sexta-feira, 5 de março de 2010

"Os alunos devem aprender a ser professores de si próprios"


Nascido em Lisboa a Janeiro de 1948, Vítor Oliveira Jorge licencia-se em História pela Faculdade de Letras de Lisboa decorria o ano de 1972. No ano seguinte viria a tornar-se professor assistente dos Cursos de Letras da Universidade de Luanda, lugar que ocupou até Setembro de 1974, tendo, após o seu regresso a Portugal, ocupado este mesmo cargo na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) até 1982. Nesse ano doutorou-se em Pré-História e Arqueologia nesta faculdade, prova na qual obteve a classificação máxima. Em 1984 torna-se professor associado da FLUP, e seis anos depois, em 1990, toma posse como professor catedrático.
No âmbito da sua actividade docente, foi durante vários anos coordenador do mestrado de Arqueologia da FLUP, desde a sua fundação, no ano lectivo de 1989/90, naquela que constituiu a primeira formação autónoma nesta área em Portugal. Foi também presidente do conselho directivo da FLUP entre Dezembro de 1994 e Dezembro de 1995. Ainda nesse ano, e até Setembro de 1996, presidiria à Comissão Instaladora do Instituto Português de Arqueologia, organismo tutelado pelo Ministério da Cultura.
Tem presidido à direcção da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia ao longo de diversos mandatos, e em 1997 fundou, no Porto, juntamente com outros colegas, a Associação para o Desenvolvimento da Cooperação em Arqueologia Peninsular, a cuja direcção preside também actualmente. Arqueólogo, poeta e ensaísta, Vítor Oliveira Jorge publicou cerca de 300 trabalhos científicos e de divulgação e várias dezenas de livros. É colaborador regular deste jornal desde 2006, assinando a rubrica "Consumir-se e Consumar-se no Consumo".

Apesar de ser formado em História, é sobretudo um investigador apaixonado pela arqueologia. Enquanto professor, sente que existe interesse por parte dos alunos por esta área?

Sim, bastante. Acontece-me inclusivamente ser abordado por pessoas que, estando a tirar outros cursos, me dizem que gostariam de ter tirado arqueologia. Não há, portanto, aquela ideia de que a arqueologia é uma formação de banda curta, pelo contrário. Porque de facto ela incide desde os tempos mais remotos da humanidade até à actualidade. Ainda recentemente, o caso da nau portuguesa encontrada ao largo da Namíbia é testemunho do interesse bastante generalizado pela arqueologia.

E que demonstrará, provavelmente, que esse interesse terá frequentemente o seu quê de comercial...

Sim, mas infelizmente o que é que hoje em dia não tem um carácter comercial a gravitar em torno de si? Há, de facto, empresas internacionais especializadas na caça ao tesouro. Mas compete a cada país ter os meios de vigilância e de controlo adequados a esta actividade. E não apenas no domínio da arqueologia subaquática, mas também na protecção e na construção de uma ideia de património público, possibilidade que, no nosso país, ficou comprometida por várias décadas de ditadura, que impediu a construção de uma modernidade. Ao mesmo tempo que se democratiza, descoloniza e faz retornar cerca de um milhão de pessoas ao país, Portugal quis modernizar-se, mudar de ciclo e entrar na Comunidade Económica Europeia. Tudo isto é feito encavalitando períodos históricos uns nos outros, o que nos fez, na prática, transitar de uma pré-modernidade para uma pós-modernidade.
E toda a estrutura de inventariação, protecção e uso comum do património como recurso cultural - para aplicar uma expressão muito do agrado dos actuais gestores - está muito ligada à modernidade europeia. Nos países industrializados, sobretudo os do norte da Europa, desde o século XIX que se criou uma indústria de turismo condensada em torno do interesse pelo património, pelo pitoresco.

É uma profissão difícil de exercer?

A nossa sociedade criou uma ideia, na minha opinião ao mesmo tempo pragmática e perversa, assente num funcionalismo e num utilitarismo excessivos, ou seja, esquecendo que tudo aquilo que não é imediatamente útil hoje poderá revelar-se de extrema utilidade no futuro. Ora, se existe uma indústria que cresce e que cria empregos a nível mundial ela é a cultura, no sentido geral do termo. E com ela a arqueologia. A indústria do turismo precisa de vender os sítios, e para isso é preciso ter museus, monumentos e locais de interesse para mostrar. Neste sentido, a arqueologia não será mais do que o processo de fabricação de sítios arqueológicos, ou seja, daquilo que se vai vender. Tudo isto, para dizer que o mercado de trabalho na arqueologia existe, e que actualmente existirão talvez cerca de mil arqueólogos (ou perto disso) credenciados, ou seja, que estão autorizados a dirigir escavações arqueológicas no nosso pais.
O problema é que, tendo em conta que o sistema empresarial nesta área está numa fase pouco amadurecida, as empresas ligadas a ela tendem a funcionar numa lógica que, em certa medida, é contrária àquela a que me habituei, ou que sempre quis seguir quando optei pela carreira de professor universitário, que é a lógica do investigador.

A conservação do património tem de passar necessariamente por esse intuito de carácter comercial?

Nós conhecemos o mundo e o país onde vivemos e a situação que atravessamos actualmente...
Além disso, a arqueologia, tendo na sua matriz uma ideia de antiguidade, de história, de origens, é uma área do saber que, enquanto disciplina científica, surge, como muitas outras, no século XIX, com o advento da industrialização. Portugal tem aí, desde logo, um primeiro atraso, e quando no século XX teve oportunidade de modernizar-se e acompanhar o desenvolvimento da arqueologia, a ditadura provoca um corte profundo, de base política, que impediu a sua promoção e modernização como sistema, quer do ponto de vista de uma investigação séria, profunda e continuada, quer do ponto de vista da organização estatal, regional e local dos serviços de protecção, acautelamento e prevenção do Património. O que significava um ordenamento do território que incluísse a arqueologia.
Ora, se o ordenamento do território não existiu em termos geográficos e ambientais, ou se traduziu em legislação que nunca se cumpriu, evidentemente que a arqueologia tinha de ter ficado - e continua a ficar - na cauda de toda essa falta de controlo sobre o que é o ordenamento do território, que é um conceito moderno, de planeamento, prevenção e de estudo atempado.
Ao mesmo tempo, não houve também ainda tempo de fazer a devida articulação entre as universidades, que no fundo concedem os graus, a formação e preparam as pessoas, e o mundo real. Apesar de hoje existir um número bastante razoável de arqueólogos licenciados, a primeira licenciatura autónoma nesta área aparece na Faculdade de Letras do Porto no ano lectivo 1999/2000. Antes disso, ela era apenas uma variante dos diversos cursos de História. Ou seja, a maioridade da arqueologia como área de ensino ocorre apenas no final dos anos noventa.

