segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Notícia - Dupla de biólogos ibérica descobre nova espécie de escaravelho na Serra de Monchique
A dupla de biólogos formada por Amália Espiridão Oliveira (Universidade de Évora) e Vicente Ortuño (Universidade de Alcalá – Madrid) descobriu uma nova espécie escaravelho no sítio Rede Natura 2000 da Serra de Monchique, a que deu o nome Microlestes alljezurensis.
O escaravelho da família Carabidae, que é descrito num artigo agora publicado na revista Zootaxa, distingue-se das outras seis espécies do mesmo género que ocorrem em território nacional, devido a três características anatómicas - presença nos machos de: pequenos dentes nas patas, uma ranhura no último segmento abdominal, e um dente na face ventral do órgão reprodutor.
Os vários exemplares de M. aljezurensis que permitiram esta descrição foram capturados entre abril e junho, numa área de apenas 9 km2 a baixa altitude (150-230 m), em zonas de montado de sobro com e sem esteva e em manchas arbustivas em que predominavam o medronheiro, a esteva, a roselha e espécies do género a que pertence rosmaninho.
A descoberta da nova espécie de escaravelho aconteceu no âmbito do trabalho de campo do projeto de doutoramento de Amália Espiridão, intitulado “A comunidade de Carabidae do Sitio RN2000 da Serra de Monchique”.
A mais recente descrição científica de uma espécie nova do género Microlestes antes de M. aljezurensis na Península Ibérica, onde ocorrem 16 espécies, tinha acontecido em 1941. No presente artigo, para além da descrição científica da espécie, é apresentada uma chave de identificação atualizada das espécies do mesmo género que ocorrem na Península Ibérica, uma vez que a chave disponível datava de 1927.
Fonte: Filipa Alves/Zootaxa
domingo, 19 de fevereiro de 2017
Professor(a)/Explicador(a) 3º ciclo e secundário - Moncarapacho M/F
Procuramos professor(a)/explicador(a) para centro de estudos em Moncarapacho.
Preferencialmente alguém com experiência em ensino 3º ciclo e/ou Secundário.
Por favor enviar CV p/
explicacoesmoncarapacho@gmail.com
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Biografia - Luís Pasteur
Hoje, quando tossimos em público, temos o hábito de colocar a mão na boca. Não é apenas por boa educação, esse pequeno gesto generalizou-se no início do séc. XX, depois do cientista Luís Pasteur ter descoberto anos antes que os micróbios se podem transmitir entre as pessoas apenas pela tosse. Pelo seu contributo para a cura de inúmeras doenças através de vacinas Pasteur podia ter sido o primeiro Prémio Nobel da Química e Medicina, porém, morreu um pouco cedo de mais e o seu contemporâneo sueco Alfredo Nobel só em 1896 decidiu criar esse prestigiado galardão, atribuído apenas a partir de 1901.
A segunda metade do séc. XIX foi o primeira grande época das descobertas científicas na química, medicina e princi-palmente biologia – e contou com um número considerável de grandes investi-gadores que transformaram o mundo, até aí pasto de mortíferas e inexplicáveis doenças, num planeta onde a mortalidade infantil começou a decrescer visivelmente. No séc. XX, as vacinas, os antibióticos e as anestesias permitiam que o sofrimento físico da humanidade fosse significativamente reduzido. Hoje esquecemos como eram comuns epidemias que devastavam números astronómicos de pessoas em vastas regiões dos continentes europeus, africano e asiático, às portas do séc. XX. Em finais de Setembro de 1892 grassava uma epidemia de cólera na Europa que abrangia a Alemanha, Áustria, Bélgica, França e parte da Rússia, ao ponto de ser notícia de primeira página no jornal português O Século. A população de Portugal, devido à situação geográfica e à pouca mobilidade das pessoas, não foi contaminada.
