quarta-feira, 22 de março de 2017

Biografia - Guilhermina dos Países Baixos


Rainha reinante dos Países-Baixos sucedeu ao pai Guilherme III apenas com três anos, tendo sido coroada em 1898. Casou em 1901 com um príncipe alemão. Teve uma única filha – Juliana que lhe sucedeu. Foi uma rainha exemplar pela austeridade de vida, pelas suas preocupações sociais e por ter vivido no exílio durante a ocupação do seu país pela Alemanha nazi, tornando-se o símbolo da resistência. De Londres e pela rádio animava os holandeses que lhe dedicaram especial carinho. Finda a Guerra, os Países Baixos organizaram os Jogos Olímpicos de 1948 o que teve enorme repercussão e granjeou ainda maior simpatia pela rainha Guilhermina. Depois de reinar oficialmente cinquenta anos, de 1898 a 1948 já doente, abdicou na filha e herdeira.

Informação retirada daqui

Biografia - Amélia dos Santos Costa Cardia


Amélia dos Santos Costa Cardia, uma das primeiras médicas portuguesas e escritora, nasceu em Lisboa, filha da parteira diplomada Justa Matilde de Carvalho e Costa e irmã da parteira da família real, Alice Cardia. Estudou num colégio interna e casou nova. Teve dois filhos do primeiro casamento. Voltaria a casar em 1903 com Francisco de Azevedo Coutinho e decidiu estudar na Escola Politécnica de Lisboa. Matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa no ano lectivo de 1886. Amélia iria trabalhar com dois nomes grandes da Medicina portuguesa: Câmara Pestana e Moreira Júnior. Amélia foi tão boa e empenhada aluna que mereceu louvor da direcção do Hospital. Fez tese de doutoramento com o tema "Febre Amarela". Estudou e foi médica com consultório na Praça de Camões, em Lisboa. Visitou hospitais no estrangeiro para estar a par dos mais recentes equipamentos. Muitas mulheres a procuravam, pois as consultas eram gratuitas aos sábados. Amélia Cardia foi uma mulher empenhada como médica, tendo criado uma Casa de Saúde que dirigiu durante quase uma década e como mulher, fazendo parte da Liga Nacional Contra a Tuberculose e Associação das Ciências Médicas, pugnando pelo mais fácil acesso das mulheres à Medicina. Deixou diversos escritos na sua área e romances. Pertenceu à Federação Espírita Portuguesa.

Notícia retirada daqui

terça-feira, 21 de março de 2017

Notícia - Jovem agredido por Justin Bieber já não é fã: "Primeiro estou eu"


O jovem espanhol que foi agredido por Justin Bieber e que ficou a sangrar do lábio deu uma entrevista onde declara que deixou de ser fã do cantor. "Foi um dia horrível", conta.

O jovem agredido por Justin Bieber antes do concerto do cantor em Barcelona, na terça-feira, declarou que já não é fã do cantor de 22 anos. Em entrevista à rádio espanhola Happy Fm, Kevin, quando questionado se continua a admirar o artista, confessou: "Sinceramente, não. Primeiro estou eu."

O jovem defendeu-se, alegando que "só queria tocar no [seu] ídolo." Kevin revelou ainda que tocou ao de leve no cantor canadiano, que seguia de carro, com o vidro aberto. Bieber acabou por afastá-lo com um repentino soco, que o deixou a sangrar no lábio. "Foi um dia horrível", confidenciou o jovem, que acabou por não assistir ao concerto.

Justin Bieber esteve em Espanha para dois concertos, em Madrid e Barcelona, enquadrados na digressão mundial de apresentação do seu último álbum, "Purpose". O músico encerra a digressão europeia em Londres mas antes disso deu um concerto no MEO Arena, em Lisboa, esta sexta-feira.

Informação retirada daqui

Conteúdo - Autismo - Histórico


Foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner, trabalhando no Johns Hopkins Hospital, em seu artigo Autistic disturbance of affective contact, na revista Nervous Child, vol. 2, p. 217–250. No mesmo ano, o também austríaco Hans Asperger descreveu, em sua tese de doutorado, a psicopatia autista da infância. Embora ambos fossem austríacos, devido à Segunda Guerra Mundial não se conheciam.

A palavra "autismo" foi criada por Eugene Bleuler, em 1911, para descrever um sintoma da esquizofrenia, que definiu como sendo uma "fuga da realidade". Kanner e Asperger usaram a palavra para dar nome aos sintomas que observavam em seus pacientes.

O trabalho de Asperger só veio a se tornar conhecido nos anos 1970, quando a médica inglesa Lorna Wing traduziu seu trabalho para o inglês. Foi a partir daí que um tipo de autismo de alto desempenho passou a ser denominado síndrome de Asperger.