Mas esse carácter comercial está ou não presente na ideia de preservação do Património?

Comercial talvez num sentido muito mais geral, da economia imediata comandar tudo, mas na verdade nada pode subsistir sem ser pago pelos contribuintes ou pelos utentes...

Ou financiado pelas grandes empresas, que actuam como mecenas...

Sim, apesar de aqui o mecenato não ter a mesma expressão de outros países, como acontece com o sector bancário em Espanha, por exemplo, que financia muitas publicações e iniciativas diversas na área da arqueologia, da defesa do património e da promoção da cultura em geral. Em Portugal nunca tivemos essa tradição, e para os bancos é mais vantajoso promoverem espectáculos de grande impacto mediático que garantam uma maior repercussão pública. Não faz sentido, na sua lógica empresarial, patrocinar as pequenas entidades.
Em Portugal faz falta a existência de um tecido associativo forte, difícil de consolidar-se porque, mais uma vez, não existe uma tradição de modernidade, de associativismo, de voluntariado, enfim, a ideia de um espaço público onde se pode intervir de uma maneira não lucrativa. O voluntariado que ainda vai subsistindo é praticamente inexistente na área da arqueologia, porque na perspectiva do funcionalismo e do utilitarismo imediatos a que a nossa sociedade está confinada não é considerada uma necessidade prioritária. A factura que Portugal herdou do salazarismo - muitas pessoas escamoteam isto e os jovens simplesmente ignoram-no ? irá perdurar por décadas.

Considera, ainda assim, que exista algo como uma política coerente de salvaguarda do Património?

Leis existem muitas, e em Portugal elas serão até das mais coerentes a nível europeu. E também não será pela ausência de formação ou da competência dos profissionais ligados esta área. O problema, na minha opinião, está na falta de recursos e, sobretudo, na ausência de uma ampla discussão pública sobre este tema. Que deriva, ela própria, da falta de consciência pública para a questão. A organização do aparelho de Estado e a importância que os diversos governos atribuem à cultura, que ficou agora patente na aprovação do Orçamento para 2009, tudo isso é o reflexo da consciência pública dos cidadãos ? ou da falta dela, neste caso. Se a isso acrescentarmos o facto de estarmos a viver numa época de grande crise económica e de instabilidade global, evidentemente que se torna muito difícil traçar uma política para a arqueologia com efeitos concretos.
O problema de fundo, a par da desarticulação do debate político e cultural em Portugal, é que não há uma consciência pública do valor do Património, que é um valor a longo prazo, que não se coaduna com os ciclos eleitorais, por um lado, e com a mercantilização e o desejo de retorno financeiro imediato de quem nele investe ? mesmo que muitas vezes esse dinheiro seja público. Há, portanto, uma espécie de choque ideológico e prático entre o que seria desejável e o acontece decorrente de uma falta de planeamento que já vem muito de trás.
Ou seja, a política que existe é talvez a possível. Cada país tem o que merece e o que os seus cidadãos querem - ou que são induzidos a querer, que é uma questão um pouco mais complexa. O espólio da nau portuguesa recentemente encontrada na Namíbia, por exemplo, irá ficar, julgo, exclusivamente na posse do governo deste país, que nos autorizou apenas a estudá-lo. E talvez, apesar de tudo, Portugal estivesse em condições económicas de negociar a vinda de uma parte deste espólio para o país.

Paralelamente a este tema, existe uma outra questão que, de certa forma, reflecte também essa consciência pública a que se refere: o ensino da História. Formulo esta pergunta nos mesmos termos com que iniciei esta entrevista: existe hoje em dia interesse pela aprendizagem e pelo ensino da História?

Julgo que sim. Aqui na Faculdade de Letras, aliás, nunca tivemos falta de alunos nesta área, e a minha percepção é de que existe uma crescente curiosidade pela História. E este interesse acompanha, evidentemente, o grau de escolaridade e de modernização do país. Veja-se, por exemplo, o fenómeno José Hermano Saraiva, que através da televisão se transformou num "best-seller" nacional... Claro que não se trata de um tipo de abordagem que traduza a minha perspectiva, mais problematizante, da História, mas mostra que, apesar de tudo, há uma aptidão popular pelos assuntos a ela ligados.

Pensa que esse rigor está patente no ensino da História nas escolas ou ela é, de alguma forma, mistificada para passar uma imagem glorificadora do passado de Portugal?

A História tem sempre uma perspectiva política, porque ela é sempre elaborada de um determinado ponto de vista. Evidentemente que a História séria é aquela que, assumindo essa necessária subjectividade e ponto de vista, se procura munir de elementos de contrastação para atingir aquilo que se poderá designar por uma certa objectividade. Mas não há nenhuma História que seja como a matemática, ela não é passada pelo éter, digamos assim... A História é toda ela uma visão dos acontecimentos passados através da qual se procura uma ordem que de, certo modo, justifique e consolide uma perspectiva presente. Ou seja, existe sempre uma perspectiva interessada da História, qualquer que ela seja.

Mas será assim tão subjectiva que cada país tenda a construir e a promover uma perspectiva histórica própria?

Penso que essa tendência estará intimamente relacionada com a tradição nacionalista que se origina no século XIX. É preciso ver que muitos países se constituiram-se enquanto tal já na modernidade; não tinham, por exemplo, a unidade territorial e linguística que Portugal tem desde há séculos. E, no caso português, talvez essa tenha sido uma das razões pela qual nunca houve um grande interesse pela arqueologia, em particular por parte da ditadura.
Porque as grandes ditaduras ? veja-se o caso do nazismo e da cruz gamada, um antiquíssimo símbolo solar, ou do nacional socialismo italiano, que recuperou algum do aparato do antigo império romano ? foram buscar à arqueologia a inspiração para muita da sua imagética. Também na União Soviética e nos países da sua esfera de influência se promoveram grandes escavações arqueológicas de prestígio, tal como aconteceu com países sociais democratas do Ocidente, como a França, que apostou na recuperação de locais carismáticos, particularmente aqueles que se relacionavam com Vercingetorix e a sua resistência ao império romano. Uma recuperação, enfim, do nacionalismo, ao qual a arqueologia está muito ligada, sobretudo a partir dos séculos XVIII e XIX, com a valorização das raízes que deram sustentação ao Estado nacional.

Nesse caso, que visão subjectiva da História deveria Portugal promover?

