domingo, 24 de maio de 2015
Notícia - O mistério da antimatéria
A física diz-nos que, após o Big Bang, foi criada para cada partícula de matéria o seu reverso, a antimatéria. Todavia, ambas estavam destinadas a aniquilar-se mutuamente e a voltar ao estado de energia. Se assim foi, porque é que o Universo visível é feito de matéria? Seja em terra ou no espaço, os projectos para desvendar este mistério procuram respostas. Entre eles, há quem fale na língua de Camões.
Existe uma pergunta fundamental a que a ciência está a tentar responder. Uma dúvida tão antiga como o Big Bang e que data de há 13,7 mil milhões de anos atrás. Porque é que existimos? Porque é que existem planetas, estrelas, galáxias e até a própria revista que o leitor segura na mão?
Essencialmente, tudo isto se deve à existência de matéria suficiente, no Universo, para os formar, a qual é composta por átomos. Por sua vez, os átomos são constituídos por partículas mais pequenas, ou seja, electrões, protões e neutrões. Mas há mais, pois os próprios protões e neutrões são constituídos por partículas ainda mais diminutas, os quarks. Ao combinar tudo isto entre si, conseguimos obter todos os elementos da tabela periódica. Embora pareçam suficientes para dar existência ao Universo, a verdade é que este jardim zoológico de partículas e elementos ainda não está completo. Faltam as antipartículas.
Quando o Universo nasceu, todo ele era feito de energia pura e, nos seus primeiros momentos, essa energia começou a fabricar pares de partículas e antipartículas. Quer isto dizer que para cada partícula existia o seu oposto. No entanto, estes pares aniquilavam-se mutuamente, voltando a produzir energia. Por sua vez, à medida que o Cosmos se expandia e arrefecia, a densidade da sua energia decaía.
Contudo, as teorias actuais preconizam que, se o Universo tivesse algumas centenas de milhares de anos, todas as partículas (toda a matéria) teriam regressado à forma de energia, mas uma energia cuja temperatura seria demasiado baixa para a criação de mais pares de partículas. Entretanto, as partículas e as antipartículas já se teriam aniquilado por completo, dado que tanto uma como a outra eram geradas em iguais quantidades.
Se assim foi, de onde veio a matéria que nos compõe? E já agora, o que aconteceu à anti-matéria que está em falta? Parece que as teorias têm algumas pontas soltas no que a este assunto se refere. Daí que se queira investigar melhor para tentar saber o que realmente sucedeu.
As antipartículas têm a mesma massa que a suas irmãs partículas, mas distinguem-se por ter cargas opostas. Por exemplo, o electrão, que é uma partícula elementar (indivisível) e que se caracteriza por ter uma carga negativa, tem como reverso uma antipartícula que se chama “positrão”, a qual tem uma carga de valor oposto, quer dizer, uma carga positiva. As partículas compostas, como o protão (carga positiva) e o neutrão (carga neutra), também têm o seu reverso, o antiprotão e o antineutrão, respectivamente. Uma vez que os protões e os neutrões não são partículas elementares, já que são formados por quarks, as suas antipartículas vão ser constituídas por antiquarks. Mas passemos às evidências.
“Sabemos que existe no Universo antimatéria porque conhecemos os antiprotões e os positrões, duas partículas que detectámos e estudámos através dos raios cósmicos que atravessam a nossa atmosfera e em experiências com os aceleradores de partículas do CERN.” A explicação é dada por Luísa Arruda, investigadora portuguesa do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), que participa no projecto AMS, um detector que vai ser lançado para o espaço com o intuito de encontrar indícios cósmicos de antimatéria.
No entanto, estamos num terreno bastante pantanoso, pois “não há medidas que nos indiquem a existência, no Universo, de quantidades suficientes de antipartículas”, salienta a investigadora. E já agora, será que existe antimatéria em formas mais complexas, como o anti-hélio ou o anticarbono? A nível experimental e conceptual, os físicos já conseguiram obter evidências de que a antimatéria pode existir, ou pelo menos ser fabricada artificialmente, mas encontrá-la de modo natural já é uma situação bem diferente.
O brasileiro Claudio Cesar fez parte da equipa de investigadores do CERN que conseguiu alcançar, recentemente, o extraordinário feito de criar átomos de anti-hidrogénio e fazê-los perdurar algum tempo, não deixando que se aniquilassem de imediato. Mas uma coisa é criar antimatéria, outra é encontrá-la no seu estado original, tal como surgiu após o Big Bang. É por isso que Claudio Cesar avisa que “não existe, ao que parece, nenhuma antimatéria primordial, pois toda a que foi criada no início do Universo foi destruída, originando o mar de radiação (fotões/luz) que nos cerca”.
Para além da mão humana (leia-se: dos centros de investigação), há ainda eventos cósmicos que podem desencadear a criação de antimatéria. Por exemplo, “quando ocorre uma supernova, existe energia suficiente para a criar, a qual se aniquilaria e emitiria raios gama”, constata o cientista. Contudo, ainda não foram detectados possíveis raios gama provenientes da aniquilação de antimatéria primordial. Porém, seja em centros de investigação de partículas ou com a ajuda de detectores ultra-sensíveis que flutuam no espaço em busca de raios cósmicos suspeitos, os cientistas não parecem querer baixar os braços enquanto não cortarem as pontas soltas dos modelos teóricos.
Na região de Genebra, na fronteira da Suíça com a França, está sediada a Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN), responsável por uma das maiores experiências da história da ciência, o grande acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider). Além de estudar os primórdios do Universo, os laboratórios do CERN também conseguem criar antimatéria, usando os aceleradores de partículas para simular as condições de alta energia que existiram pouco depois do Big Bang.
