sábado, 1 de dezembro de 2018

Plantas Carnívoras em Portugal

Muitas pessoas têm acerca das plantas carnívoras as ideias mais bizarras. As plantas carnívoras reais estão muito longe de se confundirem com os monstros terríveis que surgem nos filmes de ficção científica... Vale a pena conhecê-las melhor.

Alguns dos relatos onde são descritas plantas carnívoras constituem autênticos desafios à imaginação humana. Estas surgem aos olhos dos leigos como verdadeiras aberrações da natureza, tendo sido consideradas durante séculos como resultado de um milagre da natureza. No entanto, a realidade fica muito aquém das narrativas épicas onde as plantas carnívoras são referidas como terríveis monstros que atraem as vítimas e se alimentam das suas entranhas. Na verdade, estas plantas são, na sua maioria, de porte herbáceo, raramente ultrapassando algumas dezenas de centímetros.

As plantas carnívoras foram descobertas e referenciadas pela primeira vez no séc. XVIII, mais precisamente em 1768, quando o botânico inglês J. Ellis chamou a atenção para o curioso processo de captura de insectos em Dionaea muscipula. Desde essa data, mais de seis centenas de espécies de plantas foram estudadas e adicionadas ao rol das consideradas carnívoras. Estas plantas constituem um grupo botânico sem qualquer significado taxonómico, dado que o carnivorismo nas plantas parece ter resultado de evolução convergente, ou seja, ao longo dos tempos a selecção natural foi favorecendo a sobrevivência de plantas oriundas de famílias diferentes, mas que conseguiam capturar e digerir pequenos animais.

Apesar desta curiosa capacidade de se nutrir de animais, propriedade que era tida como exclusiva do reino animal, as plantas carnívoras mantêm todas as características de qualquer outro ser vivo do reino vegetal: são plantas verdes onde ocorre fotossíntese. Contudo, para assegurar a sua vitalidade e sobrevivência, estas plantas necessitam de completar o seu metabolismo com os aminoácidos resultantes da digestão de pequenos animais, que ocorre nas folhas, em zonas glandulares, caracterizadas por intensa actividade de enzimas proteases e fosfatases que digerem as presas. Vários estudos têm demonstrado que a nutrição heterotrófica aumenta o crescimento e desenvolvimento destas plantas e, em algumas espécies, parece ser essencial para que ocorra a floração, ou seja, a possibilidade de perpetuar a espécie. Por esta razão, o carnivorismo nas plantas é encarado como uma adaptação nutricional relacionada com os solos deficientes em azoto, como acontece com as zonas pantanosas e turfeiras onde ocorre a maioria das plantas carnívoras conhecidas.

As folhas das plantas carnívoras são comummente o local de captura das presas (armadilhas), apresentando adaptações morfológicas e fisiológicas mais ou menos especializadas na atracção, captura e digestão dos animais. As armadilhas estão, geralmente, recobertas por mucilagem, uma espécie de cola que retém as presas, e podem possuir movimento, aumentando dessa forma a eficácia da captura dos insectos. No entanto, não basta ter armadilhas eficazes, é necessário conseguir atrair até elas as respectivas presas, assim, é comum as plantas carnívoras exalarem odores característicos, de matéria orgânica em decomposição ou adocicados, que funcionam como chamariz para a maioria dos insectos.

Actualmente, conhecem-se cerca de seiscentas espécies de plantas consideradas carnívoras que se distribuem pelos cinco continentes. A Austrália é o local onde existe maior variedade específica, albergando cerca de um terço de todas as espécies conhecidas. Para Portugal estão referenciadas oito espécies de plantas carnívoras espontâneas, pertencentes a duas famílias (Droseraceae e Lentibulariaceae), no entanto, a ausência de estudos recentes de biologia, ecologia e distribuição não permite afirmar, com absoluta certeza, que todas essas espécies ainda possam ser encontradas em território nacional.