Na base da cura de doenças epidémicas estiveram investigações e estudos levados a cabo, na maior parte dos casos, não por médicos mas por químicos. A Europa de 1815 assistiu à derrota de Napoleão em Waterloo. Em1831 Charles Darwin partiu para a sua viagem à volta do mundo para estudar as origens das espécies. Entre estes dois acontecimentos, nasceu a 27 de Dezembro de 1822, em Dale, no Leste de França, Luís Pasteur, terceiro filho de Jean-Joseph Pasteur, industrial de peles. Luís frequentou a escola de Arbois e em 1839 entrou para o Colégio Real e Besançon para cursar Letras e Ciências, mas curiosamente não teve grande nota a Química, disciplina que o tornaria famoso e admirado. Seguiu-se a Escola Normal Superior, em 1843, tendo-se distinguido como bom aluno nas Cadeiras de Física, Matemática e Química. Os colegas admiravam a sua vontade indomável e as muitas horas que dedicava ao estudo.
Pasteur fez o doutoramento em Ciências, a 23 de Agosto de 1847, apenas com 25 anos. Nesse tempo a ignorância sobre as bactérias era grande e não se sabia que estavam espalhadas no ar, por todo o lado. O médico húngaro Ignaz Semmelweisse, nesse mesmo ano aconselhava todos os médicos a lavarem bem as mãos com água e sabão. Esse simples gesto fez decrescer significativamente o número de parturientes que sucumbia, devido a febres contraídas logo após o parto, provocadas por germes. Mais tarde Pasteur estudaria também os efeitos dos micróbios (termo que data de 1878) causadores das febres puerperais.
Um dos fundadores da química orgânica foi Jean-Baptiste Dumas, que Pasteur sempre considerou o seu pai espiritual, a cujas aulas assistiu na Sorbonne e que foram o incentivo para que o jovem Luís estudante se sentisse atraído em prosseguir os estudos da química do sangue. Depois, entre 1844 e 1847, Pasteur irá estudar os ácidos contidos nos frutos observando-os ao microscópio e expondo-os à luz polarizada, até chegar a conclusões inéditas. Foi o seu primeiro triunfo científico, que apresentou publicamente na Academia das Ciências de Paris. Já professor de Química em Estrasburgo, aos 27 anos, casa com Marie Laurent, filha do reitor da universidade dessa cidade, e tiveram cinco filhos, tendo apenas dois chegados à idade adulta. As mortes de dois filhos ainda muito pequenos com febre tifóide afectaram vivamente o casal Pasteur e foram decisivos para o prosseguimento dos estudos e investigações sobre as doenças causadas por micróbios. Porém Pasteur ficou sobretudo famoso pela descoberta da vacina contra a raiva, em particular pela circunstância de estar em risco a vida e uma criança.
É mundialmente conhecido o caso do rapazinho alsaciano de nove anos, José Meister, que, em Julho de 1885 foi mordido catorze vezes por um cão com a doença da raiva. A mãe suplicou a Pasteur que lhe salvasse o filho. Até à data ninguém sobrevivera a estas mordeduras. O cientista esteve hesitante, porque ainda só testara a sua vacina em animais e era um risco enorme experimentá-lo num ser humano. Pasteur disse mesmo ao seu colega de investigação Emílio Roux que estava disposto a servir ele próprio de cobaia para poder testar a reacção. Porém surgiu esta emergência e Pasteur passou momentos de angústia até se decidir. E pensou: se o rapaz morre depois de vacinado? Como as hipóteses de sobrevivência sem vacina eram nulas, arriscou. Luís Pasteur era químico e hoje diríamos biólogo, mas não era médico, por isso não podia ser ele a ministrar a vacina sob pena de ser processado. Pediu então ao dr. Grancher, seu assistente que o fizesse. Sessenta horas depois de ter sido mordido, José Meister recebeu a primeira de 12 injecções anti-raiva, que lhe foram sendo injectadas uma após outra sob apertada vigilância. Família e cientistas aguardaram várias semanas. Por fim o jovem sobreviveu. Este jovem ficou para sempre agradecido a Pasteur e deu mesmo a vida por ele, já vamos saber como e quando.
A repercussão do sucesso da vacina anti-rábica foi tal que a Academia das Ciências desenvolveu um projecto para criar uma instituição de investigação (futuro Instituto Pasteur) que foi bem acolhido no estrangeiro, tendo o próprio czar Alexandre III contribuído com cem mil francos. O Instituto foi inaugurado em 1888, no mesmo ano em que Vicent Van Gogh pintava na Provença, a sequência dos «Girassóis».
Pasteur foi admitido como membro da Academia de Medicina, em 1873 e em 1882 na Academia Francesa, prestigiadas instituições.