Nunca teria, obviamente, a pretensão de sugerir a promoção de qualquer tipo de receita para a História de Portugal. Considero é que a História deve, tal como todo o ensino, seja ele da arqueologia ou de qualquer outra matéria, envolver de perto os dois elementos fulcrais do acto de comunicação: o professor e os alunos. Julgo que os alunos devem aprender a ser os professores de si mesmos, em todos os graus de ensino. E para isso tem de haver um ensino activo, em que o aluno seja levado a tal e não obrigado. Ao mesmo tempo, tem de haver disciplina - até para que eles se possam revoltar contra ela.
Acima de tudo, porém, é fundamental dar-se a possibilidade a cada estudante de construir a sua própria visão da História, começando desde logo pelo ensino primário, senão mesmo antes. E de não se fixar o ensino apenas nas grandes figuras, nos reis, nas batalhas ou nas chamadas descobertas ? do nosso ponto de vista, claro, porque quem lá estava descobriu-nos a nós também ? que mais não foram do que pontos de encontro de culturas. Há que reformular essa visão da prática da História, porque ela deve ser uma prática vivida pelos povos, tanto quanto possível com algum cuidado e rigor para não cairmos por exemplo em certas ridicularias folclóricas de cortejos históricos que de histórico têm muito pouco... Mas que, enfim, são melhores do que nada, mostrando uma certa aptidão e vontade públicas de apreender a História.

Concorda com a ideia de que a perspectiva histórica ensinada nas escolas parte quase invariavelmente de um olhar ocidentalizado e que se esquece frequentemente o papel das outras civilizações?

Esse é um problema muito mais profundo. Como já referi há pouco, a História não é inocente e evidentemente que está eivada de uma ideologia que considera o Ocidente como a linha da frente. E esta perspectiva está associada a uma ideia de progresso hoje em crise através da qual ainda nos consideramos superiores a praticamente todo o resto do mundo. Quanto muito temos uma atitude tolerante de afirmar que os outros também têm muito interesse - até porque são parceiros comerciais -, mas há de facto uma discriminação subjacente a muitos discursos bem intencionados.
Um exemplo disto mesmo é o exótico que se encontra dissimulado numa certa ideologia orientalista, toda uma mistificação que hoje em dia vende imenso, seja em termos musicais ou turísticos. Hoje o que se vende é o exótico, as pessoas querem ir cada vez para mais longe, terem experiências, se possível, no limite. E nós somos atraídos por isso de uma maneira um pouco fácil.
A História dessas civilizações "exóticas", como elas surgiram, o interesse que têm para o estudo de uma História descentrada e não eurocêntrica, esse é que é o problema fundamental. Mas isso é muito difícil de conseguir porque ainda existem em todos os países fortes tradições nacionalistas que cerceiam essa perspectiva. E essas tradições acentuam-se na medida em que há um sentimento de globalização que se associa a uma certa perda de identidade, havendo, portanto, uma procura de novas âncoras identitárias. E essa procura faz-se habitualmente no sentido da valorização do nacional, do regional e do local. Cada terra quer ter o seu herói, o seu doce, o seu festival, o seu centro cultural, qualquer coisa que chame a atenção. E também a sua História. Só que essa História muitas vezes não se apoia numa investigação científica rigorosa e não passa muitas vezes de uma historieta.

Referiu-se à procura de âncoras identitárias. A rubrica que o professor assina mensalmente na PÁGINA designa-se "Consumir-se e Consumar-se no Consumo" e vai um pouco de encontro a isso mesmo, ou seja, a procura de uma identidade baseada no consumo. Concorda com esta ideia?

Sim. Até porque o consumo é um sistema que se baseia no desejo. Nós consumimos porque temos desejo de ter alguma coisa. Hoje em dia é ridículo e inocente afirmar uma divisão entre necessidades básicas e necessidades superfluas, isso está completamente ultrapassado. Basta irmos a um supermercado ou a um centro comercial para reparar que as pessoas vão lá atraídas principalmente não por aquilo que é absolutamente necessário, mas pelos extras. As pessoas querem sempre levar qualquer coisa mais, esse "quanto mais" do desejo que Lacan designava como o "pequeno objecto a", que, em boa verdade, é o que de facto nos leva a ir lá consumir.
Evidentemente que os publicitários, os economistas e as pessoas que gerem toda esta sociedade de consumo sabem perfeitamente disso. Desde a disposição dos stands, passando pela publicidade e pela maneira como o produto é apresentado, a embalagem, etc. Tudo é pensado para nos levar a consumir. Ou seja, a imagem, o signo, sobrepõe-se à suposta "utilidade" do objecto; o significante sobrepõe-se ao significado, se quisermos. Vivemos numa sociedade de signos, isto é, temos de perspectivá-la como uma economia política do signo, como dizia Jean Baudrillard.
Vivemos, portanto, nessa base do desejo, que nos mantém permanentemente activos e a pensar no que vamos comprar a seguir. O desejo cria-nos essa necessidade. E para não nos sentirmos culpados desse impulso, sobretudo se for uma compra dispendiosa, compramos a crédito ou de uma forma que seja muito justificada pelo nosso desejo. E nessas alturas somos capazes de arranjar as mais incríveis justificações para o fazer.

Acha que se pode então dizer que somos hoje o que consumimos?

