quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Metade dos alunos insultados na escola



As agressões, roubos e rejeição de colegas, dentro das escolas, são constantes em Guimarães. Quase metade das crianças já foi, pelo menos, insultada. Muitos alunos admitem suicídio.

As conclusões são de um estudo feito a dez escolas básicas por uma médica do hospital de Guimarães. Naquele concelho, que nesta sexta-feira recebe o dia de apresentações dos alunos à semelhança do país, uma em cada cinco crianças admite ter sido vítima de bullying. Este acontece dentro do recinto escolar, perpetrado por colegas de forma propositada e continuada.

Este tipo de práticas envolve um ou mais alunos contra outro e pode originar comportamentos suicidas na vítima. Há crianças que admitem que pensam muitas vezes que a vida "não tem sentido" ou que de repente "as coisas deixaram de valer a pena", demonstram os inquéritos.

A autora da investigação é uma médica do hospital de Guimarães que durante o mês de maio recolheu os dados junto de 32 turmas de escolas vimaranenses. As conclusões finais vão ser apresentadas no Congresso Nacional de Psiquiatria que se realiza no próximo dia 28, em Coimbra.

Para já, sabe-se que 7% admitem ter levado pontapés, 4% levaram murros e 10% foram gozados devido à sua aparência. Há ainda 42% que dizem já ter sido vítimas de bullying verbal.

Segundo Ana Sousa, médica responsável pela investigação, "os alunos de vítimas de bullying verbal e social são os que apresentam mais risco de desenvolver quadros de stress, ansiedade e depressão".

Por isso, "é necessário que a escola encare este tipo de comportamentos como violência, de modo a poder identifica-los e pará-los", apela.

A realidade não passa ao lado das escolas, preocupadas com a situação. Algumas até já desenvolveram mecanismos de prevenção do bullying, como é o caso das EB 2,3 Santos Simões e João de Meira. Benjamim Salgado, diretor da Santos Simões, refere ao JN que existe uma comissão disciplinar que "acompanha tudo o que acontece na escola, e por aí é preventiva".

Para o responsável, "a prevenção é que é essencial para que muita coisa não aconteça", e é feita resolvendo os conflitos mínimos entre alunos, que mais tarde se podem agravar e tornar bullying.

A mesma opinião é partilhada pela diretora da João de Meira, Manuela Ferreira. A escola que dirige aborda o tema em aulas de formação cívica, no gabinete de educação para a saúde e em atividades que ocorrem ao longo do ano no âmbito das disciplinas.

O bullying "é realmente uma preocupação" e a abordagem da EB 2,3 João de Meira "vai no sentido de eles [alunos] terem consciência do que é que se trata, de modo a que consigam expressar os seus problemas", adianta a diretora.

Texto: Delfim Machado

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