sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Sexualidade e Envelhecimento

Todas as pessoas, independentemente do seu sexo, estado civil ou idade, têm direito a uma sexualidade que as satisfaça não só em termos físicos como também emocionais.

Uma das ideias mais comuns na nossa sociedade é a de que as pessoas idosas não têm vida sexual. Esta ideia, bem como muitas outras sobre a sexualidade nesta fase da vida são falsas. Vejamos algumas delas:
Quando a pessoa envelhece o sexo faz mal à saúde.
Os idosos não têm condições físicas que lhes permitam ter uma actividade sexual.
Os idosos não têm interesses sexuais.

Estas ideias fazem com que, socialmente, não seja esperado que um idoso tenha o desejo de ter relações sexuais e ainda menos que demonstre esse desejo. Chega-se a considerar que é de mau gosto que os idosos assumam os seus interesses sexuais.
Por interiorizarem estas ideias, muitos idosos acabam também por pensar que, devido à sua idade, não têm mais o direito a uma vida sexual.

O envelhecimento não implica o desaparecimento da sexualidade. O que pode existir é uma evolução na maneira de estar e de viver a sexualidade. De facto, ocorrem algumas alterações, lentas e progressivas, no corpo dos homens e das mulheres a partir dos 40 anos de idade que podem afectar a sexualidade à medida que a idade avança. Referimos algumas:

Nas mulheres:
- A vagina diminui de tamanho, torna-se mais estreita e perde elasticidade.
- A lubrificação da vagina torna-se mais lenta e surge em menor quantidade.
- Diminui a intensidade e a frequência das contracções da zona pélvica durante o acto sexual.

Nos homens:
- Diminui a produção e emissão de esperma, embora nunca chegue a desaparecer por completo.
- A erecção é mais lenta, menos firme e necessita de mais estimulação.
- Reduz-se a intensidade das sensações do orgasmo.
- Dá-se um aumento do período refractário, ou seja, do tempo de recuperação necessário entre um orgasmo e o seguinte.

É importante notar que estas alterações não ocorrem nem na mesma altura nem da mesma forma em todas as pessoas. Cada indivíduo tem o seu próprio ritmo e, para alguns, estas mudanças não chegam a ser muito pronunciadas.
Também o modo como cada pessoa vive estas alterações é diferente. Algumas encaram-nas como naturais, enquanto que outras ficam alarmadas e preocupadas, pensando que vão deixar de poder ter relações sexuais.

Uma das razões pelas quais isto acontece é porque existe a ideia de que o sexo se reduz ao coito, ou seja, à penetração do pénis na vagina, o que é uma visão muito limitada da sexualidade. Existem muitas formas de dar e de ter prazer numa relação entre duas pessoas, que não apenas através do coito.
As carícias, os beijos, as massagens, a partilha de intimidade e de afectos são algumas de entre outras possibilidades de explorar o prazer sexual durante a velhice como, aliás, em qualquer outra idade.

A masturbação é também uma forma válida de ter prazer, que pode ser utilizada numa relação a dois, bem como (e principalmente) na ausência de um parceiro sexual.

Alguns tipos de doenças, como sejam a diabetes ou a esclerose múltipla, certos medicamentos, como sejam os utilizados para tratar doenças cardíacas ou para a hipertensão, e intervenções cirúrgicas na zona pélvica, podem provocar dificuldades sexuais.

Na mulher, com a menopausa, ocorrem algumas alterações fisiológicas e hormonais que podem igualmente afectar a actividade sexual.

Para melhor lidar com o impacto destas alterações sobre a sexualidade, nomeadamente no sentido de as minimizar, é de grande importância falar com um técnico de saúde. Além do médico de família, pode-se sempre consultar um ginecologista (para as mulheres), um andrologista (para os homens) ou um sexólogo (para ambos) a fim de obter ajuda para ultrapassar eventuais dificuldades sexuais que possa.