Sim, concretizado numa espécie de tríade: o consumo, que se sobrepõe a tudo o resto; o turismo, que é uma forma de consumo que nos leva a deslocar-nos para sítios mais ou menos exóticos ou apresentados como tal; e no outro vértice o museu, com tudo aquilo que não é lixo e não se destina à reciclagem a ser musealizado. Musealiza-se o mundo, portanto, transformando-o numa máquina de memória.
E neste processo há sempre um diálogo conflitual e extremamente complexo, político, entre aquilo que se deve conservar, já não apenas objectos para pôr em vitrinas mas até modos de vida, e aquilo que não cabe nesses parâmetros. Mas é preciso ver que as pessoas não são animais em jardins zoológicos, ou não deveriam sê-lo. As pessoas têm direito a ter as suas casas com conforto, a modificar os seus modos de vida, a terem boas acessibilidades e a não viverem numa espécie de mundo mais ou menos musealizado para prazer do resto da população que os vai ver e até compra bilhetes para esse efeito.
Esse é que o grande problema do mundo: uma parte tem dinheiro para comprar a outra parte que está exoticizada. Nessa outra parte do mundo actuam minorias, empresas e algumas das vezes até organizações mafiosas que exploram essas pessoas, que são musealizadas, fotografadas, produtos de visita, mas que não ganham muito com isso, ganham os intermediários de todo esse comércio.
As pessoas nunca viveram numa sociedade tão invadida por dispositivos de controlo. Toda a gente se sente, em maior ou menor grau, extremamente controlada. E quem tem possibilidade para isso procura fugas de todo o tipo, incluindo as fugas turísticas. O turismo tornou-se, assim, numa indústria da evasão de um mundo que se tornou desumano, maquínico.
E essa, infelizmente, é a base actual do próprio ensino. Porque razão os alunos se desinteressam das aulas por mais que o professor faça um esforço no sentido de cativá-los? Porque eles percebem que estão a ser alvo de um sistema de integração um pouco forçado e que não tem em vista o seu envolvimento afectivo, que não tem em conta eles o facto de eles terem uma outra cultura, uma outra forma de estar, uma respiração e um desejo orientado para outros sentidos. Como vamos conseguir que esse desejo, orientado para outras perspectivas, conserve, apesar de tudo, alguma da velha dialéctica entre herança e criatividade? De que forma conseguir que essas pessoas, que têm vontade de fazer coisas, que podem e devem ser mobilizadas para fazer coisas, para criar as suas vidas, não percam valores que vêm do passado e são fundamentais ? coisas tão simples como ler e tirar prazer da leitura? O que a escola faz, como já dizia o Bourdieu, é reproduzir as diferenças sociais e até acentuá-las de forma evidente. Mas não podemos passar sem integrar as pessoas no conhecimento. O problema é: que conhecimento e para que fins? Sou por um conhecimento plural, livre, exigente, e participado.



Vítor Oliveira Jorge
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, DCTP- FLUP
Ricardo Jorge Costa

quinta-feira, 4 de março de 2010

Vídeo - Allosaurus: um dinossáurio, dois continentes?


Mundo precisa de 18 milhões de professores no ensino primário, segundo a Unesco


O mundo precisa de 18 milhões de professores qualificados, dos quais quase quatro milhões na África, para alcançar o objectivo de um ensino primário universal, sublinhou a UNESCO por ocasião da celebração do Dia Internacional dos Professores.
"A escassez de docentes qualificados continua a ser um problema fundamental", declarou a UNESCO num comunicado divulgado em Paris.
"As necessidades são agudas, principalmente em África, onde seria necessário contar com mais 3.800.000 professores para se obter o ensino primário universal", indicou a organização.
Nalguns países, como o Ruanda e Moçambique, o deficit de docentes traduz-se na "existência de turmas de até 60 alunos, quando por regra geral se considera impossível fornecer um ensino correcto em salas de aula com mais de 40 estudantes". A UNESCO também chama atenção para a insuficiente formação dos professores. "Nos países em desenvolvimento não é raro encontrar professores que não têm nenhum tipo de formação superior", segundo a nota, que pede uma "política coerente" que permita contratar professores em número suficiente, garantir os seus direitos e assegurar uma formação de qualidade.
O compromisso de estabelecer um ensino primário universal (EPU) antes de 2015 foi adoptado por 164 países durante uma conferência em Dacar em 2000.
Apesar de alguns progressos, a UNESCO constatou a persistência de desigualdades profundas em relação ao acesso à educação, entre zonas urbanas e rurais, entre categorias sociais e sexos.
A organização estimou neste relatório que nas condições actuais 58 dos 86 países que ainda não atingiram o EPU não conseguirão fazê-lo até 2015.



Agence France-Presse

quarta-feira, 3 de março de 2010

Teste de Avaliação - Ciências Naturais - 8º Ano (Ambientes e Células)


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Para além da paixão pela educação...

Há já algum tempo, assistia a um programa de um dos canais da televisão norte-americana em que o anfitrião é o Jay Leno. A determinada altura, já não sei em que contexto, é abordado um dos membros da audiência. Jay Leno pergunta-lhe o que faz; o jovem responde que está a completar os estudos para ser professor; o público, aparentemente de forma espontânea, aplaude. E eu dei imediatamente por mim a pensar quão inesperada era aquela reacção ? o que é certamente sintomático.
É certamente banal dizer-se que a atitude nacional face aos professores mudou. Poder-se-ia, aliás, dizer-se que as atitudes face à autoridade (a qualquer autoridade) mudaram nas últimas décadas ? e isso é não só um sinal de uma cultura democrática, mas também do questionamento contemporâneo de formas tradicionais de legitimação da autoridade. Em todo o caso, é usual ouvir-se dizer que os professores eram figuras de autoridade relativamente às quais haveria uma atitude quase reverente, enquanto hoje em dia se assistiria a uma desvalorização dos professores, que seriam, assim, responsabilizados pelo suposto fracasso da educação em Portugal.
Desde logo, convém atender aos sinais que contrariam este discurso: lembrar-se-ão, certamente, dos resultados de uma sondagem, efectuada pela Gallup e divulgada em Janeiro passado, que referia os professores como o grupo profissional que mais confiança merece aos portugueses, aliás de forma similar com o que acontecia na Europa Ocidental. Convém lembrar que as escolas são, para a grande maioria dos portugueses, instituições muito familiares com que interagem diariamente e os professores são os interlocutores de muitas das inquietações do quotidiano ? nesta medida, a confiança não é um resultado surpreendente.
Para além disso, se olharmos para a educação em termos da evolução dos últimos 30 anos, os resultados são francamente positivos. Notem que não o são apenas na educação: na saúde, a taxa de mortalidade infantil, por exemplo, evoluiu de forma absolutamente espantosa; certamente que as empresas portuguesas, em vários domínios, estão hoje incomparavelmente mais avançadas do que há 30 anos. Mas, no domínio da educação, a mudança é igualmente significativa. A taxa de frequência da educação pré-escolar evoluiu de 29%, em 1985, para 78%, em 2005; a percentagem de adolescentes a frequentar o ensino secundário era de 9% em 1977 e de 60% em 2004. Taxas de crescimento análogas poderiam ser referidas quanto à frequência do ensino superior. Dir-me-ão que tudo isto podia ter sido feito com menos desperdício e mais eficácia. Estou disposta a acreditar. Mas acreditem também que tudo isto foi feito com os professores e não apesar deles: ou seja, parte desta evolução deve-se certamente à competência e investimento de muitos profissionais da educação por todo o país que têm assumido como sua a responsabilidade pela educação de muitas crianças e jovens.
O que, confesso, me tem causado alguma inquietação é a forma como os professores se vão sentindo, por estes dias, acossados. Os mesmos professores que foram capazes de uma mobilização política sem precedentes, vão demonstrando um desconforto crescente. São os primeiros a admitir que ser professor é uma profissão desvalorizada, e os primeiros a ficar surpreendidos com os sinais de confiança que parecem merecer dos Portugueses. Não gostaria aqui de diabolizar o Ministério da Educação ou os Sindicatos, embora acredite que ambos têm responsabilidades neste estado de coisas. Mas é tempo de assumirmos que esticar a corda do desconforto dos professores serve de muito pouco a muito poucos. Porque não é da resistência à mudança de que aqui falo, é de um sentimento profundo de incapacidade e de desconfiança que minará não só a qualidade da vida nas escolas como a confiança de que dependemos todos: mães e pais, professores, sindicalistas e autarquias, dirigentes dos departamentos centrais e regionais do Ministério da Educação ? a confiança de que estamos todos mutuamente comprometidos com o projecto de educar as novas gerações.
É por isso que quero saudar todas e todos que, quotidianamente, dão o melhor da sua competência e do seu "colo" (em sentido figurado, naturalmente), compreendendo que a educação de crianças e jovens depende tanto do saber quanto da relação, para promover a aprendizagem. E por isso: obrigada professor Francisco, obrigada professora Elsa, obrigada educadora Marta, obrigada professora Susana, obrigada professora Alexandrina ? (e juro que são mesmo professores e professoras de verdade).