Foi através deste género de experiências que os físicos obtiveram a certeza de que, cada vez que a energia é transformada em matéria, na forma de quarks ou electrões, são igualmente produzidos antiquarks e positrões. Aliás, “a antimatéria é produzida no CERN há dezenas de anos, de forma rotineira”, confirma Clara Gaspar, a portuguesa que é responsável pelo sistema de controlo do LHC beauty experiment, mais conhecido por LHCb, um dos quatro detectores do LHC e aquele que se encontra a estudar todo este mistério.
Basicamente, “o LHCb está a estudar as diferenças entre a matéria e a antimatéria, em busca da razão pela qual só encontramos a primeira”. Hoje em dia, a maior parte dos cientistas acredita que o desequilíbrio que vemos entre a matéria e o seu oposto é o reflexo de uma diferença, muito subtil, entre as duas. Por exemplo, uma pequena variação na taxa de decaimento de cada uma pode explicar porque é que conseguiu prevalecer uma pequena, mas muito significante, fracção de matéria. Todavia, também pode ter existido um outro mecanismo, desconhecido, que as impediu de se aniquilarem por completo. O grande objectivo do LHCb, assim sendo, está na busca das pequeníssimas assimetrias que levaram à criação de tudo o que nos rodeia.
Para atingir esse fim, a famosa equação de Einstein (E=mc2) é aqui aplicada em toda a sua beleza. Ao provocar no CERN a colisão entre protões, obtém-se energia, a qual dá depois origem à “geração de novas partículas”. “Em cada colisão, são geradas partículas acompanhadas das suas antipartículas, e aquilo que o LHCb pretende estudar em detalhe é a produção de dois tipos específicos de partículas, os quarks b e os antiquarks b, para detectar possíveis diferenças”, salienta Clara Gaspar.
Neste momento, o LHCb ainda está numa fase inicial de compreensão dos dados adquiridos, pois o grande acelerador de partículas só entrou em actividade no final de 2009. Com estes dados, e outros mais que se irão acumular nos próximos anos, espera-se que a experiência “possa contribuir com novas descobertas”. Para 2016, está programada uma actualização do aparelho, “com a nova versão a ser composta por detectores ainda mais sofisticados e de maior precisão, o que permitirá a aquisição de um maior número de dados e o estudo da desintegração de outros tipos de partículas, como os quarks c e os antiquarks c”.
Clara Gaspar trabalha no CERN há quase 25 anos, sendo um dos poucos portugueses que integram o projecto LHCb. Sob o seu olhar atento está o sistema de controlo do detector, o qual “funciona 24 horas por dia, com dois operadores sempre presentes na sala de controlo”. Todo o cuidado é pouco: “O mínimo problema na experiência tem de ser imediatamente detectado e corrigido, para não se perderem dados.” A quantidade de informação adquirida pelo LHCb assim o justifica: dez milhões de colisões por segundo, detectadas através de centenas de milhares de canais electrónicos, controlados por 200 computadores a funcionar em paralelo, cada um dedicado a um subsistema do detector. Uma grande responsabilidade.
Lançar um detector de raios cósmicos para o espaço, acoplá-lo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla inglesa) a 300 quilómetros de altura da Terra e esperar que, ao fim de três anos, a antimatéria tenha dado ares da sua graça. Eis um dos dois objectivos do projecto AMS (para além do estudo da matéria escura), do qual fazem parte investigadores de 56 instituições e de 16 países. Entre eles, encontram-se três cientistas do LIP.
“O projecto AMS data de 1994 e, basicamente, é um detector de partículas construído muito à semelhança dos detectores que encontramos no CERN”, sintetiza Luísa Arruda. “De modo grosseiro, podemos dizer que é parecido com o LHCb.” Para cumprir a sua missão, irá detectar os “traços” dos raios cósmicos que o atingem, os quais, segundo a cientista do LIP, darão a direcção das partículas que aí chegam. “O AMS tem um sistema que permite medir a velocidade dessas partículas e fazer a identificação da sua carga.”
Uma vez medidos com exactidão os raios cósmicos, os seus espectros serão estudados, para identificar as partículas que os constituem. Um dos principais objectivos passa pela tentativa de identificação de núcleos atómicos, como o anti-hélio, para que possam corroborar a existência de antimatéria no Cosmos. “Se medirmos esses núcleos mais pesados, nem que seja apenas um, teremos a evidência de que poderão existir estruturas como anti-estrelas, algures no nosso Universo, que estejam a passar por um período de nucleossíntese. Ou seja, no centro dessas anti-estrelas estariam a ser formados todos os anti-elementos da tabela periódica.” Seria o sinal de que poderia existir um outro mundo, com propriedades simétricas das do nosso.
No entanto, antes de sonhar com essas possíveis descobertas, ainda falta lançar o detector para o espaço e juntá-lo à ISS, algo que está previsto para 1 de Abril de 2011, a bordo do vaivém espacial Endeavour. Uma vez que é mais pequeno do que os seus grandes irmãos do CERN, o detector AMS foi construído com uma série de constrangimentos. Apesar disso, trata-se de uma experiência que vai ser colocada no espaço. Portanto, todo o material tem de estar preparado para operar nessas exigentes condições e lá permanecer durante três anos, sem qualquer manutenção humana.
