sábado, 25 de março de 2017
sexta-feira, 24 de março de 2017
Conteúdo - Autismo - Caraterísticas
Sempre existiram pessoas com autismo mas o autismo foi identificado cientificamente "Autistic Disturbances of Affective Contact" no qual descrevia o estudo de caso de 11 crianças com um síndro e pela primeira vez em 1943 por Leo Kanner, pedopsiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos da América que publicou um artigo ma ao qual ele dava o nome de Autismo (do grego autos que significa próprio). Justamente as características que ele definiu para as crianças desse grupo eram:
-Um profundo afastamento autista
-Um desejo autista pela conservação da semelhança
-Uma boa capacidade de memorização mecânica
-Expressão inteligente e ausente
-Mutismo ou linguagem sem intenção comunicativa efectiva
-Hipersensibilidade aos estímulos
-Relação estranha e obsessiva com objectos
Mais tarde, a partir de posteriores estudos, mencionou a ecolália, "fala de papagaio", linguagem extremamente literal, uso estranho da negativa, inversão pronominal e outras perturbações da linguagem (Kanner, J.,1946)
Um ano depois de Kanner ter publicado o seu artigo, em 1944, um pediatra austríaco Hans Asperger, publicava um artigo, em alemão "Die Autistischen Psychopathen im Kindesalter" no qual descrevia um grupo de crianças com características muito semelhantes às de Kanner, chamando igualmente "Autismo" ao síndroma. É interessante saber que nenhum deles conhecia a obra do outro. O artigo de Asperger só foi traduzido para inglês em 1991 (Frith, 1991a).
Embora as características dos indivíduos fossem semelhantes, havia um grupo reconhecido por Asperger com picos de inteligência e linguagem desenvolvida. Daí, hoje as crianças com essas características serem diagnosticadas como tendo o síndroma de Asperger.
Lorna Wing (1981) definiu o síndroma de Asperger com seis critérios de diagnóstico:
1. Linguagem correcta mas pedante, estereotipada
2. Comunicação não verbal - voz monótona, pouca expressão facial, gestos inadequados
3. Interacção social não recíproca, com falta de empatia
4. Resistência à mudança - Preferência por actividades repetitivas
5. Coordenação motora - postura incorrecta, movimentos desastrados, por vezes estereotipias
6. Capacidades e interesses - Boa memória mecânica, interesses especiais circunscritos.
Apesar das competências dos indivíduos com síndroma de Asperger, eles têm igualmente grandes problemas com a interacção social recíproca, com a comunicação funcional, embora falem com propriedade e com o comportamento e rigidez de pensamento.
Hoje o síndroma de Asperger tem uma classificação separada do autismo no DSM IV- TR (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais).
A noção de um espectro de perturbações autísticas baseado na tríade de perturbações apresentada por Lorna Wing é importante para a educação e cuidados das crianças com autismo ou outras perturbações globais do desenvolvimento.
As pessoas com autismo têm três grandes grupos de perturbações. Segundo Lorna Wing (Wing & Gould,1979), a partir de uma investigação feita em Camberwell, a tríade de perturbações no autismo manifesta-se em três domínios: social, linguagem e comunicação, pensamento e comportamento.
Domínio social: o desenvolvimento social é perturbado, diferente dos padrões habituais, especialmente o desenvolvimento interpessoal. A criança com autismo pode isolar-se mas pode também interagir de forma estranha, fora dos padrões habituais.
Domínio da linguagem e comunicação: a comunicação, tanto verbal como não verbal é deficiente e desviada doa padrões habituais. A linguagem pode ter desvios semânticos e pragmáticos. Muitas pessoas com autismo (estima-se que cerca de 50%) não desenvolvem linguagem durante toda a vida.
Domínio do pensamento e do comportamento: rigidez do pensamento e do comportamento, fraca imaginação social. Comportamentos ritualistas e obsessivos, dependência em rotinas, atraso intelectual e ausência de jogo imaginativo.
O diagnóstico do autismo é hoje efectuado a partir das características definidas no DSMIV- TR
Informação retirada daqui
EFA - STC - Links - Urbanismo e Mobilidade - Sociedade, Tecnologia e Ciência
- A casa do futuro (ver recurso)
- A casa ecológica (ver recurso)
- Agricultura em arranha-céus (ver recurso)
- Central Solar Fotovoltaica da Amareleja (ver recurso)
- Instituto da Água e a regulamentação sobre os nitratos de origem agrícola (ver recurso)
- O impacto do desaparecimento das abelhas (ver recurso)
- The Latest Tech (ver recurso)
O Google Maps criou um novo conceito de mapa, uma base de dados georeferenciada onde cada um de nós pode introduzir mais informação, aumentando a utilidade da ferramenta com o crescente número de utilizadores.