Sexo e desporto

O sexo como acto por si só tem poucos ou nenhuns efeitos na performance competitiva. Não são as relações sexuais que prejudicam a performance, é a falta de sono, as noitadas ou, ironicamente, a própria procura de sexo. Está cientificamente comprovado que o tempo de repouso é essencial a uma boa performance desportiva. Por outro lado e devido à ausência de certezas científicas, a relação entre a abstinência sexual e o desporto de alta competição, é fonte de crendice e discussão.

À semelhança dos mitos criados em volta da sexualidade, muitos foram os argumentos utilizados, ao longo dos séculos, a fim de proibir as relações sexuais antes das competições. Para os gregos sémen era força e vida, devia ser preservado e não desperdiçado. Mais tarde, na época medieval, um herói devia ser abstinente, permanecer puro para conseguir vitórias; a ausência do prazer sexual despertava uma maior agressividade e consequentemente uma melhor performance desportiva.

Mais recentemente foram desenvolvidos alguns estudos relativamente à testosterona, hormona potencial do desempenho atlético, resistência e capacidade física. Sabe-se que os níveis da testosterona diminuem temporariamente após as relações sexuais. Mas será a actividade sexual assim tão corrosiva do equilíbrio calórico? Na realidade, a energia despendida não atinge elevados níveis calóricos e o sexo pode ser uma estratégia anti-stress, um meio de aliviar a pressão característica dos desportos de alta competição.

Estes são alguns dos aspectos físicos desta problemática sendo também necessário ter em consideração os aspectos psicológicos que variam consoante o atleta e a sua maneira de lidar com a própria sexualidade. Quando falamos de futebol ou de qualquer outra prática desportiva de equipa é importante pensar que as vésperas das competições são caracterizadas por uma rotina preparatória que visa fortalecer a unidade em torno da equipa. Se pensarmos exclusivamente na grandiosidade do mundo do futebol e do impacto do jogo e do negócio, conseguimos compreender a exigência de uma excelente forma competitiva a nível individual, mas também em termos de equipa.

Claro que se podem evitar exageros como obrigar contratualmente os jogadores à abstinência. Não se deve punir por lei a prática de um dos actos mais instintivos e naturais, mas também é preciso compreender e respeitar regras e limites. Tal como nos esforçamos por trabalhar em equipa, dividir tarefas, respeitar horários de trabalho, cumprir objectivos, horas de formação, assim como todos assumimos responsabilidades inerentes ao nosso trabalho - o mesmo se espera destes desportistas de alta competição.

A vida sexual faz parte da esfera do privado, da vida pessoal e da gestão que cada um faz dela. Limitar ou proibir será desresponsabilizar os atletas. O treinador terá um papel importante no aconselhamento, mas caberá ao atleta o bom senso na gestão do que é a sua vida privada e de que modo ela interfere na sua vida profissional.

Quando alguém diz "não"...

Viver a sexualidade, partilhar a nossa intimidade com uma pessoa que amamos é algo maravilhoso. É um acto de dádiva mútua, de partilha, no qual nada é imposto.
O interesse sexual não desejado é uma forma de coacção à qual ninguém tem de ceder. Esta coacção pode assumir a forma de observações grosseiras, contactos corporais não desejados, chantagem ou promessas feitas para obter favores sexuais, entre outras acções. Se alguém fizer ou disser algo que te faça sentir pouco à vontade, não tens que "aguentar" e muito menos que ceder à pressão que sentes.

As pessoas que praticam acções que te deixam desconfortável (como tocar-te "sem querer" num transporte público ou dar-te uma palmada no rabo quando te vêem porque te "conhecem desde pequeno(a)") podem ser pessoas que conheces há muito tempo ou que são mais velhas. E esse facto pode fazer-te duvidar, fazendo-te pensar se não será tudo imaginação ou se estás a "ver maldade em tudo". Nestas situações, confia nas tuas sensações: tu melhor que ninguém sabes se o teu espaço íntimo está a ser invadido.

Não deixes que o teu pensamento seja afectado por mitos. Para rebater alguns desses mitos, eis algumas verdades.

1. - Quando uma rapariga (ou um rapaz) é vítima de violação, parte da culpa é da vítima. Ou porque usava uma roupa provocante, ou porque "as pessoas decentes não vão para ali àquela hora" ou porque podiam ter lutado mais...
Nada disso. Toda a violação é uma agressão. As vítimas não querem ser violadas e, frequentemente, os violadores atacam pessoas que sabem ser mais fracas.

