Internet.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Biografia - Paula Modersohn-Becker


Quando há uns anos a célebre actriz de cinema Demi Moore, casada então com, o não menos célebre, actor Bruce Willis, apareceu na capa da revista "Vanity Fair", nua e grávida, fotografada de lado de modo a mostrar o peito e a barriga no fim da gestação, choveram críticas negativas em muitas revistas e jornais dos Estados Unidos e nos meios mais con- servadores do mundo inteiro. Com esse gesto, ela quis combater o "tabu" da nudez aliada à gravidez e, por ser bonita e famosa, mexeu com os preconceitos sociais de muitos. Mas esta atitude de Demi Moore não foi original. Há sensivelmente um século a pintora alemã Paula Modersohn-Becker pintou diversos auto-retratos não só nua como nua e grávida ostentando orgulhosamente uma barriga de futura mãe, o que não era nada vulgar no seu tempo. Só que a pintura tinha um circuito restrito (não havia ainda Internet) e não consta que os seus nus tivessem escandalizado alguém. 
            Paula Becker nasceu numa família da alta burguesia alemã, em Dresden, em Fevereiro de 1876, terceira filha de uma irmandade de sete ir mãos. A mãe era de família aristocrática (os Bützings Löwen) e o pai nascido, em Odessa, na então Rússia, oriundo de uma família de intelectuais, cujo pai era por sua vez professor universitário. Foi esse ambiente artístico e culto que rodeou a infância de Paula Becker, que começou a mostrar, aos quatro anos, uma precoce tendência para o desenho. 
            Aos 12 anos a família passou a residir em Bremen e, aos 16, Paula Becker teve as primeiras lições de desenho com o mestre Wiegandt. Depois parte para Londres, hospedando-se em casa de uma tia, e aí frequenta, durante vários meses, a Escola de Artes. Paula percorre galerias, quer aprender muito, quer saber tudo o que se passa no meio artístico. Aos 20 anos instala-se em Berlim, em casa de um tio, e vai estudar na Escola Feminina de Artes. Não é por acaso que Berlim tem um, dos apenas dois (ou três) museus mundiais, onde as obras de mulheres estão juntas, o que facilita um estudo para os investigadores e apreciadores de arte. 
            Nesta fase da sua aprendizagem, Paula Becker sente-se fascinada com os pintores flamengos, que vê em museus, em especial Holbein e Rembrandt. Sempre na ânsia de aprender mais e mais, tem lições de retrato e paisagem. 
            A pintura que nos legou é extensa e profundamente vivida e interiorizada. Deixou cerca de 400 quadros e mais de 1000 esboços e estudos. Depois do tema maternidade, aleitamento e mãe com filho o retrato ocupa um lugar de destaque, bem como os auto retratos. Outro tema da sua preferência foram as meninas. Em segundo plano das suas preferências podemos agrupar as naturezas-mortas e paisagens. Ela foi, sem dúvida, uma das pintoras que privilegiou a mulher, como tema. 
            Em 1897, Paula Becker conheceu o pintor de paisagens Otto Modershon, que foi um dos funda dores, em 1889, com Fritz Mackersen e Hans am Ende, da colónia de artistas de Worpswede, perto de Berlim, numa povoação verdadeiramente campesina, para poderem sentir e pintar a Natureza, fugindo ao academismo e à pintora burguesa. O grupo de pintores e pintoras estava integrado na vida dos aldeões, com a sua religiosidade, trabalho e costumes. Aqui viveu Paula por alguns períodos da sua curta vida e isso é patente em várias telas e desenhos a carvão. 
            Paula pintava crianças, camponesas, jovens meninas, mulheres idosas, alguns velhos (os homens mais novos passavam o dia a trabalhar no cultivo das terras), paisagens e naturezas mortas. 
            A sua primeira exposição foi nesse ano de 1897, mas Paula Becker continuava na procura de algo mais e decidiu visitar museus em Viena, na Escandinávia e também na Suíça.Entretanto, os pais, conscientes de que a carreira de pintora era extremamente difícil para uma mulher (Paula tirara um curso de educadora entre 1893-95), sugerem-lhe que vá para governanta mas ela recusa liminarmente. Conhece, em 1898, a escultora Clara Westhoff e o grande poeta austríaco Rainer Maria Rilke e essa amizade irá perdurar para sempre. Rilke (1875-1926) teve grande influência sobre a maneira de encarar a vida de Paula Becker. Era, como muitos intelectuais da época, um homem preocupado com a morte, a pobreza e o misticismo. Ele próprio foi esporadicamente secretário de Rodin que, por sua vez inspira ao poeta novas formas de poesia. A concepção decadentista da vida, muito comum na época, fazem-no questionar o homem sem Deus e chega à conclusão de que só a criação poética o redime. Foi Rilke quem traduziu, em 1913, as célebres cartas da freira portuguesa Soror Mariana Alcoforado, mundialmente conhecida. 