- Os transportes públicos no Google Maps
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Biografia - Cunha e Meneses, Francisco da
n: 10 de Abril de 1747 (Portugal)
m:12 de Junho de 1812 (Portugal)
Membro da família dos condes de Lumiares, entrou para o exército no fim do reinado de D. José, tendo já quase 30 anos, subindo rapidamente os postos. Era major quando foi nomeado Governador de São Paulo. Devido ao seu bom desempenho foi nomeado para a Índia com o título de Governador, e não de Vice-Rei, devido a não detentor de título nobiliárquico, onde chegou a 28 de Outubro de 1789, tomando posse do governo em 3 de Novembro.
Na Índia, conquistou Pernem e recebeu Pondá e Piró do rei de Sunda, ocupando o posto até 1794, data em que foi substituído pelo governador Veiga Cabral, pelo que regressou a Portugal. Promovido a Coronel do Regimento de Campo Maior, no Alto Alentejo, chegou ao posto de marechal de campo em 1800. Nomeado para um posto de comando no exército do Norte, comandado pelo marquês de la Rosière durante a Guerra de 1801, foi nomeado quartel-mestre general do Exército do Norte, quando Gomes Freire de Andrade foi para Coimbra em Agosto de 1801. Foi enviado novamente para o Brasil, agora para o Norte, para o lugar de governador da Baía, tendo permanecido no Brasil até 1805, sendo promovido a tenente general em Fevereiro 1807 e sendo nomeado para o Conselho de Guerra.
Em Novembro de 1807, devido à ida da corte para o Brasil, foi nomeado membro do Conselho de Regência, a que pertenceu até ser impossibilitado de se reunir por ordem de Junot. Pertenceu à Regência restabelecida por sugestão do comando militar britânico que tinha ficado encarregue do governo de Lisboa, de acordo com a «Convenção de Sintra», tendo sido confirmado no seu lugar pela Carta Régia de 1809.
Informação retirada daqui
Biografia - João de Barros
n. provavelmente em Viseu em 1496;
f. em Pombal em 20 de Outubro de 1570.
Filho natural de Lopo de Barros, corregedor da comarca do Alentejo em 1499, nasceu possivelmente em Viseu, ou em Braga. Moço do Guarda-roupa do príncipe D. João, futuro D. João III, foi nomeado em 1525 tesoureiro das Casas da Índia, Mina e Ceuta, e em 1533 foi nomeado feitor das Casas da Guiné e Índias, cargo que exerceu até 1567. Na época que mediou as nomeações, viveu em Pombal, fugindo da peste que assolou Lisboa em 1530 e evitando as consequências do grande terramoto de 1531 que destruiu a capital.
Nesse ambiente calmo da Quinta do Alitém, parte do dote da sua mulher, contando 24 anos de idade, publicou em 1530 uma novela de cavalaria com o título Crónica do Imperador Clarimundo, contando a história de um antepassado legendário dos reis de Portugal. Mais tarde, em 1532, publicaria a Ropica Pnefma (Mercadoria Espiritual), obra declarando defender a pureza da fé cristã, mas que de facto está muito próximo das posições de Erasmo de Roterdão, criticando mas sem abandonar o catolicismo, o que fará com que fosse colocada no «Índex» em 1581, e no ano seguinte escreverá um Panegírico de D. João III.
Em 1535, quando foram criadas as capitanias brasileiras, D. João III doou-lhe uma das doze criadas, com cinquenta léguas de largura ao longo da costa, na foz do Amazonas. Decidiu equipar uma expedição para ocupar o território doado, com o apoio de Aires da Cunha e Álvares de Andrade, outros dois beneficiados com capitanias, que terá sido composta por dez embarcações, com novecentos homens, sob o comando do primeiro dos capitães. A frota saiu em fins de 1535, dirigindo-se para o norte do Brasil mas foi destruída na barra do Maranhão, tendo a maior parte dos participantes sido morta. Este desastre deixou João de Barros bastante empobrecido.
Entretanto, publicou em 1539 uma cartilha conhecida como Cartinha de João de Barros, e em 1540 publicou O Diálogo de João de Barros com dois filhos seus sobre preceitos morais e a Grammatica da língua portuguesa obra acompanhada do Diálogo em louvor da Nossa Linguagem.
