terça-feira, 8 de julho de 2008

M.E. apresentou as linhas gerais sobre os concursos para colocação

A Federação Nacional dos Professores participou, no dia 7 de Julho, num encontro convocado pela Secretaria de Estado da Administração Educativa, onde foram apresentadas as linhas gerais das alterações a introduzir pelo Ministério da Educação aos concursos de colocação dos docentes a realizar em 2009, para os próximos 4 anos.

Da apresentação feita ressaltam os seguintes aspectos:

A transformação dos actuais quadros de escola em quadros de agrupamento ou de escola não agrupada;
A progressiva extinção dos actuais quadros de zona pedagógica por colocação dos docentes em quadros de agrupamento ou de escola não agrupada;
A alteração aos factores que determinam a graduação para concurso com a introdução do factor "avaliação de desempenho".
Numa primeira análise, a FENPROF considera que a transformação dos actuais quadros de escola em quadros de agrupamento ou de escola não agrupada significa a instabilidade dos professores desses quadros no que respeita ao local de trabalho que verão alargar-se da escola a cujo quadro pertencem, para o conjunto de escolas que compõem o agrupamento que, por vezes, coincide com um concelho.

Por outro lado, a introdução do factor avaliação de desempenho na determinação da graduação em concurso merece a discordância da FENPROF.

Por último, não tendo ainda sido entregue o projecto de diploma que irá ser objecto de negociação com as organizações sindicais e, não tendo ainda sido fixado o calendário negocial, a FENPROF informou o Ministério da Educação que não aceitará que esse calendário coincida com o período de férias dos docentes.

Demora no licenciamento trava abertura da primeira escola para sobredotados do país


A criação da primeira escola para sobredotados do país, em Portimão, está a ser travada pela demora das autoridades em licenciar o projecto, que corre o risco de ser transferido para Espanha, dizem os mentores.

O projecto foi entregue à Direcção Regional de Educação do Algarve em Fevereiro, mas até agora não houve resposta.

Desenvolvida por técnicos da Universidade da Criança em conjunto com o Instituto da Inteligência, a escola iria beneficiar directamente 45 alunos do primeiro ano do Ensino Básico. De momento já está definido um grupo de 18 crianças e um segundo grupo está em formação, disse o presidente do Conselho Pedagógico da Universidade da Criança.

De acordo com Ricardo Monteiro, mentor do projecto, está tudo a postos para arrancar com a escola, a instalar no início do ano lectivo no complexo da Universidade da Criança, em Portimão, mas o projecto vive um impasse.

"Os entraves colocados pelo Ministério da Educação são sobretudo de ordem técnica", afirma. Ricardo Monteiro quer que a escola arranque dentro de dois meses "mesmo que seja com uma licença provisória".

Caso o Ministério e a Câmara de Portimão não dêem luz verde, os mentores do projecto ameaçam transferi-lo para Espanha, país que já se mostrou interessado, afiança Ricardo Monteiro.

A agência Lusa tentou saber junto daquelas entidades o ponto de situação no que respeita ao licenciamento da escola-piloto, mas tal não foi possível até ao momento.

Portugal tem entre 35 a 50 mil crianças sobredotadas

Em vez de apenas um professor, como acontece no sistema convencional de ensino, na escola-piloto cada grupo de alunos teria ao seu dispor uma equipa de onze profissionais, entre psicólogos e professores.

As matérias a leccionar iriam desde as habituais, como Matemática ou Português, a disciplinas como "Filosofia para Crianças" ou o ensino de duas línguas estrangeiras, neste caso Inglês e Alemão.

Isto porque segundo o modelo educativo que inspira a Universidade da Criança, a existência de um só professor pode tornar-se "redutora", especialmente para crianças com uma inteligência acima da média.

De acordo com Ricardo Monteiro, estima-se que existam em Portugal entre 35 a 50 mil crianças e jovens sobredotados em Portugal, embora poucos sejam detectados por não haver no sistema escolar meios de os identificar.

É exactamente essa uma das missões da Universidade da Criança, criada em Portimão em 2004 e que em parceria com o Instituto da Inteligência faz uma avaliação rigorosa do potencial das crianças, aconselhando igualmente os pais.

"Acreditamos que o ensino superior começa na infância", afirma Ricardo Monteiro.

De acordo com o mentor da escola-piloto, uma criança sobredotada tem as mesmas necessidades educativas especiais que uma criança com o Síndroma de Down ou com Autismo, pelo que precisa de um atendimento educacional diferenciado.

"Uma criança elevadamente sobredotada não se interessa pelo que se passa numa sala de aula normal já que os desafios que lhe são colocados estão muito abaixo da sua capacidade", afirma.

Uma criança com um Quociente de Inteligência (QI) de 140 - sendo que são considerados sobredotados aqueles com QI superior a 130 -, aproveita apenas 50 por cento de uma aula comum, enquanto uma com QI de 170 não aproveita praticamente nada.

Estas crianças são muitas vezes hostilizadas pelos colegas, ao que acresce o problema da falta de formação de professores sobre métodos pedagógicos para lidar com crianças dotadas de inteligência acima da média.

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Resultados na prova de Português geram desilusão

Terminou a angústia para milhares de jovens, com a afixação dos resultados dos exames nacionais. Importantes para a passagem de ano mas fundamentais para a entrada na universidade, as notas deixaram algum descontentamento.
A noite anterior não tinha sido bem dormida, isso notava-se nas olheiras de grande parte dos alunos que chegavam à Escola Secundária Rodrigues de Freitas, no Porto. Ansiosos por saber os resultados que iriam ditar o seu futuro para o próximo ano lectivo, os jovens rapidamente subiam os degraus de pedra. Depois vinha a parte mais difícil.
Com o dedo a tremer de nervosismo, não era fácil traçar uma linha recta entre o nome e a correspondente nota. Entre alguns empurrões e "chega para lá" confirmavam-se e reconfirmavam-se as notas. Na sua maioria eram boas, mas isso não era suficiente para muitos. Para entrar na universidade tinham de ser excelentes. Por isso, os sentimentos dominantes eram um pouco ambíguos: alguma alegria mas também alguma frustração. No Rodrigues, a fila para comprar os impressos de revisão de prova e inscrição na segunda fase denunciava que muitos não tinham atingido os objectivos.
Já na Secundária de Penafiel, imperava a revolta, principalmente por causa dos resultados do exame de Língua Portuguesa. A explicação para a derrapagem assentava em dois argumentos: os critérios rigorosos e as perguntas ambíguas. Além disso, a matéria escolhida, especialmente os Lusíadas, supreendeu. A desilusão era colectiva com fortes críticas ao sistema de ensino: "Desta vez, facilitaram em Matemática e toda a gente tirou boas notas. Em Português foi mesmo para chumbar".

Associações de professores reagem a resultados nos exames de matemática e de português


A Associação de Professores de Matemática (APM) congratulou-se hoje com a melhoria dos resultados no exame de Matemática A do 12º, mas considerou que não revelam necessariamente uma melhor aprendizagem, porque as provas não são comparáveis às dos anos anteriores. De igual modo, a Associação de Professores de Português (APP) entende que a quebra de resultados nos exames de Português do 12º ano deveu-se "exclusivamente" a uma prova "duvidosa e mal formulada" e não à falta de preparação dos alunos.

Para a APM, o trabalho que se tem vindo a desenvolver com os alunos nas escolas, os testes intermédios, o tempo da prova e as suas características, nomeadamente "a alteração da estrutura no caso da Matemática A e a inclusão de algumas questões bastante acessíveis" foram alguns dos factores que, segundo a Associação de Professores de Matemática (APM), contribuíram para uma melhoria dos resultados nas provas deste ano.

A Associação de Professores de Matemática afirmou ainda discordar da análise feita pelo Ministério da Educação quanto "aos factores que contribuíram para a melhoria dos resultados dos exames de Matemática do ensino secundário". A associação salienta que "nenhuma das medidas do Plano de Acção para a Matemática (PAM) se dirigiu aos alunos do secundário", lembrando que este ano não houve alunos abrangidos pelo PAM a realizar tais exames, uma vez que aquele Plano "só se iniciou no 9º ano em 2006/07".

Porém, a associação sublinha, em comunicado, que a subida de notas "não revela que as aprendizagens dos alunos tenham melhorado relativamente a anos anteriores", uma vez que os exames "não podem medir todas as aprendizagens" e porque as provas foram "diferentes a vários níveis, sobretudo no tempo de realização e no número de perguntas que exigem raciocínios mais complexos".

Para a APM, o "investimento na formação contínua dos professores e no equipamento das escolas", aliada a outras medidas como "a redução do número de alunos em algumas turmas ou o desdobramento das turmas maiores" são medidas que, a médio prazo, produzirão "melhorias nos resultados não só nos exames, mas também das aprendizagens dos alunos na disciplina de Matemática".