A colaboração do LIP com este projecto já dura há mais de dez anos, sendo actualmente coordenada por Fernando Barão, do Instituto Superior Técnico. Os três cientistas do LIP trabalham no subdetector RICH (Ring Imaging Cherenkov), responsável por fornecer as medidas mais precisas da velocidade e carga eléctrica das partículas detectadas. “Em colaboração com o restante grupo do AMS, nós desenvolvemos e implementamos algoritmos que vão fazer a reconstrução das variáveis de velocidade e carga, e somos responsáveis pela manutenção e controlo da sua performance.”
Se pensa que a antimatéria não tem qualquer utilidade prática e imediata, o melhor é desistir da ideia. Na medicina, ela já é usada para lutar contra o cancro, nomeadamente através do scanner PET (Positron Emission Tomography), uma tecnologia que faz tomografias através da emissão de positrões. Este tipo de exames “é do mais sensível que existe para a detecção do cancro”, refere Claudio Cesar.
Na sua essência, esta tecnologia funciona através da injecção, na corrente sanguínea do paciente, de uma substância radioactiva previamente misturada com glicose (açúcar). A substância concentra-se em maiores quantidades na zona afectada pelo tumor, dado que é aí que o corpo consome maiores quantidades de açúcar. Ao chegar aos tecidos tumorais, os átomos da substância radioactiva, já de si instáveis, vão decair em positrões. Ao entrar em contacto com o tecido do corpo (com a matéria) estes positrões são aniquilados, libertando fotões que são detectados para construir uma imagem tridimensional e precisa do tumor (para os progressos portugueses nesse campo, ver Antimatéria Salva-vidas, SUPER 148).
Querendo ir mais longe, algumas equipas estão a estudar a possível utilização de antiprotões para matar os próprios tumores cancerígenos, fazendo-os actuar como uma espécie de “mini-bomba”. Além do mais, “o anti-protão teria a vantagem de poder fornecer uma imagem tridimensional de onde se está a matar o tumor”, comenta o físico brasileiro. Todavia, esta possibilidade “ainda está muito longe de se tornar uma realidade”.
Enquanto fonte de energia, foi a ficção, através da série Star Trek, que popularizou o uso de antimatéria como combustível para as naves espaciais. Saltando para o campo do real, a verdade é que “sempre esteve no website da NASA que a antimatéria seria o único combustível possível para se fazer uma viagem além do Sistema Solar, por ser o mais eficiente que existe”, revela ainda Claudio Cesar. “Se misturarmos positrões com electrões, obtemos energia pura, não restando nenhuma massa. O problema é que seria preciso gastar muito mais energia para criar a antimatéria do que a que depois se retiraria dela, pois o processo para a sua criação ainda é muito ineficiente.” Ou seja, o melhor é especular por um tal reactor para daqui a muito tempo.
Por agora, há que esperar pelas possíveis revelações de projectos como o LHCb ou o AMS. Talvez se descubra que, afinal existem estrelas, planetas e galáxias inteiras feitas de antimatéria. Todavia, se isso acontecer, não se esqueça de seguir o conselho do físico britânico Stephen Hawking: “Se encontrar o seu anti-eu, não lhe aperte a mão, pois desapareceriam os dois num grande clarão de luz.”
Em Novembro, uma equipa de investigadores do CERN, ligados ao projecto ALPHA, anunciou a invulgar produção de milhares de anti-átomos de hidrogénio. Mas o que saltou à vista foi o aprisionamento, pela primeira vez, de 38 desses anti-átomos durante um décimo de segundo, sem os deixar aniquilar-se.
Criar átomos de antimatéria não é novidade, pois em 1995, e outra vez no CERN, foi gerado o primeiro anti-átomo, de anti-hidrogénio. O problema é que estes elementos desaparecem, num flash de luz, assim que são gerados. Porém, ficava aberta a porta para fazê-los perdurar mais tempo. Em 2002, mais um passo foi dado nesse sentido, ao produzir-se anti-hidrogénio em grandes quantidades.
A preferência por este elemento é evidente, pois o seu reverso, o bem conhecido hidrogénio, é o átomo mais simples que a Natureza concebeu: somente um protão no núcleo e um singelo electrão a rodeá-lo. Bastava, por isso, criar a antipartícula de cada um deles e juntá-los, impedindo que desaparecessem de imediato.
Entre os investigadores que recentemente fizeram história, esteve o físico brasileiro Claudio Cesar, que explica como tudo foi feito: “O que a física faz hoje em dia é alquimia. Através da fórmula de Einstein, sabemos que a energia pode ser convertida em massa e vice-versa”, salienta. “O antiprotão que é feito no CERN é criado através de um acelerador de protões. Estes são acelerados através de energias bastante altas, sendo depois lançados contra um alvo metálico. Ao colidir com ele libertam energia, criando, por exemplo, o antiprotão.”
Os positrões foram produzidos de um modo mais fácil. O CERN tem acesso a fontes radioactivas de sódio-22, uma substância que, quando entra no processo de decaimento radioactivo (perda de energia e consequente transformação noutro elemento), emite grandes quantidade de positrões.
Uma vez produzidos os dois elementos do hidrogénio, é preciso combiná-los. Primeiro, os antiprotões criados são desacelerados, de modo a perderem energia. Enquanto uma grande parte deles acaba por se aniquilar, uma pequena fracção é capturada numa garrafa de vácuo, através de campos eléctricos e magnéticos. Quando os antiprotões são presos, a sua energia ainda é de milhões de Kelvin (o equivalente a outros milhões de graus Celsius). Sozinhos no vácuo, são depois misturados com electrões. Como o antiprotão não é a antipartícula do electrão, não ocorre um aniquilamento, mas, devido à troca de energia que se dá entre os dois, os antiprotões acabam por arrefecer até perto dos cem Kelvin, uma temperatura bastante baixa (cerca de 170 ºC negativos).