A sua principal obra, As Décadas, escritas de acordo com uma sugestão do rei D. Manuel, após ter publicado o Clarimundo, apareceu em 1552, saindo somente mais duas em vida do autor, a segunda no ano seguinte, e a terceira em 1563. Uma quarta, de autoria um tanto questionável, foi impressa em 1613.
As Décadas não lhe ocupavam todo o tempo, e em 1556 organizou nova expedição ao Maranhão, em que participaram dois dos seus filhos, que, se foi mais feliz, porque conseguiu regressar, depois de ter combatido com corsários franceses e índios., não conseguiu cumprir de novo o objectivos de criar condições para a colonização da capitania.
Notícia retirada daqui
quinta-feira, 23 de março de 2017
Notícia - Lily Allen emociona-se em visita a campo de refugiados
A cantora britânica Lily Allen visitou o campo de refugiados em Calais, França, e está a ser criticada por ter pedido desculpa em nome do seu país pela situação que ali se vive.
Lily Allen visitou o campo de refugiados em Calais, no norte de França, e pediu desculpa em nome do seu país pela situação na qual se vive naquela "selva", o que levou a várias críticas por parte dos cibernautas britânicos no Twitter.
A cantora inglesa de 31 anos, que estava acompanhada por uma equipa da BBC em reportagem para um programa da estação pública britânica, emocionou-se ao falar com um jovem afegão de 13 anos, que arriscou a vida ao tentar passar a fronteira para ir ter com o pai que já vive no Reino Unido, na cidade de Birmingham.
"Parece-me que em três diferentes alturas na vida deste rapaz, a Inglaterra, em particular, deixou-o em perigo. Bombardeámos o teu país, pusemos-te nas mãos dos Taliban e agora colocámos a tua vida em risco quando quiseste entrar no nosso país. Peço desculpa em nome do meu país, por tudo aquilo que te fizemos passar", frisou Lily Allen, em lágrimas.
Após ter sido criticada no Twitter por falar em nome da Inglaterra, a cantora respondeu na mesma rede social: "Uau, tantos comentários abusivos por ter pedido desculpa a um jovem que precisa de ajuda por parte de um país que contribuiu para a sua terrível situação atual", escreveu Allen.
A irmã de Alfie Allen, ator de "A Guerra dos Tronos", e mãe de duas crianças, fez ainda voluntariado num armazém que organiza e distribui donativos para os estimados 10 mil migrantes e refugiados que se encontram atualmente em Calais.
Informação retirada daqui
Temas em vez de disciplinas. Experiência avança em algumas escolas no próximo ano
À semelhança da Finlândia, Portugal também poderá ter uma experiência do que é o ensino por temas em vez de por disciplinas. Esta é pelo menos uma das propostas que o Ministério da Educação (ME) vai fazer às escolas no âmbito daquela que, até agora, tem sido chamada de “flexibilização curricular”, mas que nesta quarta-feira, durante uma “sessão de esclarecimento” para jornalistas, foi apelidada pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, de “flexibilização pedagógica”.
Finalmente, depois de meses de anúncios pontuais, o ME indicou o que entende por “flexibilização”. E o que propõe traduz-se numa mudança profunda do modo como é encarado o tempo de ensino. A tutela vai desafiar as escolas, por exemplo, a suspenderem em semanas alternadas o tempo normal de aulas, para se dedicarem em conjunto, e com base numa perspectiva transdisciplinar, ao estudo de um tema.
Currículos: O que vai mudar nas escolas?
Isto, garante, sem mudar as cargas lectivas totais inscritas nas matrizes curriculares e aproveitando a possibilidade que será dada aos estabelecimentos de ensino “de gerir até 25% da carga horária semanal” que está definida para cada ano de escolaridade. No 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, com uma carga média de 1400 minutos de aulas por semana, isso representa cerca de 350 minutos semanais para gerir.
A mesma abordagem por temas poderá ser experimentada de outra forma: as escolas podem optar por dedicar apenas uma parte da carga semanal lectiva de duas ou três disciplinas a um tema, trabalhando os professores dessas disciplinas em conjunto, segundo indicou o ME.
“O ministério que dê ideias, que serão bem-vindas, mas tem de dar liberdade às escolas para decidir o que é melhor”, comentou o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, frisando que as “mexidas têm de ser interiorizadas pelas escolas, onde os professores continuam assoberbados de tarefas”.
Os directores ainda não foram informados pelo ME destas propostas, mas o secretário de Estado da Educação, João Costa, garantiu que esta informação será apresentada na próxima semana durante mais uma ronda de reuniões com os responsáveis dos estabelecimentos escolares.