A taxa de reprovação de 7 por cento dos 36.674 alunos que fizeram este ano a prova de Matemática A é menos de metade da verificada no ano passado (18 por cento) e cerca de um quarto da de 2006 (29 por cento), segundo dados do Ministério da Educação (ME).

Prova de português “duvidosa e confusa”

Nos exames de português, a Associação de Professores de Português (APP) culpa a má formulação da prova pelos piores resultados dos últimos anos.

"Os maus resultados [a português] não surpreenderam porque a prova apresentava toda uma série de questões mal formuladas que levaram os alunos à confusão. Esta quebra não se deve a falta do bom ensino de Português ou falta de preparação, mas sim exclusivamente à prova que os alunos tiveram à frente", afirmou hoje à Agência Lusa a vice-presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Antunes Ferreira.

A responsável lembrou que tanto o primeiro como o segundo grupo do exame de Português do 12º ano "suscitaram várias dúvidas" à APP e a inúmeros professores, salientando que "nem os alunos nem os docentes podem ser responsabilizados pelos fracos resultados".

"Os professores leccionaram e preparam os alunos este ano como sempre o fizeram nos anos anteriores. Há uma coisa que está mal nisto tudo e de certeza que não é a forma como os professores leccionam o Português", reiterou.

A média de notas no exame de Português do 12º deste ano ficou abaixo dos 10 valores (numa escala até 20) pela primeira vez em três anos, situando-se nos 9,7 valores face aos 10,8 de 2007.

Edviges Antunes Ferreira afirmou ver "com bons olhos" o reforço das medidas de apoio da disciplina no Secundário anunciado pelo Ministério da Educação na sexta-feira passada.

"Qualquer reforço a nível da carga horária em Português é fundamental para melhorar o desempenho dos alunos. Mas não tenho dúvidas de que se os alunos no próximo ano forem confrontados outra vez com uma prova deste calibre os resultados não vão melhorar, vão ser os mesmos", considerou.

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Educação: "Melhorias estatísticas não vão ajudar o país"

"Qual o perfil de cidadão que desejamos para Portugal?". A resposta a esta questão devia edificar o sistema educativo, defende um sociólogo ao JN. Os docentes não falam em facilitismo, mas estão preocupados.

São hoje afixadas nas escolas as notas dos exames de 12º ano. Na sexta-feira, o Ministério da Educação revelou as médias das classificações: houve uma melhoria generalizada, principalmente a Matemática. Esses resultados são fruto do investimento no processo de aprendizagem ou de um sistema facilitista? O JN fez esta pergunta a presidentes de associações de professores e docentes universitários. Nenhum classificou o sistema de facilitista, a palavra nem sequer foi mencionada, mas todos criticaram a focalização para os resultados estatísticos.

"O país vai pagar caro por esta política educativa. As estatísticas não vão ajudar o desenvolvimento" do país, considera Mário de Carvalho. Professor universitário, ex-dirigente da Fenprof, foi o único a reconhecer ao JN que os alunos lhes estão a chegar pior preparados. "Nos Estados Unidos e noutros países europeus quem chumba no Ensino Superior "é convidado a sair por desprestigiar os estabelecimentos", a exigência devia ser regra, considera.

"O nosso sistema de ensino está longe de favorecer o desenvolvimento do país", concorda Ivo Domingos. O sociólogo de Educação da Universidade do Minho defende o maior envolvimento e responsabilização dos agentes formativos, nomeadamente as famílias. "Qual é o perfil do cidadão que desejamos para Portugal?" - a resposta a esta questão deveria edificar o sistema educativo alega. Os pais não podem "fazer trabalhos de casa" aos filhos ou incentivá-los a "copiar" só porque é mais simples.

"Vivemos uma preocupante laicização do ensino e da avaliação escolar", alerta, criticando a preocupação excessiva não só deste Ministério como dos anteriores com "uma certificação de sucesso". Dois indicadores deste sistema são "a quantidade de alunos com várias negativas no 1.º e 2.º período que depois passam de ano" e o facto de haver, "cada vez mais, predisposição para copiar". Se os alunos não aprenderem além dos conteúdos curriculares "competências racionais, morais e éticas não terão problemas, quando forem adultos, em desrespeitar o código da estrada ou fugirem ao fisco. Um sistema que não é planeado irá sempre favorecer os interesses corporativos, por vezes ilegítimos", concluiu.

"O problema não está nos alunos bem sucedidos mas nos que perdemos". Rui Trindade também critica um sistema focalizado para as notas: há mais escola além dos exames. Esses resultados não revelam o nível de aprendizagem. O professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto defende - tal como todos os outros docentes ouvidos pelo JN - um sistema que não facilite os chumbos mas a recuperação dos alunos. É o recomendado pela OCDE e pela UNESCO. Entre 2005 e 2007 a taxa de reprovação em Portugal desceu dos 10,2 para os 5,5% nos primeiros seis anos de escolaridade. O problema, alertam, é a falta de meios e planeamento.

"Ainda estamos a muitas décadas da Finlândia", sublinha Rita Bastos, presidente da Associação de Professores de Matemática. "A investigação mostra que a reprovação não resolve nenhum problema nem para os alunos nem para as escolas mas os finlandeses não têm os nossos problemas económicos, sociais e culturais e todos eles entram na escola".

Cábulas nas calculadoras dos alunos sem controlo


Uma falha nas regras sobre utilização de calculadoras permite aos alunos do secundário levarem para os exames de Matemática e Física e Química todos os 'auxiliares de memória' que considerem necessários, como fórmulas que não constem dos enunciados e até descrições "passo a passo" de como resolver diferentes problemas.

Os recursos são diversos: desde activar a função alfanumérica, presente na generalidade das calculadoras gráficas autorizadas pelo Ministério da Educação, e escrever as cábulas desejadas para consulta posterior, às páginas da internet que fornecem formulários e pistas em formatos já adaptados às calculadoras mais populares, da Casio e da Texas Instruments.

Longe de ser um segredo bem guardado, verificou o DN, o método é conhecido por alunos e professores, e tolerado como normal. Para o impedir, seria aliás necessário eliminar das calculadoras a informação para lá descarregada, algo que o próprio Ministério proíbe: "Aos alunos é permitida a utilização de todas as potencialidades da máquina, não sendo por isso permitida qualquer intervenção no sentido de fazer reset à mesma", diz um ofício de Janeiro da Direcção-geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e do Júri Nacional de Exames.

"Habitualmente, o que os professores fazem no início das provas é verificar se as calculadoras estão na lista permitida. E mesmo que não estejam os alunos podem usá-las, desde que assinem um documento assumindo esse facto", explicou ao DN Teresa Caissotti, da Sociedade Portuguesa de Matemática. "Verificar os conteúdos das máquinas, mesmo que fosse permitido, seria fisicamente impossível, porque estamos a falar de centenas de alunos, que chegam aos exames 15 minutos antes".

Para esta professora, não há dúvida de que estamos a falar de "auxiliares de memória" e que, objectivamente pode haver "desigualdade" entre os alunos nas provas , em função do volume de informação descarregado para as calculadoras. No entanto, é "discutível" que se possa considerar estarmos perante uma forma de maus alunos chegarem às respostas certas: "A matemática não se presta muito a isso", diz. "Não basta consultar uma fórmula para se conseguir resolver o problema".

Mas, sendo assim, poderá questionar-se porque se dá o Ministério ao trabalho de dizer que as calculadoras não podem ter funcionalidades como o "cálculo simbólico (CAS)" ou "teclado QWERTY" (aquele que é utilizado nos computadores), quando essas limitações são facilmente contornadas pelos estudantes.

A verdade é que até os próprios alunos parecem ter dúvidas: "Recebemos muitos e-mails de estudantes a perguntar se isto é mesmo assim. Se podem fazer isto", disse ao DN Bruno Teixeira, da Aexames, uma associação que gere um site dedicado a estudantes do secundário e do superior.

O DN contactou o Ministério da Educação, solicitando uma posição sobre esta situação, mas não obteve resposta em tempo útil.

PEDRO SOUSA TAVARES E RITA CARVALHO
GONÇALO BORGES DIAS

Do 20 a Matemática ao nove a Português


Para Maria Raquel, estudante de 19 anos, as notícias não podiam ser melhores: teve vinte valores a Matemática B e considera que o exame do 12º ano foi "super facilitador". Com uma média final que ronda os 18 valores, espera-a o curso superior de Arquitectura, ao qual vai concorrer. Do lado oposto está Aparício Rodrigues, com 22 anos, que teve nove valores no exame de Português. "Acho que foi fácil, mas a maior parte dos alunos não estava à espera de ‘Os Lusíadas’", confessa. Para Aparício, as expectativas não passam pelo Ensino Superior, porque prefere um curso profissional.


