sexta-feira, 29 de julho de 2016

Procedimentos para a criação de Áreas Protegidas

O processo de criação de Áreas Protegidas (AP) é actualmente regulado pelo Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho. A classificação das AP de âmbito nacional pode ser proposta pela autoridade nacional (ICNB) ou por quaisquer entidades públicas ou privadas; a apreciação técnica pertence ao ICNB, sendo a classificação decidida pela tutela. No caso das AP de âmbito regional ou local a classificação pode ser feita por municípios ou associações de municípios, atendendo às condições e aos termos previstos no artigo 15.º do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho.

As tipologias existentes são Parque nacional, Parque natural, Reserva natural, Paisagem protegida e Monumento natural; com excepção do “Parque Nacional” as AP de âmbito regional ou local podem adoptar qualquer das tipologias atrás referidas, devendo as mesmas ser acompanhadas da designação “regional” ou “local”, consoante o caso (“regional” quando esteja envolvido mais do que um município, “local” quando se trate apenas de uma autarquia).


O Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de Julho, prevê ainda a possibilidade de criação de Áreas Protegidas de estatuto privado (APP), a pedido do respectivo proprietário; o processo de candidatura, a enviar ao ICNB, está regulado pela Portaria n.º 1181/2009, de 7 de Outubro, envolvendo o preenchimento de um Formulário, disponível no subcanal "Formulário".

As AP de âmbito nacional e as APP pertencem automaticamente à RNAP (Rede Nacional de Áreas Protegidas); no caso das AP de âmbito regional ou local a integração ou exclusão na RNAP depende de avaliação da autoridade nacional.


DISCUSSÃO PÚBLICA - RECLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS COM ESTATUTO DE PROTECÇÃO 

Formulário para Criação de Áreas Protegidas

- Requerimento de designação de uma área protegida privada (artigo 3º, nº 1, da Portaria n.º 1181/2009, de 7 de Outubro) - FORMULÁRIO

quinta-feira, 28 de julho de 2016

EFA - STC - Powerpoint - Modelos de Urbanismo e Mobilidade na Agricultura - Sociedade, Tecnologia e Ciência


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Procuramos PROFESSORES para Explicações de BIOLOGIA E GEOLOGIA - Ensino Secundário

A Academia do Parque é um centro de estudos e actividades localizado em Oeiras junto ao Parque dos Poetas. Dispomos dos seguintes serviços: 

- Explicações Individuais e em Grupo; 
- Sala de Estudo Acompanhado; 
- Cursos de Línguas; 
- Cursos de Informática; 
- Aulas de Guitarra e Formação Musical; 
- Cursos de Pintura/Desenho; 
- Academia Sénior. 

Neste momento, estamos a recrutar Professores para dar explicações no próximo Ano Lectivo à disciplina de Biologia e Geologia do Ensino Secundário. 
Informações: 
- Local: Academia do Parque, Oeiras. 
- Horário: Consoante a disponibilidade do professor e do aluno. 
- Regime de Prestação de Serviços. 

Requisito: 
- Experiência em ensino ou em leccionar explicações; 
- Conhecimento dos actuais conteúdos programáticos do ensino. 
Caso tenha interesse em juntar-se à nossa equipa, envie o seu currículo para


Solicitamos que indique no Assunto a referência "EXP_BG". 

Notícia - Adesivo com microagulhas poderá substituir vacina


Um pequeno adesivo com cem microagulhas pode tornar as vacinas indolores. Uma equipa da Universidade de Emory e do Instituto de Tecnologia da Geórgia desenvolveu uma vacina com agulhas de 0,65 milímetros que pode ser aplicada na pele. O estudo foi publicado na Nature Medicine. A equipa já testou o adesivo, vacinando ratinhos contra a gripe. Os cientistas defendem que as micro- agulhas, feitas de um plástico biodegradável, são tão pequenas que não alcançam as células da dor existentes por baixo da pele. Mas entram em contacto com as células do sistema imunitário que desenvolvem a imunidade. O processo dura entre 30 segundos e cinco minutos, as agulhas dissolvem-se seguidamente.

O grupo de ratinhos que foi vacinado com o adesivo ficou tão ou mais imunizado do que o grupo que foi vacinado com a seringa. Hoje, as vacinas são dadas no músculo, onde não existem estas células, e só imunizam depois do líquido chegar ao sistema circulatório e linfático.

Há mais vantagens: estes adesivos podem ser armazenados e guardados à temperatura ambiente. “Nós imaginamos as pessoas receberem os adesivos por correio ou na farmácia e auto administrarem-se em casa”, disse Sean Sullivan, do Instituto de Tecnologia. “Como as microagulhas se dissolvem na pele, não há o perigo de haver agulhas perdidas.”

Estas características permitem o transporte dos adesivos sem necessidades especiais, como a refrigeração, e tornam o processo menos perigoso, não necessitando de técnicos que saibam dar vacinas. Os cientistas dizem que, se o adesivo for mais eficiente, reduzirá o tamanho das doses.

A vacina contra a gripe foi a única testada, mas a equipa acredita conseguir os mesmos resultados com outras vacinas. Os testes em humanos começam daqui a dois anos. Pensa-se que o custo vá ser igual ao da velha vacina.

Notícia - Descobertas células amigas do transplante de fígado


O medo da rejeição está intimamente ligado ao transplante de órgãos. Um corpo estranho pode ser alvo de ataque do sistema imunológico e pôr em risco o sucesso do transplante. Apesar de existirem métodos para impedir esta reacção imunológica, estas terapêuticas afectam-nos e podem diminuir a nossa resposta imunológica para combater organismos patogénicos como bactérias ou vírus e para impedir o desenvolvimento de fenómenos como o cancro.

Agora, cientistas portugueses descobriram que uma determinada população de linfócitos - uma das linhas celulares de glóbulos brancos que patrulham o corpo - em certas alturas pode ser activada e suprime as acções imunitárias que ocorrem especificamente no fígado. Estas células podem vir a permitir transplantes do fígado sem risco de haver rejeição.

"Estes linfócitos são imunossupressores e diminuem a acção de outros linfócitos", explicou Luís Graça ao PÚBLICO. O investigador está à frente da equipa de Imunidade Celular no Instituto de Medicina Molecular em Lisboa e é o último autor do artigo que descreve a descoberta, publicado na edição de 16 de Julho da revista científica Journal of Immunology.

As células chamam-se linfócitos NKTreg e as suas propriedades foram descobertas em ratinhos. A equipa estudou o equivalente à esclerose múltipla nestes animais. Já se conheciam linfócitos imunossupressores que regulavam a actividade de outros linfócitos, mas actuavam em todo o corpo. As células NKTreg "têm moléculas à superfície que respondem a estímulos do fígado e vão permitir criar imunossupressão que está restrita a este órgão", disse o investigador.

Marta Monteiro, a primeira autora do artigo, também já mostrou que estes linfócitos existem nos humanos. As possibilidades terapêuticas abrem-se, não só para transplantes directos do fígado, mas também porque há tratamentos de outras doenças, como a produção de insulina para os diabéticos, que podem passar por pequenos transplantes neste órgão.

No futuro, poderá ser possível "utilizar produtos que facilitam a modificação para que estas células adquiram actividades imunossupressoras in vivo", explicou o cientista. Outra alternativa é estimulá-las in vitro e introduzi-las depois nos pacientes.

O processo descrito no artigo e a potencial acção terapêutica já foram patenteados pela equipa. O próximo passo para "tentar perceber se esta descoberta vai ter benefício real para a saúde humana" é constituir uma empresa start up. Segundo Luís Graça, o tempo até que esta terapêutica seja posta em prática "nunca demora menos de sete ou oito anos".

Notícia - Cientistas mais perto de perceber a resistência natural ao VIH

O que faz com que em cada mil pessoas infectadas pelo VIH, três a quatro nunca venham a ter sida, mesmo sem tratamento? A chave do mistério pode ser uma pequena proteína do sistema imunitário humano.

Modelo da proteína HLA-B, que os cientistas pensam ser essencial à imunidade natural ao HIV (Foto: Cortesia Paul de Bakker)

A maioria das pessoas infectadas pelo vírus da sida, se não for devidamente tratada, desenvolve sida. Mas sabe-se há quase duas décadas que em cerca de um caso em 300, isso não acontece. Mesmo sem tratamento, o sistema imunitário desses “controladores do VIH”(em inglês, HIV controllers) consegue de alguma maneira vencer o vírus, controlando espontaneamente a sua replicação descontrolada nas células do seu corpo.

O que é que distingue os “controladores” da generalidade dos outros seropositivos – dos HIV progressors, cuja infecção pelo VIH leva inexoravelmente, na ausência de medicamentos, à sida declarada? Um artigo hoje publicado no site da revista Science levanta uma ponta do véu , fornecendo talvez um elemento essencial para se conseguir um dia imunizar todos os seres humanos contra a sida.

Reunidos no projecto International HIV Controller Study e liderados por Florencia Pereyra, do Instituto Ragon, nos EUA, mais de 300 cientistas, a trabalhar em mais de 200 instituições no mundo (entre as quais o Hospital de Santa Maria em Lisboa e o Hospital de São João no Porto) compararam os genomas de quase 1000 “controladores” com os de 2600 pessoas sem resistência natural face ao VIH. Estavam à procura de pequenas variações genéticas susceptíveis de explicar a desigualdade dos dois grupos perante a sida.