A abordagem por temas é apenas uma das hipóteses possíveis, de um cardápio mais vasto de opções de gestão do currículo (ver infografia no final deste texto). Às escolas caberá decidir o modelo. As mudanças começarão a ser aplicadas num grupo de escolas a partir do próximo ano lectivo, abrangendo só os anos iniciais de ciclo (5.º, 7.º e 10.º anos), segundo anunciou o ministro nesta quarta-feira. Haverá estabelecimentos de ensino que serão convidados a integrar o projecto-piloto, sendo que qualquer um se poderá propor para integrar este grupo. Ainda não se sabe quantos farão parte da experiência.
Só depois desta experiência e da sua avaliação, que será também feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, é que se procederá à sua extensão a outras escolas. “Estamos quase no final do 2.º período e as escolas precisam de sossego. É de bom-tom que se avance de forma faseada e nos anos iniciais de ciclo. É uma medida muito sensata porque o que se está a perspectivar é uma mudança estrutural da educação”, diz Filinto Lima.
Tiago Brandão Rodrigues garantiu que não serão mudados nem os programas, nem os currículos, nem as cargas horárias das disciplinas. “Não há uma reforma curricular imposta e abrupta”, garantiu o ministro. Este trabalho “não redundará na revogação dos actuais programas” e “a carga horária das disciplinas vai manter-se igual na generalidade”, esclareceu. Mais: “Não haverá adopção de novos manuais.”
“Não houve nenhum recuo ou volte-face da nossa parte”, disse ainda o ministro, referindo-se às notícias que deram conta de que foi a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa que levaram o Ministério da Educação a optar por avançar apenas com um projecto-piloto no próximo ano lectivo e a reduzir a extensão das mudanças que estariam a ser preparadas.
A presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Lurdes Figueiral, lamenta. “O trabalho que se está a fazer é muito importante, mas teria que ter consequências e uma coerência interna e para tal deveria dar origem a novos programas”, frisa. A APM é uma das associações de professores que têm estado a trabalhar com o ME na definição do que deverão ser as aprendizagens essenciais por disciplina.
A definição das aprendizagens essenciais é outra parte das mudanças que começarão a ser introduzidas, a partir do próximo ano lectivo, que arranca em Setembro, e, segundo João Costa, impõe-se porque a “extensão dos programas actuais está a impedir a consolidação das aprendizagens” por parte dos alunos. Mas, para Lurdes Figueiral, “sem haver uma revisão curricular e dos programas, todo este trabalho pode ficar a meio e arrisca-se a morrer na praia”. Por isso, apela a que pelo menos seja feita a avaliação das consequências da aplicação dos novos programas de Matemática que entraram em vigor com Nuno Crato para que daí se possam tirar ilações.
Lurdes Figueiral não foi ainda informada pelo ME sobre as propostas de mudança dos tempos de ensino, mas no que respeita por exemplo à conversão de disciplinas anuais em semestrais frisa que tal levaria a uma nova organização do ano lectivo, que poderá recolher um largo apoio, já que o actual modelo é “muito desequilibrado, com um primeiro período muito longo e uma segundo e terceiro período que variam muito na sua duração por estarem dependentes da data da Páscoa”.
A Confederação Nacional das Associações de Pais, e também directores, já defenderam por mais do que uma vez a necessidade de se mudar o calendário escolar, pelas mesmas razões apontadas pela presidente da APM. Contudo, este é um cenário que não foi apontado pelo ME.
Do programa de mudança do ME faz ainda parte a inclusão de uma área de cidadania e desenvolvimento sustentável, que terá tempos lectivos atribuídos. E também a expansão da área das Tecnologias de Informação e Comunicação a todos os anos de escolaridade destes dois ciclos. Actualmente existe só, como disciplina, no 7.º e 8.º anos.
Informação retirada daqui
Notícia - Há formigas a cuidar da borboleta mais rara do país
O movimento dos carvalhos segue de longe as nuvens escuras que atravessam a paisagem verde da serra do Alvão. Entre os gigantescosblocos de pedra, respira-se esta calma nos riachos que correm, na rã que salta, nas vacas que caminham calmamente por cima do alcatrão seco, prontas a entrar nos terrenos onde se alimentam.
A lagarta da Maculinea alcon transportada pela formiga
(Paulo Ricca)
Entramos também num destes terrenos, o lameiro da dona Libânia, a poucos quilómetros da aldeia de Lamas de Olo, a 20 minutos de carro de Vila Real. O Outono não revela o que se passa debaixo dos nossos pés. Mas a professora Paula Seixas Arnaldo conhece estes 3,2 hectares de uma ponta a outra e sabe que no solo está a acontecer algo único. Formigas atarefadas estão a alimentar lagartas cor-de-rosa que vão dar... borboletas.