António Monsanto, professor de Português na Escola Secundária Padre António Vieira, em Lisboa, tem uma opinião contrária. "Não achei o exame de Português nada fácil, porque havia questões com alguma dificuldade de critérios. A prova poderia ter sido mais elaborada e isso prejudicou os alunos". Leonilde Pilar, também docente de Português, subscreve: "A prova deixou muito a desejar, bem como os critérios. Talvez em Matemática, sim, as coisas tenham sido mais fáceis". E vai mais longe: "Não tenho dúvidas de que este é um sucesso fabricado", reportando-se à melhoria a nível nacional das notas das provas de Matemática do 12º ano.

No Alentejo, o cenário não era muito diferente. Na Escola Secundária Gabriel de Pereira,Inês de Castro, de 17a nos, mostrava-secontente com os resultados. "Tive valores acima daquilo que estava à espera. Consegui um 15 a Português. Ainda não sei bem que curso vou seguir, mas estou a pensar em alguma coisa ligada com relações públicas". Com o sentimento generalizado de que o exame de Matemática foi bem mais fácil do que era esperado, houve no entanto outras notas que ficaram aquém das expectativas. "Estava à espera que o exame de Biologia fosse pior, mas mesmo assim tive negativa", disse Ana Sofia Aldeã, que na pauta viu também negativa a Física e Química.

ÉPOCA DECISIVA

PROVA "DUVIDOSA"

A Associação de Professores de Português diz que os maus resultados devem-se a uma prova "duvidosa e mal formulada".

CANDIDATURAS NA 5.ª

As candidaturas para a 1.ª fase de acesso ao Ensino Superior começam quinta-feira.

Susana Chambel/ Tiago Esteves

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Prémio Ciência na Escola


A Fundação Ilídio Pinho, em parceria com a Direcção Regional de Educação do Norte e com o Banco Espírito Santo, promoveu, no dia 2 de Julho, uma cerimónia de entrega dos prémios aos vencedores da edição 2007/2008 do Prémio Fundação Ilídio Pinho 'Ciência na Escola'.

Instituído em 2002, resultante de um Protocolo entre a Fundação Ilídio Pinho, o Ministério da Educação e o Banco Espírito Santo, o Prémio 'Ciência na Escola' visa sensibilizar os jovens alunos dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário para as ciências exactas – Matemática, Física, Química, Biologia, etc. Para a edição deste ano, os projectos a concurso deveriam integrar uma ou mais áreas científicas e, obrigatoriamente, as Tecnologias de Informação e Comunicação.

O Júri Nacional do Prémio, do qual a Confap tem a honra de pertencer, que reuniu no passado dia 16 de Junho, na Direcção Regional de Educação do Norte, decidiu distinguir sete projectos - dois primeiros prémios ex-aequo e cinco menções honrosas.
A cada um dos vencedores finais será atribuído um prémio de €12.500, sendo cada Menção Honrosa premiada com €5.000.


1º Prémio


1. Título do Projecto: A Ciência das Abelhas

Agrupamento de Escolas Marinhas do Sal de Rio Maior
http://agmsal.ccems.pt

Concelho de Rio Maior - Distrito de Santarém - DRELVT



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2. Título do Projecto: Sistema de Informação Geográfica do Património Geológico de Vila Nova de Foz Côa

Site do Projecto : http://projectos.esec-tc-adao-carrapatoso.rcts.pt/sig_geologia/

Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Francisco Campos Henriques
http://www.esec-tc-adao-carrapatoso.rcts.pt

Concelho - Vila Nova de Foz Côa - Distrito da Guarda - DREN


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MENÇÕES HONROSAS



1. Título do Projecto: Green TIC Watt (GTW)

Site do Projecto : Green TIC Watt (GTW)

EPF - Ensino Profissional de Felgueiras, Lda http://www.epfelgueiras.org

Concelho - Felgueiras - Distrito do Porto - DREN


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2. Título do Projecto: Simulação de Satélite

Agrupamento de Escolas de São Gonçalo - Torres Vedras
http://moodle.ag-sg.net
Concelho de Torres Vedras - Distrito de Lisboa - DRELVT



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3. Título do Projecto: Ciência dos Oito aos Oitenta

Agrupamento de Escolas João Franco (Fundão) http://eb23-joaofranco.ccbi.com.pt

Concelho de Fundão - Distrito de Castelo Branco - DREC



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4. Título do Projecto: EPimc@Tic/quinto Agá

Escola Básica Vasco da Gama de Sines - Sines http://eb23sines.googlepages.com

Concelho de Sines - Distrito Setúbal - DREA



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5. Título do Projecto: Vamos salvar o planeta Terra: uma perspectiva mundial e concelhia

Escola Básica D. Manuel I (Tavira) http://www.eb23-d-manuel-i.rcts.pt

Concelho de Tavira - Distrito de Faro - DREALG

Educação: "Melhorias estatísticas não vão ajudar o país"

"Qual o perfil de cidadão que desejamos para Portugal?". A resposta a esta questão devia edificar o sistema educativo, defende um sociólogo ao JN. Os docentes não falam em facilitismo, mas estão preocupados.

São hoje afixadas nas escolas as notas dos exames de 12º ano. Na sexta-feira, o Ministério da Educação revelou as médias das classificações: houve uma melhoria generalizada, principalmente a Matemática. Esses resultados são fruto do investimento no processo de aprendizagem ou de um sistema facilitista? O JN fez esta pergunta a presidentes de associações de professores e docentes universitários. Nenhum classificou o sistema de facilitista, a palavra nem sequer foi mencionada, mas todos criticaram a focalização para os resultados estatísticos.

"O país vai pagar caro por esta política educativa. As estatísticas não vão ajudar o desenvolvimento" do país, considera Mário de Carvalho. Professor universitário, ex-dirigente da Fenprof, foi o único a reconhecer ao JN que os alunos lhes estão a chegar pior preparados. "Nos Estados Unidos e noutros países europeus quem chumba no Ensino Superior "é convidado a sair por desprestigiar os estabelecimentos", a exigência devia ser regra, considera.

"O nosso sistema de ensino está longe de favorecer o desenvolvimento do país", concorda Ivo Domingos. O sociólogo de Educação da Universidade do Minho defende o maior envolvimento e responsabilização dos agentes formativos, nomeadamente as famílias. "Qual é o perfil do cidadão que desejamos para Portugal?" - a resposta a esta questão deveria edificar o sistema educativo alega. Os pais não podem "fazer trabalhos de casa" aos filhos ou incentivá-los a "copiar" só porque é mais simples.

"Vivemos uma preocupante laicização do ensino e da avaliação escolar", alerta, criticando a preocupação excessiva não só deste Ministério como dos anteriores com "uma certificação de sucesso". Dois indicadores deste sistema são "a quantidade de alunos com várias negativas no 1.º e 2.º período que depois passam de ano" e o facto de haver, "cada vez mais, predisposição para copiar". Se os alunos não aprenderem além dos conteúdos curriculares "competências racionais, morais e éticas não terão problemas, quando forem adultos, em desrespeitar o código da estrada ou fugirem ao fisco. Um sistema que não é planeado irá sempre favorecer os interesses corporativos, por vezes ilegítimos", concluiu.

"O problema não está nos alunos bem sucedidos mas nos que perdemos". Rui Trindade também critica um sistema focalizado para as notas: há mais escola além dos exames. Esses resultados não revelam o nível de aprendizagem. O professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto defende - tal como todos os outros docentes ouvidos pelo JN - um sistema que não facilite os chumbos mas a recuperação dos alunos. É o recomendado pela OCDE e pela UNESCO. Entre 2005 e 2007 a taxa de reprovação em Portugal desceu dos 10,2 para os 5,5% nos primeiros seis anos de escolaridade. O problema, alertam, é a falta de meios e planeamento.

"Ainda estamos a muitas décadas da Finlândia", sublinha Rita Bastos, presidente da Associação de Professores de Matemática. "A investigação mostra que a reprovação não resolve nenhum problema nem para os alunos nem para as escolas mas os finlandeses não têm os nossos problemas económicos, sociais e culturais e todos eles entram na escola".

Quem tem 19 valores a Português?


Mariana tem 17 anos, é aluna da Escola Secundária de Monserrate, em Viana do Castelo, e «tirou» 19 valores no exame de Português do 12º ano, muito acima da média nacional, que se ficou pelos 9,7 valores, escreve a Lusa.

«Uma prova mal formulada? Mas mal formulada porquê? Tinha algumas ratoeiras, é verdade mas, para mim, a prova é clarinha como a água», disse, à agência Lusa, Mariana Martins, contrariando assim as críticas da Associação de Professores de Português (APP).