De modo a desvendar o misterioso mundo das plantas carnívoras que ocorrem em Portugal, sugere-se, seguidamente, uma breve caracterização das diferentes espécies. Esta interessante viagem inicia-se pelas orvalhinhas, pertencentes à família Droseraceae, que são pequenas plantas carnívoras que surgem em locais húmidos ou pantanosos. Tratam-se de plantas com uma distribuição ubíqua e das cerca de noventa espécies conhecidas podemos encontrar duas em Portugal (Drosera rotundifolia e D. intermédia), que são designadas vulgarmente pelo mesmo nome vernáculo: orvalhinhas. No nosso País, as duas espécies de orvalhinhas encontram-se quase confinadas ao norte do rio Tejo, sendo que a D. rotundifolia surge quase exclusivamente a norte do rio Vouga. São plantas vivazes que raramente ultrapassam os vinte centímetros de diâmetro. As suas folhas modificadas, com uma forma idêntica à mão humana, encontram-se recobertas por aproximadamente duzentas glândulas pediculadas recobertas por mucilagem. Logo após o contacto com a presa, geralmente pequenos insectos que pousam inadvertidamente sobre as folhas, as glândulas pediculadas começam a curvar-se de modo a envolver a preciosa “refeição”. Segue-se a acção das enzimas digestivas que são libertadas pelas glândulas e a absorção dos produtos assimiláveis. Findo todo este processo, as glândulas e a folha retomam a posição inicial, sendo bastante comum encontrar os restos mortais (esqueletos quitinosos) dos últimos insectos que foram capturados e digeridos pela planta.

Ainda na família Droseraceae é importante salientar a ocorrência de um endemismo ibero-marroquino: a erva-pinheira-orvalhada (Drosophyllum lusitanicum Link.). Esta designação vernácula por que é conhecida deve-se ao facto da planta estar coberta por gotas brilhantes de mucilagem, fazendo lembrar o orvalho matinal. É uma planta com cerca de vinte a trinta e cinco centímetros de altura, que ocorre em solos secos, siliciosos ou xistosos, estando confinada a algumas populações isoladas ao longo de uma estreita faixa litoral do nosso País. A quase totalidade dos estudos existentes sobre esta planta resultou do trabalho de botânicos portugueses, tais como: o Prof. Carlos França, o Prof. Aurélio Quintanilha e o Prof. Abílio Fernandes.

As restantes carnívoras que ocorrem espontaneamente em solo lusitano incluem-se na família Lentibulariaceae. Trata-se de uma família com enorme heterogeneidade morfológica, onde se incluem plantas que vivem quer em lugares húmidos (por ex. as pinguicolas) quer completamente submersas (por ex. as utriculárias).

As pinguicolas são apenas encontradas no hemisfério norte, com excepção de três espécies sul americanas. No nosso país encontram-se apenas duas espécies (Pinguicula vulgaris e P. lusitanica) das cerca de trinta conhecidas. São pequenas plantas perenes com raízes pouco desenvolvidas e que se distinguem facilmente das outras plantas por apresentarem uma pequena roseta de folhas aplicadas ao solo, do centro da qual emerge, na época da floração, a respectiva haste floral que suporta uma única flor. As folhas são geralmente de cor verde-clara e apresentam os bordos ligeiramente enrolados, encontrando-se a página superior revestida por glândulas que produzem mucilagem que funciona como primeiro mecanismo de captura dos insectos. Após sentir a presença dos insectos a debaterem-se para se libertarem do visco que os mantém aprisionados, inicia-se o enrolamento da folha de modo a envolver melhor as presas nas enzimas digestivas. Os insectos parecem ser atraídos para as folhas das pinguicolas através de um intenso odor a cogumelos putrefactos exalado pela planta. A outra espécie, P. vulgaris, possui um aspecto bastante similar à anterior, distinguindo-se dela apenas pelas suas maiores dimensões e pela cor mais escura das suas flores. A P. vulgaris é indubitavelmente a planta carnívora mais rara do nosso país, uma vez que só é conhecida uma única localização em Portugal. Já o mesmo não acontece com a P. lusitanica, que possui várias localizações ao longo do litoral a norte do rio Vouga. Aliás, esta espécie encontra-se habitualmente associada às orvalhinhas, uma vez que ambas possuem idênticas exigências edáficas e climáticas.

Para concluir esta breve viagem pelo panorama nacional das plantas carnívoras, resta conhecer as utriculárias que pertencem a um género com uma distribuição ubíqua e que inclui o maior número de espécies: cerca de trezentas. Em Portugal podem encontrar-se três dessas espécies (Utricularia subulata, U. gibba e U. australis). A primeira é um geófito de caules capilares e subterrâneos, que se julga poder já estar extinta no nosso País, uma vez que não é observada em território nacional desde a década de quarenta do século passado, enquanto as duas últimas são hidrófitos submersos ou flutuantes que habitam as lagoas e pântanos de água doce. Pelo facto de viverem totalmente imersas, estas plantas são das mais desconhecidas de todas as plantas carnívoras, uma vez que são difíceis de observar, excepto na época de floração, que vai de Junho a Setembro, em que as flores de cor amarelada se elevam acima da superfície da água denunciando a sua presença. As utriculárias são desprovidas de raízes e possuem um caule muito fino sobre o qual se inserem, alternadamente, formações foliáceas. Distribuídas com uma certa regularidade e ligadas aos lóbulos foliares por curtos pedúnculos, encontram-se pequenas vesículas ou utrículos, que constituem armadilhas altamente especializadas, com que estas plantas capturam as suas presas aquáticas: crustáceos e larvas de insectos. Dado o elevado número de espécies existentes neste género, é natural que exista uma enorme variedade morfológica de utriculárias, no entanto, o funcionamento das suas armadilhas é idêntico em todas elas: os utrículos são pequenos «sacos» com uma única abertura, junto à qual existem, habitualmente, pêlos sensitivos que detectam a presença das pequenas presas; quando algum animal aquático estimula os pêlos sensitivos, o utrículo aspira-o em milésimos de segundo; enquanto a presa se vai debatendo no interior do utrículo, a planta vai libertando as enzimas digestivas que acabam por matar e digerir a próxima «refeição» e para concluir todo este minucioso processo, resta à planta absorver os nutrientes do interior da sua esmerada armadilha.