Ninguém sabe onde estão os ninhos das formigas, que estão sempre a começar novas casas. Por isso, a professora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a estudante de mestrado Maria da Conceição Rodrigues levam consigo material para as procurar. Botas de borracha, espetos de metal para cavar a terra, um copo de plástico com rosca para guardar formigas, ovos e lagartas de borboletas.
"Horas. Passamos horas à procura de ninhos de formigas e ao fim do dia não encontramos nada", diz Paula Seixas Arnaldo, enquanto arranca mais um pedaço de terra à procura da Myrmica aloba, a espécie de formiga que em Portugal é a hospedeira da Maculinea alcon, a borboleta mais ameaçada do país.
História a três
Estar debruçado sobre a terra à procura de formigueiros é uma actividade que faz parte dos últimos anos de investigação da cientista. Desde 2006 que o lameiro é estudado por Paula Seixas Arnaldo. Este é um dos melhores locais da Europa para seguir o estranho ciclo de vida da borboleta-azul-das-turfeiras. Uma das causas é a presença frequente da Gentiana pneumonanthe, ou genciana-das-turfeiras, uma planta rasteira de flor azul arroxeada.
"A borboleta só põe os ovos nesta flor, em Julho. Os ovos eclodem uma semana depois, nascem as lagartas que se alimentam das sementes durante 30 dias", explica a investigadora enquanto Maria da Conceição Rodrigues continua a arrancar mais vegetação em busca da Myrmica aloba, queixando-se da falta de um canivete, o que facilitaria o seu trabalho.
"Quando estão no terceiro estádio as lagartas atiram-se para o chão. As formigas que se encontram a menos de dois metros detectam a presença da lagarta, vão lá buscá-la e transportam-na para dentro do formigueiro", continua a cientista.
As formigas são literalmente enganadas. As lagartas da Maculinea alcon exalam feromonas que fazem as formigas acreditarem que as lagartas são larvas de formiga e que precisam de ser levadas para o ninho. "No formigueiro as formigas oferecem-lhes substâncias açucaradas. Quando há pouco alimento a lagarta pode chegar a comer outras larvas de formigas, mas é raro", diz a especialista. A lagarta dá protecção pelo tamanho e também produz substâncias para as formigas, mas a troca não é equilibrada."Há cinco espécies do género da Maculinea na Europa. Esta não é predadora, mas quando não tem alimento..."
Durante nove meses a lagarta de borboleta vai crescendo no formigueiro, e nos primeiros dias de Julho a crisálida faz a metamorfose e a borboleta "nasce" da terra. A corrida até à superfície tem que ser rápida porque a borboleta perde a capacidade de enganar as formigas e estas podem atacar o insecto. "Este ano vimos a primeira Maculinea alcon a 6 de Julho", relembra.
As investigadoras passaram Julho e Agosto a contar borboletas, para saber o estado da população. Utilizam o método de contagem e recontagem: capturam uma borboleta, escrevem o número por baixo da asa e todos os dias voltam à caça, acabando por recapturar o mesmo lepidóptero. Isso permite tirar conclusões quanto ao número de indivíduos, os dias que vivem ou a distância que são capazes de voar.
Entretanto Maria da Conceição tem um sucesso parcial e descobre um formigueiro de Myrmica ruginodis. Uma espécie irmã que também existe ali, mais vermelha e agressiva que a Myrmica aloba.
No formigueiro, caiu um cataclismo humano e as formigas entram num movimento frenético, os ovinhos brancos que vão ser futuras formigas são alvo imediato de protecção. Lagartas cor-de-rosa de menos de um milímetro, nada.
Em Espanha a Myrmica ruginodis cuida das borboletas, aqui nunca foi visto tal coisa. Porquê? "Boa pergunta, temos estudos genéticos a decorrer, poderão ser populações periféricas que já sofreram alterações genéticas", diz-nos Paula Seixas Arnaldo, referindo-se à borboleta.
Hoje, a Maculinea existe em 13 pontos em Portugal, nove na região do Alvão, numa área com menos de um quilómetro quadrado. São as populações da espécie que estão mais a sudoeste em toda a Europa, fragmentadas e isoladas não se sabe há quanto tempo. Por serem dependentes da flor e da formiga para viver, são vulneráveis a qualquer intervenção no habitat.