            Paula expõe pela segunda vez em Bremen, em 1899. Faltava ainda uma etapa importante na sua vida - conhecer Paris capital da arte nessa época, onde afluíam pintores de todo o mundo. Ali chega no ano de 1900 e fica, fascinada. Passa horas no Louvre, percorrendo as imensas salas, deixando-se impressionar pór tudo o que vê. Milet, o pintor de temas populares e campesinos marcou-a muito. Paula arranja um pequeno estúdio onde pinta e tem como amigos Clara Westhoff - que tinha lições de escultura, com o mestre dos mestres de então - Rodin, O poeta Reiner Maria Rilker e Clara casaram em 1901, no mesmo ano em que Paula casou com Otto Modersohn (que enviuvara pouco antes). A pintora passa a assinar com o nome de Modetsohn-Becker e aproveita a viagem de núpcias para visitar diversas cidades com museus, entre outras, Munique e Praga. Sabe-se que foi um casamento de amor, e Otto apreciava muito a pintura da mulher. Isso é patente na sua frase, escrita, em 1903: "Ela é uma genuína artista, como há poucas no mundo, ela é muito rara. Ninguém a conhece, ninguém a estima. Um dia tudo isso mudará". E mudou, porque a cidade de Bremen dedicou-lhe um museu e as suas telas estão espalhadas por diversos museus do mundo. A sua sensibilidade e modernidade ali está para a posteridadeidade. 
            Paula trabalhava muitíssimo sobre cada tema e procurava ser inovadora. No seu diário conta como a tinha impressionado, numa das estadias em Paris, a pintura de Cézanne, Van Gogh e Gauguin. A sua pintura é muito e ecléctica, pois passa por várias experiências. O seu traço e o uso de cores quentes nas figuras, primordial- mente femininas, têm sempre um ar sereno e são .de grande força e beleza. O auto-retrato pin-tado em 1906 a que deu o título de "Auto-retrato com colar de âmbar" é dos mais divulgados, nos livros de pintura, e tem nítidas influências de Gauguin. Mas ela é mais autêntica e original, quanto a mim, na tela "Mãe com filho reclinados". Paula Modersohn-Becker nunca enjeitou as influências que sentiu. Os críticos de arte reconheceram-lhe o pioneirismo na arte moderna. Foi talvez a primeira pintora alemã a assimilar as correntes pós-modernistas. Embora inovadora, integra-se na corrente de pintura e escultura das suas contemporâneas, hoje também famosas, como a escultora e amiga Clara Westroff (já referida), Maria Bock e Ottilie Reylander-Bôhme, entre outras. Todas elas tinham o seu estúdio pessoal, onde pintavam sozinhas. 
            Em Paris, Paula Mendershon-Becker frequentou as duas escolas de pintura mais cotadas do tempo - a Academia de Cola Rossi e a Academia ]ulian. A "cidade-luz" foi muitas vezes o seu refúgio. Ali, onde passava períodos acompanhada da irmã Rema (que frequentava um curso de línguas), pintava dias e dias a fio. Ao contrário do que era vulgar, Paula Mendershon-Becker só saía para se encontrar com o casal Clara e Rilke, ir a museus ou a estúdios de artistas consagrados e esteve, como não podia deixar de ser no célebre "Salão dos-Independentes". Não fez vida boémia. O marido ficava na Alemanha e às vezes, com saudades, insistia para que regressasse a casa, mas ela só regressava quando tinha completado mais uma etapa da sua pintura. 
            Embora vivendo para a pintura, Paula não se alheava dos problemas sociais que a rodeavam. Sabia que as mulheres da viragem do século e início do século XX estavam a dar grandes pas- sos no sentido dos direitos cívicos (direito ao voto) e várias mulheres socialistas, encabeçadas por Clara Zetkin, viriam a tomar atitudes para essa emancipação. Porém, a pintora alemã não pôde assistir às conquistas mais significativas. Foi no ano da sua morte, no Congresso Socialis ta em Estugarda, que Clara Zetkin e Rosa Luxemburgo tiveram um papel fulcral na mudança de perspectiva do que deveria ser o papel das mu- lheres em todas as áreas da sociedade. 
            Numa antevisão, e porque desejou ser mãe, PauIa Mendershon-Becker, para sentir a maternidade "por dentro", pintou, em 1906, um auto-retrato grávida, mas só ficou à espera de bebé no ano de 1907. A filha, Matilde, nasceu no dia 2 de Novembro desse ano e o coração de Paula Mendershon-Becke parou de bater, devido a um ataque cardíaco, no dia 21 do mesmo mês. 
            Em 1900, como que numa premonição, escrevera no seu diário: "Sei que não viverei muito tem po. Mas porque é que isso há-de ser uma tristeza? Será que uma festa é mais bela por durar mais tempo? As minhas percepções são cada vez mais agudas - é como se tivessem que abarcar tudo nos poucos anos que me serão concedidos..."