Em 1940, na 2ª Guerra Mundial, quando as tropas de Hitler invadiram a França, um grupo de militares quís forçar a entrada do Instituto Pasteur – onde repousam, numa cripta os restos mortais de Pasteur. José Meister era o responsável pela segurança e, ao verificar que não conseguia impedir os nazis entrassem, suicidou-se (os cientistas nazis tinham a paranóia de estudar os cérebros de pessoas consideras génios). Mas o cérebro de Pasteur não foi roubado.
Luís Pasteur já entrara na História pela sua descoberta, mas o seu contributo para a Humanidade foi muito maior. O estudo da fermentação levá-lo-ia a descobrir o porquê dos vitivinicultores, de diversas zonas do seu país verificarem, com tanta frequência que os seus vinhos se transformavam em vinagre, sendo uma enorme perca para a economia francesa. E isto passou a ser particularmente grave a partir de 1860, depois de assinado o tratado comercial entre a França e a Grã-Bretanha, por se verificar que grande percentagem dos vinhos não resistiam à viagem, estragando-se irremediavelmente. Nessa época a França produzia 50 milhões de hectolitros de vinho por ano. A perda do precioso líquido era uma calamidade. O imperador Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) pediu a Pasteur que investigasse o porquê da fermentação do vinho e proporcionou-lhe as melhores condições de trabalho, equipando laboratórios para que o grande químico pudesse dedicar-se inteiramente a essa investigação. Foi criado, em 1867 o laboratório de físico-química expressamente para Pasteur, na Escola Normal Superior. Depois de aturados estudos o cientista descobriu que submetendo o vinho a um aquecimento elevado durante alguns segundos, e logo de seguida, a um repentino abaixamento da temperatura a menos de dez graus, matava os germes que alteravam os líquidos. Este sistema foi depois utilizado na cerveja e vinho, daí o termo «pasteurizado» que todos conhecemos.
O cientista ao verificar a disseminação de germes no ar lançou as bases da microbiologia (1858-1864). Também estudou a doença que atacava os bichos-da-seda ainda em casulo. Como se sabe, a França tem uma centenária tradição de fabrico de seda natural e as descobertas de Pasteur tiveram uma imensa repercussão na economia do País. Modesto e simples Pasteur recusou receber cem mil francos pelos direitos da vacina contra o carbúnculo que até então dizimava os carneiros da África do Sul e recordava com pesar que o seu colega alemão Liebig tinha autorizado que o seu nome fosse comercializado nas famosas sopas enlatadas. Hoje poucos sabem que Justus von Liebig (1803-1873) foi um eminente químico alemão que estudou a fermentação dos frutos e legumes e foi o fundador da química orgânica, em 1840.
Na vida do casal Pasteur também havia convites irrecusáveis, como aquele que lhes foi feito pelo Imperador Napoleão III para irem passar uns dias com o casal imperial a Compiègne. Napoleão III foi casado com uma espanhola a imperatriz Eugénia do Montijo, extremamente bonita e que morreu com mais de 90 anos.
Pasteur aos 46 anos é vítima de uma trombose que lhe paralisou o lado esquerdo do corpo, mas continuou a trabalhar, mas sabe-se que o cientista era difícil no trato com os colaboradores. Um deles queixava-se. «É uma excelente pessoa, excepto quando trabalhamos com ele. Aí, é inflexível e autoritário».
Por essa época o médico e cientista Robert Koch (1843-1910), prémio Nobel da Medicina em 1905, descobriram, com base nas investigações de Pasteur, que o germe do antraz (doença grave detectada primeiro nos animais e de fácil propagação aos humanos) poderia ser estudado em laboratórios. Koch descobre a cura da tuberculose, que foi conhecida como «bacilo de Koch.» Mas Pasteur também tinha as suas intolerâncias e não quís trabalhar com Koch, porque este, além de alemão, tinha sido militar e lutado contra a França na sangrenta guerra franco-prussiana entre 1870-1871.