Isabel Menezes

terça-feira, 2 de março de 2010

Ficha de Trabalho - Sistema Respiratório


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Angola precisa de professores


Se chegar a bom termo o acordo assinado por José Sócrates durante a sua visita, em Julho, a Luanda, para o envio de 200 professores que coadjuvarão no plano "Educação para todos" que o Governo de Angola pretende concretizar até 2015, seria bom que os candidatos a esta nova navegação para aquela que foi a mais duradoira colónia de Portugal não se deixassem inibir pelas leituras demolidoras que, antes das eleições legislativas realizadas em Setembro, se fizeram em importantes órgãos de comunicação social sobre o modo como é governado aquele país.
Eram tópicos dessas leituras o autoritarismo, o nepotismo, a corrupção e a incompetência, frutos de um poder geralmente considerado sectário e ditatorial, que não permitia o exercício de elementares liberdades civis e políticas, como é a prática do contraditório. E, nesta visão, esses analistas incluíam a previsibilidade de eleições fraudulentas e o mais que fosse imaginável para garantir que o Partido do Governo continuasse incólume, apenas cedendo em arremedos de democracia à europeia "para inglês ver".
Mas depois das eleições só vimos o clamoroso silêncio dos mesmos analistas, também chamados "guias de opinião", que, talvez por não estarem ainda imunizados contra uma espécie de síndrome pós-colonial, se tinham "esquecido" do aviso de Frei Tomás e de que o argueiro nos próprios olhos os impedia de ver que, na "sua" Europa, as práticas do poder estavam longe de servir como receita universal.
Afinal, os eleitores puderam votar em paz e liberdade, depois de terem escutado, nos comícios e órgãos de comunicação social, as vozes do contraditório representado por uma dezena de prolíferos partidos de oposição ao Governo. E, contra as expectativas dos observadores ocidentais, compenetrados de que o paradigma da "verdadeira" Democracia (literalmente o poder do povo) é uma inspiração euro-americana, de génese greco-latina ? a "corte" do MPLA (histórico e/ou refundido) captou 80% dos votos democraticamente expressos! Só que não ficaria bem àqueles analistas, assumidos democratas, dizer depois que a maioria esmagadora dos eleitores angolanos, inclusive nas áreas onde tinham pontificado os grandes partidos adversários do MPLA ? a UNITA e a FNLA - se enganaram votando no partido do Governo ...
E não se enganaram. Porque logo num aspecto o desenvolvimento alcançado (sobretudo no domínio da Educação e da Cultura), depois que terminou a guerra civil, era indício de que, como ensinavam os mais-velhos, "amanhã será melhor": melhor, para as grandes massas populares salvas dos campos minados e das aldeias bombardeadas, recolhidas "in extremis" nas costuras das cidades desestruturadas pelo sobrepovoamento (em Luanda mais de 2 milhões); melhor também, para que "os meninos de rua" sem eira nem beira pudessem (como "os meninos do Huambo" da canção) voltar a sentar-se à roda da fogueira cantando à Bandeira e à Independência. Esses meninos são hoje mais de 5 milhões que vão às escolas do ensino primário, secundário e superior, distribuídas por todo o País e administradas por cerca de 180.000 professores, ainda, dos quais mais de 70% no ensino primário e o resto em 53 escolas secundárias, 16 instituições públicas de ensino superior e 13 privadas.
Certo foi que maioria do povo que votou no Partido do Governo, mesmo só como numa nova Sagrada Esperança, não se deixou impressionar com o uso que os governantes faziam do Poder, à sombra do qual se havia constituído uma classe privilegiada, rica e poderosa, de amigos e familiares do Chefe. Pois já diziam os "misosos": "Montas um elefante, tens admiradores à tua volta"; "quem obedece sempre comeu"...
Nada de novo: fora sempre assim, em todos os tempos e lugares do mundo... No antigo Livro da ética judaico-cristã, em que se perfila um Homem Novo, já se regista que prudentemente ninguém deverá sentar o inimigo a seu lado e que Jesus censurou os doutores fariseus pelo seu presunçoso e hipócrita apego ao formalismo da lei. Na "teleologia" tradicional angolana, prelecciona-se que "não se deve castigar um cão pelos defeitos próprios de todos os cães". Sempre a Moral foi moldada pelos costumes e as vontades...
Um professor português, conhecedor da literatura medieval do seu país e lembrando-se da crónica de Fernão Lopes sobre a Geração de Aljubarrota, perante a natureza do Poder constituído em Angola, tendo como suporte um grupo de escolhidos entre os filhos, civis e militares, da Geração da Luta pela Independência, não será acometido pelo furor farisaico daqueles "analistas" sem bastante memória nem ciência da sua própria História, e menos ainda da História de África, que aqui se desenvolve vertiginosamente, ao correr dos dias. Esses não poderão compreender que, num país tão "atrasado" como consideram Angola, o novo Governo saído das eleições de Setembro tenha dez ministros do sexo feminino ? quando no mundo "desenvolvido" ainda se discute o recurso a quotas para as mulheres ascenderem à governação...
Mas recordemos a crónica de Fernão Lopes:
Nos, com ousamça de fallar, como quem jogueta, por comparaçom, fazemos aqui a septima hidade, na quall se levamtou outro mundo novo e nova geeraçom de gemtes; porque filhos d'homeês e de tam baixa comdiçom, que nom compre de dizer, per seu boom serviço e trabalho, neste tempo forom feitos cavalleiros, chamamdo-sse logo de novas linhageês e apelidos.
Por fim, um "aviso" aos professores candidatos a navegantes e aos promotores da navegação: não se atrasem demasiado, fazendo jus ao apodo com que os nativistas brasileiros nordestinos, no século XIX, mimoseavam os portugueses - "pés-de-chumbo" - mofando do seu proverbial "devagar que tenho pressa". Perante o descenso que já se verifica nas escolas superiores portuguesas sobre os estudos africanos (e as Humanidades em geral), não é impensável que Angola tenha de recorrer a professores brasileiros para ensinar português.