O estudo das plantas carnívoras em Portugal teve o seu período áureo nas décadas de vinte e de quarenta do século passado, seguindo-se um total marasmo ao nível da investigação que se mantém até aos nossos dias. Por esta razão não é possível ter dados actualizados sobre estas plantas, a não ser informações esporádicas oriundas de pequenas investigações botânicas que vão sendo realizadas em algumas regiões do país.

Segundo prospecções mais recentes, referentes às províncias situadas a norte do rio Douro, constata-se que em muitas das localizações identificadas no século passado estas plantas já se extinguiram. Só para referir alguns exemplos, poder-se-á afirmar, com grande certeza, que a D. intermédia, a U. australis e a P. lusitanica já desapareceram dos arredores do Porto (Boa Nova, Pedras Rubras e Santa Cruz do Bispo). Também o D. lusitanicum existente na serra de Santa Justa, em Valongo, corre o risco de desaparecer devido à deposição ilegal de resíduos, à movimentação de terrenos e ao pisoteio resultante da prática de actividades de ar livre. Numa das suas localizações conhecidas nesta serra, a espécie já se encontra extinta.

Se fosse possível fazer um levantamento completo da distribuição das plantas carnívoras em Portugal, não seria difícil adivinhar que muitas outras populações, de todas as espécies de plantas carnívoras que surgem espontaneamente no nosso País, teriam já desaparecido devido a múltiplas causas que constituem ameaças directas ou indirectas às plantas e aos seus habitats: a drenagem de pântanos e de zonas húmidas, o desenvolvimento e expansão dos centros urbanos e redes rodoviárias, o abate de florestas autóctones para implementação de monoculturas com espécies exóticas e os inúmeros incêndios que têm afectado Portugal nestes últimos anos, são apenas alguns exemplos. Dada a reduzida distribuição geográfica da maioria das plantas carnívoras em Portugal, seria necessário e desejável despertar novamente o interesse por este curioso grupo botânico que há muito deixou de ser visto como um milagre da natureza e que vai desaparecendo silenciosamente do nosso património botânico sem, muitas vezes, sequer ter sido visto e conhecido pela esmagadora maioria dos portugueses que geralmente até desconhece que estas plantas (ainda) existem em Portugal.

Jorge Nunes

Matos Mediterrânicos

Os matos ocupam na maior parte dos casos os chamados terrenos incultos, são frequentemente considerados inúteis, e estão associados ao abandono e à degradação do meio. Escondem muitas surpresas.

Na região Mediterrânica ocorrem várias formações vegetais arbustivas, que muitas vezes surgem como resultado das acções humanas, mas também devido às limitações impostas pelas condições ambientais. As variadas estruturas vegetais arbustivas são denominadas por um conjunto de diferentes nomes ao longo das várias zonas da bacia Mediterrânica.

Na maioria dos países mediterrânicos distinguem-se os matos como fases degradativas da floresta:

1ª fase - Matagal; Mato Alto; Maquis; Macchia; Chaparral - com espécies de estrato arbustivo.
2ª fase - Charneca; Mato Baixo; Garrigue; Phrygarra; Tomilhares; Bath'a - com subarbustos na sua maior parte odoríferos.

Na fitossociologia, na geografia e comummente em França, distingue-se o Maquis do Garrigue consoante as características do solo que os matos ocupam, levando a que estes matos tenham diferentes estruturas.

O Maquis é um mato que se desenvolve em solos ácidos e siliciosos. Consiste numa densa e muitas vezes impenetrável massa de pequenas árvores e arbustos com uma grande diversidade de plantas rasteiras e trepadoras. Este coberto vegetal pode ter entre 3 e 5 metros de altura. O Maquis, assim definido, não deixa de ser um Mato Alto, que corresponde no nosso país a uma floresta degrada onde predominou outrora o sobreiro que ocupa espontaneamente estes solos.