2. - Os violadores são desconhecidos que atacam as suas vítimas ao acaso.
Não é bem assim; em cerca de 80% dos casos de violação o violador conhece a vítima e vice-versa. E acontece que a vítima não comunique a agressão por sentir "vergonha" face a um agresso que conhece.

3. - A verdade é que nenhuma vítima sente prazer durante uma violação. A violação é uma experiência humilhante e dolorosa.

Se conheceres alguém que esteja a ser alvo de abuso sexual dá-lhe apoio. Ajuda-o(a) a quebrar a "lei do silêncio" e fá-lo(a) compreender que é possível sair do labirinto de vergonha e medo em que se encontra.

Cancro do colo do útero

Breve estatística
Portugal é dos países da União Europeia o que regista a maior incidência de cancro de colo do útero: cerca de 17 casos por cada 100 mil habitantes, com 900 novos casos por ano.
Todos os anos morrem mais de 300 mulheres em Portugal com este tipo de cancro.


O que é?
As infecções por Vírus do Papiloma Humano (VPH) são muito comuns - estima-se que mais de 70% das pessoas com uma vida sexual activa contraiam pelo menos uma infecção deste tipo. A esmagadora maioria das infecções é controlada pelo nosso sistema imunitário e é quase inofensiva; mas cerca de 20% das infecções tornam-se crónicas e podem estar na origem de um cancro, sobretudo se associadas a outros factores, como os factores genéticos ou os adquiridos, como o tabagismo.

O VPH é um vírus do qual se conhecem, pelo menos, setenta tipos associados a manifestações clínicas específicas, dos quais mais de vinte podem infectar o aparelho genital. Os vírus do papiloma humano, podem ser de alto ou baixo risco, de acordo com o seu potencial oncogénico (ou seja, a capacidade para dar origem a um tumor).

A infecção, que se transmite, habitualmente, por via sexual, frequentemente não apresenta qualquer sintoma específico e pode desaparecer espontaneamente. Em alguns casos, a infecção é persistente, sendo a principal causa de cancro do colo do útero. Está também associada a outras formas de cancro, como o cancro do canal anal e do pénis.

Estima-se que mais de 99% de todos os casos de cancro do colo do útero estejam associados à infecção por VPH, sendo os subtipos 16 e 18 responsáveis por cerca de 70% destes casos.

A vacina
A inclusão da vacina no Programa Nacional de Vacinação surge com a descoberta de duas vacinas: uma contra os subtipos de VPH 6 e 11 e outra contra os subtipos 16 e 18.
A vacina visa prevenir o cancro do colo do útero e outras doenças provocadas pelo VPH.

Em Outubro de 2008 a vacina começou a ser dada a raparigas com 13 anos de idade (nascidas em 1995). Será realizada uma campanha de "repescagem", entre 2009 e 2011, vacinando as raparigas que completem 17 anos no ano da campanha (ou seja abrangendo as mulheres nascidas em 1992, 1993 e 1994).

No combate ao colo do útero aposta-se também na prevenção secundária, na fase adulta da mulher, através do exame citológico do colo do útero.

Anúncios - Campanha contra a homofobia

Anúncio Televisivo sobre SIDA (Moçambique)

Adolescentes, o Sexo e os Outros

Não é fácil ser-se adolescente. É um período de grandes mudanças a vários níveis: familiares, sociais, emocionais, pessoais. É nesta fase que, de certa forma, o adolescente se torna pessoa, procura ganhar autonomia e tenta perceber qual a sua posição no mundo, sendo necessário, muitas vezes, dar algum significado à sua própria existência. Daí que esta seja também uma época de grandes ideais em que o adolescente é capaz de se empenhar em causas de uma forma que dificilmente fará noutra altura da sua vida.