Leonel Cosme

segunda-feira, 1 de março de 2010

Powerpoint - Como decidir com quem casar



Educação para o consumo em meio escolar


Os estilos de vida são uma das quatro grandes áreas de intervenção do Programa Nacional de Saúde Escolar, tendo, no contexto daquela, sido considerados doze subáreas prioritárias, muitas das quais temos vindo a abordar em crónicas anteriores. Este mês, concentrar-nos-emos na educação para o consumo.
Actualmente, vivemos numa sociedade de consumo, i.e., uma sociedade caracterizada pela extrema variedade e abundância de bens e serviços disponibilizados ao consumidor, em que se desenvolvem técnicas agressivas de estimulação ao consumo, nomeadamente a publicidade, o marketing e a facilitação do acesso ao crédito. As suas principais características são: 1) a uniformização dos gostos dos consumidores; 2) a cultura ter-se transformado numa "cultura de massa"; 3) a redução do ciclo de vida dos produtos, a denominada obsolescência planeada; 4) o lazer implicar consumo; 5) a compra ser por vezes encarada só por si como um divertimento; 6) a presença constante do marketing; e 7) a passividade do consumidor.
Podemos dividir em quatro as ideias-chave do nosso comportamento enquanto consumidores: 1) O consumidor busca obter o máximo de benefícios e prazer dentro dos seus recursos; 2) o ser humano é emocional e motivado por afectos conscientes e/ou inconscientes; 3) o ser humano é social e movido por regras do grupo (realização da vida social, integração social); e 4) o comportamento do consumidor é um dos fenómenos que mostra a estrutura do ser humano, no sentido em que, apesar da enorme variedade do comportamento humano, parece existir uma base comum e finita de objectivos e necessidades, que transparecem numa infinidade de modos de satisfazê-las.
O consumismo, conjunto de comportamentos e atitudes que levam ao consumo indiscriminado, excessivo e compulsivo de bens sem qualquer critério de racionalidade, origina graves consequências, tais como o sobre-endividamento das famílias, a degradação ambiental e os riscos para a saúde.
Nos países desenvolvidos, em grande parte devido à acção dos movimentos dos consumidores, a psicologia do consumidor está a evoluir no sentido do consumerismo. Por consumerismo entende-se a acção social permanente de grupos ou instituições que exprimem os interesses dos consumidores, acção essa conduzida a vários níveis para legitimar ou aprofundar os seus direitos, incluindo-se aqui a intervenção no mercado, com os objectivos de aperfeiçoar a qualidade de vida e valores sociais.
A responsabilidade social do consumidor consiste sobretudo numa consciência crítica perante os abusos gerados pela sociedade de consumo e no reconhecimento não só dos seus direitos como também nos seus deveres. Através de uma acção consumerista, o consumidor é levado a comportar-se como um consumidor esclarecido, recusando o consumismo.
Em meio escolar, quando integrada num projecto de intervenção, esta temática deve ter uma abordagem transversal, englobando, p.e., as disciplinas de português (conceitos e reflexão sobre consumo, consumismo, sociedade de consumo), matemática (exercícios relacionados com a prática do consumo), estudo do meio (estratégias do marketing, consequências da sociedade de consumo) e expressão plástica (manifestações críticas face à sociedade de consumo, através do desenho, pintura, teatro), entre outras. Anteriormente, como temos vindo a defender, deve ser explorado o auto-conceito, a resiliência e o empowerment, úteis à tomada de decisões conscientes, de modo a se desenvolverem atitudes e comportamentos que tenham em conta o equilíbrio entre as necessidades e os recursos e a consciência crítica enquanto consumidores, bem como um posterior treino das competências adquiridas.



Paula Aires Pereira
Enfermeira de Saúde Escolar na Unidade de Saúde da Batalha. Porto
Nuno Pereira de Sousa
Médico de Saúde Pública - ACES Guimarães

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Legislação


Publicado em Diário da República
 
― Despacho n.º 2627/2010. D.R. n.º 27, Série II de 2010-02-09, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Delegação de competências no Secretário de Estado da Educação, Dr. João José Trocado da Mata, com a faculdade de subdelegação.
 
― Despacho n.º 2628/2010. D.R. n.º 27, Série II de 2010-02-09, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Delegação de competências no Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva, com a faculdade de subdelegação.
 
― Parecer n.º 2/2010. D.R. n.º 27, Série II de 2010-02-09, do Ministério da Educação - Conselho Nacional de Educação
Parecer sobre o projecto de proposta de lei que altera a Lei de Bases do Sistema Educativo no que se refere aos ciclos curtos de ensino superior.
 
― Despacho n.º 2746/2010. D.R. n.º 29, Série II de 2010-02-11, dosMinistérios dos Negócios Estrangeiros, das Finanças e da Administração Pública e da Educação
Transferência de recursos financeiros para o Instituto Camões.
 
― Despacho n.º 2786/2010. D.R. n.º 29, Série II de 2010-02-11, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Cria o curso de especialização tecnológica em Condução de Obra proposto pela Escola Profissional Amar Terra Verde.
 
― Despacho n.º 2787/2010. D.R. n.º 29, Série II de 2010-02-11, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Nomeia, em comissão extraordinária de serviço, a licenciada Elvira Alfaiate Reste Rodrigues Florindo para exercer as funções de presidente do júri nacional de exames.
 
― Despacho n.º 2788/2010. D.R. n.º 29, Série II de 2010-02-11, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Cria o curso de especialização tecnológica em aplicações informáticas de Gestão proposto pela EPROMAT - Escola Edmundo Ferreira.
 
― Despacho n.º 2789/2010. D.R. n.º 29, Série II de 2010-02-11, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Cria o curso de especialização tecnológica em condução de obra proposto pela Escola Profissional Prática Universal.
 