Depois de arrefecerem ainda mais, até aos 40 Kelvin, entram em cena os positrões. Estes, que também foram aprisionados com campos eléctricos e magnéticos, são enviados, em conjunto com os antiprotões, para uma espécie de “armadilha” que também usa o mesmo género de campos. Seguem-se as partes mais delicadas. “Usando outra técnica sofisticada, conseguimos enviar lentamente os antiprotões para dentro da amostra de positrões, de modo a que possam colidir e formar o anti-átomo”, resume Claudio Cesar.
Para quase finalizar, é importante a utilização de um novo tipo de armadilha, desta vez para prender o anti-átomo neutro que vai formar-se. Neste caso, devido à carga neutra que comporta, é somente usado um campo magnético. O último passo envolve “juntar todas as amostras e enviar-lhes um pulso eléctrico que retira todos os antiprotões e positrões, de modo a restarem apenas os anti-átomos neutros que foram aprisionados”.
A operação revela-se complicada e difícil, “porque as amostras usadas estão a algumas dezenas de Kelvin, mas só conseguimos aprisionar os átomos que têm uma energia abaixo de meio Kelvin”, um valor que ronda o zero absoluto e as temperaturas mais baixas que existem no Universo.
Para que os anti-átomos sejam detectados e a experiência um sucesso, basta desligar a armadilha magnética. Isto leva a que os anti-átomos fiquem livres e possam colidir com as paredes (a matéria) do experimento, aniquilando-se em partículas de piões que são depois detectados, com precisão, numa imagem a três dimensões.
O período durante o qual o anti-hidrogénio ficou aprisionado (um décimo de segundo) parece insignificante, embora seja longo no que concerne à antimatéria. “Isso já é um tempo bastante razoável para fazer algumas experiências”, cita o investigador. No futuro, quando se aumentar ainda mais o tempo de aprisionamento, já será possível testar com rigor o modelo padrão da física das partículas, o qual defende que as leis da física devem ser rigorosamente iguais para a matéria e para a antimatéria. “Esta simetria é extremamente importante, porque está na base do modelo padrão. Se a quebrarmos, numa futura investigação, poderá haver sérias consequências para a física. Seria uma queda muito grande de um paradigma.”
J.P.L. - SUPER 153 - Janeiro 2011
Notícia - Rapaz sofre de Bullying na Figueira da Foz
São 13 minutos de estaladas, murros e até alguns pontapés de um grupo de jovens a um rapaz aparentemente da mesma idade. A situação passa-se na Figueira da Foz e terá acontecido no Verão de 2014, mas a explosão de indignação só aconteceu agora, depois de um vídeo ter sido partilhado na terça-feira à noite no Facebook. O caso foi confirmado pelo director da Escola Dr. Joaquim de Carvalho, onde o agredido é aluno. O vídeo, no entanto, foi filmado fora do recinto escolar.
No vídeo, que dura 13 minutos, aparecem duas adolescentes a agredir um rapaz. Há várias pausas, nomeadamente quando se ouvem carros a passar ou quando os próprios jovens alertam que alguém se aproxima. As agressões são levadas a cabo maioritariamente pelas duas jovens, mas no vídeo aparecem ainda pelo menos mais duas raparigas e dois rapazes. Durante todo o tempo, o rapaz que é agredido permanece praticamente quieto e não tenta fugir ou responder às agressões, estando grande parte do vídeo com as mãos atrás das costas e encostado a uma parede.
Quase um ano depois das agressões terem ocorrido, o jovem decidiu nesta quarta-feira apresentar queixa, convencido por algumas pessoas e mesmo por colegas de escola que ficaram indignados com o video, adiantou fonte da PSP. Na manhã desta quarta-feira, acompanhado pelos pais, deslocou-se à esquadra da Figueira da Foz. "Foi hoje formalizado o procedimento criminal por parte da vítima, a qual se deslocou pessoalmente às instalações policiais para o efeito e confirmou o momento e circunstâncias do ocorrido”, diz um comunicado da PSP.
A PSP, porém, face à grande divulgação do vídeo nas redes sociais, já estava a investigar o caso desde terça-feira, depois de alguns agentes terem visionado no Facebook as imagens que terão sido gravadas em Junho de 2014. Até agora, a polícia não encontra motivos para aquilo que os agentes consideram ter sido um castigo organizado pelos restantes jovens.
Nas poucas horas que se seguiram à divulgação do vídeo, a PSP identificou todos os suspeitos. Entre os intervenientes estão cinco raparigas e três rapazes entre os 15 e os 19 anos. Também a segurança policial nas escolas da Figueira da Foz foi reforçada, como medida preventiva.
Em reacção ao sucedido, o Ministério Público (MP) decidiu investigar o caso em dois inquéritos diferentes. Relativamente aos menores de 16 anos, foi instaurado um “inquérito tutelar educativo no MP da Figueira da Foz”, confirmou a Procuradoria-Geral da República (PGR). Por outro lado, “foi também apresentada no DIAP de Coimbra uma participação, relativamente aos maiores de 16 anos, pelas agressões e pela divulgação das imagens”, segundo a PGR.
Quanto aos agressores maiores de 16 anos estarão em causa crimes de sequestro e ofensa à integridade física, segundo fonte policial. O crime de sequestro é de natureza pública. Não depende, por isso, de queixa, como aconteceria se o crime fosse semipúblico. Nesse caso, o direito de apresentar queixa já teria caducado, uma vez que os factos ocorreram há mais de seis meses. Também por serem vários os autores das agressões, poderá estar em causa o crime de ofensa à integridade física qualificada, que prevê uma moldura penal até aos quatro anos de prisão.