Para isso, analisaram um milhão de pontos no genoma de cada um e descobriram cerca de 300 locais cujas diferenças pareciam estar estatisticamente associadas à capacidade de controlo do VIH pelo organismo. Todas essas variações encontram-se no cromossoma humano 6, em regiões responsáveis pelo fabrico de proteínas do chamado sistema HLA, fundamental para a luta do organismo contra as doenças.

A seguir, graças a um processo desenvolvido por dois dos autores, foi possível concluir que as variações em causa afectam cinco componentes de base (ou aminoácidos) de uma proteína chamada HLA-B, essencial à eliminação pelo sistema imuntário das células infectadas por vírus.

Mas precisamente, a HLA-B agarra-se aos fragmentos de proteínas virais presentes nas células infectadas, leva-os até a membrana celular, e deixa-os ali “espetados”, bem visíveis do exterior da célula, como pequenas bandeiras. Assim marcadas, as células infectadas podem ser reconhecidas e atacadas pelas células “assassinas” do sistema imunitário. De facto, todas as variações agora identificadas influem sobre a eficácia com que a HLA-B se liga ao VIH.

“O VIH vai lentamente revelando os seus segredos e este é mais um deles”, diz em comunicado Bruce Walker, do Ragon Institute, co-autor dos resultados. “O facto de sabermos como é gerada uma resposta imunitária eficaz contra o VIH é um passo importante no sentido de conseguirmos induzir essa resposta com uma vacina. Ainda temos um longo caminho pela frente até conseguirmos traduzir este resultado num tratamento para os doentes infectados e numa vacina para impedir a infecção, mas acabámos de dar um importante passo nessa direcção.”


Público

Notícia - Antimatéria salva-vidas



Da tecnologia do grande acelerador de partículas do CERN e do know how de um dos cientistas portugueses envolvidos neste projecto europeu nasceu um protótipo que ambiciona revolucionar a detecção e a investigação médica de uma das maiores causas de morte das mulheres em todo o mundo.

Uma em cada dez mulheres portuguesas vai ter cancro da mama, e quatro morrerão a cada dia que passa devido a esta doença. Os números podem parecer frios, mas são reveladores de um dos maiores dramas que afectam as mulheres, tanto em Portugal como em todo o globo. De momento, a melhor protecção contra o mal é a prevenção, uma vez que 90 por cento dos tumores malignos na mama são curáveis se detectados numa fase precoce. Os exames de diagnóstico mais usados em Portugal são a mamografia (que usa como fonte os raios X) e as ecografias (que aproveitam o eco produzido pelos ultra-sons). Contudo, estes exames apenas fornecem uma informação limitada, o que leva a que se recorra a outros exames complementares, como é o caso das biópsias, um método invasivo no qual se retira cirurgicamente um dos gânglios linfáticos da mama, de modo a ser analisado.

Mas eis que entra em acção o PET-Mamografia, o protótipo de um scanner de detecção com alta resolução que foi criado e desenvolvido por um consórcio de onze instituições portuguesas armadas do conhecimento necessário para juntar a física de partículas e a electrónica na luta contra o cancro da mama. A mais-valia desta nova máquina, cujo desenvolvimento é coordenado a nível científico pelo Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), reside na detecção precoce e precisa (ao milímetro) dos tumores malignos nas zonas da mama e da axila, enquanto têm dimensões muito reduzidas, produzindo para o efeito uma imagem tridimensional da zona afectada.

O acrónimo PET deriva do inglês Positron Emission Tomography, uma denominação a que em bom português se dá o nome de "tomografia por emissão de positrões". "A tecnologia PET nasceu no CERN há mais de 30 anos, tendo-se tornado num meio auxiliar de diagnóstico que hoje em dia aparece nos hospitais com regularidade, embora apenas seja usado para acompanhamento do tratamento, uma vez que para a fase de despistagem e diagnóstico é usada a mamografia", explica Vasco Varela, antigo director da Taguspark e actual director-executivo da PETsys, a empresa do consórcio responsável pela promoção do protótipo no mercado.

Todavia, enquanto os PET normais apenas são usados ao nível do corpo inteiro, o consórcio português conseguiu desenvolver uma versão desta tecnologia, o PET-Mamografia, especificamente adaptado à detecção de tumores na mama. O scanner é mais compacto do que o de corpo inteiro e tem uma maior capacidade de resolução. Segundo os seus promotores, a nova máquina será ainda mais eficaz do que os raios X na detecção de um cancro.

"A radiografia é um método muito pouco preciso, apresentando uma baixa capacidade para detectar tumores malignos", explica Varela, frisando em seguida que "20% das análises negativas que os raios X apresentam são falsos negativos", pelo que só num exame posterior, quando o tumor está maior, finalmente se detecta algo. Isto ocorre porque este género de exames apenas consegue detectar tumores com mais de um centímetro de diâmetro. Além do mais, "70% das detecções de tumor pelos raios X acabam por ser falsos positivos, o que tem como consequência imediata a desestabilização emocional da mulher e o custo que representam as biópsias que vão ter de ser feitas a seguir", sentencia.

Para o director-executivo da PETsys, a grande vantagem da nova tecnologia acaba por ser a sua "sensibilidade e especificidade" para detectar tumores na mama, esperando-se que forneça muito poucos falsos negativos. "A sua resolução está na casa do milímetro, o que significa que poderá ser capaz de detectar tumores com dimensões muito menores, em fases em que a terapêutica actual pode ser completamente eficaz para assegurar a cura do doente."


Antes de mais, como funciona um equipamento PET vulgar? O princípio é muito simples. Um tumor maligno caracteriza-se por um conjunto de células defeituosas que passam a multiplicar-se de forma muito rápida e descontrolada. Uma das características destas células é que elas consomem mais energia do que o resto do corpo humano quando está em repouso. O "truque" para localizá-las consiste, pois, em usar uma substância radioactiva (radioisótopos, isto é, átomos com núcleos instáveis), misturada com glicose (açúcar). Daqui resulta um radiotraçador que está pronto a ser injectado na corrente sanguínea. Para os exames PET, o mais utilizado é o 18F-FDG, semelhante à glicose, no qual é quimicamente inserido o radioisótopo flúor 18. Dado que as células cancerígenas consomem mais energia, elas irão, consequentemente, consumir mais glicose, neste caso o 18F-FDG que está misturado com o flúor 18, provocando maior concentração do radiotraçador na zona do tumor.

Uma vez que são instáveis, os átomos do flúor 18 vão depois decair em positrões (a antipartícula do electrão), acabando por se desintegrar em fotões (luz), quando entram em contacto com a matéria. Deste modo, uma zona com um tumor passará a radiar mais fotões do que o resto do corpo. Mas o que aqui mais interessa saber é que, ao desintegrar-se, um positrão emite dois fotões em direcções opostas, ao longo de uma linha recta. Eis as leis da física no seu melhor.

Depois de todo este frenesim à escala atómica, são usadas placas de detecção para detectar o par de fotões que foi emitido em cada direcção e a linha recta que criaram. O posterior cruzamento das várias linhas criadas pelos diversos pares de fotões forma um volume no espaço, o que permite reconstruir uma imagem tridimensional do tumor e do seu metabolismo.

Parece fácil, mas não é. Um dos segredos do equipamento PET, e do protótipo português, está nos mais de 12 mil cristais cintilantes que se escondem nas placas de detecção. São esses cristais que recebem os fotões libertados e os convertem num sinal de corrente eléctrica. O curioso é que estes cristais, de reduzidas dimensões, foram originalmente criados e desenvolvidos pelos laboratórios da Organização Europeia de Investigação Nuclear (CERN), sendo actualmente usados num dos detectores do LHC, o grande acelerador de partículas. Ou seja, a mesma tecnologia que é usada para tentar detectar o bosão de Higgs, a tão badalada partícula subatómica que está na base de toda a matéria, é igualmente usada na medicina contra o cancro.

No caso específico do PET-Mamografia, existem duas placas giratórias de detecção, distanciadas de forma paralela a 40 centímetros, e que são usadas para contornar o objecto analisado, a mama, que está no centro. Cada uma das placas tem dez centímetros de espessura e 20 centímetros de altura e largura, o que as torna muito mais pequenas em relação ao anel de detecção de um PET de corpo inteiro, que tem comprimentos de cerca de um metro.

Estas dimensões reduzidas só foram possíveis através de uma inovação que ameaça revolucionar a tecnologia PET. Para esse fim, substituíram-se os fotomultiplicadores usados nos detectores PET (e que mais não são do que detectores ópticos inseridos num tubo de vácuo), por fotodíodos de avalanche, pequenos semicondutores electrónicos de alta sensibilidade. Estes são depois colocados em cada uma das pontas dos cristais cintilantes que vão detectar os fotões.

Em grande parte, é tudo muito parecido com a evolução que ocorreu depois da integração da electrónica na microinformática. Antigamente, era necessária uma grande sala para albergar um computador, mas hoje em dia ele cabe num bolso. Para a tecnologia PET, a grande vantagem é que se está a utilizar um elemento muito mais pequeno e sensível do que o anterior, resultando em detectores mais pequenos que permitem uma maior aproximação à zona examinada.

"Quando se tem o detector mais próximo de uma zona, a sua resolução aumenta, podendo analisar-se melhor o tumor. Ao mesmo tempo, com uma electrónica mais rápida como a nossa, consegue-se também uma maior quantidade de canais electrónicos no mesmo detector, o que implica uma maior sensibilidade e especificidade na detecção", diz Vasco Varela. "O que acabámos por fazer foi revolucionar a área da electrónica de detecção."