O Garrigue é uma formação vegetal mais aberta, que se desenvolve em solos calcários, alcalinos e pedregosos, constituída por arbustos de pequeno porte que nos chegam à cintura ou apenas ao joelho, muitas vezes apresentando-se como pequenos tufos esparsos entre as manchas de erva. O Garrigue corresponde normalmente à floresta degradada de azinheiras.

Em Espanha, o termo Matorral engloba todas estas formas de matos. Como já foi referido, os matos mediterrânicos são frequentemente criados a partir de imposições naturais (por exemplo, solos calcários e clima mediterrânico nos garrigues) e imposições humanas (pastoreio, cortes e queimadas). Os matos podem ser considerados como uma série de vegetação, em que as comunidades características que os constituem são diferentes de outras séries.

No Mediterrâneo, ao longo de séculos os bosques primitivos foram sendo arroteados e convertidos em sistemas agrícolas e de pastoreio. Devido a estas actividades, as florestas primitivas não se encontram normalmente preservadas e estes matos, ou etapas de substituição, muitas vezes não poderão evoluir para o seu clímax local potencial, principalmente devido às limitações do solo. As desmatações e as mobilizações sucessivas do solo levaram em muitos casos à decapitação dos solos e ao abandono agrícola (também consequente da degradação dos solos), e assim, criaram condições para a instalação de carácter permanente dos matorrais.

Os matos são por vezes formações pobres, que apesar de terem a capacidade de recuperar espontaneamente quando cessa a intervenção humana, estagnam com as mesmas comunidades devido as adversas condições do meio, onde apenas as espécies destes matos subsistem. Assim deparamos com uma dualidade nesta questão: a intervenção e a não intervenção do Homem. A história do uso do solo num dado local tem um papel fulcral na criação das condições para a invasão dos matos, mas devido à degradação do meio e apesar dos inúmeros percursos de sucessão possíveis na região mediterrânica, na maior parte dos casos nunca os matos evoluirão para uma verdadeira floresta, como já terá existido, sem uma séria intervenção do Homem, isto sem referir o ritmo a que a sucessão natural se processaria.

Por outro lado, os matos têm uma utilidade própria. Os arbustos foram explorados pelo homem, para obtenção de lenha, carvão, de camas para o gado e para ajudar a preparar estrumes. A erva é pastoreada pelo gado, e muitas plantas disponibilizam frutos para comer, óleos, gomas, corantes, fibras têxteis, produtos apícolas, etc.

Hoje em dia, os matos não são abrangidos, ou quase, pelas prioridades da Política Agrícola Comum (PAC), nem lhes são associados noções de rentabilidade, pelo que não existe incentivo para os gerir.

Mesmo assim, continuam a ser um ecossistema interessante. Sobretudo os matagais desenvolvidos, são muitas vezes atractivos para os animais silvestres por conterem praticamente toda a gama de formas de crescimento vegetal (plantas anuais, bolbos, ervas perenes, arbustos e árvores), que proporcionam mosaicos interessantes para a fauna. Mas, outras vezes, também apresentam uma fraca variedade de essências e/ou com a pouca disponibilidade de água, e ainda com a sua estrutura muito uniforme, que não lhes permite apresentar uma maior biodiversidade, favorecendo apenas um determinado conjunto de espécies de fauna e flora. Esta última situação pode ser interessante para o conjunto de espécies favorecido, mas o rompimento das componentes da paisagem uniforme e a melhoria de determinadas condições físicas e estruturais poderia resultar numa maior diversidade biológica.

Na Primavera, principalmente quando nos referimos aos Garrigues, apresentam uma larga gama de cores, com as florações amarelas, azuis e vermelhas em contraste com a cor verde que domina noutras alturas, ou com a erva ressequida do Verão. Nos matos baixos, dominam os carrascos e as plantas aromáticas como o rosmaninho a alfazema, as estevas, os tomilhos, etc., e nos matos mais altos também as estevas mas com urzes arbóreas e por vezes os povoamentos de medronheiros.

