domingo, 13 de janeiro de 2013

Aprender a resolver problemas


Quando as crianças observam o que os pais fazem para resolver um determinado problema, estão a aprender estratégias que depois tendem a aplicar também.

Tal pai, tal filho ou quem sai aos seus não degenera são alguns provérbios que apontam para a importância dos pais como modelos para os filhos. Considerando a aprendizagem, se os pais revelam gosto por aprender e o demonstram, tanto no que dizem como nas suas atitudes e no que fazem com os filhos, provavelmente estes irão igualmente gostar de aprender e tentarão fazê-lo nas mais diversas situações e contextos, dos quais a escola será apenas um exemplo.

A necessidade de resolver problemas surge a cada momento da vida. Consistindo a resolução de problemas num processo de aplicação de conhecimentos adquiridos previamente a situações novas e não familiares, ela requer determinadas competências, entre as quais: identificação de pormenores importantes, flexibilidade de pensamento, perseverança, avaliação da razoabilidade da resposta.

Para ajudarem os filhos a desenvolver gosto e competências de resolução de problemas, os pais podem propor-lhes a resolução, em conjunto, de problemas do quotidiano ou de situações lúdicas. Seguem-se alguns aspetos importantes a considerar nessas atividades:

- enfatizar a importância da resolução de problemas e o prazer e a autossatisfação que ela proporciona;
- aproveitar a curiosidade natural da criança, fazendo perguntas e/ou respondendo às perguntas dela;
- ajudar a criança a tomar consciência da forma como pensa quando resolve um problema;
- ajudar a criança, através da colocação de perguntas e da realização de atividades em conjunto, a desenvolver estratégias de pensamento eficazes para resolver problemas;
- resolver problemas variados, em conjunto com a criança, de forma regular.

Quando as crianças observam o que os pais fazem para resolver um determinado problema, estão a aprender estratégias que depois tendem a aplicar também. Quando observam o prazer que eles colocam na atividade, aprendem e experienciam o mesmo prazer e sentem vontade de tentar resolver novos problemas. As perguntas que os pais fazem aos filhos durante a resolução conjunta de uma situação problemática ou de um jogo podem contribuir para orientar a sua atuação e para os consciencializar da forma como pensam, das estratégias que utilizam, da maneira como ultrapassam obstáculos que surgem, dos processos que utilizam para avaliar a razoabilidade do resultado encontrado.

O grau de dificuldade dos problemas e os conhecimentos que são requeridos dependem da idade e do nível de escolaridade da criança. Vejamos alguns exemplos de atividades simples:

1. A família vai ao cinema, mas precisa de estar em casa a uma determinada hora: 
- Que sessão deverá escolher?
- A que horas precisa de sair de casa? (É necessário contar com o tempo de viagem e com o tempo de espera para adquirir o bilhete.)

2. A festa de anos da criança aproxima-se: 
- Dadas as características da casa e da organização familiar, o número máximo de crianças a convidar será de 10. Que critérios utilizar para selecionar os convidados?
- Os convites serão feitos no computador. Em cada folha A4 cabem 4 convites. Quantas folhas vão ser necessárias?

Quando pais e filhos se envolvem na resolução conjunta de problemas ou na realização de atividades lúdicas, o termo "problema" despe-se da sua conotação negativa de dificuldade quase inultrapassável para adquirir uma conotação positiva de desafio. A perseverança necessária à ultrapassagem das dificuldades é alimentada pelo prazer do percurso e pela antecipação do sucesso. Três provérbios poderiam servir de lema a essas atividades e ao espírito que elas promovem:

"Grão a grão enche a galinha o papo."
"Quem corre por gosto não cansa."
"Quem porfia sempre alcança."



Armanda Zenhas

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