Esta associação considerou esta segunda-feira que a quebra de resultados nos exames de Português do 12º ano se deveu «exclusivamente» a uma prova «duvidosa e mal
formulada» e não à falta de preparação dos alunos.

Português abaixo dos 10 valores
Português: más notas por culpa do exame

Para Mariana, que já tinha concluído o ano com 18 valores, a única coisa de que os alunos se podem queixar é de no exame ter saído «Os Lusíadas», uma obra «que nem sequer fazia parte do programa» do 12º ano.

«Demos "Os Lusíadas" no 9º ano e, no 12º, voltámos a falar da obra mas nem sequer lhe demos muita importância, porque estávamos convencidos de que, se saísse no exame, seria apenas para comparar a mensagem com a de Fernando Pessoa. Acabámos por ser surpreendidos mas essa foi mesmo a única surpresa da prova», garantiu.

A média de notas no exame de Português do 12º deste ano ficou abaixo dos 10 valores (numa escala até 20) pela primeira vez em três anos, situando-se nos 9,7 valores face aos 10,8 de 2007.

Dos 60.281 alunos que este ano fizeram a prova de Português «chumbaram» oito por cento (um acréscimo face aos 5 por cento verificados em 2007 e 2006).

Piores resultados a Português devido a prova duvidosa e confusa

A quebra de resultados nos exames de Português do 12º ano deveu-se "exclusivamente" a uma prova "duvidosa e mal formulada" e não à falta de preparação dos alunos, considerou hoje a Associação de Professores de Português.
"Os maus resultados não surpreenderam porque a prova apresentava toda uma série de questões mal formuladas que levaram os alunos à confusão. Esta quebra não se deve a falta do bom ensino de Português ou falta de preparação, mas sim exclusivamente à prova que os alunos tiveram à frente", afirmou hoje à Agência Lusa a vice-presidente da Associação de Professores de Português (APP), Edviges Antunes Ferreira.
A responsável lembrou que tanto o primeiro como o segundo grupo do exame de Português do 12º ano "suscitaram várias dúvidas" à APP e a inúmeros professores, salientando que "nem os alunos nem os docentes podem ser responsabilizados pelos fracos resultados".
"Os professores leccionaram e preparam os alunos este ano como sempre o fizeram nos anos anteriores. Há uma coisa que está mal nisto tudo e de certeza que não é a forma como os professores leccionam o Português", reiterou.
A média de notas no exame de Português do 12º deste ano ficou abaixo dos 10 valores (numa escala até 20) pela primeira vez em três anos, situando-se nos 9,7 valores face aos 10,8 de 2007.
Dos 60.281 alunos que este ano fizeram a prova de Português "chumbaram" 08 por cento (um acréscimo face aos 05 por cento verificados em 2007 e 2006).
A média de notas tem vindo a decrescer: dos 11,6 valores de 2006 passou-se para 10,8 valores no ano passado e para os 9,7 valores deste ano.
Edviges Antunes Ferreira afirmou ver "com bons olhos" o reforço das medidas de apoio da disciplina no Secundário anunciado pelo Ministério da Educação na sexta-feira passada.
"Qualquer reforço a nível da carga horária em Português é fundamental para melhorar o desempenho dos alunos. Mas não tenho dúvidas de que se os alunos no próximo ano forem confrontados outra vez com uma prova deste calibre os resultados não vão melhorar, vão ser os mesmos", considerou.
O secretário de Estado Valter Lemos disse na sexta-feira à Lusa que "esta pequena quebra" nos resultados dos exames nacionais de Português do 12º ano "não é muito significativa", mas é suficiente para "preocupar" o Governo, pelo que serão adoptadas "algumas medidas de apoio e de reforço no ensino de português no secundário".
Ainda que o resultado final não seja "um resultado muito mau", uma vez que "está no limiar da positiva", o secretário de Estado da Educação reconheceu que a baixa dos resultados a Português causa preocupação.
"Isto deixa-nos alguma preocupação para eventualmente ter que implementar algumas medidas de apoio e de reforço" da disciplina no Secundário, reiterou, lembrando que os indicadores que o Ministério da Educação tinha apontavam para existência de "mais problemas" no ensino básico.
"Provavelmente o facto de os resultados no secundário ser historicamente nos últimos anos um resultado razoável não nos deixava tanta preocupação", afirmou Valter Lemos.
"Teremos agora que fazer alguma revisão em alta desta nossa preocupação. Vamos trabalhar para que no próximo ano possamos ter algumas medidas de apoio e reforço ao ensino português no ensino secundário para evitar que isto não seja uma tendência, mas sim meramente uma oscilação natural, e para manter um resultado em Português, que historicamente é positivo", acrescentou.
Diário Digital / Lusa

Angra Heroísmo: Câmara investe 7,5 M€ em escolas

A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo vai gastar 7,5 milhões de euros na construção de duas novas escolas e na remodelação, ampliação e beneficiação de outros três estabelecimentos de ensino do primeiro ciclo.
A informação foi hoje avançada à agência Lusa pelo vereador Miguel Borba, responsável pelo parque escolar, que revelou serem alvo de remodelação, ampliação e beneficiação as escolas das freguesias de São Mateus, São Bartolomeu e Alto das Covas.
"Vão ser construídos dois novos estabelecimentos de ensino nas freguesias de Santa Bárbara e Ribeirinha", adiantou.
Segundo Miguel Borba, o financiamento é assegurado por uma comparticipação em 85 por cento a fundo perdido da União Europeia e nos restantes 15 por cento, da responsabilidade da autarquia, são dados alguns apoios do Governo regional.
No ano escolar 2007/2008 frequentaram o primeiro ciclo do ensino básico (do pré escolar até ao 4º. ano de escolaridade) no concelho de Angra 1.703 alunos, prevendo-se que no próximo ano lectivo a variação seja mínima, segundo dados da Direcção Regional da Educação.
Em termos de taxa de natalidade no ano 2000 nasceram no concelho de Angra do Heroísmo 432 crianças e em 2006 nasceram 734.
As freguesias onde houve menor número de nascituros foram as Doze Ribeiras, Serreta e Raminho enquanto nasceram mais crianças nas freguesias de São Mateus, Conceição, Terra-Chã e São Pedro.
Diário Digital / Lusa

Ministra da Educação visita Escola Portuguesa em Macau

A Escola Portuguesa de Macau deve ser «internacionalizada», permitindo o acesso ao ensino superior na Europa a alunos de várias origens, defendeu este domingo em Macau a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.

A ministra, que chegou hoje ao território acompanhada do secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, vai manter até quinta-feira encontros e reuniões de trabalho sempre com a Escola Portuguesa no centro dos trabalhos.

A mudança de instalações, a flexibilização dos currículos e a internacionalização são os três temas principais da visita da ministra.

Sobre a mudança de instalações, a ministra é prudente e diz apenas que irá analisar o assunto, mas que a decisão cabe às autoridades de Macau.

«A escola está bem, tem óptimos resultados escolares (...) e a questão das instalações está do lado das autoridades da Região Administrativa Especial e nós respeitamos integralmente o que decidirem sobre a matéria e aguardamos tranquilamente que haja uma decisão segura e que garanta a continuação do bom funcionamento da escola», afirmou.

Já sobre a internacionalização e flexibilização dos currículos que, entre outros aspectos, poderiam permitir cativar mais alunos para a instituição e contrariar a tendência de perda que se tem verificado desde a abertura, a ministra foi mais específica.

«É muito importante que a escola se afirme com um espaço de excelência, atractivo para a comunidade portuguesa aqui residente mas também para jovens com outras origens, outras culturas, que se afirme como espaço de excelência para a formação de jovens de Macau», sublinhou.

O objectivo é, garante, ter uma «escola portuguesa internacionalizada que permita o acesso às universidades da Europa a partir da formação que recebem na escola» pelo que será «absolutamente essencial flexibilizar os currículos».

Na segunda-feira, Maria de Lurdes Rodrigues visita na Escola Portuguesa de Macau a exposição dos 10 anos da instituição seguindo-se uma reunião com a direcção e administradores e, ao final da tarde, com a Associação de Pais.

Maria de Lurdes Rodrigues - que visita Macau pela segunda vez - vai também manter em Macau encontros com os responsáveis governamentais da área da educação, nomeadamente com o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Fernando Chui Sai On, e com o chefe do Executivo, Edmund Ho.

Nos contactos políticos, o tema central será a mudança de instalações da escola que é discutida há vários anos, existindo um protocolo entre os dois Governos para um trabalho conjunto de análise e decisão da questão.

A última solução avançada seria a transferência da escola para as antigas instalações do hotel Estoril, um espaço que seria alvo de obras de adaptação para tornar a escola autónoma no seu funcionamento sem estar dependente de instalações terceiras como os pavilhões gimnodesportivos, devendo a ministra manifestar a concordância de Portugal ao Executivo de Macau.