O melhor conhecedor da situação da borboleta em Portugal é Ernestino Maravalhas, que identificou a população deste lameiro em Agosto de 1999. O especialista em lepidópteros trabalha no Porto em seguros, mas percorre o país a estudar a natureza. Estuda e sonha com borboletas, libélulas e outras criaturas. O espírito com que se entrega às coisas é o mesmo com que chega ao pé de nós a pedir desculpas pelo atraso - enérgico e entusiasta.
De batatal a lameiro
"A primeira vez que vi a Maculinea alcon foi em Agosto de 1983, em Boticas [perto de Chaves]", diz o especialista. Depois, só voltou a encontrar a espécie no Alvão, 16 anos mais tarde. Durante muito tempo, Maravalhas foi à caça das várias populações de Gentiana pneumonanthe que existem no Norte e no Centro de Portugal, procurando mais borboletas desta espécie.
Aqui, as populações estão saudáveis porque há pouca intervenção e o sistema de lameiro com o pastoreio feito pelas vacas continua, o que é importante para manter controladas as plantas que competem com a genciana. "As vacas são importantes para assegurar o sistema", explica Paula Seixas Arnaldo. Só durante os meses em que a borboleta está activa é que é preferível não haver visitas dos bovinos.
Mesmo assim, nada está assegurado, como é um caso de um lameiro fora do Parque Natural do Alvão, que de um momento para o outro, passou a ser um batatal. "Foi há três anos, era um dos locais que pensávamos que não estivessem ameaçados. Quando chegámos lá parecia que não estávamos no mesmo sítio", explica Maravalhas. "Passaram o bulldozer por cima. Tinha umas belas batatas. Como se não existissem mais locais para plantar batatas..."
É por isso que o especialista acredita que a forma de assegurar a manutenção deste lameiro é a aquisição do terreno, que se manteria com o pastoreio tradicional.
Desde a primeira contagem das borboletas, em 2002, o efectivo cresceu de 500 para seis mil, um número pequeno comparado com a borboleta-da-couve, uma das mais comuns, que atinge dezenas de milhões de indivíduos. Paula Seixas Arnaldo defende que o pastoreio, as queimadas feitas no final do Outono e a visita anual de um grupo de ingleses de uma associação ambientalista, que limpa este terreno em regime de voluntariado, têm mantido a turfeira saudável e feito aumentar o número de borboletas, que não voam mais do que cerca de 150 metros e, por isso, têm uma capacidade de dispersão pequena.
Há um projecto inserido no plano de biodiversidade da Câmara de Vila Real para transformar o lameiro num observatório de borboletas e construir um centro científico em Lamas de Olo com informação sobre este sistema. "É só um quilómetro quadrado que nós gostávamos de proteger, um grão de areia em relação à área de Portugal", diz Maravalhas.
De repente, Paula Seixas Arnaldo, que se tinha afastado para enfiar a estaca na terra e tentar a sorte mais uma vez, chama-nos: "Mirmicas!" Corremos para lá, algumas formigas denunciam que um ninho está perto. A investigadora retira mais um pedaço de terra e zás. Muitas formigas, movimento, ovinhos brancos. Pelo meio, outras estruturas diferentes, em menor número, com lagartas rosa-escuro. "Lagartas de Maculinea!" Um espanto. Pequeninas. Vão crescer mais alguns milímetros até Julho.
Por agora é cedo. As formigas estão preocupadas com a "suas larvas". Agarram as lagartas e começam a carregá-las para dentro da terra. Para os meses silenciosos do Alvão, de descanso e crescimento.
Biografia - Astrid da Bélgica
No dia 29 do fatídico mês de Agosto, de 1935, uma rainha adorada pelo povo morria num desastre de viação aos 29 anos. Astrid da Bélgica deixou três filhos pequeninos, um marido inconsolável, um povo de luto e o mundo inteiro consternado.
Astrid, princesa da Suécia, a terceira filha do príncipe Óscar Carlos da Suécia, irmão do rei Gustavo e de sua mulher Ingeborgn nasceu em Estocolmo em no dia 17 de Novembro de 1905, e viria a ser a quarta rainha dos belgas. A sua educação foi de grande liberdade de movimentos, sem a costumada educação espartana que se verifica na Grã Bretanha. Os pais de Astrid quiseram que as filhas aprendessem o mesmo que qualquer menina burguesa e assim aconteceu. Aprenderam a cozer, cozinhar e tratar de crianças. Margarida, Marta e Astrid estavam assim preparadas para viver num país onde a democracia era já uma realidade. Astrid frequentou a Universidade feminina de Upsala e tirou um curso de Puericultura.
Astrid desde pequena que gostava de ler e praticar desporto. Com as irmãs costumava visitar os doentes nos hospitais e preferia conversar com os mais pequenos. Astrid conheceu aquele que seria seu marido num dos muitos encontros entre as famílias reais europeias.