Quase todas as histórias têm um herói, e esta também tem o seu. João Varela é um dos investigadores do LIP que estão a trabalhar no CERN, sendo um dos responsáveis por um dos detectores de partículas (o CMS) que está instalado no LHC.

Uma das missões do CERN passa por estudar a física de altas energias, existindo o interesse em promover processos de transferência de tecnologia para o mercado. Foi com base nesta premissa que brotou do investigador português a ideia de utilizar este conhecimento tecnológico, lançando-se na aventura de criar em Portugal um projecto que utilizasse os cristais desenvolvidos no CERN e a tecnologia electrónica que conhecia. E assim começou uma caminhada, plena de cooperação, que levou até ao protótipo em causa.

Em 2003, é criado um consórcio formado por instituições de diversas áreas científicas, da física, da engenharia e da medicina. Estas cooperaram para o desenvolvimento da máquina, aliando as suas capacidades de investigação e desenvolvimento aos conhecimentos adquiridos por João Varela ao longo da sua carreira profissional.

De início, o consórcio era financiado na íntegra por investimentos públicos, mas ao longo do tempo esse financiamento diminuiu até aos 75%. Daqui resultou a necessidade de criar uma empresa que se encarregasse de encontrar o capital necessário para levar as ideias a bom porto. Em 2008, é fundada a PETsys, que passou também a liderar o consórcio e a promover a tecnologia resultante do PET-Mamografia.

Em Agosto de 2009, dá-se início à fase piloto dos testes clínicos, no Instituto Português de Oncologia do Porto. Todavia, a falta de uma logística e de infraestruturas específicas obrigou a que os testes efectuados tenham sido em muito menor número do que o esperado. A solução passou por esperar que o novo centro do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde, em Coimbra, ficasse construído. Assim que o instituto ficou pronto, foi feito um protocolo para a instalação de um PET-Mamografia nas suas instalações, de modo a continuar os testes. Apesar de tudo, os testes realizados indicaram que a máquina funcionava, mostrando-se capaz de detectar tumores na mama entre um e dois milímetros.

Os obstáculos encontrados ao longo do percurso "são as dificuldades próprias de um projecto de grande dimensão, em que é necessário financiamento continuado ao longo dos anos para que ele se concretize", esclarece Vasco Varela, defendendo no entanto que ele "tem dado resultados proporcionais" ao investimento que tem sido feito. "Os financiamentos que até agora obtivemos permitiram manter uma equipa de 40 pessoas a trabalhar desde 2003, tendo daqui saído várias teses de doutoramento e mestrado ligadas ao projecto, assim como mais de 50 artigos científicos publicados em revistas internacionais."

A nova tecnologia já foi patenteada em Portugal, tendo sido também pedidas patentes em alguns mercados internacionais (Europa, Estados Unidos, Japão, Austrália e Brasil). Com o protótipo pronto, só falta vender o produto, mas para isso é necessário uma certificação própria, e essa é, actualmente, a parte mais complicada de todo o processo. A obtenção de um certificado que lhe permita ser usado em meio hospitalar "é mais complexa do que uma máquina qualquer", afiança Vasco Varela. Para tal, será necessário despender mais verbas com pessoas, de modo a fazer os desenvolvimentos necessários para se obter a certificação. Isso vai levar tempo e, como diz a velha máxima, "tempo é dinheiro".


A nível internacional, há diversos grupos de investigação a explorar a tecnologia electrónica usada no protótipo. O consórcio português foi o único que não se limitou a investigar e desenvolver uma parte do equipamento, tendo construído um equipamento PET completo. Porém, esta vantagem inicial pode dissipar-se, caso não seja encontrado financiamento suficiente e em tempo útil para fazer avançar ainda mais o projecto. Perante estes factos, o consórcio anda à procura de investidores, não só nacionais mas também internacionais.

Julgar que a tecnologia do PET-Mamografia se esgota nos exames à mama é não querer ver o potencial mais vasto que a tecnologia tem, potencial esse que foi prontamente aproveitado pela equipa de investigadores. A partir do momento em que se consegue criar um detector deste género, mais pequeno e apresentando uma maior capacidade de resolução, é possível ter uma máquina que pode ser usada em várias aplicações. A mamografia é apenas uma aplicação da tecnologia desenvolvida, pelo que neste momento o grupo liderado por João Varela está também virado para as investigações pré-clínicas, ou seja, para os estudos em animais.

Nos Estados Unidos, tem aumentado a tendência para fazer estudos pré-clínicos em animais de médio porte, como macacos, porcos, cães e gatos. O objectivo passa por testar a eficácia de certas drogas nos tumores que surgem de forma natural nestes animais, sendo o passo seguinte a sua aplicação no tratamento a seres humanos. Este género de investigação tem uma maior taxa de sucesso do que aquele que é feito em ratos de laboratório, representando menores custos de investigação.

Esta tendência levou a que sejam necessários aparelhos PET maiores do que os que hoje em dia existem para analisar um pequeno animal, tecnologia essa que tem uma resolução na casa do milímetro. O problema é que os equipamentos em causa não são capazes de manter tal resolução se afastarmos o detector do objecto analisado, algo que será necessário caso se deseje analisar animais maiores. Oportunamente, a tecnologia PET desenvolvida em Portugal pretende suprir essa lacuna. Enquanto no equipamento para os pequenos animais o espaço entre os detectores é de dez centímetros, na tecnologia portuguesa esse diâmetro já é de 40 centímetros, o que permite introduzir nele um animal de médio porte.

Eis, portanto, um nicho de mercado que o consórcio pretende atacar com unhas e dentes, uma vez que para os testes pré-clínicos não é necessária uma certificação tão difícil e demorada. Deste modo, o equipamento pode chegar ao mercado mais depressa. "Temos razoáveis expectativas de que as primeiras vendas sejam feitas nos Estados Unidos, e daí que estejamos a preparar a criação de uma empresa lá", revela Vasco Varela. O lançamento de um produto na área do PET animal assume, assim, a forma de um atalho para se chegar mais depressa às aplicações clínicas.

Há que frisar, contudo, que o mercado para a tecnologia proveniente do PET-Mamografia está sobretudo no estrangeiro, não em Portugal, onde a procura ainda é muito fraca. A expectativa é que, depois de a tecnologia se afirmar a nível mundial, se possa chegar à produção de cem máquinas por ano. Mas este pensar em grande não se fica por aqui, como confessa o director-executivo da PETsys: "Temos outras aplicações em carteira para explorar o potencial desta tecnologia, sendo que o passo seguinte é o cérebro."


O consórcio

Coordenação científica: Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (Lisboa, Coimbra, Faro)

Ensaios clínicos: Instituto Português de Oncologia (Porto) e Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (Coimbra)

Especificação e ensaios clínicos: Hospital Garcia de Orta (Almada)

Algoritmos e software de reconstrução de imagem: Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa)

Algoritmos de normalização de imagem: Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem (Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra)

Sistemas electrónicos e circuitos integrados: Instituto de Novas Tecnologias (INOV Inesc, Lisboa) e Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação e Desenvolvimento (INESC ID, Lisboa)

Sistemas mecânicos e electromecânicos: Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)

Propriedade intelectual e desenvolvimento empresarial: PETsys (Lisboa) e Taguspark (Lisboa)

O cancro da mama em números

No mundo

1,4 milhões de pessoas foram diagnosticadas com o cancro da mama em 2008 (a doença atinge maioritariamente as mulheres, mas também há vítimas do sexo masculino).

Nesse mesmo ano, o último para que há dados fiáveis, o saldo mortal foi de 450 mil vítimas.

O cancro da mama é o segundo com maior taxa de incidência a nível mundial, a seguir ao dos pulmões.

Em Portugal

4500 casos diagnosticados todos os anos.

1500 vítimas mortais por ano (uma média de quatro por dia).

Os estudos indicam que uma em cada dez mulheres portuguesas irá desenvolver cancro da mama.

O cancro da mama é o que tem maior taxa de incidência em Portugal.

Quando a solução era mutilar

A primeira civilização a notar o cancro da mama foram os antigos egípcios, há mais de 3500 anos. Já nessa altura os médicos dos faraós declaravam que a doença "não tem cura". Foi o pai da medicina ocidental, o grego Hipócrates, quem, em 460 a.C., avançou com a ideia de que os tumores que surgiam na mama se deviam à bílis negra, a qual estaria associada à "melancolia". O sucessor de Hipócrates, o talentoso médico Cláudio Galeno, juntou mais uma peça à teoria, defendendo que a doença afectava todo o corpo, e não apenas uma zona localizada, pelo que não valia a pena remover o tumor.

As ideias do pai da medicina e de Galeno prevaleceram ao longo de quase dois mil anos, até que, no século XVII, começaram a perder credibilidade. A machadada final foi dada em 1769, quando o médico francês Jean Astruc cozinhou um pedaço de tecido com cancro da mama e o comeu, fazendo o mesmo com um pedaço normal do animal. Sabiam ao mesmo, tendo o francês concluído que o tecido com o tumor não poderia ter quantidades anormais de bílis ou ácido, tal como até ali se tinha acreditado.