Os restantes jovens, menores de 16 anos, verão os seus processos correr no Tribunal de Família e Menores de Coimbra. Na noite da divulgação do vídeo, dois progenitores de duas das envolvidas decidiram ir à esquadra da PSP para dar conta do sucedido. Jorge Ferreira, pai de uma das agressoras, em declarações à SIC pediu desculpa pelo comportamento da filha e disse que estava longe de imaginar o caso “inconcebível e impensável”. Jorge Ferreira escusou-se a prestar mais declarações, justificando que não quer “inflamar” mais o caso.
Até agora, a polícia não encontra motivos para aquilo que os agentes consideram ter sido um castigo organizado pelos restantes jovens. Os adolescentes foram ouvidos na tarde de ontem na PSP da Figueira da Foz, onde foi também inquirido o jovem agredido. Saiu daquela esquadra pelas 16h50 num carro acompanhado por dois polícias.
O vídeo que regista a violência terá sido gravado junto à Rua Dr. Calado, no Bairro Novo, Figueira da Foz. O proprietário do Bar Marujo, localizado naquela rua há 25 anos, disse conhecer os jovens envolvidos no caso, com quem, contudo, nunca teve problemas.
As imagens não têm muitos diálogos, ouvindo-se apenas frases soltas como uma das agressoras a dizer ao jovem “isto é força, isto é força. Queres ver com mais força?” e uma outra a sugerir “dá-lhe mais” enquanto a primeira adianta que vai mudar de lado “porque já está a doer a mão”. Depois chama uma colega para trocar de lugar e contam as estaladas, mas a contagem é quase sempre “um, um” e só quando há mais força se passa a “dois” ou “um, dois, três”. Só mais à frente é apontada uma possível razão para a agressão. “É que a mim não me apetece andar à chapada. Apetece-me andar à porrada, sabes porquê? Porque tu meteste-me nojo”, diz uma das agressoras. Neste momento, o jovem diz que não fez nada e ouve-se a voz de outro rapaz a dizer “metes-te com ela, metes-te comigo, basicamente”.
A publicação do vídeo gerou, até ao final do dia de quarta-feira, mais de 70 mil partilhas e dois milhões de visualizações na rede social Facebook. Na maior parte dos casos, os comentários são de indignação com a situação, condenação da violência e apoio ao jovem agredido, com pedidos para intervenção das autoridades. Algumas das pessoas dizem que terão dado conhecimento da situação à PSP da Figueira da Foz e à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) da Figueira da Foz. Outras identificam tanto o agredido como alguns dos agressores e indicam que terão entre 15 e 17 anos, mas a maior parte dos envolvidos já apagou o perfil na rede social.
A CPCJ da Figueira da Foz, disse que não prestava declarações. No entanto, a presidente desta estrutura, Sandra Lopes, confirmou à Lusa que vai averiguar os acontecimentos divulgados no vídeo. “A CPCJ não tinha conhecimento desta situação e só a conheceu depois de divulgado o vídeo. Vamos averiguar o que aconteceu. Recebemos depois da divulgação do vídeo várias participações, mas faríamos uma averiguação mesmo que isso não tivesse acontecido”, acrescentou.
Apesar de a agressão ter ocorrido fora dos estabelecimentos escolares da cidade, o director da Escola Dr. Joaquim de Carvalho confirmou que o jovem agredido é aluno naquela instituição, mas assegurou que os restantes não estudam no mesmo estabelecimento. Carlos Santos diz-se “chocado” com o que viu, mas também com os comentários que leu.
“A situação, ao que já averiguei, ocorreu no Verão de 2014. A situação não ocorreu na nossa escola e, pressupostamente, em nenhuma escola da Figueira, mas sim na zona do picadeiro. Sendo o aluno agredido da nossa escola, já comuniquei à encarregada de educação toda a nossa disponibilidade para todo o apoio que o mesmo venha a necessitar e estiver ao nosso alcance”, disse o professor, acrescentando que “a ocorrência já foi denunciada e está a ser tratada pelas entidades competentes” e que estaria relacionada com questões de namoro.
Carlos Santos adiantou que desde o Verão que o comportamento e rendimento escolar do aluno têm sido normais, pelo que ficou “surpreendido” com esta situação e “preocupado com os efeitos ainda mais nocivos que esta exposição pode trazer”. O director garantiu também que “sempre foi e continuará a ser política da escola desenvolver programas de prevenção deste tipo de situações, nomeadamente na disciplina de Educação para a Cidadania”.
Notícia retirada daqui
Notícia - Bullying leva pais a tirar vítima da escola
Uma menina de dez anos de idade a frequentar o 5.º ano de escolaridade deixou de ir às aulas a 4 de Maio, por decisão dos pais, que acusam a direcção do agrupamento de Escolas de Vale de Milhaços, em Corroios, de “não ter tomado qualquer medida para proteger” a filha de “agressões físicas e psicológicas” praticadas ao longo de meses por um colega. Trata-se de um rapaz três anos mais velho, sinalizado na Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do Seixal por “comportamentos graves com risco para terceiros”.
De acordo com Teresa Braz, mãe de F., a criança que alegadamente foi vítima de agressões, desde o início do ano lectivo que se registaram problemas entre o aluno mais velho e outros colegas, que deram origem a queixas pontuais de encarregados de educação. Até que, em Janeiro, “a maior parte dos pais das crianças da turma” subscreveu uma carta em que alertava formalmente a direcção da escola para as agressões reiteradas e apelava para que fossem tomadas medidas para evitar que a situação se mantivesse. No mesmo mês, Teresa Braz apresentou queixa na PSP e pediu o envio do processo para o Tribunal do Seixal (onde viria a ser ouvida, em Abril).