Informação retirada daqui

Biografia - Goya

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Biografia - Antonio Gaudí

Biografia - Fogassa


Paranaense, veio para São Paulo em 1973, onde frequentou cursos técnicos de desenho e arquitetura. Autodidata nas artes plásticas, este empresário (dono de empresa de execução de maquetes) trabalha o mármore com sensibilidade e expressão.

Informação retirada daqui

Biografia - Jean-Baptiste Debret



Pintor e desenhador francês que viveu no Brasil de 1816 a 1831.

Nasceu em Paris, em 18 de Abril de 1768; 
morreu na mesma cidade em 11 de Junho de 1848.

Estudou na Academia de Belas Artes de Paris, tendo sido discípulo de Jacques-Louis David. Continuou os estudos na Escola de Pontes e Estradas concluindo-os na Escola Politécnica.

Estreou-se no Salão de 1798 com um quadro com figuras em tamanho natural, com o título «O General Messénio Atistómeno liberto por uma rapariga», que lhe valeu a conquista do segundo prémio. Devido a este sucesso foi encarregue de trabalhos de ornamentação em edifícios públicos e de particulares. 

Integrou a Missão Artística Francesa ao Brasil, solicitada por D. João VI, organizada pelo marquês de Marialva, e dirigida por Debreton que chegou ao Rio de Janeiro em Março de 1816. No Brasil se manteve até  1831, pintando e desenhando todos os grandes momentos que levaram à independência do Brasil, assim como os primeiros anos do governo do imperador D. Pedro I.

No Brasil pintou o retrato de D. João VI, de tamanho natural e com trajes majestáticos, assim como de outros membros da família real. Pintou também o desembarque da arquiduquesa Leopoldina, mulher de D. Pedro, e primeira imperatriz do Brasil. 

Tendo recebido um atelier no novo edifício da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, para aí poder pintar numa grande tela a coroação imperial, ocorrida em Dezembro de 1822, reuniu oito discípulos a quem deu aulas de pintura. Desde 1820 que estava nomeado professor de pintura histórica da Academia de Belas Artes, instituição que só em 1826 começou a sua actividade. Em 1829 organizou a primeira exposição artística do Brasil, ao apresentar os trabalhos dos seus discípulos. O sucesso do acontecimento valeu-lhe ser nomeado oficial da Ordem de Cristo.

Tendo regressado a França em 1831, sendo desde 1830 membro correspondente da Academia das belas Artes do Instituto de França, publicou a partir de 1834 até 1839 uma numerosa série de gravuras na obra em 3 volumes intitulada Voyage pitoresque et historique au Brésil, ou Séjour d'un artiste français au Brésil (Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, ou Estadia dum artista francês no Brasil).

Informação retirada daqui

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Biografia - Pablo Picasso

Biografia - O'Keefe


Pintora norte-americana, nascida no Wisconsin, estudou pintura em Chicago e Nova Iorque. Enquadrada na pintura modernista tem telas onde pinta os sedutores arranha-céus que nos finais do séc. XIX encantaram também outras pintoras como Tamara de Lempika. Em 1916 conheceu o fotógrafo Alfred Stieglitz . Casariam em 1924 e Georgia começou por expor no seu atelier de Nova Iorque. As suas telas de paisagens e flores foram muito apreciadas a partir de 1928. As flores chamadas, em português, jarros são de enorme sensualidade e beleza. Georgia é muito justamente considerada uma das pintoras norte-americanas de maior sucesso do séc. XX.