No século XVIII, os médicos acreditavam então que o cancro da mama era uma doença que se localizava apenas em certas partes do corpo, pelo que a solução apresentada passava pela remoção das zonas afectadas. A segunda metade do século XIX vai ser dominada pelas cirurgias radicais do norte-americano William Halstead: nascia assim a mastectomia. Halstead não se coibiu em remover os seios, as axilas e ambos os músculos do peito num só procedimento, usando um método que consistia em cortar de forma alargada em volta do tumor, removendo todo o tecido num só bloco. A cirurgia assimilava-se a uma mutilação brutal da mulher, mas, para o cirurgião norte-americano, era um mal necessário para evitar outro maior.

No final do mesmo século, este género de cirurgias passou também a englobar a remoção de ambos os ovários. O objectivo era retirar aos tumores os estrogénios, produzidos nos ovários, com que se alimentavam.

Será apenas com Bernard Fisher que a concepção do cancro como uma doença localizada cai em desuso, defendendo o norte-americano, tal como os antigos Hipócrates e Galeno, que o cancro se podia espalhar por todo o corpo. Logo, as cirurgias radicais e em bloco não faziam qualquer sentido. Em 1976, Fisher provava que uma cirurgia conservadora à zona afectada, seguido por radiação ou uma quimioterapia, era tão ou mais eficaz. Desde então, e até aos dias de hoje, o melhor método tem sido a detecção precoce, de modo a actuar rapidamente na eliminação do tumor maligno.

J.P.L.
SUPER 148 - Agosto 2010

Notícia - Auto terapia


A renovada esperança das células estaminais
Por um lado, estão há anos no olho do furacão científico, ético e político. Por outro, são objecto de desejo da medicina, uma luz ao fundo do túnel para as doenças sem cura. As células estaminais, capazes de gerar (e regenerar) qualquer tecido do organismo, já começaram a mostrar o seu imenso potencial terapêutico.

Em 2006, o cientista japonês Shinya Yamanaka, da Universidade de Quioto, anunciou uma descoberta que agitou a comunidade científica. Asseverava que qualquer célula adulta do organismo podia recuar no tempo e recuperar a maravilhosa capacidade de transformação da etapa embrionária, ou seja, converter-se em qualquer das mais de 200 estirpes celulares do corpo humano.

Essa conclusão, à qual chegara, quase em simultâneo, Konrad Hochedlinger, do Departamento de Células Estaminais e Biologia Regenerativa da Universidade de Harvard (Estados Unidos), tornava desnecessário o recurso a embriões humanos para fins de investigação, algo que continuava a ser alvo de considerável rejeição moral por parte de alguns sectores da sociedade. A técnica consiste em obter células adiposas, da pele ou do músculo de um paciente e injectar-lhes um retrovírus (vírus com ARN, em vez de ADN) com quatro dos genes que entram em acção nos primeiros dias do desenvolvimento embrionário humano: Oct4, Sox2, Klf4 e c-Myc. Após algumas semanas de espera, opera-se o milagre: as células infectadas obrigam o seu relógio biológico a fazer marcha atrás e transformam-se em iPSC (induced pluripotent stem cells, ou seja, células estaminais de pluripotencialidade induzida).

A bomba que regenera
Na realidade, as pluripotentes ocupam apenas o segundo degrau na escala de diferenciação celular. Antes, temos as células totipotentes que, ao contrário das anteriores, podem mesmo configurar tecidos pré-embrionários, como a placenta. Numa posição inferior na hierarquia, encontramos ainda as multipotentes, que dão origem a outras da mesma estirpe (gordura, osso, cartilagem, músculo), e as unipotentes, que apenas produzem células homólogas do tecido a que pertencem. Os técnicos utilizam quase sempre as multipotentes, muito úteis para recuperar a pele, os intestinos, o cabelo ou os ossos. Em conjunto, formam a bomba que regenera e purifica o organismo, fabricando a quantidade necessária de células.

Antes do aparecimento das iPSC, a única forma de devolver uma célula à “primeira infância” era injectar o material genético de uma adulta num óvulo a que fora retirado o núcleo. Embora as tentativas para criar células embrionárias através deste método não tivessem resultado, comprovou-se a sua capacidade para regenerar tecidos danificados. Em 2007, Rudolf Jaenisch, investigador do MIT (Instituto Tecnológico do Massachusetts) conseguiu curar um rato de uma anemia falciforme com recurso a células pluripotenciais induzidas. Demonstrava-se assim, pela primeira vez, a sua eficácia terapêutica.

Hoje, as iPSC estão a ser cuidadosamente escrutinadas por cientistas de todo o mundo. Porém, nem tudo são alegrias no laboratório: já se detectou que podem surgir mutações que favorecem o aparecimento de tumores. A culpa dessa consequência recai, principalmente, nos retrovírus utilizados como vectores (veículos para o transporte dos genes), pois são directamente incorporados no ADN da célula hospedeira e permanecem sempre activos. Como se isso fosse pouco, dois dos genes usados pela nova técnica (o Oct4 e o c-Myc) aumentam o risco de cancro.

O laboratório de Konrad Hochedlinger procura evitar esse desfecho substituindo os retrovírus por adenovírus, os quais permanecem activos apenas o tempo necessário para rejuvenescer a célula. É também no mesmo sentido que trabalha o grupo de Juan Carlos Izpisua, professor do Instituto Salk, na Califórnia, e director do Centro de Medicina Regenerativa de Barcelona: decidiram prescindir do mensageiro viral e conseguiram mesmo substituir um dos genes cancerígenos.

A investigação só agora principiou, pelo que os especialistas mostram-se cautelosos. Quanto mais pluripotente for uma célula, mais possibilidades terá de se tornar invasiva, advertem. Efectivamente, as alterações genéticas que as células estaminais acumulam podem ter consequências funestas. Estudos recentes indicam que os tumores malignos nascem e reproduzem-se a partir de células com características semelhantes às pluripotenciais saudáveis, o que poderia explicar as recaídas de muitos pacientes após os tratamentos. Assim, controlar tais efeitos indesejáveis poderia representar um ponto de inflexão.

Falta ver se irão mudar a medicina
Actualmente, a maior parte da investigação básica já é feita tanto com células embrionárias como com pluripotenciais induzidas. “Depois de reprogramadas, possuem a faculdade de se transformarem nos 220 tipos de células do organismo”, sublinha o biólogo canadiano Hans Schöler, do Instituto Max Planck de Biomedicina Molecular, situado em Munster (Alemanha). Doenças actualmente incuráveis, como a de Parkinson ou a diabetes, são o alvo das investigações.

Contudo, num artigo publicado na revista Scientific American, Hochedlinger trava todo esse entusiasmo: “Será preciso responder a muitas perguntas até podermos dizer que as iPSC vão mudar a maneira de exercer medicina, ou que são, efectivamente, equivalentes às embrionárias.” A opinião ilustra o actual debate: enquanto muitos cientistas pensam que é prioritário trabalhar com células estaminais embrionárias, outros apostam nas iPSC como constituindo uma espécie de atalho para ultrapassar os obstáculos de carácter moral e jurídico que se erguem em alguns países.

No que todos concordam é que ainda resta um longo caminho por percorrer antes de a utilização de células não-diferenciadas (quer provenham directamente das primeiras etapas embrionárias humanas ou sejam rejuvenescidas em laboratório) deixar de criar problemas e se tornar uma realidade no combate às doenças. As células embrionárias são provenientes de embriões criados para fecundação in vitro e que nunca foram utilizados. Todavia, a sua obtenção pressupõe a destruição de em­briões, o que provoca uma polémica de carácter ético em torno do assunto. Em Portugal, ainda existe um vazio legal sobre a investigação com este tipo de células, mas o Governo já anunciou que irá legislar sobre a matéria em breve.

O que se está, efectivamente, a tornar uma prática habitual e admitida é a terapia celular com células estaminais adultas. Poderíamos situar a sua origem em 1970, ano em que Edward Donnall Thomas efectuou o primeiro transplante de medula, proeza médica que lhe valeu o Prémio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1990. Consiste em isolar células estaminais da medula óssea, do tecido adiposo ou de outras zonas do corpo humano para regenerar a córnea, a pele ou os ossos, por exemplo. Deste modo, consegue-se evitar o risco de rejeição, dado que o material genético provém do próprio paciente. Estão também em fase adiantada as experiências para substituir células do fígado afectadas, e também neuronais, no caso das doenças de Parkinson e Alzheimer.

Cuidado com os milagres!
Outro caso é o de uma investigação do programa MIT-Portugal, que poderá representar uma derradeira esperança para doentes que sofrem de leucemia. Como se sabe, encontrar um dador de medula óssea compatível pode significar a cura para estes, mas o facto é que, em cerca de metade dos casos, surgem episódios de rejeição que podem ter consequências fatais em alguns dos pacientes. Agora, no âmbito da parceria MIT-Portugal, investigadores portugueses e norte-americanos estão a usar clinicamente células estaminais que conseguem neutralizar a rejeição numa das suas formas mais graves, em que ataca o hospedeiro.

Segundo Joaquim Sampaio Cabral, coordenador do projecto, citado pelo jornal Expresso, “essas células mesenquimatosas podem ser isoladas a partir de vários tecidos do corpo humano mas, no caso presente, foram obtidas da medula óssea. São células que vão ajudar o sistema imunológico do paciente a responder relativamente a um determinado tipo de patologia, chamada doença contra o hospedeiro.” Irá competir, depois, aos investigadores do Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia, do Instituto Superior Técnico, descobrir a melhor maneira de multiplicar as células, assim como ao Centro Lusotransplante de Lisboa fazer que se alcance rapidamente o número a partir do qual se poderá salvar vidas.