Pasteur passou a usufruir de uma pensão dada pelo governo de Napoleão III, a partir de 1887. Sempre a trabalhar em 1882 descobre a cura do carbúnculo. Aos 70 anos recebeu da III República Francesa uma grandiosa homenagem, na Sorbonne, estando presentes representantes dos Governos de Itália, Rússia, Suécia, Alemanha e Turquia. Deve-se à rainha D. Amélia de Orleães e Bragança, de origem francesa teve a iniciativa de abrir em Portugal o primeiro Instituto Pasteur.
Luís Pasteur morreu a 28 de Setembro de 1895 e a viúva opôs-se a que fosse para o Panteón onde repousam os notáveis de França. No ano seguinte passou a repousar numa cripta especialmente concebida para ele no Instituto Pasteur. As cerimónias fúnebres ocorreram em 5 de Outubro no Palácio de Versalhes e tiveram as honras de um funeral de Estado. O cortejo fúnebre saiu da basílica de Nôtre-Dame e o presidente da República Feliz Faure esteve presente. O rei D. Carlos de Portugal fez-se representar pelo seu ajudante de campo e o elogio fúnebre coube a Poincaré, ministro da Instrução. Pasteur ocupa um lugar cimeiro na Ciência mundial do séc. XIX.
Informação retirada daqui
Notícia - Como a rápida Internet está a conquistar o cérebro aos vagarosos livros
É só mais uma desculpa para não ler ou é para levar a sério? A Internet está a mudar-nos o cérebro, isso é certo, mas estará a interferir com a nossa capacidade de ler? O grande problema, diz um neurologista português, é que as pessoas não têm consciência das transformações que se estão a viver.
A Internet está a mudar-nos o cérebro. Esta frase tem saltado para títulos de jornais e para tema de discussões na própria Internet - por vezes, em tom de alarme (DR)
Maryanne Wolf tem na sua lista de livros preferidos O Jogo das Contas de Vidro, de Herman Hesse, uma elaborada biografia ficcionada do mestre de uma austera ordem de intelectuais que se treina para jogar um jogo sofisticadíssimo que é uma síntese de todas as artes e de todo o conhecimento. Não é um romance fácil - mas esta cientista norte-americana que estuda a forma como o cérebro se adapta para aprender a ler também não é uma leitora qualquer. No entanto, ela teve uma enorme surpresa, quando resolveu voltar a lê-lo: "Não conseguia! A minha necessidade de velocidade, fomentada nos últimos anos pela Internet, tornava-me impossível desacelerar e concentrar-me!", confessou.
A Internet está a mudar-nos o cérebro. Esta frase tem saltado para títulos de jornais e para tema de discussões na própria Internet - por vezes, em tom de alarme. Convenhamos que, dito assim, a seco, parece algo assustador - "Oh não, mais uma coisa moderna que está a dar-nos cabo da vida!" Mas esta mudança na intimidade do órgão que nos permite pensar não é algo anormal: se está a ler estas linhas, o seu cérebro já mudou irreversivelmente, e de forma única: aprendeu a ler, algo para o qual os seus genes nunca o prepararam.
A verdade é que todas as nossas experiências nos modificam o cérebro, redesenham-nos os circuitos, como se fosse um computador - mas estes chips cerebrais são feitos de axónios e dentrites, as extensões através das quais os neurónios comunicam, por impulsos eléctricos e sinais químicos, dando forma a ideias e a memórias.
E, quanto mais repetitivas e praticadas forem as nossas acções, mais intenso será esse efeito de plasticidade do cérebro. Os músicos profissionais têm mais matéria cinzenta nas áreas cerebrais relacionadas com o planeamento dos movimentos dos dedos. Os cérebros dos atletas são mais volumosos nas zonas responsáveis por controlar a coordenação entre os olhos e as mãos.
Numa experiência célebre, feita na década de 1990, cientistas britânicos espreitaram para dentro do cérebro de taxistas londrinos, alguns com 42 anos de experiência de trabalho nas ruas da capital britânica, e descobriram que o seu hipocampo posterior, uma área cerebral onde são armazenadas representações espaciais da área que nos rodeia, era muito maior do que em pessoas normais - enfim, que não fossem taxistas com décadas de experiência e um verdadeiro mapa das ruas da cidade de Londres na cabeça...