Informação retirada daqui

Postal Antigo - Reprodução de Arte - Carroça - Ribatejo - Aguarela 0,32x0,27 - 1985 - Paulo Ossião


EFA - STC - Link - Nutrição - Sociedade, Tecnologia e Ciência


Aqui ficam alguns links para sites interessantes

Saúde e alimentação

A nova roda dos alimentos

Dieta Mediterrânica


Inconvenientes do "Fast-Food"

Higiene e segurança alimentar

Sabe para que função desempenha cada tipo de nutrientes no nosso organismo?
Experimente jogar!...

EFA - STC - NG3 - DR1 - Ficha de Trabalho nº3 - Evolução da Alimentação - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG3 - DR1 - Ficha de Trabalho nº4 - Equipamentos domésticos - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG3 - DR1 - Ficha de Trabalho nº5 - Saúde - Comportamentos e Instituições - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG2 - DR3 - Ficha de Trabalho nº1 - Sistemas Ambientais - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG3 - DR1 - Ficha de Trabalho nº2 - Evolução da Alimentação - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Dispersão e Filopatria - estratégias para a distribuição de aves e mamíferos

Os etólogos repararam numa curiosa tendência: chegada a altura de abandonar o local onde nasceram, entre as aves geralmente dispersam-se as fêmeas, mas nos mamíferos são mais frequentemente os machos que abandonam o território natal.

Muitos animais vivem em comunidade, formando grupos sociais, compostos por elementos da mesma espécie: bandos, alcateias, cardumes, etc. Há também animais que vivem isolados. Mas até estes têm necessidade de se juntar para se reproduzirem, nem que seja apenas no acto do acasalamento. Além disso, mães e crias formam grupos, mais ou menos temporários, conforme as espécies. A fêmea de Urso-pardo passa cerca de três anos com a cria. Por outro lado, algumas espécies de aves são nidífugas, isto é, assim que nascem abandonam o ninho, o que não quer dizer que os pais, ou pelo menos um deles, não acompanhem a prole. No fundo, todos os animais têm a necessidade de, pelo menos em algum momento, partilhar o espaço com outros animais da mesma espécie.

Qualquer grupo obedece a regras internas, normalmente definidoras de hierarquia social, mantendo assim o equilíbrio dos laços existentes. São inúmeros os comportamentos sociais das diversas espécies que os etólogos tentam registar e compreender. O facto de os animais poderem viver isolados ou em comunidade, poderá estar ligado a factores derivados da pressão competitiva: em grupo aumenta a pressão por alimento, por parceiro sexual ou pelo local de reprodução. O risco de contágio por doença aumenta também, além de que vários animais juntos são mais facilmente detectáveis pelos predadores, do que quando se encontram isolados. Mas viver em comunidade também aumenta o número de olhos, narizes e orelhas alerta para o perigo. Entre os predadores, a cooperação conjunta torna mais fácil a caçada, além de poder proporcionar a captura de presas muito maiores do que seria possível obter isoladamente. Existem também casos de cooperação na criação da prole, com as evidentes vantagens de tal facto.

Os jovens adultos, dependendo de vários factores, podem ficar no grupo familiar ou partir para formarem a sua própria família ou para viverem isoladamente. O habitat, a distribuição de alimento, o sistema de acasalamento e os riscos de endogamia, parecem determinar, em grande medida, o nível de dispersão dos jovens animais em relação ao seu local de nascimento. Dependendo da espécie, os factores que mais influenciam a dispersão variam, e dentro de cada espécie, pode também haver diferentes formas de dispersão.

Quando os jovens ficam na sua área natal, partilhando o território com os progenitores, falamos em filopatria natal. Esta estratégia tem vantagens e custos. O grau de parentesco entre os elementos do grupo aumento o risco de endogamia, com a consequente redução de variabilidade genética, o que é uma evidente desvantagem evolutiva. No entanto, a consanguinidade pode favorecer a “selecção” de genes que determinem uma boa adaptação a um determinado habitat.

Entre outros custos da vida em grupo, podemos referir o aumento da densidade populacional, que fará subir a competição por recursos e parceiros sexuais, bem como por abrigos ou locais de reprodução.

Segundo algumas teorias sociobiológicas, porém, a vida em sociedade leva à redução da agressividade entre os membros e ao aumento dos comportamentos altruístas. Outra vantagem da vida social dos animais é a de um melhor conhecimento do local onde o grupo habita.