Todos estes esforços e precauções em matéria de investigação devem colocar-nos de sobreaviso perante as curas milagrosas prometidas por certas clínicas na internet, quase sempre ineficazes e bastante perigosas. Doentes desesperados viajam até à China, à Ìndia ou a outros países em busca do chamado “turismo das células estaminais”. A revista Science denunciou, recentemente, que algumas empresas japonesas anunciam técnicas com células estaminais para combater a diabetes, a doença de Alzheimer ou lesões na coluna vertebral. Por sua vez, há centros na Alemanha que se oferecem para curar problemas que vão da disfunção eréctil à esclerose lateral amiotrófica. Por outro lado, uma clínica da Costa Rica foi fechada pelas autoridades, em Junho passado, por ter enganado muitos norte-americanos, os quais chegavam a pagar 30 mil dólares por um tratamento celular fictício.

Por muito inovadoras que as técnicas pareçam ser, a arte de enganar o próximo é ancestral e há quem não tenha escrúpulos em prometer a cura para a leucemia ou mesmo o síndroma de Down. Desconfie dos génios e das genialidades: a ciência avança cautelosamente por um terreno muito promissor mas que ainda está longe de constituir a panaceia para todos os males.

O elixir do rejuvenescimento
Desde há vários anos, os tratamentos com células estaminais são uma rea­lidade para problemas muito concretos, como queimaduras ou certas lesões ósseas, mas as expectativas são muitas e aumentam cada vez mais. Eis alguns dos avanços recentes neste campo da medicina regenerativa.

Contra a velhice prematura. Investigadores norte-americanos conseguiram que o processo de envelhecimento precoce desencadeado pela disqueratose congénita fizesse marcha atrás. Produz-se devido a uma perda acelerada de telómeros (as extremidades dos cromossomas), o que poderia ser corrigido multiplicando a actividade do gene TERC, que possui uma presença três vezes superior nas células pluripotenciais induzidas (iPSC).

Voltar a ver. Em Janeiro, um grupo de cientistas espanhóis apresentou um estudo no qual se demonstrava que 88,9% dos casos de cegueira por doenças da córnea podem ser revertidos através de um tratamento com células estaminais cultivadas em laboratório.

Novos dentes.O especialista britânico Paul Sharpe, do Dental Institute of King’s College, em Londres, afirma que a dentadura perdida pode voltar a crescer em poucos meses desde que se espalhe células pluripotenciais nas gengivas. Até agora, a técnica funcionou em ratos.

Peito à estreia. No Bernard O’Brien Institute of Microsurgery, na Austrália, demonstraram que, com um molde biodegradável e células estaminais provenientes das próprias pacientes, volta a crescer o tecido adiposo peitoral perdido numa mastectomia.

Batimentos anafados. Cientistas da Universidade de Granada (Espanha) conseguiram que células-mãe de matéria adiposa se metamorfoseassem em cardiomiócitos, células do músculo cardíaco com capacidade de se contrair.

Intestino sobressalente. O investigador japonês Yoshiyuki Nakajima, da Universidade Médica de Nara, fabricou um intestino de dois milímetros de diâmetro e cinco de comprimento, 100% operacional, a partir de iPSC de rato.

Doença de Crohn. Se os ensaios efectua­dos até agora forem bem-sucedidos, esta inflamação intestinal crónica poderá ter cura. Trata-se de extrair células não-diferenciadas da medula do paciente e utilizá-las para repovoar o sistema imunitário, previamente limpo pela quimioterapia, para evitar que ataque a flora intestinal.

Adeus, incontinência! Peritos do Vanderbilt University Medical Center, doTennessee, estão a testar uma técnica que consiste em extrair células estaminais das coxas para serem injectadas na bexiga e poderem reconstituir o seu mecanismo.
Ossos que esticam. A capacidade de regeneração natural do tecido ósseo é limitada. Para remediar a situação, peritos da Universidade de Estrasburgo (França) cultivam células estaminais adultas juntamente com proteínas BMP. Estas dão origem a osteoblastos e condroblastos, células que se transformam em ossos e cartilagens, respectivamente.



Camaleónicas, mas diferenciadas
Tal como o seu nome indica, as chamadas “células-mãe” são aquelas que têm filhas, mas variam entre as muito versáteis e as mais limitadas, consoante a sua proveniência concreta. Assim, as pluripotenciais são consideradas o Santo Graal da medicina, devido à sua capacidade para gerar e regenerar qualquer tecido do organismo. Como se pode observar na infografia à direita, essa faculdade decresce quando o embrião completa uma semana; nessa altura, já só produzem células de órgãos concretos. É a essa categoria que pertencem as que se obtêm da medula espinal e do cordão umbilical. Por último, as células unipotenciais, que são a esmagadora maioria das que possuímos no corpo, regeneram exclusivamente o tecido a que pertencem. O desafio que se coloca actualmente à ciência consiste em devolver à célula uma parte dos superpoderes da fase mais precoce.



J.M.D./I.J. SUPER 150

Notícia - Areia mágica


Porto Santo, um novo destino de saúde natural
O fenómeno nada tem de novo, mas só agora foi estudado e compreendido: os famosos banhos de areia do Porto Santo têm mesmo eficácia terapêutica. Os cientistas já sabem porquê.

Os banhos de areia na praia da ilha do Porto Santo são praticados há dezenas de anos, por pessoas com patologias do sistema locomotor. Não é só turismo o que se procura naquela ilha do arquipélago da Madeira. É também saúde, e os cientistas descobriram que as propriedades terapêuticas e medicinais da areia e de outros recursos naturais da ilha são um facto.

Mas vamos por partes, que a história é longa e deve ser contada desde o princípio. Há cerca de 40 anos, o então presidente da câmara municipal, Francisco Taboada, endereçou uma carta ao professor Celso Gomes, hoje catedrático aposentado da Universidade de Aveiro, mas na altura professor na Universidade de Angola, solicitando um parecer sobre as virtudes terapêuticas da areia. E justificava: “Após um período de banhos de duas ou três semanas, os pacientes sentem-se tão bem que por vezes deixam na Câmara as canadianas que trouxeram para a ilha.” Acompanhava a carta uma pequena encomenda com areia.

Os pacientes faziam covas na areia seca da zona de transição entre a praia e a duna frontal, deitavam-se nelas e cobriam as partes do corpo afectadas com uma camada de areia muito pouco espessa. Sendo a temperatura da areia bastante superior à do corpo, este transpirava abundantemente. O banho durava entre 15 e 20 minutos, o corpo transpirado fixava fortemente os grãos finos da areia, como um panado, e o banhista, depois de sentir o corpo seco, aproximava-se do mar, sendo a areia retirada do corpo, ainda que com dificuldade, com a água salgada.

À distância, pouco era possível investigar, excepto notar que a areia da praia do Porto Santo era diferente da das outras praias, portuguesas e não só. Os grãos daquela areia possuem composição calcária de origem biogénica e um tamanho invulgarmente pequeno (valor médio à volta de 0,175 milímetros de diâmetro) e uniforme. Os estudos ficaram por aqui, mas o interesse pela questão permaneceu.

Investigação na praia
Só em 1995, estava já Celso Gomes na Universidade de Aveiro, manifestou ao seu aluno João Baptista Pereira Silva, madeirense e natural do Funchal, que frequentava a licenciatura em engenharia geológica, interesse pelo estudo da areia da praia do Porto Santo. Com a necessária anuência, fizeram-se então trabalhos preliminares, de campo e de laboratório. Mais tarde, houve oportunidade de preparar um programa de doutoramento para o engenheiro João Baptista, com o objectivo fundamental de estudar e procurar explicar as propriedades específicas da areia justificativas dos seus efeitos positivos em doenças do foro músculo-esquelético.

O programa de tese abrangia também o estudo de outros recursos naturais do Porto Santo, como a água do mar, a água de nascentes, as argilas (particularmente as do tipo bentonite, únicas em Portugal) e os produtos hortícolas e frutícolas, que se diferenciam dos demais principalmente pelo seu sabor (tomate, uvas, figos, melão, melancia, maracujá...). A tese, Areia de Praia da Ilha do Porto Santo: Geologia, Génese, Dinâmica e Propriedades Justificativas do Seu Interesse Medicinal, seria defendida em provas públicas em 2002.

Vestígios de um recife coralígeno
Os estudos de campo revelaram que havia areia idêntica à da praia do Porto Santo em depósitos posicionados no interior da ilha, e também em certos trechos da costa norte. Por exemplo, na localidade denominada Fonte da Areia, havia uma falésia cuja parte superior era constituída por um depósito muito espesso de areia calcária, claramente de origem eólica. A areia fora removida por acção do vento de uma praia frontal à falésia, praia esta onde a areia foi acumulada depois da desintegração de um espesso recife coralígeno desenvolvido na plataforma costeira de perfil suave.

Datações em amostras de areia carbonatada do Porto Santo, utilizando o método do radiocarbono, revelaram idades de 31 a 15 mil anos, pelo que a desintegração do dito recife teria tido lugar durante a última grande glaciação, quando o nível da água do mar baixou progressivamente, expondo o recife à acção da abrasão marinha.