O corpo é o lugar de muitas destas mudanças. Este corpo vai progressivamente adquirindo características de adulto e perdendo os traços de criança. Não é pouco frequente a sensação de se estar a habitar um corpo estranho, como se um dia o adolescente tivesse acordado e descoberto ter encarnado num invólucro desconhecido que se controla com alguma dificuldade. Pior, este corpo parece ter vontade própria, e quando menos se espera tem reacções estranhas: a cama aparece molhada de manhã, quando se acorda; começa-se a sangrar dos sítios mais inesperados e sensações estranhas surgem quando se fica excitado sexualmente.

É, desta forma, natural que o adolescente se sinta invadido por dúvidas. Elas estão relacionadas com aquilo que se passa no seu corpo nesta fase, com estas transformações e erupções que o deixam algo perplexo. É compreensível, assim, que ele procure esclarecer estas dúvidas das formas que puder. É algo que lhe diz respeito, que o perturba e espanta.

Esta necessidade do adolescente em esclarecer as suas dúvidas e os meios que ele encontra para o fazer leva a que a sexualidade, nesta fase da vida se transforme numa moeda de troca para com o mundo. Ou seja, ao ter que ir buscar a informação que não tem, em algum local, o adolescente vai ter que entrar em diálogo e em interacção com o seu meio. A sexualidade transforma-se, assim, num importante significante utilizado pelo adolescente nas suas interacções com os outros.

Antes ainda de procurar a sua informação directamente naqueles que o rodeiam, o adolescente vai procura-la nos meios que tem disponíveis ao seu alcance. Isto porque já percebeu que a sexualidade não é uma temática acerca da qual se fale abertamente. Já sabe que poderá ser repreendido se falar sobre o assunto ou, então, que irá provocar constrangimento se o fizer. Assim, há que ter cautela e, primeiro, procurar pelos próprios meios a informação desejada. E, actualmente, tal não apresenta qualquer dificuldade.

É comum a discussão sobre questões ligadas à sexualidade nos meios de comunicação social, nomeadamente em revistas dedicadas aos próprios adolescentes; a internet é um meio que os jovens dominam e que permite o acesso a uma grande quantidade de informação, entre a qual se encontra uma vasta quantidade de dados sobre sexo; várias linhas telefónicas de ajuda existem sobre esta temática, nas quais os jovens, na segurança proporcionada pelo anominato, podem colocar e esclarecer as suas angústias mais intímas.

Em todos estes meios nos quais o adolescente procura informação, reina ainda o silêncio na comunicação. Existe uma procura activa da informação, mas de forma preferencialmente não interactiva, ou seja, de forma que não implique uma comunicação com os outros sobre o interesse relativo ao sexo.

No entanto, esta fase informativa faz com que o adolescente tenha já muitos dados, quando passa a uma outra fase – a fase da procura de informação junto dos outros. E esta fase surge muito da necessidade de verificar se aquilo que ele sente e se aquilo por que está a passar é unico, ou se existem outros que tenham a mesma experiência. Não raras vezes o jovem se questiona sobre a normalidade dos seus sentimentos, já para não falar das dúvidas sobre as formas do seu corpo.

O investimento de atenção e energia sobre o corpo, justifica-se pelos factores inerentes ao seu próprio crescimento e também pelo facto de o corpo passar a ser, ele também, um poderoso meio de comunicação. Meio de comunicar estados afectivos, meio de protestar contra o sistema, contra os pais, contra a escola, mas também de demonstrar interesse, disponibilidade ou indisponibilidade em relação aos outros. De chocar ou atrair. Assim, se já de uma forma não verbal se torna possível interagir com os outros, a utilização da palavra adquire um papel fundamental por permitir a troca de experiências e de informações. Com os amigos, falar sobre sexualidade adquire a função de moeda de troca.