Diário Digital / Lusa

domingo, 6 de julho de 2008

ME terá de equacionar medidas para recuperar no Português

O Ministério da Educação (ME) "terá que equacionar medidas de apoio e de reforço de ensino de português no secundário" devido à quebra de resultados nos exames de Português do 12º ano, disse hoje o secretário de Estado da Educação.
A média de notas no exame de Português do 12º deste ano ficou abaixo dos 10 valores pela primeira vez em três anos, situando-se nos 9,7 valores face aos 10,8 de 2007.

Dos 60.281 alunos que este ano fizeram a prova de Português "chumbaram" 8 por cento (um acréscimo face aos 5 por cento verificados em 2007 e 2006).

A média de notas tem vindo a decrescer: dos 11,6 valores de 2006 passou-se para 10,8 valores no ano passado e para os 9,7 valores deste ano.

"Esta pequena quebra, que não é muito significativa mas suficiente para nos preocupar, leva-nos necessariamente a ter que equacionar algumas medidas de apoio e de reforço no ensino de português no secundário ", afirmou hoje Valter Lemos em declarações à Agência Lusa.

Ainda que o resultado final não seja "um resultado muito mau", uma vez que "está no limiar da positiva", o secretário de Estado da Educação reconheceu que a baixa dos resultados a Português causa preocupação.
"Isto deixa-nos alguma preocupação para eventualmente ter que implementar algumas medidas de apoio e de reforço" da disciplina no Secundário, reiterou, lembrando que os indicadores que o Ministério da Educação tinha apontavam para existência de "mais problemas" no ensino básico.

"Provavelmente o facto de os resultados no secundário ser historicamente nos últimos anos um resultado razoável não nos deixava tanta preocupação", afirmou Valter Lemos.

"Teremos agora que fazer alguma revisão em alta desta nossa preocupação. Vamos trabalhar para que no próximo ano possamos ter algumas medidas de apoio e reforço ao ensino português no ensino secundário para evitar que isto não seja uma tendência, mas sim meramente uma oscilação natural, e para manter um resultado em Português, que historicamente é positivo", acrescentou.

Em relação aos restantes exames, o tom é de satisfação.

"Estamos satisfeitos com os resultados obtidos, porque em geral revelam uma melhoria dos resultados finais, designadamente nas disciplina nas quais tem havido um esforço muito grande de concentrar uma série de medidas de apoio e de reforço ao ensino e a aprendizagem, como a Matemática, a Química, Física e Biologia".

A taxa de reprovação no exame de Matemática A do 12º deste ano baixou para 7 por cento, contra os 18 por cento do ano passado, numa prova em que a média de notas foi de 12,5 valores.

A taxa de reprovação de 7 por cento dos 36.674 alunos que fizeram este ano a prova de Matemática A é menos de metade da verificada no ano passado (18 por cento) e cerca de um quarto da de 2006 (29 por cento), indicam os dados oficiais distribuidos hoje à tarde pelo Ministério da Educação (ME).

Na Matemática B (prova realizada por 6.731 alunos), a média de resultados foi de 11,4, uma subida em relação aos 7,5 valores verificada em 2007.

A taxa de "chumbos" neste exame foi igualmente de 7 por cento contra os 24 por cento de 2007 e os 30 por cento em 2006.

Quanto aos exames na área de Ciências, registou-se uma melhoria nos resultados da Física e Química A, que ainda assim registou uma taxa de "chumbos" de 22 por cento (a mais alta percentagem de reprovações em todos os exames) face aos 31 por cento de 2007 mas superior aos 21 por cento de 2006.

Os 31.760 alunos que fizeram esta prova obtiveram uma média de 9,3 valores (contra os 7,2 valores de 2007 e os 7,4 de 2006).

Quanto a Biologia e Geologia, dos 39.890 alunos que fizeram a prova chumbaram 8 por cento (uma melhoria face aos 12 por cento de 2007 e aos 9 por cento de 2006).

A média de Biologia e Geologia passou de 9,1 valores em 2007 para 10,5 valores este ano.

"Creio que o esforço que tem sido realizado nessa áreas - traduzido em mais tempo de trabalho dos alunos e professores e melhores instrumentos de trabalho como testes intermédios - tem sido bem usado, o que produziu melhores efeitos finais e demonstram alguma consistência nos ultimos anos", sublinhou Valter Lemos.

Diário Digital / Lusa

Professores duvidam de "milagre" na Matemática

A Associação de Professores de Matemática não acredita que a melhoria nos resultados dos exames nacionais da disciplina corresponda a uma diferença efectiva na aprendizagem dos alunos. "Acredito que haja um maior empenho das escolas, dos professores, dos alunos, mas uma diferença tão grande não é explicável por isso", diz Rita Bastos, presidente da associação, que não tem dúvidas de que os exames foram "acessíveis".

Por outro lado, os professores também não estão de acordo com a análise da ministra da Educação, que atribuiu a subida a mais trabalho e aos efeitos do Plano de Acção para a Matemática. Até porque o Plano se destina a alunos do ensino básico, até ao 9.º ano, e por isso, "não é possível que estes resultados sejam um reflexo disso", explica Rita Bastos.

Também Manuela Mendonça, da Fenprof, salienta esta "incorrecção" nas razões apresentadas por Maria de Lurdes Rodrigues. Mas vai mais longe e considera o discurso da ministra "demagógico". "Ainda que as medidas implementadas resultassem, e temos muitas dúvidas, não teriam resultados tão expressivos no imediato", diz a dirigente sindical.

"Há a tentativa de criar uma realidade virtual através das estatísticas, que não tem correspondência ao nível da melhoria da aprendizagem", acusa. "São demasiados os indícios de que houve interferências do Ministério para conseguir estes resultados."

Para o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Albino Almeida, é necessário comparar as notas dos exames com as avaliações dos alunos nos último três anos. "Se estiveram em linha com as notas anteriores, ficam mal aqueles que falam de facilitismo, se foram diferentes, então é preciso levar as críticas a sério." Até esse trabalho estar feito, "a Confap não vai alinhar no festival dos que falam em milagres a matemática, nem dos que falam em tragédia a português", diz, salientado que embora se tenha falado de exames mais fáceis, os resultados foram bem diferentes, já que a português pioraram.

dn

sábado, 5 de julho de 2008

Entrevista com a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues


O rosto da primeira grande contestação contra o Governo mantém-se resistente à frente da pasta da Educação. Apesar de afirmar não ser imune às contestações sociais, parece passar-lhes ao lado. Nega querer governar para as estatísticas e apesar das críticas de facilitismo, diz que "o ensino é hoje mais exigente".


Sempre teve um discurso de grande exigência, mas os exames deste ano levam a questionar: Onde está essa exigência?
Não tenho a ideia de que os exames sejam pouco exigentes. É o que se diz mas quem o diz não o provou. A elaboração dos exames exige muito trabalho técnico, muita coordenação e leva meses a fazer. Não tenho nenhuma razão para pensar que houve pouca exigência. Pelo contrário, as instruções dadas ao instituto que elabora os exames eram de dar a garantia de que se reforçassem os mecanismos de auditoria para termos exames de melhor qualidade. Há críticas pouco exigentes com elas próprias, porque não provam o que dizem. Dizer que há uma ou três perguntas fáceis não chega. Desde há três anos que insisto na necessidade de melhorar os resultados a matemática. Divulguei publicamente os resultados do PISA porque era necessário dar dimensão política a esse problema.

Reduziu-se para metade as notas negativas na prova de aferição do 6º ano. Se as provas forem muito mais fáceis, melhoram naturalmente as notas. Pode ser um método estatístico de governar?
Não estou de acordo. Fazer isso seria muito fácil. Quem acusa o Governo de manipulação estatística não explica como é que isso se faz. Eu não sei como se manipulam estatísticas dessa maneira.

As ordens que deu ao GAVE não foi: facilitem?
Evidentemente que não. Nós necessitamos de ter provas com mais exigência, de ter provas de qualidade, de ter provas sem erros.

As provas são cientificamente correctas, mas fáceis...
Não sei se são fáceis. Pode olhar para o parecer da Sociedade Portuguesa de Física, que diz que é uma prova exigente e talvez a mais bem feita dos últimos 30 anos. São críticas fáceis que não apontam um caminho para melhorar. Temos que ter confiança nos organismos que trabalham para os exames há muito tempo. E não podemos ter a atitude de que quando as estatísticas confirmam os nossos preconceitos estão bem e quando não confirmam, estão mal.

Mas o país desconfia desses organismos e tem a noção de que o sistema de educação se tem vindo a deteriorar nos últimos 20 anos.
Nós temos um problema do que são as apreciações públicas das políticas e não só as da educação.