A dispersão tem, também, custos e benefícios. Se, por um lado, evitam assim a consanguinidade, por outro, dispendem muita energia deambulando à procura de novos territórios, além de que não conhecem as novas áreas para onde se deslocam. Podem ainda encontrar muita resistência e agressividade por parte de indivíduos que habitem territórios por onde passem ou para onde se desloquem.

Portanto, a dispersão e a filopatria têm, cada qual, os seus custos e benefícios. Uma solução de compromisso, que adoptasse comportamentos de dispersão e de filopatria poderia ser uma boa estratégia. Foi o que fizeram muitas espécies, especialmente entre as aves e os mamíferos. Em geral, dá-se uma diferenciação por sexos: enquanto os elementos de um dos sexos ficam no local de nascimento, os do outro sexo partem. Assim, evitam os problemas de endogamia, e os membros que permancem, desfrutam das vantagens da filopatria.

Curiosamente, parece haver uma tendência para que, nas aves, se dispersem as fêmeas, enquanto nos mamíferos são os machos que maioritariamente se dispersam. Alguns etólogos têm tentado explicar esta tendência que, reafirme-se, é uma tendência, com excepções.

Um dos etólogos que se debruçou sobre o assunto, Paul Greenwood, publicou um artigo em 1980, onde explana duas hipóteses para explicar o comportamento de aves e mamíferos quanto à dispersão. Começando por admitir que uma separação comportamental entre sexos, um deles ficando no local onde nasceu o outro partindo para novas paragens, traria evidentes vantagens para a espécie, e acrescenta uma explicação para as diferenças entre aves e mamíferos. Essa diferença, segundo Greenwood, baseia-se no modo diverso como os machos de aves e de mamíferos competem por parceiras. Os mamíferos são maioritariamente poligínicos, isto é, cada macho defende um grupo de fêmeas, competindo com outros machos pelas parceiras. Os machos jovens e os subordinados, impedidos de chegar às fêmeas, aumentam as suas possibilidades de acasalamento quando se dispersam. As fêmeas, normalmente, vivem em grupos matralineares (compostos por mães, filhas e netas), beneficiando das vantagens daí decorrentes. Assim, os machos são “forçados” a dispersarem-se para evitar os problemas de uma elevada taxa de consanguinidade.

Por outro lado, as aves são maioritariamente monogâmicas. Os machos, em vez de competirem directamente pelas fêmeas, competem por locais com bons recursos (em alimentação e em locais de nidificação), locais esses que atrairão as potenciais companheiras. O conhecimento do local será, então, mais importante para os machos do que para as fêmeas. Estas, dispersando-se evitam os problemas genéticos da endogamia e escolhem os territórios com melhores recursos.

Mas estas hipóteses, funcionando bem na generalidade, têm muitas excepções, como no caso dos mamíferos territoriais, em que seria de esperar que se verificasse a hipótese dos machos teritoriais das aves, e que ocorresse a dispersão das fêmeas. Tal não acontece na maioria dos casos.

Surgiram então mais hipóteses para explicar as diferenças entre sexos na dispersão. Primeiro, em 1989, em relação aos mamíferos, por Clutton-Brock, e depois expandido às aves, por Wolff e Plissner, em 1998. Em ambos os casos, os autores partem do princípio de que a filopatria é preferencial à dispersão. E que o primeiro sexo a ter oportunidade de se reproduzir será o que escolherá ficar no território, enquanto o outro sexo irá dispersar-se. Uma vez que as fêmeas dos mamíferos amamentam e cuidam das suas crias, os machos, geralmente, não apresentam cuidados parentais. Daqui resulta que os machos estão livres para vaguear para longe. Quando a sua descendência feminina alcança a idade de reprodução, muito provavelmente, o pai não estará presente, permitindo às filhas não terem de se ausentar para evitar a consanguinidade. Se o macho reprodutor estiver presente quando as suas filhas atingem a idade reprodutora, são estas que se dispersam.

Uma outra hipótese, sustentada por Stephen Dobson em 1982, afirma que nos mamíferos poligínicos, a competição por parceiros sexuais é maior nos machos do que nas fêmeas, daí serem os machos a dispersarem-se. Por outro lado, nos mamíferos monogâmicos, os níveis de competição por parceiros sexuais serão mais equivalentes, pelo que a dispersão entre sexos tenderá a efectuar-se em proporções equivalentes. Os dados parecem corroborar esta hipótese. Mas também aqui existem lacunas: como explicar, então, por exemplo, o comportamento das fêmeas nas espécies de aves monogâmicas, em que, maioritariamente, são estas a dispersar-se?