Nuno Leitão

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

EFA - STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº6 - Equipamentos Profissionais - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Download -  STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº6 - Equipamentos Profissionais

EFA - STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº2 - Equipamentos Profissionais - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Download -  STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº2 - Equipamentos Profissionais

EFA - STC - NG1 - DR3 - Ficha de Trabalho nº4 - Utilizadores, Consumidores e Reclamações - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG1 - DR3 - Ficha de Trabalho nº3 - Utilizadores, Consumidores e Reclamações - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG1 - DR3 - Ficha de Trabalho nº2 - Utilizadores, Consumidores e Reclamações - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG1 - DR1 - Ficha de Trabalho nº1 - Equipamentos Domésticos - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG1 - DR1 - Ficha de Trabalho nº3 - Equipamentos Domésticos - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Biografia - Franz Xaver Winterhalfer

Pintor alemão, famoso pelos seus retratos da realeza.
Nasceu em 20 de Abril de 1805, em Menzenschwand, Alemanha;
morreu em 8 de Julho de 1873, em Frankfurt.

Tendo estudo em Friburgo e em Munique, entrou no círculo das casas reais quando se tornou mestre de desenho de Sofia, futura grã-duquesa de Baden. Em 1834 foi para Paris, tendo-se tornado retratista afamado com o apoio do rei Luís Filipe, e depois com a protecção de Napoleão III.

Em 1841 a pedido da rainha Vitória foi a Londres para pintar a soberana, tendo pintado também personagens famosas da sociedade britânica. Durante a sua carreira pintou muitas personagens da realeza europeia, primeiro com uma técnica bastante conservadora, mas mais tarde com uma técnica mais livre, que lhe granjeou a fama de que gozou, devido ao charme romântico dos seus retratos. No final da sua vida, chegou mesmo a pintar directamente sobre a tela, sem realizar estudos preliminares.

A obra de Winterhalfer, bastante conhecida devido sobretudo às inumeráveis cópias feitas dos retratos que pintou, ainda hoje é valorizada devido à descrição que faz das personagens das casas reais europeias da segunda metade do século XIX.

Fonte:
Enciclopédia Britânica

Biografia - Charles Turner

Nasceu em Old Woodstock,Oxfordshire, Inglaterra,  em 31 de Augusto de 1774;
morreu em Londres em 1 de Agosto de 1857.

Filho de um cobrador de impostos arruinado, cresceu em Blenheim, no Palácio do Duque de Marlborough, onde a sua mãe residia, encarregue dos serviços de porcelana.

Turner foi para Londres em 1795 para se empregar nas oficinas do gravador e livreiro, e futuro Mayor de Londres, John Boydell, tendo estudado na Royal Academy. Trabalhou em gravura pontilhada à maneira de Bartolozzi e água-tinta, mas foi em mezzo-tinto, que trabalhou mais, tornando-se nessa técnica um artista reconhecido. 

Produziu mais de seiscentas gravuras, dois terços das quais foram retratos. As vinte e quatro gravuras que realizou para o «Liber Studiorum» de J. M. W. Turner e outras realizadas para este pintor, de quem se tornou amigo, foram realizadas todas em mezzo-tinto.

Em 1812 foi nomeado gravador do Rei, e em 1828 tornou-se sócio da Academia Real, onde exibiu regularmente os seus trabalhos de 1810 a 1857.


Fontes:
The Dictionary of National Biography,
founded in 1882 by George Smith
Oxford, Oxford University Press, 1998

Enciclopédia Britânica

Biografia - Salvador Viniegra

Pintor histórico espanhol.
Nasceu em Cádis em 23 de Novembro de 1862;
morreu em Madrid em 29 de Abril de 1915.

Começou por estudar para a advocacia, mas cedo se decidiu a ser pintor, tendo entrado para a Escola de Belas Artes de Cádis. Aí foi discípulo de Rámon Rodriguez e José Perez.

Começou por pintar aguarelas, que deram origem a um álbum que, em 1877, teve bastante êxito. Nos anos seguintes ganhou vários prémios de pintura em exposições regionais, e conseguiu a aprovação dos pais para realizar uma viagem a Roma, tendo-se dedicou ao estudo do desenho ao vivo. Regressado a Espanha em 1882, concorreu nesse mesmo ano à Exposição de Hernandéz com o seu quadro Um pátio de Sevilha. Mais tarde, concorreu com outro quadro - A bênção dos campos em 1800 -, de grandes dimensões, que teve um grande sucesso quando exposto na Exposição Nacional de Madrid de  1887, e que lhe valeu a obtenção da medalha de primeira classe do certame. 

Em 1890 ganhou o concurso para um lugar de bolseiro de mérito da Academia Espanhola de Belas Artes de Roma. Aí residiu até Novembro de 1896, sendo o período italiano o mais rico da sua vasta obra. Expôs em Munique, em Roma, em Budapeste, sendo as suas obras, sobretudo a Bênção dos campos, reproduzidos incessantemente, o que o tornou um pintor muito popular em Espanha, e também na Europa.