Segundo diz, apesar dos apelos “a escola não salvaguardou a segurança da filha e dos restantes alunos e as agressões continuaram”. “O D. deu-lhe bofetadas, pontapés, torceu-lhe um braço, empurrou-a, fazendo-a cair numa estrutura de cimento circular de onde tiveram de ser os colegas a tirá-la…”, enumera.
Conta que foi apenas depois de várias tentativas para resolver o problema – falando pessoalmente com o director de turma, com vários professores, com uma adjunta da direcção e com o próprio rapaz (a quem disse ter pedido que parasse de agredir a filha) – e após a décima agressão física e novas ameaças a F., a 29 de Abril que ela e o marido decidiram tirar a menina da escola.
Foram à CPCJ sinalizar que a criança iria deixar de frequentar as aulas, mas que continuaria a estudar e a deslocar-se ao estabelecimento de ensino para fazer os testes de avaliação, pelo que não se tratava de uma situação de abandono da escolaridade de obrigatória, mas de uma medida de protecção. Na mesma altura apresentaram nova queixa PSP e enviaram cartas para o Ministério da Educação e Ciência, para a directora do agrupamento, para o director de turma e para todos os professores, dando conta da decisão tomada. Terão informado ainda a direcção de que não arranjariam “um atestado médico falso para justificar as faltas, que irão explicar, oficialmente, como resultando da necessidade de protecção”.
Depois disso, Teresa Braz e o marido ainda chegaram a reunir-se, no dia 15 de Maio, com a directora do agrupamento, que, segundo contam, tentou convencê-los a levar a filha à escola, algo que recusaram, “por falta de garantias de que a situação se modificaria”. Afirmam que na altura já tinham conhecimento informal de que o rapaz teria deixado de frequentar a escola, por iniciativa própria, depois da publicação de uma notícia sobre as agressões publicada no diário Correio da Manhã, a 7 de Maio. Algo que não lhes oferecia qualquer segurança, dizem, na medida em que “ele poderia regressar a qualquer momento”.
“Tenho conhecimento de que aquele menino de 13 anos tem problemas, está a ser acompanhado por uma pedopsiquiatra e causa problemas desde que entrou no 1.º ano. Acho muito bem que o protejam e lhe dêem oportunidades, como disse a directora, mas não podem deixar de proteger igualmente as restantes crianças”, afirma.
A criança de 13 anos esteve sinalizada na Comissão de Protecção de Crianças e Jovens do Seixal por “comportamentos graves com risco para terceiros”. O processo que corria foi, no entanto, arquivado por “incumprimento reiterado” por parte da família – do jovem ou dos pais – e remetido ao Tribunal do Seixal em 26 de Junho de 2014. Não foi possível obter informações sobre o processo junto do tribunal, por ser este um processo judicial relativo a um menor.
“O processo de promoção e protecção foi remetido a tribunal por incumprimento reiterado do acordo de promoção, sendo que neste momento a CPCJ desconhece a situação actual do processo”, disse a presidente da CPCJ Carla Silva que informou, por outro lado, que a CPCJ do Seixal não tem situações sinalizadas por bullying.
Segundo Teresa Braz, o MEC remeteu o caso para a Direcção de Serviços da Região de Lisboa e Vale do Tejo, que nesta quinta-feira a notificou de que estava a acompanhar o processo e que havia sido dado um prazo de dez dias à directora do agrupamento de escolas para se pronunciar sobre o assunto.
A Inspecção Geral da Educação e Ciência tem em curso um processo de averiguações.
Notícia retirada daqui
sábado, 23 de maio de 2015
Notícia - O que é o Ozono Estratosférico?
A medida da espessura da Camada de Ozono é normalmente designada por quantidade total de ozono ou simplesmente ozono total e consiste na quantidade de moléculas de ozono contidas numa coluna vertical de base unitária que se estende desde a superfície até o "topo" da Atmosfera.
Tradicionalmente, o ozono total é habitualmente expresso em unidades Dobson (1 unidade Dobson=2.687 E16 molécula/cm2) em memória do cientista britânico G. M. B. Dobson que nos anos 20 do século passado desenvolveu um espectrofotómetro para a medição operacional da quantidade total de ozono a partir da análise do espectro da radiação solar ultravioleta. Ao longo do ano e nas latitudes médias, a quantidade total de ozono pode variar entre 200 D e 500 D. Nas regiões polares e em especial no Polo Sul e durante os eventos do Buraco de Ozono, a quantidade total de ozono pode diminuir até valores inferiores a 100 D.
A vigilância da Camada de Ozono em Portugal é levada a cabo pelo IPMA, o qual mantém actualmente em funcionamento um espectrofotómetro Dobson (Lisboa) e 3 espectrofotómetros automáticos Brewer (Lisboa, Funchal e Angra do Heroísmo). Estas estações fazem parte da rede GAW (Global Amosphere Watch) da OMM (Organização Meteorológica Mundial), contribuindo para uma melhor cobertura observacional à escala global e como referência para os sistemas de deteção remota à bordo de satélites (TOVS, EP-TOMS, GOME, SCHIAMACHY, etc.). Os resultados obtidos são periodicamente enviados para vários centros internacionais de dados (WOUDC e NHMP-LAP) onde são disponibilizados para a comunidade cientifica.