Em 1985, surge uma terceira hipótese, desenvolvida por Olof Liberg e Torbjörn von Schantz, apelidada de Hipótese de Édipo. Aqui, os autores colocam a enfase nos reprodutores e não nos jovens adultos, como o fizeram os anteriores autores. Segundo esta nova hipótese, são os pais que expulsam os jovens do território, forçando-os a dispersarem-se, e não estes que tomam a iniciativa de o fazerem. Para Liberg e von Schantz as diferenças na dispersão entre sexos, tanto nas aves como nos mamíferos, reduz a competição em termos reprodutivos entre pais e filhos. Assumem que para a descendência, na maioria dos casos, seria preferível ficar. Mas os pais ocupam uma posição hierárquica superior, e são estes que “decidem” da partida ou não dos filhos, e de qual dos sexos. E se os progenitores beneficiarem com a permanência dos filhos, mas não houver recursos suficientes para tamanha prole, poderão determinar a expulsão de alguns membros, até que o número de efectivos se “encaixe” nos recursos existentes.

Assim, o sistema reprodutivo de aves e mamíferos está intimamente ligado com o tipo de competição entre os progenitores e as descendências masculina e feminina. Genericamente, nas espécies com um sistema de reprodução poligâmico ou promíscuo, a descendência masculina, se ficar em casa, tenderá a competir com o pai por fêmeas, enquanto a descendência feminina não é uma ameaça para nenhum dos progenitores. Já nos sistemas monogâmicos, seria de esperar que nem filhos nem filhas competissem com qualquer dos pais, precisamente porque estes são monogâmicos. Mas, como já vimos, as fêmeas das aves têm tendência à dispersão, o quer dizer: são expulsas pelos pais, enquanto as fêmeas dos mamíferos são toleradas. Porquê? Pelos seus diferentes modos de reprodução: postura versus gestação e nascimento. Nas aves, uma filha a quem seja permitida a permanencia junto dos pais, poderá enganar os pais colocando ovos no ninho da família, deixando assim os custos da nidificação para aqueles. Quanto às filhas dos mamíferos, estas não têm como esconder a gravidez e o nascimento aos pais, pelo que não os poderão enganar e, então, os pais nada têm a temer, em termos de competição reprodutiva com as filhas.

Deste modo, segundo a Hipótese de Édipo temos quatro possibilidades: (1) nas aves monogâmicas, os progenitores expulsam as filhas, porque estas, apesar de não enganarem os pais quanto a cópulas, porque estes são monogâmicos, podem, no entanto, pôr os seus próprios ovos no ninho familiar, enganando ambos os pais. Os filhos, como não podem enganar os pais, são tolerados. (2) Nas aves poligínicas ou promíscuas, ambos os sexos da descendência são forçados a abandonar a área natal, porque ambos podem trair os progenitores. (3) Nos mamíferos monogâmicos, nem machos nem fêmeas descendentes podem enganar os progenitores, pelo que ambos os sexos tendem a ser tolerados no território dos pais. (4) Nos mamíferos poligâmicos ou promíscuos, a descendência masculina é expulsa porque poderão enganar o pai, acasalando com uma das fêmeas. As filhas, como não podem enganar os progenitores tendem a ficar em casa. A Hipótese de Édipo explica muitas contradições das outras hipóteses; no entanto, também tem a sua falha: não explica o facto de alguns descendentes abandonarem “de livre vontade” a área natal, o que se poderá ficar a dever à procura de melhores recursos ou para evitar a endogamia.

Como sempre, a Natureza é equilibrada mas complexa. Nenhuma hipótese explica, por si só, todas as situações que podemos encontrar quando procuramos entender as diferenças entre sexos, em aves e mamíferos, quanto à dispersão ou à filopatria. Portanto, tendo em conta o papel que jogam tanto progenitores como descendência, e as variações que poderão ocorrer de acordo com a espécie, o sexo ou o indivíduo, devemos atender a que os animais, aves e mamíferos, se tenderão a dispersar, ou não, de acordo com a satisfação de três factores básicos: a redução da competição por recursos, a redução da endogâmia e a redução da conflitualidade entre progenitores e descendência.