Em 1897 apresentou outro dos seus célebres quadros, A romaria do Rossio, que expôs em Roma, na Sala Dante, assim como na Exposição Nacional de Belas Artes de Madrid do mesmo ano, e nas Exposições Internacionais de Munique e Viena de 1898, onde foi premiado com várias Medalhas de Ouro. Este quadro continuou a sua carreira internacional ao ser contratado por um negociante polaco, que o expôs em várias cidades da Europa oriental. O pintor cedeu-o ao Museu de Arte Moderna de Madrid em 1905.

Em 1898 foi nomeado subdirector e conservador do Museu Nacional de Pintura, de Espanha, com sede em Madrid, tendo mais tarde dirigido o Museu de Madrid. O governo português atribuiu-lhe o colar e placa da ordem de Santiago.

Fonte:
Enciclopdia Universal Ilustrada Europeo-Americana, Tomo LXVIII, Madrid, Espasa-Calpe, págs.1687-1689. 

Biografia - Andy Warhol

Um dos iniciadores e expoentes da Pop Art.
Nasceu em 6 de Agosto de 1928, em Pittsburgh, nos E.U.A.;
morreu em 22 de Fevereiro de 1987, em Nova Iorque.

Terceiro e último filho de emigrantes da Checoslováquia, de apelido Warhola, o pai, Andrei, veio para os Estados Unidos para evitar ser recrutado pelo exército austro-húngaro, no fim da Primeira Guerra Mundial. Em 1921 a mulher, Julia, juntou-se-lhe, tendo a família ido viver para Pittsburgh. Durante essa época Andy foi atacado por uma doença do sistema nervoso central, que o tornou bastante tímido.

Estudou no liceu de Schenley onde frequentou as aulas de arte, assim como as aulas do Museu Carnegie, instituição sedeada perto do liceu. A família, com base nas poupanças, conseguiu pagar-lhe os estudos universitários no célebre Instituto de Tecnologia Carnegie, a actual Carnegie Melon University, onde teve que se se esforçar bastante, sobretudo na cadeira de Expressão, devido ao seu deficiente conhecimento do inglês, já que a mãe nunca tinha deixado de falar checo em família. Por sua vez, nas aulas artísticas, em vez de ter Andrew criava problemas, ao não aceitar seguir as regras estabelecidas.

De qualquer maneira, devido ao fim da 2.ª Guerra Mundial, foi obrigado a abandonar o Instituto no fim do primeiro ano, para dar lugar aos soldados americanos desmobilizados, a beneficiar de entrada preferencial nas Universidades americanas com a passagem da Lei de Desmobilização (GI Bill). Alguns dos seus professores defenderam a sua permanência na instituição, e pôde por isso frequentar o Curso de Verão, que lhe permitiria reinscrever-se no Outono seguinte. Os seus trabalhos nesse Curso fizeram-no ganhar um prémio do Instituto e a exposição dos seus trabalhos. Acabou a licenciatura com uma menção honrosa em desenho, indo viver para Nova Iorque em Junho de 1949, à procura de emprego como artista comercial.

Contratado pela revista Glamour, começou por desenhar sapatos, mas os primeiros desenhos apresentados tiveram de ser refeitos devido às suas claras sugestões sexuais. Passou a desenhar anúncios - actualmente ainda muito normais na publicidade de moda nos EUA - para revistas como a Vogue e a Harper's Bazaar, assim como capas de livros e cartões de agradecimento.

Em 1952 a sua mãe foi ter com ele a Nova Iorque. Entretanto tinha retirado o «A» final do seu apelido e passado a usar uma peruca branca, bem visível por cima do seu cabelo escuro. Em Junho desse ano realizou a sua primeira exposição na Hugo Gallery: «15 Desenhos baseados nos escritos de Truman Capote». A exposição foi um sucesso não só comercial como artística, que lhe permitiu viajar pela Europa e Ásia em 1956.

Em 1961 realizou a sua primeira obra em série usando as latas da sopa Campbell's como tema, continuando com as garrafas de Coca-Cola e as notas de Dólar, reproduzindo continuamente as suas obras, com diferenças entre as várias séries, tentando tornar a sua arte o mais industrial possível, usando métodos de produção em massa. Estas obras foram expostas, primeiro em Los Angeles, na Ferus Gallery, depois em Nova Iorque, na Stable Gallery. Em 1963 a sua tentativa de «viver como uma máquina» teve uma primeira aproximação com a inauguração do seu estúdio permanente - The Factory - A Fábrica.