― Despacho n.º 2790/2010. D.R. n.º 29, Série II de 2010-02-11, do Ministério da Educação - Gabinete da Ministra
Nomeia, em comissão de serviço, para o exercício das funções de director regional-adjunto da Direcção Regional de Educação do Centro, do Ministério da Educação, a mestre Maria do Céu Lopes Beirão.
 
― Deliberação n.º 336/2010. D.R. n.º 29, Série II de 2010-02-11, doMinistério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior
Conversão de classificações do ensino secundário estrangeiro.
 
― Deliberação n.º 337/2010. D.R. n.º 29, Série II de 2010-02-11, doMinistério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior
Aprova os pré-requisitos para a candidatura de 2010.
 
― Despacho n.º 2827/2010. D.R. n.º 30, Série II de 2010-02-12, daPresidência do Conselho de Ministros - Gabinete do Primeiro-Ministro
Determina a concessão de tolerância de ponto aos trabalhadores que exercem funções públicas na administração central e nos institutos públicos no próximo dia 16 de Fevereiro de 2010.
 
― Deliberação n.º 346/2010. D.R. n.º 30, Série II de 2010-02-12, doMinistério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior
Concretização das provas de ingresso.
 
 
 
 
Informações Gerais
 
Associação de Pais e Encarregados de Educação do Pré-escolar e 1º Ciclo de S. Bernardo (Aveiro)
Blog da associação de pais: http://apesber.blogspot.com 
 
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB 1 eJardim-de-infância de Bairros (Trofa)
Sítio da associação de pais: http://www.escoladebairros.pt.vu/
 
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB 2,3 de Fermentões (Guimarães)
Sítio da associação de pais: http://www.apaiseb23fermentoes.pt.vu
             
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB1 da Arroteia (Valbom – Gondomar)
Blog da associação de pais: http://apescoladaarroteia.blogspot.com/
 
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB 1 GagoCoutinho (Amadora)
Blog da associação de pais: http://apgagocoutinho.blogspot.com/
 
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB 1 doMotelo - Fermentões – Guimarães   
Blog da associação de pais: http://ass-pais-eb1motelo.blogs.sapo.pt/
 
Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB 2,3 Teixeira Lopes (Gaia)             
Blog da associação de pais: http://apetel-na-web.blogspot.com/
 
Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas Aquilino Ribeiro (Vila Nova de Paiva)            
Blog da associação de pais: http://assoc-pais.blogspot.com/
 
 
 
― Concurso de Pintura 'Paz e Amizade'
O governo da República da Turquia está a promover o concurso de pintura Paz e Amizade dirigido a alunos do 1.º ciclo do ensino básico.
Serão aceites a concurso os trabalhos desenvolvidos em suporte papel, usando as técnicas de lápis de cor, guache ou pastel. Entrega de trabalhos até ao dia 31 de Março.
Para mais informações: www.dren.min-edu.pt/
 
― 8.º Encontro para a Promoção da Saúde na Escola
Irá decorrer no Centro Cultural Olga Cadaval, no dia 31 de Março de 2010.
Para mais informações: www.drel.min-edu.pt/
 
― TI 1.1, 1.3 e 1.4 – Abertura de candidaturas
Decorre entre os dias 12 de Fevereiro e 15 de Março de 2010, o período para apresentação de candidaturas ao Programa Operacional Potencial Humano (POPH), no âmbito das Tipologias de Intervenção 1.1 - Sistema de Aprendizagem, 1.3 - Cursos de Educação e Formação de Jovens (CEF) e 1.4 - Cursos de Especialização Tecnológica (CET), de acordo com o âmbito e as condições definidas no respectivo Aviso de Abertura.
Para mais informações: www.poph.qren.pt
 
― Congresso Internacional 'Violência nas Relações de Intimidade: (O)Usar Caminhos em Saúde'
Vai realizar-se, em Coimbra, nos dias 17, 18 e 19 de Maio de 2010.
Para mais informações: www.drec.min-edu.pt/
 
― II Congresso Internacional Escolar
Recursos Naturais, Sustentabilidade e Humanidade é o tema do II Congresso Internacional Escolar. Organizado pelo Agrupamento de Escolas de Lamaçães, em parceria com o Agrupamento de Escolas da Nascente do Este, o evento terá lugar em Braga, entre 5 e 8 de Maio de 2010.
Para mais informações: www.dren.min-edu.pt/
 
― “OS DIAS DO DESENVOLVIMENTO” 2010
O Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) irá realizar, nos dias 21 e 22 de Abril de 2010, a 3.ª Edição de “Os Dias do Desenvolvimento” subordinada ao tema “Cidadania e Desenvolvimento”.
Para mais informações: www.dgidc.min-edu.pt
 
― Semaine de la langue française et de la francophonie 201
Organizada pelo Ministère de la Culture et de la Communication et le Ministère des Affaires Étrangères et Européennes irá realizar-se a Semana da Língua Francesa e da Francofonia, entre 20 e 27 de Março de 2010.
Para mais informações: www.drec.min-edu.pt/
 
― Concurso de Fotografia e/ou Vídeo
Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) apela à criatividade contra a discriminação racial. Os valores da Diversidade e da Não-Discriminação dão o mote ao Concurso Nacional lançado pela CICDR, com o apoio do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI).
Para mais informações: www.dgidc.min-edu.pt/
 
― Projecto Preparar o Futuro da União Europeia
Comissão Europeia e o Centro de Informação Europeia Jacques Delors disponibilizam a professores e a alunos recursos educativos gratuitos no quadro do projecto Preparar o Futuro da União Europeia.
Para mais informações: www.drealg.min-edu.pt
 
― Exposição “Man spricht Deutsch” no Instituto Alemão
De 2 a 24 de Março de 2010, alunos, professores e público em geral poderão visitar, no Goethe Institut de Lisboa, a exposição interactiva e multimédia “Man spricht Deutsch”.
Para mais informações: www.dgidc.min-edu.pt 
 
― Boletim de Inscrição - Exame Nacional
Já se aceitam encomendas para este Boletim, que estará disponível para entrega durante a semana de 15 a 19 de Fevereiro.
Para mais informações: www.eme.pt

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Exposição “Man spricht Deutsch” no Instituto Alemão

De 2 a 24 de Março de 2010, alunos, professores e público em geral poderão visitar, no Goethe Institut de Lisboa, a exposição interactiva e multimédia
“Man spricht Deutsch”.

Retratando temas como “A linguagem dos jovens”, “A origem da língua alemã”, “Língua e arte” ou ainda “Diferenças entre o alemão do leste e da parte ocidental do país”, esta exposição convida à descoberta da língua alemã da actualidade.