Vendo bem, parece óbvio que o cérebro vá mudando à medida que aprendemos coisas novas. Mas a descoberta desta plasticidade do cérebro, desta capacidade permanente de se alterar, é algo recente, que ficou assente apenas na década de 1990. Até então, o que se aceitava era algo que a sabedoria popular traduzia no provérbio "de pequenino se torce o pepino": o cérebro não mudava grande coisa desde a infância. O que não se aprendia em pequenino dificilmente se aprenderia em adulto.
Mas tanto a arquitectura do cérebro como as próprias células que o compõem vão mudando bastante ao longo de toda a vida. O que é redesenhado são as ligações entre os neurónios, a comunicação entre as várias áreas do cérebro, a sequência em que são activadas para que completemos uma determinada tarefa.
"Isso que está a fazer, a escrever assim, à mão", diz o neurologista Alexandre Castro Caldas, do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica de Lisboa, notando como a Pública tira notas da conversa, "é-lhe possível porque existe uma pequena área no seu cérebro que guardou memória gráfica das palavras". É por isso, explica, "que às vezes escreve uma palavra à mão, para ver como lhe parece correcto, mesmo quando está a escrever no computador".
Público
sábado, 18 de fevereiro de 2017
Conteúdo - China
O filósofo K'ung-fu-tzu (Confúcio, 551 a.C. – 479 a.C.) desenvolveu o sistema filosófico-religioso do Confucionismo. Este, valoriza os preceitos da bondade, cortesia, moral, integridade, fidelidade e honra.
Outros filósofos importantes foram: Mozi (470 a.C. - 391 a.C.), fundador do Moísmo que enfatiza o pragmatismo. Chuang-Tzu: (369 a.C. - 286 a.C.) considerado um precursor do antinomismo, anarquismo, multiculturalismo e relatividade e, que criticava tanto confucionistas quanto moístas.
Conteúdo - Autismo - Características
O autismo é um transtorno neurológico altamente variável, que aparece pela primeira vez durante a infância ou adolescência e geralmente segue um curso estável, sem remissão. Os sintomas evidentes começam gradualmente após a idade de seis meses, mas geralmente estabelecem-se entre os dois ou três anos e tendem a continuar até a idade adulta, embora muitas vezes de forma mais moderada. Destaca-se não por um único sintoma, mas por uma tríade de sintomas característicos: prejuízos na interação social, deficiências na comunicação e interesses e comportamento repetitivo e restrito. Outros aspectos, como comer atípico também são comuns, mas não são essenciais para o diagnóstico. Os sintomas individuais de autismo ocorrem na população em geral e não são sempre associados à síndrome quando o indivíduo tem apenas alguns traços, de modo que não há uma linha nítida que separe traços patologicamente graves de traços comuns.
Notícia - Portugal candidata-se a centro de alerta de tsunamis
Portugal, através do Instituto de Meteorologia (IM), vai integrar um projecto europeu para alerta precoce de tsunamis e apresenta-se como candidato a acolher um centro regional para o Atlântico Nordeste e Mediterrâneo, anunciou esta sexta-feira o IM.
O primeiro projecto (TRIDEC) é coordenado pelo Centro Geofísico de Potsdam (Alemanha), no âmbito da instalação de futuros sistemas de alerta precoce de tsunamis e tem uma duração prevista de três anos para desenvolver "arquitecturas inteligentes" destinadas ao processamento de grandes volumes de dados que sirvam de suporte à decisão num quadro de alerta de tsunami, segundo informação divulgada pelo Instituto de Meteorologia (IM).
"Tem por objectivo desenvolver ferramentas informáticas capazes manipular grandes volumes de dados. No caso de acontecer um tsunami é necessário analisar um grande conjunto de informação", desde dados sísmicos, ao nível do mar, altura da onda, cenários de tsunamis e ondas expetáveis em vários pontos da costa a cartas de inundação, explicou àc agência Lusa o diretor do Departamento de Sismologia e Geofísica do IM.
"É muita informação que tem de ser rapidamente trabalhada e colocada à disposição do decisor", referiu Fernando Carrilho.
O projecto que agora vai ter início é financiado pela União Europeia, foi "aprovado há dias" e a primeira reunião que dará o "pontapé de arranque" deverá ocorrer em Outubro ou Novembro, acrescentou.