Falar com os amigos e colegas é uma das formas mais habituais de aquisição de informação sobre sexualidade junto dos jovens. E é possível perceber porquê. É através dos amigos que o processo de socialização se efectua, nesta fase da vida. São os amigos que vão ser investidos na proporção directa de que os pais vão ser desinvestidos. É com eles que se cria uma intimidade emocional e afectiva que os torna confidentes dos problemas e angústias. Tornam-se conselheiros por excelência nos momentos difíceis, depositários dos sonhos e fantasias, dos projectos, bem como das ansiedades. Não é de estranhar assim que, em diversos estudos efectuados que abordam esta questão, os amigos surjam entre os principais meios de obtenção de informação em matéria de sexualidade. Seguem-se alguns desses dados:

54,1% dos homens e 32,8% das mulheres afirmam que os amigos influenciaram, até um certo ponto, a sua visão da sexualidade (Vasconcelos, 1998).
60,6% dos jovens do Concelho de Loures afirmam que os amigos constituiram fontes de informação sobre sexualidade, percentagem esta bastante superior à dos que afirmaram ter obtido esta informação junto dos pais (46,1%) ou de professores (15,5%) (Machado Pais, 1996).
55,2% dos jovens adultos afirmam ter obtido informação sobre os contraceptivos que utilizam junto dos amigos, valor este mais uma vez superior ao relativo aos pais (49,6%) ou aos professores (23,4%) (Nodin, 2001).

O facto de os jovens procurarem informação sobre sexualidade junto dos amigos tem as suas vantagens e desvantagens. Por um lado, sabe-se que a influência dos amigos se conta de entre as mais intensas neste periodo do desenvolvimento, acabando, por isso por ser uma moeda valiosa . As desvantagens prendem-se com o facto de que muitas vezes os conhecimentos que os jovens têm sobre sexualidade são incorrectos, fundamentados em crenças deturpadas ou pura e simplesmente falsas.

Caso particular relativo à obtenção de informação junto dos pares é o do parceiro sexual. Seria de esperar que se discutisse sobre sexualidade com a pessoa com quem se tem relações sexuais. No entanto, os estudos efectuados e que abordam esta temática demonstram o contrário. O que aponta no sentido de que, entre os casais de jovens, a sexualidade é como que uma pedra preciosa . É preciosa porque se constitui como objecto de troca física e emocional. No entanto, não se fala sobre ela, como se se tivesse medo de a perder. É um objecto de troca essencialmente a um nível não verbal. Faz-se mas não se discute aquilo que se faz. Como a prevenção ao nível da sexualidade implica que os parceiros de uma relação sexual sejam capazes de discutir as questões básicas de utilização do preservativo ou do método contraceptivo de sua eleição, esta dificuldade dos jovens pode implicar sérios riscos para a sua saúde.

Também os pais jogam um papel importante nesta procura de informação dos jovens sobre sexualidade. Relativamente a eles, pode-se dizer que são fontes de informação a peso de ouro . E por diversos motivos. Para começar, é no contexto da família que os jovens vão obter de tudo um pouco o essencial que lhes vai valer para a vida. O seu equilibrio emocional, a sua personalidade, os seus valores, todos são fortemente influenciados pela convivência e educação dos pais. Desta forma, também em matéria de sexualidade, o básico vai ser obtido no contexto social que melhor conhecem, ou seja, a família. Também aqui o não verbal tem um peso particularmente importante. É mais por aquilo que se presencia e que se observa do comportamento e atitudes dos pais que as crianças e os adolescentes vão construindo o seu próprio conceito de sexualidade.

Assim, mesmo nas famílias em que não se fala sobre este tema, as questões associadas aos papéis de género, ou seja, as tarefas que são consideradas como sendo da responsabilidade dos homens e das mulheres, a expressão dos afectos, de entre muitas outras questões, são fornecidas logo com o leite materno. Daí que seja quase um lugar comum dizer que a educação sexual se faz desde o berço e essencialmente pelos pais, primeiros agentes no processo de transformar a criança em pessoa. O peso de ouro que os pais adquirem neste processo advém exactamente desta sua função. Até porque não é necessário que se fale sobre sexualidade em casa para que, logo à partida, os adolescentes adquiriram toda uma postura face a estas questões que os vai acompanhar durante toda a sua vida.

Isto não quer dizer que não seja necessário falar de sexualidade em casa. Tal é, não só importante, como essencial para o à-vontade com que os jovens irão encarar a sexualidade. Além de que lhes vai abrir as portas para que, de facto e de uma forma activa, procurem informação junto dos pais quando de tal necessitarem. Esta é a forma de os pais se transformarem, de facto, em pequenas grandes minas de ouro nas quais os jovens podem adquirir preciosas informações que lhes são tão caras.