Mas no seu tempo o sistema educativo era ou não mais exigente do que é hoje?
Não se pode fazer uma apreciação dessa forma. Aquilo em que nos podemos basear para fazer comparações são os relatórios internacionais e o PISA é um bom instrumento. Mas não podemos alimentar a ideia de que a educação falhou. A educação não falhou. A educação tem cumprido uma missão que é hoje muito, muito exigente. A escola do nosso tempo não tinha uma missão tão exigente como a de hoje. Hoje a escola tem a missão de escolarizar todos. Antigamente tinha a missão de seleccionar. Temos é que elevar a qualidade média do sistema de ensino.

Como já admitiram, os resultados dos exames do 9º e do secundário não são comparáveis com os do ano passado porque tiveram mais meia hora de tolerância e uma estrutura diferente. Como vai apresentar os resultados? Se forem melhores vai dizer que são fruto de mais trabalho?
E se houver mais notas negativas? O objectivo dos exames não é comparar.

Mas comparou os resultados do 4º e do 6º ano, porque a taxa de negativas passou para metade a matemática...
Nós acreditamos que com mais trabalho os alunos recuperam. Há milhares de alunos que começam com negativa e recuperam ao longo do ano. As explicações eram a forma como as famílias resolviam as aprendizagens: escola pública de manhã e privada à tarde. No caso específico da matemática, pedimos às escolas que organizassem a recuperação dos alunos no interior da própria escola. E não podemos desvalorizar o que as escolas fizeram nestes últimos dois anos sob o risco de desacreditar o próprio processo de aprendizagem. Eu acredito que trabalhando se aprende. Por isso, é preciso trabalhar mais. É preciso que os alunos com dificuldade sejam acompanhados. E eu acredito que o trabalho das escolas dê resultados.



Maria de Lurdes Rodrigues diz estar «convicta» de que o seu modelo de avaliação dos professores vai ser aplicado, mas que não depende dela a decisão dos sindicatos
Como é que esse trabalho pode ser aplicado em relação aos chumbos. A senhora disse que em Portugal se chumba muito, que chumbar é ineficiente e que sai muito caro ao país e que se combate com mais trabalho.
Eu não disse que era muito caro chumbar. Eu disse quanto custava um chumbo por aluno. Repare que o Plano de Acção para a Matemática custa muito dinheiro, mas ninguém me ouve falar se é caro ou barato. Não propus às escolas um determinado "plafond" financeiro. Propus que dissessem o que necessitavam e tiveram resposta. Devemos esperar o retorno desse investimento. Eu acho pessoalmente que a repetência nos sai cara. Permanentemente no sistema educativo temos 40% de alunos repetentes. Ou seja, o sistema investe com eles o dobro ou o triplo do que investe com os outros alunos.

O que se faz com esses alunos?Não se consegue com métodos de ensino iguais em todo o lado. As 10% de crianças que chumbam no 2º ano porque não conseguem atingir um nível de competência em leitura são crianças com dificuldade de variado tipo. O ensino hoje é muito mais difícil porque tem que atender a todos. Se há alunos que dizem que não querem, então temos que decidir a idade a partir da qual aceitamos esse "não quero". Não é possível desistirmos de uma criança de 7 anos, nem de 10 nem de 12. Uma criança que seja acompanhada desde a primeira manifestação de problemas pode chegar aos 18 anos com um percurso escolar normal.

"O que os sindicatos decidem não depende de mim"
Como podemos ter confiança num sistema de ensino onde a quase totalidade dos professores não quer ser avaliada?
É preciso ter um maior distanciamento nestas análises. O que se exige hoje aos professores é o oposto do que foram as propostas que lhes foram feitas desde há muito tempo. Durante anos construiu-se uma carreira docente baseada em pressupostos, como os de que no inicio da carreira eram necessários sacrifícios, mas a partir dos 45 anos começava-se um processo de afastamento da escola e podiam reduzir as componentes lectivas. Agora está-se a normalizar a carreira docente. Em 1974 tínhamos 26 mil professores e apenas 6 mil profissionalizados. Hoje temos 150 mil. O esforço de recrutamento e de formação de professores é absolutamente brutal para o país.

Esperava que pedir aos professores para serem avaliados colocasse 100 mil professores na rua contra a sua política?
Há dois elementos na mudança que se está a propor que contrariam muito a lógica dos últimos 30 anos. Um deles é a estruturação vertical com a criação de duas categorias. Os sindicatos e as associações de professores trabalharam mais de 30 anos para anular todas as diferenças e construir uma carreira homogénea. A única variável que os professores aceitam para os distinguir é a variável tempo, os tempos de serviço.

Está confiante de que o modelo de avaliação que propõe e que vai entrar em experimentação no próximo ano vai de facto ser aplicado?
Está a ser aplicado de modo simplificado aos professores contratados e está a ser aplicado como previsto no decreto regulamentar a todos os outros professores, porque os ciclos de avaliação são ciclos de dois anos e há algum trabalho que já se está a fazer.

Mas em Julho de 2009 vai ser feita uma avaliação do modelo de avaliação. Os sindicatos já disseram que vão apresentar um modelo alternativo. Acha que vai conseguir levar para a frente este modelo em ano de eleições?
As escolas estão a trabalhar. A comissão científica da avaliação está a trabalhar. Os sindicatos têm uma comissão paritária e estão a analisar os resultados. Espero que estas instancias formais de negociação e, eventualmente, a apresentação de propostas para o ajustamento do modelo sejam suficientes.

Mas não está muito convicta?
Estou convicta. Mas o que os sindicatos decidem não depende de mim.

Quando é que descentraliza e passa as escolas para as competências das autarquias?
Também aí temos um problema de mudança de paradigma. Herdámos um modelo centralizado de escola fechada, em que o que se exige não é a participação dos agentes de proximidade, mas o fechamento. Antes do 25 de Abril proibia-se a entrada dos pais nas escolas. A escola era um braço executivo do Ministério da Educação sem nenhuma autonomia. Hoje é consensual a ideia de que o sistema ganharia eficiência se houvesse um envolvimento de proximidade. A ideia de mais autonomia e mais descentralização é consensual. O problema é a metodologia de transição. Que a transição se vai fazer não tenho nenhuma dúvida. As orientações curriculares, a afectação de recursos eventualmente, a avaliação e a inspecção caberão ao ministério. Acho que o caminho é esse. E acho que este Governo inovou na procura de metodologias para esta transição, com a aproximação que fizemos às autarquias.

A senhora ministra fala como o chefe da aldeia gaulesa, ainda não é amanhã a véspera desse dia...
Depende do que as autarquias quiserem fazer nesta matéria e há autarcas muito desiguais. Há uns que se sentem com confiança e com recursos para a partir de amanhã tomarem conta desta área. Outros estão muito receosos. Por isso a contratualização dos autarcas pode ser o motor de uma transferência mais rápida ao criar confiança noutros autarcas.

Está previsto que o novo regime de gestão das escolas entre em vigor no próximo ano lectivo. A Fenprof já entregou uma petição pública na AR contra o que considera ser um modelo anti-democrático por pôr em causa os princípios de elegibilidade, colegialidade e participação. Está confiante de que vai para a frente este novo modelo de gestão?
Pode ter a contestação de alguns sindicatos mas não de todos. Não tem a da FNE. Pode ter a oposição de alguns professores, mas não de todos. Tem os conselhos executivos e as autarquias totalmente de acordo. Apesar de tudo há uma base social de apoio a este modelo. Ele já está a ser concretizado em muitas escolas. Os autarcas estão a fazer nomeações muito exigentes. As autarquias estão a fazer-se representar ao mais alto nível. Este modelo responde ao que eram os anseios de quem hoje dirige as escolas e qualifica a participação dos pais e dos autarcas.

Alguma vez pôs a hipótese de as suas reformas não se concretizarem?
É sempre possível. Mas não significa que não se faça tudo para as coisas se concretizarem. Tenho uma orientação muito pragmática. Tenho muito mais preocupação em concretizar as coisas do que em definir grandes enquadramentos jurídicos. Tenho uma maior preocupação com os agentes de proximidade que devem concretizar as políticas, com os conselhos executivos, com as autarquias.

As suas políticas têm sido alvo de grande contestação. A senhora é imune a esta contestação. O facto de estar no 12º andar do ministério afasta-a da rua?
Não estou de maneira nenhuma fechada na 5 de Outubro. E não sou imune à contestação social. Acho que é necessário ter a consciência clara de que o que se está a fazer é imprescindível, é necessário e permite melhorar. E ter a consciência do quanto isso altera os interesses. Mas o que importa é fazer prevalecer o interesse público. No caso dos sindicatos, apesar de serem bastante diferentes e terem níveis de representatividade diferentes, procuraram criar uma certa ilusão de que os interesses dos sindicatos são os interesses da escola pública. E penso que quase nunca os interesses dos sindicatos, que representam os professores e os interesses dos professores, são os interesses da escola pública.