Os estudos de laboratório confirmaram “a origem biogénica da areia que hoje apresenta a cor ‘dourada’ que suporta o título ‘ilha da praia dourada’ atribuído ao Porto Santo”: “A areia seca na zona de transição praia/duna frontal, em dias de sol, pode atingir temperaturas da ordem de 60 a 65 graus, quando a temperatura do ar é de 24 a 27 graus, a temperatura da água do mar é de 23 a 24 graus e a humidade relativa é de 70 a 80 por cento”, explicam Celso Gomes e João Baptista.

“A areia é constituída por bioclastos (componente maioritário) e vulcanoclastos (componente minoritário, inferior a cinco por cento). Os bioclastos, representados por conchas ou fragmentos de bivalves, de foraminíferos, de algas calcárias, de espongiários e radiolários, são constituídos por três espécies de carbonato de cálcio (calcite, calcite magnesiana e aragonite). Os vulcanoclastos são feldspato e magnetite titanífera. Cálcio, magnésio e estrôncio são os elementos químicos dominantes na composição química da areia, mas outros elementos igualmente bioessenciais, como o iodo, o fósforo, o enxofre e o silício, também estão presentes”, adiantam.

Um balneário de areias
João Baptista, membro investigador da Unidade GeoBioTec da FCT da Universidade de Aveiro, participou, na qualidade de investigador e consultor técnico e científico, em vários programas de saúde que levaram à construção, no Hotel Porto Santo, primeiro de um balneário-piloto e, mais tarde, de um balneário efectivo, para o qual foi proposta a denominação de “Centro de Geomedicina do Hotel Porto Santo”. “O maior número de pacientes que o frequentam, em grupos que são acompanhados de médicos, enfermeiros e nutricionistas, são oriundos dos países nórdicos (Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca). No início das investigações, houve mesmo a contribuição determinante de uma clínica de tratamento de dor de Oslo, e do médico e professor norueguês Bjørg Fagerlund”, relata.

Os efeitos terapêuticos da areia são de dois tipos: termoterápico e quimioterápico. O primeiro tem por base a capacidade da areia para receber e acumular o calor natural da radiação solar, ou o calor artificial facultado no balneá­rio. “O calor é fundamental para melhorar o fluxo sanguíneo e aumentar as aberturas dos poros da pele, que funciona como membrana porosa, deixando sair os elementos químicos transportados em solução pelo suor produzido e deixando entrar ou absorver os elementos químicos que, por dissolução, passaram da areia para o suor.” Quanto ao efeito quimioterápico, baseia-se na incorporação por absorção através da pele dos iões libertos dos grãos carbonatados constituintes da areia, quando estes são parcialmente dissolvidos pelo suor ácido (um pH de 4,5 a 6).

Pode assim dizer-se que a interacção entre a areia carbonatada biogénica do Porto Santo e o corpo humano se faz através de fase intermédia constituída pelo suor de carácter ácido desenvolvido na interface areia/corpo durante o banho de areia, cuja temperatura óptima deve ser ligeiramente superior (40 a 42 graus) à do corpo humano. O suor proporciona a dissolução química parcial dos carbonatos da areia (principalmente os bioclastos resultantes de algas vermelhas): iões de sódio, potássio e cloro, constituintes essenciais do suor, são libertados do corpo, que em contrapartida absorve iões de cálcio, magnésio e estrôncio que passaram da areia para o suor. Findo o banho, à medida que o suor vai secando, os iões vão sendo absorvidos pelo corpo e incorporados nos fluidos celulares e intercelulares e na corrente sanguínea.

As argilas esmectíticas do Porto Santo, resultantes da alteração em ambiente submarino de materiais vulcânicos, umas tradicionalmente utilizadas por residentes da ilha para a preparação de máscaras faciais, outras utilizadas na cobertura isolante das tradicionais “casas de salão”, foram igualmente objecto de investigação. As propriedades deste tipo de argilas são hoje bem conhecidas, assim como as funções que podem desempenhar quando incorporadas em veículos apropriados.

Novas formulações
Os últimos cinco anos dos trabalhos desenvolvidos pelos especialistas foram dedicados à preparação e experimentação de produtos diferenciadores, terapêuticos e cosméticos, tendo por base areia carbonatada biogénica e argila esmectítica do Porto Santo.

O conhecimento das propriedades específicas da areia carbonatada biogénica e da bentonite do Porto Santo, conjugado com o alargamento da equipa a investigadores da Faculdade de Farmácia do Porto e da Universidade Fernando Pessoa, proporcionou o desenvolvimento de produtos diversos com essa finalidade (cremes e leites corporais, máscaras faciais, geles esfoliantes e protectores solares).

As formulações desenvolvidas e os efeitos mostraram-se promissores na fase experimental e têm sido apresentados em várias reu­niões científicas internacionais. Algumas das formulações têm sido testadas com sucesso em pacientes com patologias inflamatórias das articulações, nomeadamente do joelho, do ombro e do cotovelo.

As máscaras à base de tipos especiais de argila são as preparações cosméticas mais antigas. A argila participa, quer como excipiente dando corpo às preparações, quer como agente activo importante na preparação de formulações com diversas acções. Assim, as máscaras faciais/corporais podem apresentar funções de limpeza, esfoliante, tonificante, desengordurante, adstringente, tensora, hidratante e branqueadora.

Além da esfoliação, é conveniente a utilização de produtos cosméticos e de higiene corporal com propriedades hidratantes e emolientes que contribuam para a manutenção das propriedades mecânicas da pele, nomeadamente a flexibilidade, a plasticidade e a elasticidade. Com este fim, foram desenvolvidos também produtos complementares de limpeza e hidratação, nomeadamente um gel de banho e uma loção hidratante contendo Aloe vera, para reposição do filme hidrolipídico da pele, e uma água mineromedicinal refrescante e tonificante beneficiada, tendo por base a água captada no vale da Fontinha, na antiga Casa das Águas do Porto Santo.

Denominação de origem
Por outro lado, está já projectada a preparação e o desenvolvimento de um pelóide (lama terapêutica) cujos componentes básicos são a bentonite, a areia carbonatada biogénica micronizada e a água do mar do Porto Santo. O pelóide seria indicado para o tratamento de problemas articulares (artrose e artrite reumatóide) em unidades locais de geomedicina, talassoterapia, etc.

Uma das preocupações dos investigadores tem sido introduzir nos produtos a desenvolver e a certificar o conceito de denominação de origem. Por isso, está a fazer-se a caracterização detalhada das formulações para registo de produtos e de marcas, tendo em vista o surgimento de empreendedores interessados na produção e comercialização.

No final deste ano, Celso Gomes e João Baptista vão lançar um livro bilingue intitulado Ilha do Porto Santo: Estância Singular de Saúde Natural / Porto Santo Island: Unique Resort of Natural Health, com informação completa sobre os recursos geológicos e outros da ilha do Porto Santo com interesse para a saúde e bem-estar. Os autores admitem que a psamoterapia ou arenoterapia, se associada a outras naturoterapias (climatoterapia, helioterapia, hidroterapia e peloterapia), pode promover e potenciar o Porto Santo como estância singular de saúde natural, o que significa que a pequena ilha pode tornar-se num importante destino turístico, já não pelos banhos de mar ou de sol, mas pelos banhos de areia que tanto intrigavam o autarca Taboada.

Mar de gente
Actualmente, a equipa de investigadores ligada ao estudo e aplicação do potencial terapêutico das areias do Porto Santo inclui, além de Celso Gomes e João Baptista, investigadores da Unidade de Investigação GeoBioTec da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, da Universidade de Aveiro (Fernando Ernesto Almeida e Jorge Hamilton Gomes) e do Centro de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (Delfim Santos, Rosa Pena, Maria Helena Amaral e J.M. Sousa Lobo). Do grupo fazem ainda parte investigadores da Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade Fernando Pessoa, no Porto (Rita Oliveira, Pedro Barata e Carla Gomes).




M.M. SUPER 150

Notícia - Fármacos alucinantes

Cientistas e investigadores de todo o mundo procuram recuperar o potencial clínico do LSD, do ecstasy, dos cogumelos alucinógenios e de outras substâncias psicoactivas de má reputação.

É inevitável associar o psicadelismo ao movimento hippie da década de 1960 e à inspiração dos compositores da década prodigiosa da música pop, mas o certo é que a palavra possui uma origem estritamente terapêutica. Hoje, universidades de prestígio como Harvard ou a Johns Hopkins voltam a estudar os efeitos benéficos exercidos sobre a mente por drogas psicadélicas como o LSD, o ecstasy, os fungos alucinogénicos (os conhecidos “cogumelos mágicos”), a marijuana, a ayahuasca ou a raiz africana ibogaína.

Poderia afirmar-se que a história das substâncias psicoactivas de laboratório “arrancou” em 1943, quando o químico suíço Albert Hofmann descobriu o ácido dietilaminolisérgico, mais conhecido por LSD. Hofmann trabalhava para os laboratórios Sandoz, que distribuíram amostras do produto por instituições de todo o mundo, sob o nome comercial de Delysid. Dado que reproduzia a percepção alterada da psicose, foi amplamente estudado e aplicado por psicanalistas e psiquiatras, dando assim origem à chamada “terapia psicadélica assistida”. Durante os anos 40 e 50, foram realizados mais de mil ensaios com cerca de 40 mil alcoó­li­cos, toxicodependentes, autistas, pacientes obsessivo-compulsivos, vítimas de distúrbios psicossomáticos e doentes terminais com problemas psicológicos. O psiquiatra britânico Humphry Osmond afirmou ter constatado uma “surpreendente taxa de recuperação e de continuação da abstenção”, com uma única sessão, no tratamento de um alcoólico. Foi também demonstrado que os alucinogénios produziam experiências estéticas e místicas.