Andy Warhol passou então a usar pessoas universalmente conhecidas, em vez de objectos de uso massificado, como fontes do seu trabalho. De Jacqueline Kennedy a Marilyn Monroe, passando por Mao Tse-tung, Che Guevara ou Elvis Presley. A técnica baseava-se em pintar grandes telas com fundos, lábios, sobrancelhas, cabelo, etc. berrantes, transferindo por serigrafia fotografias para a tela. estas obras foram um enorme sucesso, o que já não aconteceu com  a sua série Death and Disaster (Morte e Desastre), que consistia em reproduções monocromáticas de desastres de automóvel brutais, assim como de uma cadeira eléctrica. 

Em 1963 começou a filmar, realizando filmes experimentais, propositadamente muito simples e bastante aborrecidos, como um dos seus primeiros - Sleep (Dormir) - que se resumia à filmagem durante oito horas seguidas um homem a dormir, ou Empire (Império), que filmou o Empire State Building do nascer ao pôr do sol. Mas os filmes foram tornando-se mais sofisticados, começando a incluir som e argumento. O filme Chelsea Girls, de 1966, que mostra duas fitas lado a lado documentando a vida na Factory, foi o primeiro filme underground a ser apresentado numa sala de cinema comercial.

Para além do cinema Warhol também foi produtor do grupo de rock-and-roll Velvet Underground, que incluía naquela época Sterling Morrison, Maureen Tucker, John Cale e Lou Reed e a cantora alemã Nico. Arranjou-lhes um local para ensaiar, pagou-lhes os instrumentos musicais e deu-lhes alguma da sua aura. Para além dos discos os Velvet e Warhol produziram o espectáculo Exploding Plastic Inevitable, que utilizava a música do grupo e os filmes do artista. Os Velvet, já famosos, entraram definitivamente na história ao darem o nome à revolução checa de 17 de Novembro de 1989 que derrubou pacificamente o regime comunista - a Velvet Revolution.

Em Junho de 1968 Valerie Solanas, uma frequentadora da Factory, criadora solitária da SCUM (Society for Cutting Up Men), entrou no estúdio de Warhol e alvejou-o quase mortalmente. O pintor demorou mais de dois meses a recuperar. Quando saiu do hospital tinha perdido muita da sua popularidade junto da comunicação social. Dedicou-se então a criar a revista Interview, e a apoiar jovens artistas em início de carreira, para além de escrever livros - a sua autobiografia The Philosophy of Andy Warhol (From A to B and Back Again) foi publicada em 1975 -, e apresentar dois programas em canais de televisão por cabo. A sua pintura voltou-se para o abstraccionismo e o expressionismo, criando a série de pinturas - Oxidation (Oxidação) - que tinham como característica principal o terem recebido previamente urina sua.

Em 1987 foi operado à vesícula. A operação correu bem mas Andy Warhol morreu no dia seguinte. Era célebre há 35 anos. De facto, a sua conhecida frase: «In the future everyone will be famous for fifteen minutes» (No futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos), só se aplicará no futuro, quando a produção cultural for totalmente massificada e em que a arte será distribuída por meios de produção de massa.

Fonte:
Enciclopédia Britânica

Biografia - Sir Godfrey Kneller

Pintor inglês de finais do séc. XVII e inícios do XVIII.

Nasceu em Lubeque, em 8 de Agosto de 1646/49; morreu em Londres em 19 de Outubro de 1723.

Gottfried Kniller, o seu nome alemão original, transformou-se no principal retratista a trabalhar em Inglaterra no fim do séc. XVII e começo do XVIII. 

Estudou em Amsterdão com Ferdinand Bol, uma dos pupilos de Rembrandt, antes de ir para Itália em 1672. O seu quadro Elijah (actualmente na Tate Gallery de Londres) desse mesmo ano mostra um estilo muito perto do de Bol. Em Itália começou a pintar retratos ao mesmo tempo que modificou o seu estilo. 

Tendo viajado para Inglaterra em 1674 ou 1675, especializou-se logo como retratista, sobretudo a partir do momento em que pintou o retrato do rei Carlos II, sucedendo a Peter Lely, o principal retratista do período da Restauração, como pintor preferido do rei. Kneller foi nobilitado em 1691 e feito Barão em 1715. 

O estilo de Kneller era largo e fácil, o que não impedia as suas caracterizações de serem  penetrantes. Entre os seus melhores trabalhos figuram os 42 retratos dos membros do famoso grupo  literário conhecido pelo clube Kit-Kat, actualmente na National Portrait Gallery, de Londres. Estes quadros foram pintados entre aproximadamente 1700 e 1720, e são de um tamanho (36 x 28 polegadas) que permitiram um retrato de meia-altura que mostra uma ou ambas as mãos, e que se  tornou conhecido por "tamanho kitcat". Também realizou uma série de retratos intitulada de "As beldades de Hampton Court" assim como os retratos de almirantes britânicos (National Martime Museum, de Greenwich). 