Os sindicatos têm prejudicado a escola pública?
Não diria tanto. Diria que algumas linhas de política prejudicaram a escola pública. Por exemplo, não tenho dúvidas que o modelo centralizado de concurso é o exemplo da política aparentemente justa e igualitária do ponto de vista dos professores e dos sindicatos que prejudica.



Resistente à contestação que levou 100 mil professores à rua, afirma que se saísse agora "sairia convicta do dever comprido"
A contestação dos professores que levou ao adiamento do modelo de avaliação não prejudicou a escola pública? A pressão dos sindicatos levou a um recuo?
O que chama de recuo, eu chamo de uma ponderação do tempo. É trabalhar na melhor forma de concretizar um objectivo comum. Não podemos desistir de introduzir a avaliação mas podemos trabalhar num modo de introduzi-la para diminuir angústias, medos, etc., sem perder de vista os objectivos. A política de colocação centralizada anos a fio permitiu coisas como 83% dos professores que iam a concurso concorrerem para 13% das escolas. Ou seja, os recursos mais qualificados estão concentrados em meia dúzia de escolas deixando as outras a descoberto. Uma política aparentemente igualitária, provocou enormes injustiças e desigualdade na escola pública.

Partilha das preocupações do PGR sobre a violência nas escolas?
Apesar de tudo no nosso país a violência nas escolas é um fenómeno bastante circunscrito. Com a dimensão que o país tem e que o sistema tem é possível identificar e actuar nessas escolas e procurámos fazê-lo. Tomámos medidas de discriminação positiva em algumas escolas e obtivemos muito bons resultados. Aquilo que mais me preocupa, porque é mais disseminado e mais difícil de resolver é o problema da indisciplina. As situações de violência estão circunscritas e permitem intervenções cirúrgicas. Mas o fenómeno da indisciplina é mais difuso, tem expressões por vezes mais ambíguas. É mais difícil de qualificar e de prevenir. É um problema de que se fala menos, mas que tem reflexos mais negativos no insucesso educativo, nas condições de aprendizagem. Isso preocupa-me mais porque vejo com mais dificuldade o como se resolve.

Diz que cumpriu as 70 medidas a que se propôs e que entre as que lhe são mais caras estão a integração escolar, ou a escola a tempo inteiro. Acha que está tudo na perfeição?
Nunca está tudo na perfeição. Era preciso ser-se pouco exigente para considerar que fazemos e está feito. É sempre possível melhorar. O trabalho tem uma herança e um futuro. Temos que pensar que o trabalho que fazemos é resultado das circunstâncias e que temos um futuro e que haverá quem, a partir do nosso contributo, possa fazer mais e melhor. É isso que também procuro fazer em relação ao passado. Há futuro e esse futuro sobreviver-nos-á.

O programa novas oportunidades é-lhe também querido, mas não faltam críticas.
Desafio-vos a irem assistir a uma das provas públicas. O programa tem mecanismos de controlo e de auditoria como não tem nenhuma outra formação no país. O sistema universitário não tem os sistemas de controlo que tem o programa novas oportunidades.



A ministra que "nunca" se ri foi descontraindo ao longo da entrevista que durou quase duas horas
O ensino deve caminhar numa aposta mais centrada na pedagogia do que no conhecimento?
Não existe essa oposição. A pedagogia é um instrumento e propõe diferentes técnicas por exemplo para o ensino da leitura. Acho é que é necessário ter uma atitude de grande abertura e não ser fundamentalista. A obrigatoriedade da escola é ensinar todas as crianças a ler. Há umas que aprendem com um método e outras com outro.

Como socióloga não acha que o fecho de escolas contribuiu para a desertificação do país?
Há mais de 20 anos que o país tinha decidido fechar essas escolas. É uma ilusão pensar que a escola vai atrair pessoas. Os interesses das crianças e do país não se podem subordinar a uma ideia que não passa por esta política educativa. Acho que salvámos estas 10 mil crianças das cerca de 2 mil escolas que fechámos. Basta ir às escolas que as acolheram. São crianças de meios rurais que passaram a ter acesso a outros recursos, desde logo a outras crianças para brincar.

"Todos nos sentimos cansados"
Diz que já cumpriu o que se propôs. Se tivesse que sair hoje, sairia convicta do dever cumprido?
Isso em qualquer dos dias. Sairia convicta do dever cumprido, não hoje mais do que há um ano ou há dois anos.

Tem consciência de que é o primeiro rosto da contestação ao Governo? Que é o 1º membro do Governo a colocar milhares de pessoas na rua contra as políticas governativas? Não a incomoda?
São ou não necessárias estas mudanças? Esta é que é a questão com que nos debatemos. Contestação haverá sempre e será tanto maior quanto forem melhores as condições para essa contestação e quanto mais profunda for a mudança de paradigma. São mudanças muito radicais em relação à tendência dos últimos 30 anos.

No meio da grande contestação de que tem sido alvo, nunca pensou demitir-se? Na altura em que Correia de Campos se demitiu , também se pensou que a senhora iria abandonar o Governo.
Não lhe vou responder a isso.

Não se sente cansada ou desgastada?
O cansaço é normal em quem trabalha. Todos nos sentimos cansados. Todos temos uns dias em que estamos mais motivados do que noutros.

Como é que gostava de ser recordada?
Não penso nisso. Não trabalho para a memória. Não me faça perguntas dessas que me deixa atrapalhada.

Pensa filiar-se no PS?
Sim, não é uma questão problemática para mim.

Então porque ainda não o fez?
Porque entendo que é necessário disponibilidade para a vida partidária. Encaro a vida partidária como um desafio importante e um dever cívico. Já pensei filiar-me várias vezes mas ainda não aconteceu. Não me faz trabalhar pior, nem melhor filiar-me no PS.

Acha que o PS tem condições para renovar a maioria absoluta e deve pedi-la?
Eu gostaria muito que o PS voltasse a ter maioria absoluta e farei o meu melhor para que isso aconteça. Mas acho que falta muito tempo.

Se o Eng. Sócrates ganhar outra vez as eleições está disponível para mais quatro anos?
Não estou a pensar nisso. Isso não depende de mim, mas sobretudo do Eng. Sócrates.

No dia em que foi convidada alguém a aconselhou a não aceitar o convite?Há sempre de tudo.

Houve um ex-ministro da administração interna que disse algo do género: "estes não são os meus polícias". Estes são os seus professores?
Esta é a comunidade educativa do meu país e tudo farei para dar o meu contributo.

Disse que perdeu os professores mas ganhou o país...
Dou um prémio a quem encontrar essa minha frase. Há diferentes interesses que devem ser ponderados, os dos professores, os dos alunos, os das famílias, das autarquias, os do país. O que a frase pode simbolizar no aspecto mais positivo é que há vários interesses que têm de ser ponderados. A política da educação não pode estar reduzida à condição dos professores.

Já foi sindicalizada? Que visão tinha e tem hoje dos sindicatos?
A minha experiência de sindicalizada é insignificante para o caso. A minha visão mais elaborada sobre os sindicatos vem de ter estudado o sindicalismo e de leccionar sociologia do trabalho.