A DGIDC associa-se a esta iniciativa, incentivando professores e alunos a visitarem a exposição. No dia 1 de Março, pelas 16.30H, haverá uma visita guiada para professores com propostas de didactização. A inauguração terá início no mesmo dia às 18.30H. Para mais informações e inscrições para visitas de grupo, consultar http://www.goethe.de/ins/pt/lis/lhr/pt5487542v.htm

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A (auto)avaliação das escolas: pressões performativas e "danos colaterais"


Ao longo das duas últimas décadas, em diferentes geografias sócio-educativas, a agenda avaliativa foi catapultada para o centro das prioridades políticas, tendo-se transformado numa espécie de amuleto capaz de esconjurar a crise que (de modo recorrente) ameaça carcomer os sistemas educativos. Se, como observou Dias Sobrinho (2000: 184), "a década de noventa foi chamada a década da avaliação", a década em curso ficará muito provavelmente conhecida como a década da obsessão avaliativa.
Expressões como "surto de avaliacionite" (Estêvão, 2001), "avaliocracia" (diversos autores), "terrores da performatividade" (Ball, 2002), "esquizofrenia da performatividade " (Simões, 2007), "quantofrenia" (Dias Sobrinho, 2000) constituem alguns dos artefactos linguísticos que traduzem, entre outros aspectos, as obsessões métricas que invadiram o campo educativo.
No caso de Portugal, e no concerne à avaliação das escolas, as alterações recentes nos ditames jurídico-normativos que regulam (e regulamentam) estas instituições educativas, e a vida dos seus profissionais, refundaram os processos de avaliação externa e de auto-avaliação, impondo ao último "um carácter obrigatório", determinando ainda que deve desenvolver-se "em permanência" (Lei nº 31/2002, de 20 de Dezembro, art.º 6º). Paralelamente, tem-se vindo a "indexar" aos resultados da avaliação, sobretudo externa, a um conjunto de "prémios e castigos", nomeadamente: i) o contingente para atribuição das menções de Excelente e Muito Bom, (Dec. Regulamentar nº 2/2008, art.º 21), ii) a dotação do quadro de professores titulares (Dec.-Lei nº 15/2007, art.º 38º), iii) e as competências a transferir para as escolas no âmbito da celebração dos "contratos de autonomia" (Dec.-Lei nº 75/2008, preâmbulo).
Apesar de as agendas avaliativas se auto-justificarem invocando a demanda da qualidade e da excelência (conceitos cuja "dispersão semântica" raramente se questiona), as actuais induções performativas que pressionam as escolas para mostrarem resultados envolvem o sério risco de as "fantasias encenadas" e a "gestão da impressão" (Ball, 2002) se substituírem ao complexo, incerto e moroso processo de construção do sucesso educativo para todos.
Num contexto em que o que conta são os resultados, e considerando que a qualidade do produto final depende também da possibilidade de se seleccionarem as melhores matérias-primas, as escolas poderão sentir-se tentadas, senão mesmo obrigadas, a cuidar criteriosamente da sua safra. Por exemplo, há não muito tempo, chegou-nos o eco de uma "denúncia informal" relativamente a um agrupamento de escolas que, na sequência da assinatura de um "contrato de autonomia", no âmbito do qual assumiu o compromisso em relação ao alcance de certas metas em termos de resultados escolares, estaria a pôr obstáculos à admissão de alunos com necessidades educativas especiais. A singularidade (e "originalidade") deste caso, segundo a versão que chegou até nós, estaria no invocar do interesse das crianças excluídas para justificar a sua exclusão. De acordo com a versão que nos relataram, a "estratégia" envolvia (envolve?) o seguinte procedimento: o órgão de gestão, quando tomava conhecimento que os pais de determinada criança com necessidades educativas especiais desejavam matricular o seu educando naquela escola, chamava os pais à escola para lhes expressar a sua solidariedade na luta por uma educação de qualidade para os respectivos educandos, aproveitando a oportunidade para os informar que, lamentavelmente, naquele momento aquela escola ainda não tinha as condições ideais para dispensar a educação de qualidade que aqueles pais tinham o direito de exigir para os seus filhos, sugerindo-lhes de seguida algumas "alternativas". Estes parecem ser os "danos colaterais" que as derivas gerencialistas e as versões mercantis da qualidade parecem dispostas a tolerar.


Virgínio Isidro Martins de Sá



Bibliografia

BALL, S. (2002). Reformar escolas/reformar professores e os terrores da performatividade. Revista Portuguesa de Educação, Braga, Vol. 14, nº 2, p. 03-23.
DIAS SOBRINHO, J. (2000). Avaliação da Educação Superior. Petrópolis: Editora Vozes.
ESTÊVÃO, C. V. (2001). Políticas educativas, autonomia e avaliação. Reflexões em torno da dialéctica do reajustamento da justiça e da modernização. Revista Portuguesa de Educação, Braga, vol. nº 2, pp. 155-178.
SIMÕES, G. M. J. (2007). A Auto avaliação das escolas e a regulação da acção pública em educação. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 04, pp. 39-48. (http://sisifo.fpce.ul)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Alunos retidos no 8.º ano com escola obrigatória até aos 18


Nos termos deste diploma, para os estudantes que se matricularam no 8.º ano no ano lectivo de 2009-2010 o limite da escolaridade obrigatória em vigor continua a ser os 15 anos. Mas esta disposição não se aplicará aos alunos que ficarem retidos naquele ano, para os quais passará a vigorar também a obrigatoriedade de permanecer na escola até aos 18 anos, esclareceu o Ministério da Educação.

Em resposta a questões do PÚBLICO, o ME adiantou que, devido à inclusão destes alunos no novo regime, se decidiu criar uma nova oportunidade de avaliação. Um despacho do secretário de Estado da Educação, Alexandre Ventura, publicado na semana passada em Diário da República, estabelece assim que os estudantes retidos no 8.º ano, que completem 15 anos até 31 de Agosto, poderão tentar concluir o 3.º ciclo já neste Verão, autopropondo-se a exame a todas as disciplinas que integram o currículo do 9.º ano.

Segundo o ME, esta é uma disposição que apenas vigorará este ano. Até agora, só os estudantes que já estavam no 9.º ano tinham a possibilidade, no caso de não serem aprovados pelos professores, de se autoproporem a exame para tentarem concluir o 3.º ciclo.

O novo despacho estabelece ainda que os alunos que estão no 6.º ano, e que contem já com duas retenções neste ciclo de estudos, também se poderão candidatar a exame a todas as disciplinas com o objectivo de concluir o 2.º ciclo, embora se mantenha, para estes, a obrigatoriedade de matrícula até aos 18 anos.