As observações da quantidade total de ozono efetuadas em Lisboa desde 1967 até 1998 apresentam uma tendência estatisticamente significativa de 3,3% por cada dez anos. Esta tendência é comparável com as encontradas em outras estações da Europa no mesmo período e com instrumentos do mesmo tipo.
As previsões de ozono total apresentadas são baseadas no modelo de previsão de larga escala disseminado pelo Serviço Meteorológico Alemão (DWD) na sua qualidade de centro meteorológico regional especializado da OMM para a previsão do Índice UV.
Notícia - Videojogo «Zelda» completa 25 anos
A comunidade dos videojogos está esta semana a celebrar o 25º aniversário de uma das séries mais populares da Nintendo: «Zelda»
As aventuras, protagonizadas pela personagem Link, viram a luz do dia há precisamente 25 anos, quando foi lançado no Japão o primeiro videojogo da série, denominado «The Legend of Zelda», para a consola NES.
Desde então já foram lançados cerca de 15 títulos baseados no universo de «Zelda», tornando a série uma das mais populares de sempre.
Apesar de não serem conhecidos planos para uma edição especial para comemorar a data, como aconteceu em 2010 com Super Mario, outro ícone da Nintendo, os fãs do franchise vão ter direito a uma nova aventura de «Zelda», quando for lançado ainda este ano o videojogo «Ocarina of Time 3D», para a consola 3DS.
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Notícia - Predador marinho pré-histórico tinha visão apurada
Fósseis excepcionalmente bem preservados permitiram fazer radiografia dos olhos do animal
Parece um monstro saído de um filme de ficção científica, com mandíbulas gigantes e uns olhos protuberantes que tudo vêem. Mas o Anomalocaris é muito mais do que pura imaginação. Ele foi o maior predador marinho do seu tempo, há 515 milhões de anos, no período Câmbrico. Fósseis deste animal encontrados na Austrália revelaram agora que ele tinha uma super-visão, só comparável à dos artrópodes de hoje, como é o caso das libélulas.
Notícia - O peso da gravidade
Um mistério que continua a intrigar os cientistas
Mais de 300 anos depois da revelação de Newton, ainda não sabemos exactamente por que razão cai a maçã. Einstein foi o primeiro a reabrir um debate que desafia os próprios fundamentos da física.
Numa fria tarde de Janeiro de 1684, depois de almoçarem num pub de Londres, os físicos Edmund Halley e Robert Hooke conversavam sobre uma ideia que andava na cabeça de muitos astrónomos: se seria verdade que a força de gravidade entre o Sol e a Terra diminui com o quadrado da distância a que se encontram. O arquitecto e cientista Christopher Wren decidiu oferecer um livro de 40 xelins a quem conseguisse demonstrar a conjectura, mas não obteve resposta. O assunto foi esquecido até que um dia, no Verão seguinte, Halley viajou até Cambridge para visitar o excêntrico Isaac Newton. “Tem alguma ideia do tipo de curva que um planeta descreveria se a força de gravidade fosse o inverso do quadrado da distância?”, perguntou-lhe. A resposta não se fez esperar: uma elipse. Newton não encontrou a demonstração, mas prometeu escrevê-la e enviar-lha depois.
Quando Halley, passado três meses, recebeu o texto do amigo, incitou-o a redigir um livro. O criador da física moderna fez desse projecto o objectivo da sua vida: mal dormia e esquecia-se de comer. Foi assim que nasceu o livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (“Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”). Na obra, Newton expunha o funcionamento da gravidade, uma força de acção instantânea e à distância. Todavia, não sugeria uma causa. De facto, nunca se deu ao trabalho de explicar o que era, limitando-se a fornecer uma explicação matemática para a forma de acção. Semelhante falha suscitou acesas críticas: o matemático Gottfried Wilhelm Leibniz (1646–1716) descreveu-a como “ocultista”. Seria preciso esperar séculos para entendê-la verdadeiramente.
Berna, 1907. Sentado diante da mesa do gabinete de patentes onde trabalha, um tal Albert Einstein tem, subitamente, uma inspiração: se uma pessoa cai livremente, não sente o próprio peso. “Fiquei sobressaltado. Foi o pensamento mais feliz da minha vida”, confessaria, posteriormente, o físico de origem alemã.
O paradoxo do armário
Não era para menos, já que estava a abrir a porta à prodigiosa teoria da relatividade geral. O que Einstein acabava de descobrir era o chamado “princípio da equivalência”: fechados num armário, não temos maneira de distinguir se estamos na presença de um campo gravitacional ou se nos estão a levar pelo espaço em aceleração constante. Por outras palavras: gravidade e aceleração são equivalentes.
Dez anos depois, em Novembro de 1915, o então físico suiço apresentou ao mundo a sua nova teoria. Através dela, conseguimos finalmente entender não só como funciona a força gravitacional como, também, o que é. No decurso das suas três célebres aulas na Academia Prussiana das Ciências, Einstein deu a conhecer uma teoria que relacionava a geometria do espaço com a matéria ali presente. A frase que melhor a resume é, talvez, a que surge no livro Gravitation (1973), dos físicos John Archibald Wheeler, Kip Thorne e Charles W. Misner: “O espaço diz à matéria como deve movimentar-se; a matéria diz ao espaço como deve curvar-se.” É este o conceito fundamental da relatividade geral: o valor da curvatura em determinado ponto, provocada pela densidade do objecto, é uma medida da gravidade existente no referido ponto.