Paralelamente, Portugal propõe-se acolher o Centro Regional de Alerta de Tsunamis na Região do Atlântico Nordeste e Mediterrâneo, no âmbito do sistema de alerta que se encontra em desenvolvimento na Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO, a agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
Além do IM, o projecto integra mais nove instituições de seis países europeus.
No âmbito do sistema de Alerta de Tsunamis para o Atlântico Nordeste e Mediterrâneo e deste sistema que está a ser preparado, Portugal faz-se representar com um grupo de trabalho.
"Para funcionar no futuro, prevê a existência de centros regionais de alerta e, para este em que está Portugal, o país é candidato a albergar o centro que desempenhe essas funções", indicou.
Caso a candidatura vingue, o centro de processamento de dados, em terra, deverá ficar no Instituto de Meteorologia, mas ainda não há apoio explícito dos vários governos envolvidos no processo, nem decisões políticas sobre o modelo de financiamento.
Numa primeira fase, os sistemas de alerta irão ter como preocupação detectar tsunamis originados por sismos no mar.
Biografia - Carolina Michaëlis
Carolina nasceu em Berlim, a 15 de Março de 1851. O pai, Gustavo Michaëlis (1813-1895), era professor de Matemática e dedicou-se ao estudo da história da escrita, ortografia e estenografia - em 1 85 1, era professor na Universidade de Berlim, tendo sido chefe dos Serviços Taquigráficos do Parlamento. A mãe, Luise Lobeck (1809- 1863), era originária de Stettin, onde casaram, em Setembro de 1838.
Carolina, a mais nova de cinco irmãos, perdeu a mãe apenas com 11 anos. Dos sete aos dezasseis anos, estudou na Escola Superior Municipal Feminina de Berlim. Nesse tempo (meados do século XIX), não eram admitidas senhoras nas universidades alemãs. Assim, Carolina Michaëlis teve professores em casa: estudou literatura greco-romana, línguas eslavas, semitas e românicas, onde se integra o português. Também estudou árabe, para poder ler manuscritos no original. Na Universidade de Coimbra, há cadernos de apontamentos seus, escritos nessa língua difícil.
A sua inteligência e as suas qualidades de trabalho eram notoriamente acima do vulgar Sabendo isso, o seu professor Carlos Goldbeck deu-lhe, aos catorze anos, como trabalho de férias, a tradução do Nuevo Testamento. Carolina, que não dominava o castelhano, perguntou admirada ao professor se não se teria enganado... ao que ele respondeu: "Estude. Estude!" E Carolina estudou, traduziu, fez uma pequena gramática de espanhol e um caderno de significados em francês e italiano.
Em 1867, com apenas 16 anos, Carolina começou a publicar, em revistas alemãs da especialidade, trabalhos sobre língua e literatura espanhola e italiana, O interesse pelo português chegou depois. Rapidamente Carolina se tornou conhecida no meio dos estudos filológicos da Europa. O eminente professor Gaston Paris escreveu-lhe uma carta em que lhe perguntava:
"Onde aprendeu aos dezanove anos aquilo que muitos de nós, depois de doze ou quinze anos de trabalho, ainda não conseguiram saber?"
Em Portugal, Teófilo Braga, Alexandre Herculano e Oliveira Martins, entre outros, repararam na erudição daquela jovem alemã tão interessada pela cultura e literatura portuguesas - e trocaram cartas com ela.
A sua facilidade para as línguas dá-lhe o reconhecimento oficial para ser tradutora, ainda muito jovem.
Em 1872, foi publicada a tradução do Fausto, de Goëthe, feita por António Feliciano de Castilho, que gozava de grande reputação como educador e escritor. O jovem Joaquim de Vasconcellos insurgiu-se contra os erros e a forma menos cuidada de tratar uma obra universal. Estalou a polémica. Uns posicionaram-se a favor do velho escritor e outros, do lado do jovem Vasconcellos. Certo é que saíram à liça escritores como Camilo Castelo Branco, Pinheiro Chagas, Antero de Quental, Adolfo Coelho e muitos outros. Foi tal a repercussão do caso, conhecido por" Questão do Fausto". Carolina Michaëlis, com pouco mais de vinte anos, tomou conhecimento dele e resolveu escrever uma carta a Joaquim de Vasconcelos. Este respondeu. E sucederam-se outras cartas. Joaquim foi diversas vezes a Berlim, onde gostava de se passear com o seu capote alentejano. Depressa descobriram haver, entre ambos, mais do que afinidades pelas coisas da cultura portuguesa.