Quando as drogas chegaram à rua, os ensaios começaram a ser questionados. Os títulos sobre a maléfica influência de um demoníaco LSD nos jovens começaram a chamar a atenção da sociedade. “Lancem ácido e não bombas!”, foi um dos lemas da contracultura, que andava igualmente a experimentar a psilocibina (componente activo dos fungos alucinogénicos) e a mescalina.

O vírus psicadélico começou a expandir-se, precisamente, em 1960, quando Timothy Lear (1920–1996), um professor de psicologia, regressou de uma viagem ao México. Ficara impressionado com os efeitos dos referidos fungos, utilizados durante milénios pelos maias, aztecas e outras culturas indígenas. Richard Alpert, igualmente professor de psicologia, e Huston Smith, filósofo do MIT, acompanharam Leary na criação do Projecto Psilocibina, em Harvard. Administraram a substância a 32 jovens reclusos da prisão de máxima segurança de Concord, no Massachusetts, e complementaram o ensaio com sessões de psicoterapia. Apenas 25 por cento voltaram à cadeia depois da sua libertação, e os testes de personalidade efectuados antes e depois da experiência revelavam uma apreciável evolução.

Timothy Leary, classificado por Richard Nixon como “o homem mais perigoso do mundo”, acabou por ser expulso de Harvard. No final dos anos 60, o LSD, a mescalina e a psilocibina foram incluídos na Lista I de substâncias proibidas (drogas sem aplicação terapêutica e com elevado potencial criador de dependência), a par da heroína ou da cocaína. Apenas o Exército e a CIA continuaram a estudar em segredo a capacidade do LSD para debilitar o inimigo ou controlar a sua mente. Os indivíduos sujeitos a experiências morriam de riso, abandonavam as armas ou dedicavam-se a alimentar os animais.

A actual renovação de interesse por estas substâncias podia ser comprovada em San Jose, cidade californiana que acolheu, em Abril, a conferência Ciência Psicadélica no Século XXI. O encontro de psiquiatras, farmacologistas, neurologistas e terapeutas foi organizado por Rick Doblin, fundador da Associação Multidisciplinar de Estudos Psicadélicos (MAPS), que resume da seguinte forma a sua filosofia: “Pretendemos que as pessoas não tenham medo ou pensem que o passado se irá repetir: queremos retomar a investigação científica.” Um tema recorrente na conferência foi a necessidade de ser prudente até estar na posse dos dados das investigações em curso, e de aprender com os erros cometidos nos anos 60.

As semelhanças entre as sensações místicas produzidas em estados de meditação profunda e as experiências psicadélicas têm chamado especialmente a atenção dos estudiosos. Em 2006, Roland Griffiths, professor catedrático de biologia do comportamento na Universidade Johns Hopkins (Baltimore), administrou psilocibina a 36 pessoas saudáveis. Nos 14 meses posteriores à experiência, os voluntários mostraram sentir-se mais felizes e avaliaram a experiência como uma das mais importantes da sua vida, comparável à do nascimento de um filho ou à morte de um parente próximo.

A psilocibina está também a ser estudada por Stephen Ross, da Universidade de Nova Iorque, para tratar a ansiedade e a depressão em doentes terminais. Por sua vez, uma equipa de cientistas da Fundação Beckley (Reino Unido) utiliza LSD em estudos sobre criatividade e estados alterados de consciência. Além disso, tanto o ácido lisérgico como o princípio activo dos fungos alucinogénicos parecem aliviar as terríveis dores de cabeça que afectam as pessoas que sofrem de cefaleia em cachos, também conhecida por “cefaleia suicida”.

De qualquer modo, ninguém está em condições de assegurar que os compostos psicadélicos curam seja o que for, e as severas restrições legislativas permanecem. “Nenhuma droga que afecte o cérebro é totalmente segura”, explica Griffiths, “mas, ao contrário do álcool ou da cocaína, os alucinogénios clássicos não são fisicamente tóxicos nem criam dependência. Nos Estados Unidos, foi decidido mantê-los na Lista I. Ter uma quantidade de substâncias destinadas à investigação e considerá-las simplesmente perigosas é um caso sem precedentes para a ciência.”

Efectivamente, as substâncias psicadélicas exercem os seus efeitos benéficos sob o controlo de psicólogos ou psiquiatras especializados, que seguem protocolos internacionais. Em contrapartida, o consumo fora destes parâmetros e de ambientes controlados acarreta múltiplos riscos, mais graves ainda do que a aquisição no mercado negro de produtos adulterados. A complexidade de integrar as experiências na vida quotidiana, com o consequente desbloqueio de conteúdos reprimidos pelo inconsciente, pode provocar ansiedade, agravamento de doenças mentais, desequilíbrios emocionais...

“Administrado de forma adequada, o LSD não é mais perigoso do que outros fármacos. Creio que, um dia, será um medicamento como qualquer outro”, afirma Peter Gasser, que estuda na Suíça os efeitos ansiolíticos do ácido lisérgico em doentes terminais. E acrescenta: “Sob a influência dos alucinogénios, os indivíduos transcendem a sua identificação primária com o corpo e experimentam estados livres do ego. Depois, regressam com uma nova perspectiva e uma aceitação profunda da constante da vida: a mudança.”

David Nichols, professor de farmacologia médica na Universidade Purdue (Estados Unidos) e fundador do Heffter Research Institute, é considerado um dos maiores especialistas mundiais em substâncias psicadélicas. Obteve igualmente autorização para produzir e desenvolver experiências com LSD, que “desempenhou um papel determinante no estudo da comunicação entre os neurónios e na descoberta do neurotransmissor serotonina”, recorda. “Reconhecer que as drogas psicoactivas podiam influir tão profundamente no comportamento”, prossegue Nichols, “incentivou uma grande quantidade de estudos nos anos 50 e 60. Se uma pessoa sofria de esquizofrenia em 1940, o médico dir-lhe-ia que a mãe não a criara ou alimentara bem. Foram esses estudos que conduziram ao aparecimento dos actuais antidepressivos, como o Prozac.”

Na conferência de San Jose, um dos participantes foi o psicólogo clínico espanhol José Carlos Bouso, que foi autorizado a dirigir, no ano 2000, o primeiro ensaio clínico no mundo com 3,4-metilendioximetanfetamina (mais conhecida por ecstasy), na Universidade Autónoma de Madrid. Tinha por objectivo avaliar a sua eficácia no tratamento do stress pós-traumático crónico em mulheres vítimas de agressões sexuais que não apresentavam melhoras com os métodos convencionais. Embora o governo tivesse apoiado inicialmente a experiência, as licenças foram revogadas passado alguns meses no meio de alguma agitação mediática. “O MDMA é promissor para o stress pós-traumático, pois intervém no núcleo do problema”, explicou Bouso no encontro: “Ao induzir um estado de descontracção em que as emoções deixam de ser ameaçadoras, permite gerir as vivências com o especialista num período mais curto do que a psicoterapia tradicional.”

Actualmente, Bouso segue outra linha de investigação e trabalha, em conjunto com o farmacologista clínico Jordi Riba, do hospital de Sant Pau (Barcelona), com a ayahuasca, uma infusão elaborada com base na liana Banisteriopsis. Em concreto, estudam os efeitos neuropsicológicos em consumidores saudáveis. Há cinco anos, Riba já tinha registado através de um SPECT (tomografia por emissão de fotão único) a forma como a droga activava as zonas do cérebro responsáveis pela memória e pelas emoções. Por sua vez, o psiquiatra José Maria Fábregas, director do Centro de Investigação e Tratamento de Dependências, apresentou na reunião de San Jose os resultados de uma investigação, coordenada por Bouso, que estudara brasileiros com uma experiência de 15 anos como adeptos do chá psicadélico. Os resultados mostravam que não tinham quaisquer alterações neuropsicológicas ou psiquiátricas. De facto, em Fevereiro deste ano, o governo do Brasil legalizou o uso da ayahuasca em contextos religiosos.

É muito diferente o caso do ecstasy, objecto de debate devido às mortes de jovens consumidores. Há alguns anos, os meios de comunicação social divulgaram uma “experiência errada”, que consistia em administrar a símios doses massivas de uma substância que, afinal, se veio a determinar não ser MDMA. O ensaio constatou que a substância causava uma lesão neurológica irreversível. Posteriormente, o reconhecimento do equívoco não teve o mesmo eco, como é habitual.

É verdade que um consumo excessivo e prolongado da popular droga “recreativa” ou “de desenho” altera provavelmente diversas funções cognitivas, nomeadamente a memória, mas Doblin explica que “a falta de informação constitui um grande problema para os jovens”, e não vê que o caso seja tão linear. “Os consumidores dançam e consomem ecstasy durante horas. Se não se hidratarem correctamente, podem sofrer hipertermia, e a culpa tem sido exclusivamente atribuída ao próprio MDMA”, exemplifica. “No entanto, também podemos ficar intoxicados se bebermos demasiada água. Além disso, quando se compra droga no mercado negro, não se sabe o que se está a adquirir. O paciente tratado com ecstasy é acompanhado por dois terapeutas e tem sessões de psicoterapia antes, durante e depois do processo.”