Por último, mas nem por isso menos importantes, vêm os professores. Qual é o preço da informação que os professores podem dar sobre sexualidade? Qual o valor das suas atitudes e posturas no decurso das suas aulas e fora delas? Há que não esquecer que uma parte considerável do tempo dos jovens é passado em contextode sala de aula com os seus professores e professoras. Assim, se é com os pais que o básico da personalidade e capacidades dos jovens se vai formar, é com os professores que uma vasta quantidade de informação pode ser colectada, consolidada e, desta forma, enriquecida a personalidade dos adolescentes, também no que respeita à sexualidade.

Da mesma forma que com os pais, esta transmissão de conhecimentos e valores não passa apenas por aquilo que se diz nas salas de aula, mas também por aquilo que se faz. As atitudes, gestos e posturas dos professores são um veículo de valores, conceitos e preconceitos sobre questões tão básicas como os papéis de género, o conservadorismo ou o liberalismo na abordagem da sexualidade. Um exemplo clássico é o do aparecimento da primeira menstruação a um arapariga na escola e da forma como a instituião escolar lida com esta situação. É tratada como um acontecimento natural? Ou como se de uma doença se tratasse? Como algo que deve ser comemorado? Ou ainda como algo que deve ser mantido em segredo? Além disso, quem é que se encarrega de falar com a rapariga sobre o sucedido? É o professor em cuja sala se deu a ocorrência, ou é chamada uma professora de propósito para o efeito? A rapariga é enviada para o gabinete de enfermagem e depois para casa?

Esta é uma sitação que faz parte do quotidiano da escola e, portanto faz parte do quotidiano quer dos alunos quer dos professores. Lidar com estas questões é estar já a fazer educação sexual. É também através da forma como o professor lida com estas questões que um adolescente se poderá sentir mais confortável em procura-lo para pedir ajuda para algum problema que tenha – por exemplo uma gravidez não desejada. Aqui as coisas funcionam um pouco como um fundo de investimento. Se os professores têm a disponibilidade e o à-vontade para abordar as questões da sexualidade na sala de aula, então mais facilmente os alunos se lhes irão dirigir com dúvidas nesta área e os procurarão se necessitarem.

Obviamente que nem sempre é fácil para os próprios professores falar sobre sexualidade com os alunos, nas aulas ou fora delas. Muitos não tiveram a possibilidade de, ao longo do seu próprio desenvolvimento, falar com alguém, pai, mãe, professor ou técnico, sobre estas questões. Tão pouco tiveram formação adequada e específica sobre como abordar a educação sexual em sala de aula. Isto deixa-os frequentemente numa posição de insegurança face à abordagem destas questões, mesmo que para tal tenham motivação .

É importante que o professor seja capaz de reconhecer que existem questões para as quais não está qualificado para dar resposta. Situações em que não tem o troco adequado para dar ao aluno que os procura. Isto não diminui o seu papel de educador mas, pelo contrário, valoriza-o enquanto intermediário entre os problemas dos alunos e os recursos que os poderão melhor ajudar.

De resto, a introdução da educação sexual nas escolas é uma realidade. De acordo com as linhas orientadoras para a introdução da educação sexual em meio escolar (Ministério da Educação et al., 2000), a sexualidade deverá ser abordada de forma transversal aos currículos escolares. Ou seja, não irá haver uma nova disciplina específica de educação sexual mas, em cada uma das disciplinas já existentes nos diferentes graus de ensino, deverão ser abordadas questões relacionadas com a sexualidade articuladas, obviamente, com os respectivos currículos.

Isto significa que, a curto prazo, a sexualidade será moeda de troca corrente entre professores e alunos no contexto da escola. Até porque se privilegiam, para os objectivos propostos, a utilização de metodologias dinâmicas e interactivas, e envolvem assuntos sobre os quais é suposto que se debatam valores e posições pessoais, dos alunos, bem como dos professores.