Eduardo Barrento

Estudo prevê extinção de cerca de 900 espécies de aves até 2100

Entre 600 a 900 espécies de aves, especialmente as tropicais como os colibris, poderão extinguir-se até 2100 se as temperaturas médias do planeta aumentarem 3.5ºC, prevê um estudo científico publicado na revista Biological Conservation Journal.

O estudo, coordenado por Cagan Sekercioglu – biólogo na Universidade do Utah – concluiu que as aves mais afectadas serão aquelas que vivem em zonas montanhosas tropicais, nas florestas perto da costa, aquelas que já ocupam um território muito limitado e as que não têm acesso a territórios com altitudes mais elevadas.

"Em aguns modelos, a perda de habitat pode aumentar as extinções causadas pelas alterações climáticas em 50%", escrevem os autores no artigo.

Os investigadores estimam que 89% das extinções vão acontecer nos trópicos.

“A percepção das pessoas é que a maioria das aves é migradora e que, por isso, as alterações climáticas não são um problema. Mas a verdade é que a maioria das espécies do planeta são extremamente sedentárias”, disse Sekercioglu, citado pela BBC.

Para sobreviver a temperaturas mais elevadas, as aves terão de se adaptar fisiologicamente e escapar para zonas de floresta húmida mais elevadas. Estas vão recuando para o cimo das montanhas, onde têm de competir com povoações humanas, notou o investigador.

“As espécies que vivem na zona costeira também são muito vulneráveis. As florestas costeiras são muito sensíveis à salinidade e podem ser muito afectadas por tempestades, eventos que se prevê aumentarem de intensidade e frequência”, acrescentou Sekercioglu.

“Já sabemos que muitas espécies de aves tropicais não são muito boas a dispersar para outros territórios. Por isso, este será um grande problema no futuro se os climas adequados para elas se deslocarem centenas de quilómetros. Algumas aves não serão capazes de mudar os seus territórios suficientemente rápido”, notou Mike Crosby, da federação Birdlife International para a Ásia.

Os autores do estudo acreditam que "as áreas protegidas serão mais importantes do que nunca, mas devem ser desenhadas tendo em consideração as alterações climáticas". Ainda assim, salientam, no espaço de um século, 92% das áreas protegidas actuais correm o risco de se tornarem climaticamente desadequadas. Na Europa também.

Num artigo publicado em Abril de 2011 na revista Ecology Letters, o investigador Miguel Araújo – da Universidade de Évora e do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid e um dos autores do estudo – salientou que no final do século, se os modelos climáticos se vierem a verificar, mais de metade das espécies que ocorrem nas áreas protegidas europeias encontrar-se-ão numa situação de stress climático. De acordo com o especialista, entre as espécies mais vulneráveis às alterações do clima estão “as espécies tolerantes a ambientes frios” e as “menos tolerantes a períodos de seca prolongada, as espécies de mobilidade reduzida, espécies especialistas no uso de determinados recursos ecológicos ou muito dependente de interacções com outras espécies, espécies com baixa fertilidade”.

Para Sekercioglu, vai tornar-se claro que as novas áreas protegidas do planeta terão de ser definidas “tendo em conta territórios com maior altitude e deixando mais espaço para as espécies ameaçadas se moverem para maiores altitudes”.

“Temos de nos preparar para começar a medir as temperaturas, a precipitação e monitorizar o que se passa com os animais nas áreas protegidas, para que consigamos dar uma resposta adequada”, comentou Crosby.

Lontras Mariza e Ronaldo foram pais de três crias

Após um namoro de quase cinco anos, as lontras "Mariza" e "Cristiano Ronaldo", do Fluviário de Mora, tiveram três crias, aumentando para cinco o número de exemplares desta espécie de lontras-de-garras-pequenas em exposição no fluviário.

As crias nasceram no início de Dezembro e ainda não têm nome. Para já ainda não saíram do ninho mas quando crescerem poderão usufruir do lontrário, ainda em construção e integrado nas obras de ampliação do Fluviário de Mora.

O casal, que recebeu os nomes da fadista e do futebolista - à semelhança das lontras Amália e Eusébio (que entretanto já morreu), do Oceanário de Lisboa - vive actualmente num tanque, que será transformado num aquário para peixes de grande porte, explica o Fluviário em comunicado.

Com mais de 500 peixes de 55 espécies diferentes de todo o mundo em habitats naturais, aquáticos e terrestres, num percurso entre a nascente e a foz de um rio, o Fluviário de Mora já recebeu desde Março 2007 mais de 660 mil visitantes.