Em Fevereiro passado, a FDA (agência norte-americana que autoriza a investigação e a comercialização dos medicamentos) deu luz verde à segunda fase de um estudo, a cargo da MAPS, dirigido por Michael Mithoefer com o objectivo de tratar com MDMA antigos soldados vindos do Iraque e do Afeganistão, grupos que registam uma elevada taxa de suicídios e distúrbios de stress pós-traumático. Actualmente, são medicados com cocktails de antidepressivos e anticonvulsivos. Além disso, o estado da Califórnia vai realizar, no próximo dia 2 de Novembro, um referendo para legalizar a marijuana. Até agora, a actual directora da agência norte-americana contra a droga (DEA), Michele Leonhart, tinha-se oposto aos estudos com esta planta, mas a crise económica parece ter mudado a posição oficial. Apesar disso, o estado do Texas condenou, em Abril passado, um indivíduo a 35 anos de cadeia pela posse de cem gramas.

Por outro lado, os efeitos adversos de certos fármacos autorizados poderiam servir de incentivo à investigação com substâncias proibidas. Em 2008, a FDA apresentou um estudo que relacionava o consumo de antidepressivos, como o Prozac ou o Seroxat, com o aumento de comportamentos violentos e suicidas entre os jovens; em 2001, um jurado considerou que o Seroxat levara um homem a matar a mulher, a filha e a neta e a suicidar-se em seguida. O fabricante do fármaco, a GlaxoSmithKline, foi condenado a pagar 6,5 milhões à família.

Porém, nem assim as alternativas psicadélicas têm o caminho facilitado. “É improvável que as companhias farmacêuticas mostrem interesse por estas drogas, pois não rendem patentes e os tratamentos duram pouco”, explica Rick Doblin.

Oito drogas com vocação medicinal

LSD – A dietilamida de ácido lisérgico (LSD-25) é uma substância semi-sintética que provém do alcalóide da ergotina, presente no fungo esporão-do-centeio. Efeitos: alucinações, distorções temporais, sinestesia (confusão dos sentidos) e experiências místicas. Vantagens terapêuticas: tratamento de dependências, cefaleia em cachos, síndrome de Asperger e ansiedade em doentes terminais.

Ibogaína – Alcalóide extraído da raiz do arbusto Tabernanthe iboga, procedente da África equatorial. Efeitos: aumenta a força muscular, é afrodisíaco, produz alucinações e promove a introspecção. Vantagens terapêuticas: tratamento de dependências.

Ayahuasca – Infusão amazónica com, pelo menos, dois ingredientes: uma planta que contenha um inibidor da monoaminoxidase (IMAO) e outra que forneça o princípio psicoactivo, a dimetiltriptamina (DMT). É consumida como remédio caseiro e em cerimónias religiosas. Efeitos: introspecção, visões, sinestesia e experiências místicas. Vantagens terapêuticas: tratamento de dependências, depressão e ansiedade.

Salvia divinorum – Descoberto no México em 1939, este vegetal era utilizado pelos xamãs. Efeitos: estado onírico sem perder a consciência (sonho consciente), riso incontrolável e introspecção. Vantagens terapêuticas: combate a dor, a insónia e o stress.

Mescalina – Os índios navajo norte-americanos e os huicholes mexicanos utilizam este alcalóide de plantas cactáceas em rituais desde tempos remotos. Consome-se mastigando os botões do peiote ou bebendo o caldo do cacto-de-são-pedro fervido. Efeitos: frouxidão muscular e distorções perceptivas. Vantagens terapêuticas: tratamento de dependências.

Psilocibina – Muitos fungos (em especial os do género Psilocybe) contêm este alcalóide. Efeitos: alucinações, hilariedade, sinestesia, experiências místicas e dissolução do ego. Vantagens terapêuticas: tratamento do distúrbio obsessivo-compulsivo, da depressão e da ansiedade em doentes terminais.

Marijuana – A tetrahidrocanabinol (THC) é o principal componente psicoactivo da planta Cannabis sativa. Efeitos: hilariedade, loquacidade, estado de sonolência, aumento do apetite e distorção temporal; pode também causar pânico ou taquicardia. Vantagens terapêuticas: desde a eliminação de náuseas na quimioterapia ao tratamento da insónia e da epilepsia ou ao alívio da dor em diversas doenças.

Ecstasy – A 3,4 metilendioximetanfetamina (MDMA) é um composto derivado de substâncias vegetais como o safrol (óleo de sassafrás) ou noz-moscada. Efeitos: euforia, abertura afectiva e desinibição. Vantagens terapêuticas: cura de traumas psicológicos e da depressão em doentes terminais.


Ouso de drogas alucinogénicas é tão antigo como a humanidade. Nas pinturas rupestres da caverna paleolítica de Tassili n’Ajjer, na Argélia, uma figura antropomórfica (provavelmente um xamã) surge rodeada de silhuetas de cogumelos e leva uma porção nas mãos. Posteriormente, na Grécia Antiga, celebraram-se durante 2000 anos reuniões e rituais de iniciação na cidade de Elêusis, perto de Atenas, em honra da deusa da agricultura, Deméter, e da sua filha, Perséfone.

Nos chamados “mistérios eleusinos”, bebia-se kykeon, uma mistura de água, ervas e cevada que se pensa poder ter estado contaminada pelo esporão-do-centeio, um fungo psicoactivo que parasita diferentes tipos de cereais e que contém LSA, precursor do LSD. O único requisito para ser iniciado e fazer parte da cerimónia era não revelar o que lá acontecia. Platão e outros filósofos atenienses participaram nesses rituais celebrados anualmente, considerados dos mais importantes da Antiguidade

Por sua vez, os xamãs siberianos recorriam ao cogumelo Amanita muscaria.Consta também que usavam soma, misteriosa planta da Índia presente em ri­tuais védicos e persas, embora pudesse tratar-se do cogumelo Amanita.


A.M.
Super Interessante

Notícia - Bastonário diz que há excesso de alarme na resposta à gripe A

O bastonário da Ordem dos Médicos criticou hoje o “excesso de alarme e zelo” na resposta à gripe A H1N1. "Não passa de uma gripe, uma doença banal, pouco letal", afirmou Pedro Nunes.

O bastonário entende que “o melhor contributo da Ordem dos Médicos é chamar a atenção dos médicos e, através deles, das pessoas, de que isto é uma doença banalíssima e que não é preciso andarmos todos assustados”.

Pedro Nunes falou à agência Lusa à margem da inauguração da nova sede do Distrito Médico de Beja da Ordem dos Médicos. Segundo o bastonário, a gripe A foi, para já, "uma oportunidade para criar algumas normas de educação cívica" e até para concretizar no terreno medidas de contenção "para doenças eventualmente mais graves".

Pedro Nunes disse ainda que concorda com o plano de vacinação definido pelo Ministério da Saúde - “está dentro do que era previsto” porque obedece a “consensos internacionais”, explica.

“Não vale a pena lançar demasiado ruído sobre esses consensos. É evidente que há opiniões diversas, mas, de uma forma geral, tecnicamente são fundamentados” e Portugal tem de se “integrar na comunidade internacional”.

Em Portugal, a campanha de vacinação contra o vírus H1N1 arranca a 26 de Outubro e vai contar, numa primeira fase, com 49 mil vacinas, a distribuir pelos “grupos prioritários”.

Entre estes grupos estão os profissionais de saúde considerados “dificilmente substituíveis” e as grávidas “no segundo e terceiro trimestre de gravidez e com patologias graves associadas”.

Outro grupo que irá prioritariamente receber a vacina é o dos profissionais que desempenhem “actividades essenciais”, como funcionários de empresas que fornecem serviços de gás, electricidade, comunicações, segurança, saneamento e também os da comunicação social.

Na primeira fase, durante a qual o Ministério da Saúde estima vacinar um milhão de portugueses até Janeiro, deverão ainda ser vacinados os titulares de órgãos de soberania.

Público

Notícia - Gripe A faz segunda morte em Portugal

O Ministério da Saúde informou que morreu mais uma pessoa com gripe A.
O doente, um homem de 53 anos internado no hospital de São João no Porto, faleceu de pneumonia bilateral, provocada pelo vírus H1N1.
A vítima estava hospitalizado desde dia 14 de Setembro nos cuidados intensivos e não tinha doenças de base.
Esta é a segunda morte de Gripe A registada em Portugal. O primeiro caso deu-se no passado dia 26 de Setembro, e vitimou um homem de 49 anos.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Notícia - Terceira morte por gripe A em Portugal

Uma doente infectada com o vírus H1N1, que foi mãe recentemente, morreu esta madrugada no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde se encontrava internada desde 18 de Agosto, informou o Ministério da Saúde.

A mesma fonte adiantou que se trata de uma puérpera de 32 anos, "sem doença de base", e que se encontrava internada na Unidade de Cuidados Intensivos do hospital.

A causa da morte foi "pneumonia bilateral provocada pelo vírus H1N1", segundo a mesma fonte

Trata-se da terceira morte por H1N1 em Portugal e acontece um dia depois de conhecido um outro caso fatal, um homem de 53 anos que morreu no Hospital de São João, no Porto, em consequência de pneumonia bilateral.

A 26 de Setembro foi conhecida a morte de um homem de 49 anos no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, vítima também de uma pneumonia provocada pelo mesmo vírus.