Em Março de 1876, casaram em Berlim. Depois de uma viagem de núpcias pela Europa, foram viver para o Porto, para a Rua de Cedofeita. Viveram no n° 150 e depois no n° 159, onde a Câmara Municipal mandou colocar uma placa evocativa, recordando que ali viveu a insigne mestra.
Foi por um acaso curioso que a alemã Carolina Michaëlis conheceu o português Joaquim António da Fonseca Vasconcelos, nascido no Porto, em 1849. Eram muitos irmãos e, tendo ficado órfão aos quatro anos, em 1859 mandaram-no para Hamburgo, onde estudou Arte, Arqueologia, História da Literatura e Música. Regressou a Portugal e, quando se preparava para voltar à Alemanha, eclodiu a Guerra Franco-Prussiana (1870-71) e permaneceu em Portugal. Viajara pela Europa e o seu trabalho desenvolveu-se nas áreas das artes e da arqueologia, tendo deixado inúmeros estudos pioneiros da História de Arte em Portugal, bem como na área da Música (por exemplo, em 1870, Os Músicos Portugueses com nomes de 400 músicos). Foi professor da Escola de Belas-Artes de Lisboa e deixou uma vasta obra nas áreas da arqueologia, do estudo de monumentos, da ourivesaria e joalharia portuguesas. Os seus desenhos são preciosidades guardadas pelos descendentes.
Em Dezembro de 1877, nasceu Carlos Joaquim Michaëlis de Vasconcelos. Este filho único de Carolina estudou na Alemanha, tendo-se formado em engenharia de máquinas.
Nas férias e nos fins-de-semana, a família reunia-se na casa de Águas Santas, nas margens do rio Leça e aqui, Carolina com o marido, a nora e os netos. Conviviam no jardim, porque Joaquim e Carolina adora-vam o ar livre, a Natureza e as plantas. Iam regularmente ao Palácio e à mata do Buçaco, tendo mesmo desenhado os trilhos mais acessíveis.
Aos vinte e sete anos, Carlos Joaquim casou com uma alemã, de 23, Ana Lina Minna Gertrudes Lautensach, que para a família era simplesmente Lotte. Carolina gostava muito da nora e dos netos (três rapazes). Depois de morrerem os sogros e o marido, Lotte foi viver para Lisboa. Faleceu em 1950, em Águas Santas, o que prova como estava apegada àquela casa de família. O neto, Carlos Joaquim, recorda com saudade "a avó Lotte", que era muito culta e bonita, e como mantinham em família o gosto pelos passeios ao Buçaco e pelos jogos de mímica. Hoje, as mais novas descendentes da grande senhora que foi Carolina Michaëlis de Vasconcelos são três gémeas ainda pequenas. Irá alguma delas ser tão célebre como a tetravó?
Quando se fala de Carolina Michaëlis de Vasconcellos, afirma-se que ela foi a primeira catedrática portuguesa. É certo que foi realmente a primeira mulher a leccionar numa universidade, a Universidade de Coimbra. Porém, convém desfazer um equívoco. A sua craveira intelectual e as suas investigações tinham-na tornado uma das mais eruditas pessoas do seu tempo, mas Carolina Michaëlis foi apenas convidada para leccionar. A primeira catedrática portuguesa foi, e é, a Professora Doutora Maria Helena da Rocha Pereira, especialista em estudos clássicos, que prestou provas de doutoramento em 1956, na Universidade de Coimbra, e se reformou há escassos anos. Como professora, Carolina era de uma enorme dedicação aos alunos e fazia, várias vezes por semana, a viagem do Porto para Coimbra e regresso, que naquele tempo devia ser bastante incómoda. Aproveitava para preparar as aulas, porque o tempo continuava a ser de ouro!
Entre os títulos que detinha a das letras os de doutora honoris causa pelas Universidades de Friburgo (1893), Coimbra (1916) e Hamburgo (1923). E o rei D. Carlos concedera-lhe, em 1901, a insígnia de oficial da Ordem de Santiago da Espada. A Academia das Ciências de Lisboa, com a oposição de alguns sócios menos abertos à mudança, admitiu, em 1912, as primeiras duas mulheres como sócias daquela instituição: Carolina Michaëlis de Vasconcelos e Maria Amália Vaz de Carvalho.