Encontrado gene que protege rãs de fungo devastador

É mais um ponto para a variabilidade da natureza, um grupo de cientistas encontrou numa espécie de rã o gene que protege contra o fungo que tem sido o terror dos anfíbios pelo mundo fora. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the Natural Academy of Sciences.

Há mais de três décadas que os cientistas identificaram que um inimigo novo andava a matar os anfíbios, principalmente sapos e rãs. Mas só na década de 1990 é que se descobriu a causa da quitridiomicose: o fungo Batrachochytrium dendrobatidis.

Desde aí, os cientistas têm tentado encontrar uma resposta para a doença que já matou várias espécies, dizimou populações de um grupo que já tem ameaças que chegue como as alterações climáticas ou a diminuição de habitat.

Anna Savage e Kelly Zamudio, ambos da Universidade de Cornell, no estado de Nova Iorque, deram um passo em frente ao descobrirem um gene que está a salvar certos indivíduos de uma espécie de rãs.

Os investigadores trabalham com um tipo de rãs leopardo, a espécie Lithobates yavapaiensis . E recolheram indivíduos de cinco populações diferentes. No laboratório infectaram estes indivíduos com o fungo. As rãs de três das cinco populações morreram todas, mas alguns indivíduos das outras duas populações sobreviveram.

Através de estudos genéticos, perceberam que as rãs sobreviventes tinham uma variação num dos genes que pertence ao Complexo Maior de Histocompatibilidade. Esta região, que vários grupos de animais partilham, incluindo os mamíferos, tem uma grande importância para o sistema imunitário, porque ajuda os glóbulos brancos a identificar corpos estranhos no corpo provocando uma resposta imunitária e combatendo as infecções.

Os investigadores chamaram de Q ao novo alelo que encontraram – chama-se alelo a cada variante de um dado gene que se encontra na natureza. “Examinámos o ADN onde estava o alelo Q, e descobrimos que tinha existido uma mudança recente”, disse Savage citada pela ABC News. “Esta mudança no ADN dá-nos provas que as rãs podem estar a adaptar-se à quitridiomicose ao evoluírem novas variantes dos genes que combatem melhor [a doença].”

É provável que estas duas populações já tenham sido expostas ao fungo desde a década de 1970 e por isso, ao longo das últimas décadas, tenha havido uma selecção natural muito intensiva. Estes indivíduos conseguem debelar os fungos, uma situação diferente de outros indivíduos de outras espécies que podem ter o fungo, mas não apresentam sintomas da doença.

Esta é a primeira prova que existe pelo menos um potencial para estes animais ultrapassarem a doença com a sua própria genética. Mas os cientistas defendem projectos de conservação para os anfíbios mais susceptíveis a esta doença, que não parecem estar a reagir à epidemia.

Investigador da Carolina do Sul desenvolve carne em laboratório

Um cientista norte-americano pensa ter descoberto a fórmula para fazer frente à futura crise alimentar, através de uma forma de desenvolver carne em laboratório.

Vladimir Moronov, biólogo e director do Centro Avançado de Bio-fabricação de Tecido (Advanced Tissue Biofabrication Center), do departamento de Medicina Regenerativa e Biologia Celular da Universidade Médica da Carolina do Sul, trabalha com o intuito de criar carne há já uma década, no seu pequeno laboratório.
Inicialmente, Monorov dedicou-se à criação de tecidos, cuja aplicação seria para órgãos humanos. O crescimento de "in vitro" ou a engenharia do tecido através de cultura de células, também já está a ser desenvolvida na Holanda. Até agora, o grande problema com que se tem deparado tem sido a falta de financiamento.

A medida poderá repudiar muita gente; contudo, o cientista defende que já existe uma série de produtos de consumo regular, considerados naturais, produzidos de forma similar – os iogurtes, a cerveja e o vinho são apenas alguns.

Monorov prevê futuros edifícios do tamanho de um campo de futebol preenchidos com grandes bioreactores, ou então do tamanho de uma máquina de café em mercearias, a que lhe chama “charlem” – "Charleston engineered meat" (Engenharia da carne de Charleston). Será uma forma funcional, natural de desenhar comida.

A carne será geneticamente criada por encomenda – com um pouco de gordura, com o sabor do porco ou vitela, por exemplo. O investigador acredita que poderá ser, num futuro próximo, desenvolvida sem genes. Entretanto, alimentos geneticamente modificados já começam a ser práticos comuns.