Os jovens de hoje em dia vão ter um privilégio que a grande maioria dos actuais adultos e jovens adultos não teve durante o seu crescimento e percurso escolar que é o de terem acesso a uma abordagem sistematizada da sexualidade no contexto da escola, permitindo-lhes, assim, a possibilidade da integração de informações e valores ao longo do seu desenvolvimento.

Este é um investimento que sendo feito hoje pode dar grandes lucros no futuro, ao diminuir o desconhecimento, as falsas crenças, o conselho benevolente mas tecnicamente incorrecto que, na verdade, só complica em vez de ajudar. Não irá, certamente, resolver todos os problemas do mundo ou, à nossa escala, do país, mas poderá, a seu tempo, diminuir alguns dos graves problemas de saúde que afectam os nossos jovens, dos quais o VIH e a gravidez não planeada são apenas exemplos. Moedas de troca, pedras preciosas, fundos de investimento e pesos de ouro, são valores que continuarão, certamente, a fazer parte do quotidiano dos jovens. Preciosos já todos eles são, cada um à sua maneira. Esperamos que, num futuro que começa agora, possam passar a ser mais valorizados ainda.

Curtir vs Sexo

Mensagem: 
Eu queria que me ajudassem, pois estou muito confusa e já não sei o que pensar. No outro dia fui para casa de um amigo meu, pois ele estava a dar uma festa e tinha-me convidado. Quando lá cheguei o rapaz de quem eu gosto perguntou-me se eu queria curtir e eu aceitei - já não era a 1.ª vez que estavamos a curtir. Quando estávamos nos "amassos" ele parou e perguntou se eu queria (fazer sexo), e eu disse que não, era muito cedo, e ele pareceu não se importar.... Mas eu acho que ele se importou porque da 3.ª vez, que foi hà pouco tempo, ele já não estava como costumava estar quando curtíamos... No outro dia ele disse que me amava pelo chat e eu fiquei confusa porque ele diz para toda a gente ouvir que não gosta de mim. Eu falei disso com a minha melhor amiga e ela disse-me para não me fiar muito nisso e que podia ser só conversa. Eu já não sei o que pensar, porque eu gosto muito dele mas tenho medo de ser rejeitada mais uma vez e tenho a certeza que fiz a coisa certa. Dêem-me a vossa opinião. Obrigada. 

Resposta: 
Sim. Sem saber mais e sem vos conhecer tu fizeste a coisa certa, pois não deixaste avançar numa coisa para que não te sentias preparada. Se ele queria mais e se te "penaliza" por isso, achamos que isso só prova que ele não gosta de ti (ama/respeita), mas que queria os "benefícios" de "curtir" contigo... Se ele gostasse de ti mesmo, não "cobrava" o facto de não teres aceite o que ele pediu, aguardaria o momento que tu quisesses e aí respeitar-te-ia. Mas - pensa nisto - pensa bem no que implica fazer sexo sem o afecto que deve sempre ir junto e sem a pessoa sentir que quer mesmo. Confia na tua cabeça e no teu coração, porque o que tu sentes vale mais que tudo. Ah, e foge de intrigas e conversa de ouvir-dizer. Se há coisas a resolver, por muito que custe é cara a cara.

terça-feira, 29 de julho de 2025

UFCD - 0233 - Execução de tapeçaria artesanal - acabamentos e decoração

0233 - Execução de tapeçaria artesanal - acabamentos e decoração
(*) Em Vigor
Designação da UFCD:
Execução de tapeçaria artesanal - acabamentos e decoração
Código:
0233
Carga Horária:
50 horas
Pontos de crédito:
4,50
Objetivos

  • Executar acabamentos e decorações em tapeçaria artesanal.
Recursos Didáticos

Conteúdos

  • Proceder ao seu acabamento de acordo com o projecto
    • Acabamentos da tapeçaria tradicional
    • Acabamentos da tapeçaria contemporânea
  • Decoração de uma exposição de tapeçaria
    • Necessidades materiais
Referenciais de Formação

215010 - Tecelão/Tecedeira
Histórico de Alterações

(*) 2008-03-07   Criação de UFCD.