Expresso

ME terá de equacionar medidas para recuperar no Português

O Ministério da Educação (ME) "terá que equacionar medidas de apoio e de reforço de ensino de português no secundário" devido à quebra de resultados nos exames de Português do 12º ano, disse hoje o secretário de Estado da Educação.
A média de notas no exame de Português do 12º deste ano ficou abaixo dos 10 valores pela primeira vez em três anos, situando-se nos 9,7 valores face aos 10,8 de 2007.
Dos 60.281 alunos que este ano fizeram a prova de Português "chumbaram" 8 por cento (um acréscimo face aos 5 por cento verificados em 2007 e 2006).
A média de notas tem vindo a decrescer: dos 11,6 valores de 2006 passou-se para 10,8 valores no ano passado e para os 9,7 valores deste ano.
"Esta pequena quebra, que não é muito significativa mas suficiente para nos preocupar, leva-nos necessariamente a ter que equacionar algumas medidas de apoio e de reforço no ensino de português no secundário ", afirmou hoje Valter Lemos em declarações à Agência Lusa.
Ainda que o resultado final não seja "um resultado muito mau", uma vez que "está no limiar da positiva", o secretário de Estado da Educação reconheceu que a baixa dos resultados a Português causa preocupação.
"Isto deixa-nos alguma preocupação para eventualmente ter que implementar algumas medidas de apoio e de reforço" da disciplina no Secundário, reiterou, lembrando que os indicadores que o Ministério da Educação tinha apontavam para existência de "mais problemas" no ensino básico.
"Provavelmente o facto de os resultados no secundário ser historicamente nos últimos anos um resultado razoável não nos deixava tanta preocupação", afirmou Valter Lemos.
"Teremos agora que fazer alguma revisão em alta desta nossa preocupação. Vamos trabalhar para que no próximo ano possamos ter algumas medidas de apoio e reforço ao ensino português no ensino secundário para evitar que isto não seja uma tendência, mas sim meramente uma oscilação natural, e para manter um resultado em Português, que historicamente é positivo", acrescentou.
Em relação aos restantes exames, o tom é de satisfação.
"Estamos satisfeitos com os resultados obtidos, porque em geral revelam uma melhoria dos resultados finais, designadamente nas disciplina nas quais tem havido um esforço muito grande de concentrar uma série de medidas de apoio e de reforço ao ensino e a aprendizagem, como a Matemática, a Química, Física e Biologia".
A taxa de reprovação no exame de Matemática A do 12º deste ano baixou para 7 por cento, contra os 18 por cento do ano passado, numa prova em que a média de notas foi de 12,5 valores.
A taxa de reprovação de 7 por cento dos 36.674 alunos que fizeram este ano a prova de Matemática A é menos de metade da verificada no ano passado (18 por cento) e cerca de um quarto da de 2006 (29 por cento), indicam os dados oficiais distribuidos hoje à tarde pelo Ministério da Educação (ME).
Na Matemática B (prova realizada por 6.731 alunos), a média de resultados foi de 11,4, uma subida em relação aos 7,5 valores verificada em 2007.
A taxa de "chumbos" neste exame foi igualmente de 7 por cento contra os 24 por cento de 2007 e os 30 por cento em 2006.
Quanto aos exames na área de Ciências, registou-se uma melhoria nos resultados da Física e Química A, que ainda assim registou uma taxa de "chumbos" de 22 por cento (a mais alta percentagem de reprovações em todos os exames) face aos 31 por cento de 2007 mas superior aos 21 por cento de 2006.
Os 31.760 alunos que fizeram esta prova obtiveram uma média de 9,3 valores (contra os 7,2 valores de 2007 e os 7,4 de 2006).
Quanto a Biologia e Geologia, dos 39.890 alunos que fizeram a prova chumbaram 8 por cento (uma melhoria face aos 12 por cento de 2007 e aos 9 por cento de 2006).
A média de Biologia e Geologia passou de 9,1 valores em 2007 para 10,5 valores este ano.
"Creio que o esforço que tem sido realizado nessa áreas - traduzido em mais tempo de trabalho dos alunos e professores e melhores instrumentos de trabalho como testes intermédios - tem sido bem usado, o que produziu melhores efeitos finais e demonstram alguma consistência nos ultimos anos", sublinhou Valter Lemos.
Diário Digital / Lusa

Alunos internos chegam aos 14 valores de média na Matemática

Uma melhoria astronómica. Esta é a única forma de qualificar os resultados da Matemática A nos exames nacionais do secundário, onde a disciplina atingiu uns imprevisíveis 12,5 valores de média, chegando ao 14 entre os alunos internos, e contabilizou apenas 7% de negativas. Para o Ministério da Educação, não restam dúvidas: na origem dos resultados está muito suor. Mas a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) garante que tal progresso é "impossível" e até o gabinete ministerial responsável pelas provas reconhece não se poder assegurar que os ganhos se devem apenas ao trabalho.

Comparando os resultados da Matemática A, feita por 36674 alunos, com anos anteriores, verifica-se que, em 2007, a mesma prova contabilizou 9,4 valores de média e 18% de reprovações. Em 2006, os valores não foram além dos 7,3 e os chumbos à disciplina chegaram aos 29%. Por outras palavras, em apenas dois anos, os valores globais quase duplicaram e as negativas caíram para menos de um quarto.

Em comunicado, o Ministério elencou os factores cujo "efeito combinado" terá contribuído para tão dramática subida: "Mais tempo de trabalho e de estudo", "provas de exame correctamente elaboradas, sem erros e com mais tempo para a sua realização [30 minutos extras]", e ainda um "maior alinhamento entre o programa e o trabalho desenvolvido pelos professores" - o diferencial entre as classificações internas e as provas é de apenas 0,76 valores, lembrou a tutela.

Autores das provas cautelosos

Porém, foi o próprio director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE), responsável pelos exames, quem num encontro com jornalistas ontem à tarde, antes da divulgação dos resultados, evitou fazer este tipo de associações .

"Nas provas de aferição empenho as minhas barbas quando digo que os resultados melhoraram. Nos exames, se houve melhorias, terão a ver com uma confluência de factores. Não posso garantir que os resultados correspondam a melhorias nas qualidades das aprendizagens", disse Carlos Pinto Ferreira.

Na altura, o director do GAVE explicou que as provas de aferição são sujeitas a mecanismos de controlo prévio com amostras de estudantes (ver texto nesta página), o que permite "congelar" a dificuldade média dos testes, precisamente por se destinarem a analisar o sistema educativo. Já em relação aos exames, tal não acontece, não só por questões de "segurança", mas também porque a meta é saber se os alunos têm conhecimentos para aprovar ou reprovar.

Porém, Pinto Ferreira rejeitou qualquer interferência externa no sentido de condicionar os exames: "Nunca nenhum ministro ousou dar instruções ao GAVE para fazer as provas mais fáceis ou mais difíceis", afirmou, acrescentando que, da sua parte, a única recomendação dada às equipas que produzem as provas foi para que estas fossem "justas", reflectissem os "programas" e não contivessem "minas e armadilhas" que poderiam atrapalhar os alunos.

Resultados "impossíveis"

Já a Sociedade Portuguesa de Matemática, que tem criticado as provas desde a divulgação dos enunciados, não hesita em considerar que os exames foram "demasiado simples" para poderem sequer ser comparáveis com anos anteriores.

"Nós somos uma sociedade científica. Não julgamos intenções ministeriais", disse ao DN Nuno Crato. "O que dizemos é que os exames foram demasiado simples para que se possa perceber o eventual impacto das medidas referidas pelo Ministério. Resultados tão espectaculares são impossíveis em tão pouco tempo. As pessoas que tirem as suas ilações".

Nuno Crato não deixou, no entanto, de considerar que "o sinal dado aos alunos por estes exames é de que não vale a pena trabalhar".

DN

“Dei orientação para os exames não terem rasteira”

Carlos Pinto Ferreira, director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE), responsável pela elaboração dos exames, assumiu ontem que mandou fazer provas sem ‘rasteiras’.




"Dei orientação para os exames não terem rasteiras. Acho que não deve haver ‘perguntas diabólicas’, é aleatório e não mede competências. Um aluno pode estar num dia mau", disse, negando ter recebido indicações do Governo: "Nunca um ministro ousou dar orientações para um exame ser mais fácil. Sinto-me ofendido com insinuações que põem em causa a minha seriedade."

Pinto Ferreira explicou todo o processo de elaboração dos exames, admitiu que "há sempre variação" no grau de dificuldade. E criticou a Sociedade Portuguesa de Matemática: "Têm uma visão da matemática que tem 50 anos."

CM

“Foi um descalabro, mas não nos surpreende”


Edviges Ferreira, Vice da Associação Professores de Português, falou ao 'CM' sobre os resultados dos exames de Português do 12.º ano.


Correio da Manhã – Como avalia os resultados dos exames de Português do 12.º ano, em que a média desceu para 9,7 valores?

Edviges Ferreira – Estes resultados são um descalabro mas não surpreendem a Associação de Professores de Português (APP). Logo na altura da prova apontámos algumas coisas que podiam levar a uma queda de resultados, nomeadamente a formulação pouco clara da pergunta 2 do I Grupo e o facto de no III grupo, no tema para desenvolvimento, ter sido escolhido um texto do Padre António Vieira, que era do programa do 11.º, provocando confusão e levando muitos alunos a falar só do Padre António Vieira.

– A grande maioria dos agentes educativos acusou o Ministério de elaborar exames demasiado fáceis...

– Mas esse não foi o nosso caso, nunca dissemos que o exame de Português era acessível e até apontámos aspectos que podiam levar a uma classificação mais baixa. O resultado está à vista e a média foi negativa.

– Quem são os responsáveis?

– É lógico que há sempre responsáveis mas não queremos acusar ninguém. Se a prova tivesse sido feita em termos mais claros os resultados seriam melhores. Esta apresentava perguntas dúbias.

– Os professores de Português não são também responsáveis pelos resultados?

– Os professores são os mesmos do ano passado e centenas deles contactaram-nos logo na altura do exame indignados com o seu teor. Estes resultados são maus mas não é culpa dos professores nem dos alunos.

– A APP foi convidada pelo Ministério da Educação a participar na elaboração dos exames?

– Houve de facto um convite mas não quisemos entrar nessa revisão de prova. Sabíamos que mesmo que contestássemos o exame dificilmente seríamos ouvidos.
CM