Decorria o mês de Março de 1926 e depois de várias semanas de convívio, Leopoldo e Astrid sentiram-se atraídos um pelo outro. Ele era o príncipe herdeiro da Bélgica, filho de Alberto I e da rainha Isabel. Leopoldo era o protótipo do príncipe perfeito. Bonito, inteligente, rico e simpático. Astrid e Leopoldo amaram-se, como se podia amar naquele tempo, com uma certa distância. Ficaram noivos e casaram, sem qualquer entrave. O casamento foi primeiro uma cerimónia civil em Estocolmo, a 4 de Novembro de 1926, na presença dos reis da Suécia, Bélgica, Dinamarca e Noruega e de muitos convidados da nobreza europeia. A noiva tinha a religião luterana e o noivo era católico.
Para a realização da cerimónia religiosa, Astrid foi levada pelo pai e comitiva para a Bélgica, no Fylgia , um deslumbrante barco branco, onde a princesa viajou envergando, como não podia deixar de ser, um vestido também branco. Por ser do país das neves e vestir-se de branco, começaram logo a chamaram-lhe « Princesa das Neves».
A comitiva real chegou à cidade de Antuérpia onde era esperada, no cais, pelo apaixonado noivo, que a beijou na face, sem se preocupar com protocolos e que uma multidão curiosa saudou e aplaudiu. Diferente do que viria a ser mais tarde o enlace de Carlos de Inglaterra e Diana, este não foi um casamento de Estado, imposto. Foi na verdadeira acepção da palavra um casamento de amor. A cerimónia religiosa realizou-se em Bruxelas, no dia 10 de Novembro, na basílica de Santa Gúdula. Astrid lindíssima ostentava um vestido com uma cauda de dez metros de comprido e na cabeça um diadema que lhe segurava um véu de renda de Bruxelas.
A Bélgica, como sabemos, é um país recente, apenas independente dos Países Baixos, desde 1830. País próspero e de uma riqueza imensa em património monumental, as suas principais cidades são capitais de cultura, de grande comércio e, nos anos 30 do séc. XX, uma das suas principais riquezas era a extracção de carvão de minas.
Os noivos, Astrid e Leopoldo, foram viver para um pavilhão anexo ao palácio, chamado Belle Vue. Astrid aprendeu a língua flamenga e melhorou o seu francês por serem as duas línguas oficiais da Bélgica.
Educada de modo informal, Astrid teve a primeira filha Josefina Carlota, em 1927 e educou-a como fora educada, com o mínimo de protocolos. Porque as crianças, todas, filhas de monarcas ou dos comuns dos mortais, devem ter desde que nascem liberdade e muito afecto. Os belgas cedo se habituaram a ver uma mãe com os filhos ( que por acaso, era princesa) a passear, o carrinho com o bebé pelos jardins de Bruxelas.
Astrid, deu-se logo muito bem com a sua nova família. O casal viveu uma lua-de-mel de nove anos, que só a morte trágica da rainha viria interromper.
O ano de 1930 foi o ano do primeiro centenário da Bélgica como País. Houve enormes comemorações que culminaram com o nascimento, a 7 de Setembro, do filho, que viria a ser o herdeiro do trono – Balduino, que foi rei entre 1951 e 1993.
Como herdeiro do trono, Leopoldo com o título de duque de Brabante e Astrid fizeram diversas viagens, nomeadamente ao Congo (ex-Congo Belga), às chamadas Índias Holandesas e à Ásia meridional. Em 1932 visitam a Indochina francesa e as Filipinas. Também, nos momentos de lazer passavam temporadas na Suiça, normalmente incógnitos, porque, embora nesse tempo ainda não houvesse os terríveis paparazzi, já havia muitos repórteres que perseguiam as figuras reais. Astrid e Leopoldo, viajavam com o título de condes de Rethy e conseguiam normalmente passar despercebidos. Astrid gostava de ir a Paris fazer compras. Numa dessas estadias, fora do país, souberam que o rei Alberto I, pai de Leopoldo, que tinha a paixão pelo alpinismo, fora vítima de uma queda, ao escalar uma montanha rochosa perto de Namur, que lhe provocou a morte. Foi uma tragédia. Alberto I era casado com Isabel, duquesa da Baviera, filha da infanta portuguesa Maria José de Bragança. Era o ano de 1934.