Livros sobre Arte

A arte portuguesa de Oitocentos

BB28A arte portuguesa de Oitocentos
José-Augusto França | PDF
ICALP - Colecção Biblioteca Breve - Volume 28
1992

A pintura maneirista em Portugal

BB65A pintura maneirista em Portugal
Vítor Serrão | PDF
ICALP - Colecção Biblioteca Breve - Volume 65
1991

A pintura maneirista em Portugal

BB65A pintura maneirista em Portugal
Vítor Serrão | PDF
ICALP - Colecção Biblioteca Breve - Volume 65
1991

Biombos dos Portugueses

portugueses capaBiombos dos PortuguesesVasco Graça Moura (concepção orig. e nota de apresent.), Jorge Manuel dos Santos Alves (coord.), Fernanda Abreu (rev.), Paulo Cintra e Laura Castro Caldas (fot.) | PDF

Exposição para a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses
Lisboa, 2000

Biombos dos Portugueses (Português/Castelhano)

biombos capaBiombos dos Portugueses (Português/Castelhano)Vasco Graça Moura (concepção orig. e nota de apresent.), Jorge Manuel dos Santos Alves (coord.), Fernanda Abreu (rev.), Paulo Cintra e Laura Castro Caldas (fot.) | PDF

Exposição para a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses
Lisboa, 2000

Caminho do Oriente: Guia do Azulejo

Caminho-do-Oriente_Azulejo.jpgCaminho do Oriente: Guia do AzulejoLuísa Arruda | PDF
Livros Horizonte
1998

De Olisipo a Lisboa, a Casa dos Bicos

doalisboa capaDe Olissipo a Lisboa, a Casa dos BicosClementino Amaro (co-autor), Maria da Conceição Amaral (ed.lit.) e Tiago C. P. dos Reis Miranda (ed.lit.) | PDF

Exposição para a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses
Lisboa, 2002

Francisco de Holanda - Vida, pensamento e obra

BB62Francisco de Holanda - Vida, pensamento e obra
José Stichini Vilela | PDF
ICALP - Colecção Biblioteca Breve - Volume 62
1982

História da Dança

HDHistória da Dança
José Sasportes e António Pinto Ribeiro | PDF
Imprensa Nacional-Casa da Moeda - Comissariado para a Europália 91
Sínteses da Cultura Portuguesa
1991

History of Dance

danceHistory of Dance
José Sasportes e António Pinto Ribeiro | PDF
Imprensa Nacional-Casa da Moeda - Comissariado para a Europália 91
Synthesis of Portuguese Culture
1991

O Homem e a Casa. A Casa e o Tempo

OHomemeaCasa.ACasaeoTempoO Homem e a Casa. A Casa e o Tempo
António Lino | PDF
ICALP - Colecção Identidade - Cultura Portuguesa
1990

O Modernismo na arte portuguesa

BB43O Modernismo na arte portuguesaJosé-Augusto França | PDF
ICALP - Colecção Biblioteca Breve - Volume 43
1991

Pintura e escultura em Portugal - 1940-1980

BB44Pintura e escultura em Portugal - 1940-1980Rui Mário Gonçalves | PDF
ICALP - Colecção Biblioteca Breve - Volume 44
1991

Salazarismo e Artes Plásticas

BB68Salazarismo e Artes Plásticas
Artur Portela | PDF
ICALP - Colecção Biblioteca Breve - Volume 68
1987

Trajectória da dança teatral em Portugal

BB27Trajectória da Dança Teatral em Portugal
José Sasportes | PDF
ICALP - Colecção Biblioteca Breve - Volume 27
1979

Uma Arte do Povo, pelo Povo e para o Povo: Neo-Realismo e Artes Plásticas

UmaArtedoPovo.jpgUma Arte do Povo, pelo Povo e para o Povo: Neo-Realismo e Artes Plásticas
Maria da Luz Rosinha (co-autor), Luísa Duarte Santos (co-autor) e David Santos (ed.lit.) | PDF
Vila Franca de Xira: Câmara Municipal - Museu do Neo-Realismo, 2007