Nestes trabalhos, os assistentes do estúdio de Kneller pintaram os tecidos e outros elementos decorativos subsidiários.

Fontes: 
Enciclopédia Britânica

Biografia retirada daqui

Biografia - Ado Malagoli

Formou-se em artes decorativas na Escola Profissional Masculina, em 1922, sendo aluno de Giuseppe Barchita. De 1922 a 1928 estuda tem com o professor Enrico Vio no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, trabalhando com Francisco Rebolo Gonzales na pintura de painéis decorativos. 

Entra em contato com Volpi e Mario Zanini. Em 1928 no Rio de Janeiro, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes e em 1933 integra o Núcleo Bernardelli . Ganha o prêmio viagem em 1942, concedido pelo Salão Nacional de Belas Artes, e vai para os Estados Unidos, onde permanece de 1943 a 1946. Cursa história da arte e museologia no Fine Arts Institute da Universidade de Colúmbia, e organização de museus no Brooklin Museum. Em 1946 ocorre sua primeira individual na Careen Gems Gallery, em Nova York. 
Fixa-se em Porto Alegre na década de 50 e ingressa como professor de pintura no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul em 1952. Assume o cargo de superintendente do Ensino Artístico da Secretaria de Educação e Cultura do Estado, torna-se responsável por toda a Divisão de Cultura da secretaria. Em 1954, cria o Museu de Arte do Rio Grande do Sul - Margs, inaugurado em 1957. Integra a Comissão de Seleção da Mostra Arte Gaúcha em 1982. 
Em 1997, em homenagem ao seu fundador, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul passa denominar-se Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli. 

Fixa-se em Porto Alegre na década de 50 e ingressa como professor de pintura no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul em 1952. Assume o cargo de superintendente do Ensino Artístico da Secretaria de Educação e Cultura do Estado, torna-se responsável por toda a Divisão de Cultura da secretaria. Em 1954, cria o Museu de Arte do Rio Grande do Sul - Margs, inaugurado em 1957. Integra a Comissão de Seleção da Mostra Arte Gaúcha em 1982. 
Em 1997, em homenagem ao seu fundador, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul passa denominar-se Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli. 
Fixa-se em Porto Alegre na década de 50 e ingressa como professor de pintura no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul em 1952. Assume o cargo de superintendente do Ensino Artístico da Secretaria de Educação e Cultura do Estado, torna-se responsável por toda a Divisão de Cultura da secretaria. Em 1954, cria o Museu de Arte do Rio Grande do Sul.


Noticia retirada daqui

Biografia - Johann Heinrich Wilhelm Tischbein

Pintor alemão.

Nasceu em Haina, no Hesse [Alemanha] em 15 de Fevereiro de 1751;
morreu em Eutin, no Oldenburgo [Alemanha] em 26 de Junho de 1829.

Ensinado pelo tios em Hamburgo, começou a trabalhar na Holanda, em 1771. Regressado à Alemanha em 1777, tornou-se um retratista de sucesso na corte prussiana, em Berlim, tendo pintado um retrato da princesa herdeira Luísa de Mecklembourg. Tendo-se desinteressado do retrato, transferiu-se para Munique, onde estou a obra de Durer e dos pintores primitivos alemães, tendo visitado Roma em 1779. Estabeleceu-se em Roma em 1783, tendo sido nomeado director da academia de arte de Nápoles em 1789. Nessa cidade dedicou-se a desenhar gravuras dos vasos gregos da colecção de Sir William Hamilton, embaixador britânico em Nápoles, obra importante na afirmação do  neo-classicismo, sendo grande parte dos seus desenhos realizados sobre as obras de Homero. Obrigado a abandonar o país, devido à invasão francesa de 1799, que instituiu uma república efémera, Tischbein regressou à Alemanha. 

O seu quadro mais famoso é «Goethe na Campagna de Roma», pintado entre 1786 e 1788, realizado após  a viajem que fizeram juntos de Roma para Nápoles. Goethe tentou interessá-lo pelo movimento neo-clássico, em moda em finais do século XVIII, tendo pintado a célebre Charlotte Campbell, como «Erato», por volta de 1790,  mas Tischbein acabou por ser influenciado pelo romantismo alemão.

Tischbein foi membro de uma célebre família de pintores que produziu mais de 20 artistas em três gerações.

Fonte:
Encyclopedia Brittanica.