Um novo capítulo se abre para Astrid. Agora é rainha dos belgas. A simpatia do povo por ela aumentou, porque passaram a vê-la ainda mais. Reparavam na sua doçura, a timidez que foi perdendo e adoravam vê-la dedicada aos filhos e conversar com pessoas que a saudavam na rua. Profundamente preocupada com obras sociais, a nova rainha visitava regularmente creches e protegia os mais carenciados, quando havia crises de desemprego, fruto da situação geográfica da Bélgica, muitas vezes impotentes perante as grandes potências vizinhas como a Alemanha, a França e a Grã Bretanha. No entanto, nos períodos mais graves, Astrid tomava a iniciativa de pedir donativos, que eram entregues no palácio, para serem distribuídos pelas famílias mais pobres, normalmente as dos mineiros.
Nem toda a sociedade, principalmente os mais conservadores, via com bons olhos esta preocupação da rainha pela classe operária e chamavam-lhe «rainha dos operários», mas, para aqueles que ela apoiava generosamente este era um «título honorífico». O terceiro filho, Alberto nasceu em Junho de 1934 e é o actual rei dos belgas, desde 1993.
Em 1935 foi inaugurada a Exposição Internacional de Bruxelas. O rei comprara um belo automóvel, um Packard descapotável, último modelo. Em Agosto de 1935 o casal real instalou-se com os filhos e uma pequena comitiva numa aldeia suíça. Iam praticar alpinismo, gosto que Leopoldo herdara do pai. No dia 29 de Agosto o casal real, acompanhado por amigos que viajavam noutro carro partiram para as montanhas equipados para praticar o seu desporto preferido. O motorista e a dama de companhia da rainha viajavam no banco de trás. Tudo parecia sorrir naquele belo dia de Verão. Astrid, de mapa na mão seguia o itinerário e dava indicações ao marido dos locais onde gostava de parar para apreciar a paisagem, mas, num gesto impensado, a rainha, virando-se para o marido mostra-lhe algo no mapa e este, num segundo de distracção, perde o controlo do carro e vai embater violentamente contra uma árvore. O corpo de Astrid da Bélgica é brutalmente projectado, partindo com a cabeça o vidro e o seu corpo cai ensanguentado, tendo, segundo os especialistas tido morte imediata. O carro, segundo testemunhas, iria apenas a 60 km/hora. O automóvel acabaria por se precipitar no lago Lucerna, num local baixo, daí só parte ter ficado submersa, como mostram as fotos da época.
Depois... Tudo foi complicado e lento. O auxílio foi pedido por um amigo do rei que viajava noutro carro, mas tudo demorou demasiado tempo. Ninguém na Suiça sabia quem eram aqueles estrangeiros sem documentos e a polícia também demorou a perceber quem eram os sinistrados. O rei Leopoldo e os outros ocupantes do carro tiveram ferimentos pouco graves. Chegaram mais tarde os socorros e um padre, mas a rainha já tinha falecido.
A brutal notícia foi transmitida pela rádio e foi a consternação geral, no mundo inteiro. A imprensa de todo o mundo deu notícias pormenorizadas. Em França os jornais fizeram edições especiais, em Itália, onde era então rainha uma irmã de Astrid, foi uma comoção generalizada e os jornais esgotaram-se em toda a Europa. De todo o mundo chegaram flores e condolências.
O corpo embalsamado da rainha Astrid chegou, de combóio a Bruxelas e foi levado para o palácio real. Durante vários dias as lágrimas dos belgas correram, sem cessar, pela sua rainha. Astrid, tinha vivido, primeiro como princesa e depois como rainha, apenas nove anos na Bélgica, mas o povo amava-a como se ela sempre ali tivesse vivido.
Estiveram presentes nas exéquias, que tiveram lugar no dia três de Setembro, monarcas e príncipes, chefes de Estado de inúmeros países, mas a grande homenagem, que ela teria apreciado, foi prestada pelos mineiros, que ela protegera e que fizeram questão de desfilar envergando os seus fatos de trabalho, de ganga azul com os típicos lenços vermelhos ao pescoço e nas mãos as lâmpadas acesas das lanternas com que desciam às minas. Foi comovente.
Com 29 anos desaparecia a «rainha dos operários» deixando órfãos três filhos pequeninos, um povo, que a amava e um marido inconsolável, que fez questão de seguir a pé no cortejo fúnebre. Quem o viu testemunhou que se chegou a temer pela sua saúde. Estava devastado pela dor. Por diversas vezes se viu o monarca limpar as lágrimas, gesto que nenhum protocolo conseguiria jamais impedir .
Em 1936 foi construída uma capela na cidade suíça de Kussnacht, perto do local onde a rainha Astrid perdeu a vida.
Informação retirada daqui
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