O Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) está de acordo com o Plano de Ação para a Transição Digital nas escolas. O problema é a exclusão dos docentes do Pré-escolar do Programa Nacional de Formação de Professores, criado para trabalhar, fornecer ou aprimorar competências digitais de quem ensina. O descontentamento do SIPE seguiu numa carta enviada ao ministro da Educação no final de 2020. Para o SIPE, esta exclusão é “incompreensível e injustificável”.
Os educadores de infância não podem ficar de fora deste percurso, segundo o SIPE. “Sendo certo que, em conformidade com o previsto no artigo 1.º do Estatuto da Carreira Docente, estes trabalhadores são, igualmente, ‘Docentes’, como os demais, devendo ser-lhes aplicável todas as regras e planos estipulados, sem qualquer discriminação”, lê-se na carta enviada a Tiago Brandão Rodrigues. “Assim, se do ponto de vista estatutário não se concebe motivação suficiente para esta exclusão dos docentes do Pré-escolar do Programa Nacional de Formação de Professores, muito menos se compreenderá essa opção do ponto de vista educativo”, sublinha a estrutura sindical.
Há determinadas variáveis em cima da mesa e esta é uma situação que o SIPE não quer deixar passar em claro, sem vincar a sua posição. Educar, sustenta o sindicato, “não é uma atividade que comece aos seis anos”. Não é tudo. “(…) hoje só faz sentido planear o Ensino Básico quando este é construído sobre um trabalho integrado que tem em conta todo o período dos zero aos seis anos de idade, abarcando o Ensino Pré-escolar.”
A carta contém várias observações e termina com o pedido de integrar, “sem distinção nem discriminação”, os docentes do Pré-escolar no Plano de Ação para a Transição Digital, em todas as suas fases. “Alienar o Pré-escolar dos desafios que se colocam na sociedade atual, cada vez mais digital e tecnológica, não dotando estes docentes das ferramentas necessárias para transmitir e aplicar essas valências, é precarizar também o futuro da Educação”, sublinha Júlia Azevedo, presidente do SIPE.
A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) repudia a decisão e exige informações sobre a exclusão dos educadores de infância do plano de capacitação digital dos docentes. A organização sindical releu a resolução de ministros, relativa a esta matéria, e não encontrou motivos para esta posição. O facto de não se prever a distribuição de computadores às crianças do Pré-escolar não é razão, para a FENPROF, que justifique o afastamento.
A FENPROF tem sido contactada por educadores por causa do assunto em questão, quer entender o que se passa, já pediu informações, e tomará uma posição pública quando chegar uma resposta – ou na ausência dela. “Há educadores de infância que recorrem ao meio digital em atividades que organizam e desenvolvem, mas, ainda que não o fizessem, destinando-se todo o programa a promover a literacia e inclusão e, como refere a DGE/ME, na informação enviada às direções de AE/ENA, sendo a primeira etapa, a decorrer durante o mês de janeiro, ‘fundamental para que os docentes possam participar, posteriormente, em formação específica e, deste modo, promover o seu desenvolvimento profissional’, não se compreendem os motivos da exclusão dos docentes de educação Pré-escolar”, adianta no seu site.
https://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=180425&langid=1
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