O trabalho de investigação de Carolina Michaëlis levou-a a trocar cartas com inúmeros portugueses e estrangeiros, nas áreas da Literatura, Filologia e Folclore, entre outras disciplinas que estudou. Daí haver, no seu espólio, sobretudo na Biblioteca da Universidade de Coimbra, cartas de nomes grandes da cultura, como os portugueses Eugénio de Castro, Antero de Quental, João de Deus, Henrique Lopes de Mendonça, José Leite de Vasconcelos - um dos mais entusiastas adeptos da entrada das duas senhoras para a Academia -, o Conde de Sabugosa, Braamcamp Freire, Sousa Viterbo, Alexandre Herculano, os médicos e escritores Egas Moniz e Ricardo Jorge, os espanhóis Menéndez y Pelayo e Menéndez Pidal, sem falar das perso-nalidades francesas, inglesas e alemãs.
Há quem pense que a vida de uma investigadora como Carolina Michaëlis era apenas dedicada aos estudos. Chegava a trabalhar 18 horas por dia, quando ia ler e estudar manuscritos na Real Biblioteca da Ajuda, onde o director foi, até à data da sua morte, o escritor Alexandre Herculano. Mas sabe-se que Carolina conciliava bem a vida de família com a de estudo. Trocava alegremente "o escritório pela cozinha e a secretária pelo fogão". Um seu bisneto, Carlos Joaquim Michaëlis de Vasconcellos, engenheiro como o avô, guardou cuidadosamente diversas receitas de cozinha escritas pela bisavó Carolina, que gostava muito de cozinhar. Na casa de Cedofeita ou na de Águas Santas, Carolina descia à cozinha, pui o avental, ia buscar os ovos, a farinha, o açúcar, as amêndoas e, durante horas, esquecia os seus estudos, preocupando-se apenas com a consistência da massa e a temperatura do forno.
O Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, de que Carolina Michaëlis foi sócia honorária, prestou-lhe homenagem com um número especial da sua revista Alma Feminina, em 1926. Este ano, também os CTT a homenagearam, numa emissão de selos em que está rodeada de sete vultos da cultura portuguesa: o médico e político Miguel Bombarda, o educador e Presidente da 1ª. República Bernardino Machado, o cantor de ópera Tomás Alcaide e os escritores José Régio, José Rodrigues Miguéís, Vitorino Nemésio e Bento de Jesus Caraça.
Bibliografia
Ascendem a cerca de 180 os títulos publicados por Carolina Michaëlis de Vasconcellos, dos quais destacamos:
- Poesias de Sá de Miranda, 1885
- História da Literatura Portuguesa, 1897
- A Infanta D. Maria de Portugal e as suas Damas (1521-1577), 1902
- Cancioneiro da Ajuda (2 volumes), 1904
- Dicionário Etimológico das Línguas Hispânicas
- Estudos sobre o Romanceiro Peninsular: Romances Velhos em Portugal
- As Cem Melhores Poesias Líricas da Língua Portuguesa, 1914
- A Saudade Portuguesa, 1914
- Notas Vicentinas: Preliminares de uma Edição Crítica das Obras de Gil Vicente, 1920-1922
- Autos Portugueses de Gil Vicente y dela Escuela Vicentina, 1922
- Mil Provérbios Portugueses
Carolina Michaëlis dirigiu a revista Lusitânia, uma das publicações de maior projecção cultural no nosso país. Dos artigos publicados nos jornais, destacam-se os do Comércio do Porto, sobre o Congresso Feminista de Berlim, e do Primeiro de Janeiro, sobre educação e literatura para crianças.
A autora agradece as fotografias e os documentos cedidos pelo Eng.º Carlos Joaquim Michaëlis de Vasconcelos, pela Biblioteca da Universidade de Coimbra, através do seu director, Prof. Aníbal Pinto de Castro, e da bibliotecária, Dr.ª Maria da Graça Pericão, bem como à Dr.ª Maria de Lourdes Amorim, investigadora e conferencista.
Texto de Maria Luísa V. de Paiva Boléo
Biografia retirada daqui
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