Einstein chegou a estas conclusões através de considerações exclusivamente estéticas. “Qualquer pessoa que tenha compreendido a teoria”, escreveu, “dificilmente poderá resistir a deixar-se seduzir pela sua magia.” Um encantamento que seria confirmado, em 1919, quando o astrofísico inglês Arthur Stanley Eddington (1882–1944) obteve, na então ilha portuguesa de São Tomé, a confirmação definitiva, ao observar o desvio gravitacional dos raios de luz provocado pelo Sol, durante o eclipse total desse ano. Os astros não estavam onde se supunha deverem estar, mas onde Einstein indicara.
Porém, faltava algo. A doutrina einsteiniana e o outro grande ramo da física do século XX, a mecânica quântica, não se dão bem. De facto, ao longo dos últimos 50 anos, os físicos têm lutado para conseguir encaixá-las, isto é, para descobrir equações que possam descrever o funcionamento da gravidade em escalas subatómicas. Ainda não existe uma hipótese consistente, mas muitos pensam que há uma candidata bastante promissora. Nasceu na Primavera de 1985, quando um dos físicos mais jovens e brilhantes da Universidade de Princeton (Estados Unidos), Edward Witten, anunciou que ia proferir uma conferência.
A estrutura íntima da matéria
Como é habitual acontecer nos acontecimentos importantes, os rumores sucederam-se. Durante hora e meia, Witten falou sem parar e de forma muito rápida. O discurso destinava-se a apresentar, como ele próprio disse sem lhe atribuir demasiada importância, uma nova teoria sobre o Universo. Foi também uma lição de virtuosismo matemático. Quando chegou a altura das perguntas, o auditório permaneceu em silêncio. “Ninguém foi suficientemente corajoso para se levantar e revelar até que ponto a nossa ignorância era profunda”, afirmou o físico Freeman Dyson.
Witten formulou uma explicação sobre a estrutura mais íntima da matéria, o que está no nível abaixo dos quarks, dos electrões e das restantes partículas subatómicas: as cordas. Não são pontiformes, mas extensas e sem espessura; possuem apenas uma dimensão. O tamanho é também inconcebível: para termos apenas uma vaga ideia, a Terra é 10^20 vezes mais pequena do que o Universo, e o núcleo atómico é 1020 vezes menor do que o nosso planeta. Pois bem, uma corda é 10^20 vezes mais pequena do que esse núcleo.
De acordo com a teoria das cordas, vivemos num universo com dez dimensões (nove espaciais e uma temporal). O nosso mundo observável é uma espécie de folha ou lâmina (“brana”, no calão físico) de quatro dimensões. As partículas subatómicas que observamos são formas de vibração dessas cordas, como as notas musicais numa guitarra, e a gravidade pode ser entendida como uma interacção entre elas.
Não foi a última hipótese a surgir. De facto, abundam actualmente as tentativas para entender esta fugidia lei da natureza. A derradeira proposta provém do astrónomo holandês Erik Verlinde, o qual resolve o problema pela negação pura e simples. Em Junho passado, declarou ao New York Times: “Para mim, a gravidade não existe.” De acordo com a sua perspectiva, trata-se antes de uma propriedade emergente, como as oscilações da Bolsa, que surgem da acção individual dos investidores. Ou seja, dito de forma mais radical, a gravidade não passaria de uma ilusão.
M.A.S.
SUPER 154 - Fevereiro 2011
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Notícia - Composição da Atmosfera
Nas estações da rede de vigilância de constituintes atmosféricos do IPMA é efetuada a amostragem/monitorização para caracterização da química das deposições, gases e aerossóis atmosféricos.
O equipamento de amostragem/monitorização compreende:
- coletores automáticos (precipitação semanal e deposição seca mensal) e coletores manuais (precipitação diária/eventual);
- amostradores sequenciais para compostos de enxofre e/ou azoto no ar, com amostragens de 24 horas e funcionamento em contínuo, utilizando o método dos filtros impregnados;
- amostradores de grande volume de ar para partículas em suspensão na atmosfera à superfície, de diâmetro inferior a 10 um (PM10), com amostragens de 24 horas e caudal de ar constante. O método de referência utilizado, método gravimétrico, permite a determinação da massa das partículas depositadas em filtros de fibra de vidro por pesagem em condições ambientais pré-estabelecidas e o cálculo da concentração mássica das partículas recolhidas.
O IPMA, como entidade responsável em Portugal pelo cumprimento da execução dos programas referidos, em curso nas estações GAW/EMEP, tem obtido a participação ativa do Laboratório da CCDR/Alentejo, que tem vindo a explorar 1 estação EMEP em Monte Velho e a executar as análises físico-químicas das deposições atmosféricas para caracterização dos seguintes parâmetros: pH, condutividade elétrica, sulfato, nitrato, azoto amoniacal/amónia, cloreto, sódio, potássio, cálcio, magnésio, e os metais pesados chumbo, cádmio, níquel, cobre, manganês e zinco, e ainda das concentrações de dióxido de enxofre e de sulfato no ar.
No âmbito do alargamento da atual rede EMEP de três estações para cinco (sendo 4 do IPMA), para melhoria do cumprimento do programa de monitorização de constituintes atmosféricos estabelecido pelo EMEP a todos os países envolvidos, deverão ficar em funcionamento operacional até final do corrente ano 5 analisadores automáticos para monitorização em contínuo de ozono à superfície e 5 novos sequenciais para amostragem em contínuo de compostos de enxofre e /ou azoto no ar .
A informação relativa aos parâmetros monitorizados é enviada regularmente, em formatos específicos, para os correspondentes Centros Mundiais Coletores de Dados, em cumprimento dos compromissos estabelecidos nos programas internacionais que o IM mantém desde há cerca de três décadas nestas atividades.
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