O ano letivo no Ensino Superior começou com menos alunos e professores, o que para o sindicato do setor reflete as dificuldades das famílias e uma redução de 40% nas transferências do Orçamento do Estado desde 2008.
"Os jovens com 18 anos no nosso país serão pouco mais de 100.000, quando há 20 anos andávamos a falar de cerca de 150.000, ou seja, uma redução de cerca de 50.000 pessoas", disse à agência Lusa o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), António Vicente.
Os dados da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) mostram que o número total de candidatos às universidades e politécnicos passou de quase 60.000, em 2009, para 53.000 em 2012.
Este ano, apesar de os dados ainda não estarem fechados (está a decorrer a terceira fase), mantém-se a tendência de redução no número de vagas e de alunos, com dezenas de cursos sem qualquer colocado nas primeiras fases, especialmente nos institutos politécnicos do interior.
"Aquilo que mais nos preocupa é que entre mais de 100.000 alunos que fizeram exames nacionais no secundário e que poderiam ter condições para se candidatarem ao Ensino Superior, só 40.000 concorreram", afirmou o dirigente sindicato independente.
"Não nos parece que, a continuar assim, possamos atingir a meta dos 40 por cento de diplomados em 2020, como nos comprometemos com a Europa", advertiu.
De acordo com dados recolhidos pelo Conselho Nacional de Educação (Estado da Educação 2012), em 2011 os diplomados do Ensino Superior eram 18,43% dos cidadãos com idades entre os 25 os 64.
Para a quebra da procura no Ensino Superior, estarão a concorrer vários fatores, na opinião de António Vicente, entre eles, "as dificuldades económicas" que as famílias atravessam e "a diminuição do número de bolsas".
"Os custos são elevados, não só o pagamento de propinas (mais de mil euros por ano), como também o alojamento, a alimentação e materiais", recordou.
Menos alunos e menos dinheiro para as instituições de Ensino Superior acabam por ter reflexos na classe docente e no ensino.
"Temos uma diminuição de cerca de mil docentes, desde 2011, num universo de 25.000 professores, no Ensino Superior Público. É um número com bastante significado, lamentou.
"Acaba por ter algum impacto naquilo que é o trabalho que continua a ter de ser desenvolvido nas instituições", defendeu António Vicente, referindo que apesar de não ter números concretos sobre o setor privado, as informações que chegam ao sindicato são igualmente de redução de contratos.
Os docentes que mantêm o posto de trabalho acabam por ficar "muitíssimo sobrecarregados, em termos de horas letivas, do número de alunos que têm por turma", relatou, assegurando que a qualidade do ensino fica afetada.
A este cenário não é alheio o corte no financiamento público: "Aquilo que estamos a falar é de uma diminuição de 40% nas verbas que são transferidas do Orçamento do Estado, desde 2008. Isto é o valor mais baixo. Só tem paralelo em 1999, quando o número de alunos era bem inferior e até a realidade em termos de instituições era diferente".
O docente considera que foi já ultrapassado "o limite do que era razoável" e que não é possível reduzir mais o financiamento às instituições sem afetar a qualidade do trabalho que fazem.
Notícia retirada daqui
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