Nos anos 1950 e 1960, o psicólogo Bruno Bettelheim afirmou que a causa do autismo seria a indiferença da mãe, que denominou de "mãe-geladeira". Nos anos 1970 essa teoria foi rejeitada e passou-se a pesquisar as causas do autismo. Hoje, sabe-se que o autismo está ligado a causas genéticas associadas a causas ambientais. Dentre possíveis causas ambientais, a contaminação por metais pesados, como o mercúrio e o Chumbo, têm sido apontada como forte candidatos, assim como problemas na gestação. Outros problemas, como uso de drogas na gravidez ou infecções nesse período, também devem ser considerados.

Apesar do grande número de pesquisas e investigações clínicas realizadas em diferentes áreas e abordagens de trabalho, não se pode dizer que o autismo é um transtorno claramente definido. Há correntes teóricas que apontam as alterações comportamentais nos primeiros anos de vida (normalmente até os 3 anos) como relevantes para definir o transtorno, mas hoje se tem fortes indicações de que o autismo seja um transtorno orgânico. Apesar disso, intervenções intensivas e precoces são capazes de melhorar os sintomas.

Em 18 de dezembro de 2007, a Organização das Nações Unidas decretou todo 2 de abril como o Dia Mundial do Autismo. Em 2008 houve a primeira comemoração da data pela ONU.

Em novembro de 2010, a ciência, falou pela primeira vez em cura do autismo, com a publicação na revista científica Cell da descoberta de um grupo de cientistas nos EUA, com o pesquisador brasileiro Alysson Muotri, na Universidade da Califórnia, que conseguiu "curar" um neurônio "autista" em laboratório. O estudo, que se baseou na Síndrome de Rett (um tipo de autismo com maior comprometimento e com comprovada causa genética).

Notícia - Bióloga descobre espécie de insecto com milhões de anos em gruta algarvia

Existe há milhões de anos numa gruta algarvia mas só agora foi encontrado por uma bióloga portuguesa. O Litocampa mendesi, animal com três milímetros e sem olhos ou asas, será mais primitivo do que os insectos que hoje conhecemos. Mas as novidades do frágil mundo vivo cavernícola só agora estão a começar.

Sofia Reboleira, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, tem estado atarefada a estudar as amostras que trouxe para a superfície, fruto de doze meses de trabalho de campo em 2009, a dezenas de metros de profundidade nas grutas portuguesas.

A 22 de Dezembro, a revista "Zootaxa" publicava a descoberta do Litocampa mendesi. “Procurámos a fauna das grutas através da observação do interior das cavidades e com a ajuda de armadilhas de queda colocadas no chão”, explicou hoje ao PÚBLICO a bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Nas armadilhas foram colocados iscos odoríferos para atrair os insectos. “Este tipo de armadilhas também ajuda a medir a actividade dos animais, porque os que mais andam são os que mais caem” nas armadilhas.

Mas este é um trabalho exigente. “São animais muito raros que apenas vivem em zonas difíceis de estudar”, disse Sofia Reboleira, também espeleóloga. Investigar a espécie em laboratório está fora de questão. “É impossível manter estes insectos em cativeiro. É muito difícil. Eu nunca vi [o Litocampa mendesi] vivo”, referiu.

A investigadora, que estuda a fauna cavernícola do país, está em condições para dizer que este insecto desenvolveu, ao longo de milhões de anos, impressionantes estratégias de poupança energética para conseguir sobreviver na escuridão das grutas, como a ausência de olhos e asas e a grande resistência ao jejum. Estima-se que este será um animal “mais primitivo do que os insectos” actuais.

A fragilidade das espécies cavernícolas

Sofia Reboleira estuda os animais que não vivem em mais nenhum local que não nas grutas, até aos 220 metros de profundidade, sob a orientação de Fernando Gonçalves (do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro) e Pedro Oromí (da Faculdade de Biologia da Universidade de La Laguna, em Tenerife, Espanha). Até agora anunciou cinco novas espécies. Em Maio foi anunciada a descoberta de duas novas espécies de escaravelhos nas grutas das serras de Aire e Candeeiros e no início de Dezembro outra espécie de escaravelho em Montejunto e um pseudoescorpião nos maciços calcários do Algarve. Agora foi a vez do Litocampa mendesi, numa gruta algarvia a 30 metros de profundidade.

A maioria dos invertebrados que constituem a fauna cavernícola são artrópodes, como as aranhas e insectos. Apesar de viverem em ambientes até agora pouco estudados, estas espécies merecem atenção. "As espécies cavernícolas não conseguem sobreviver em mais nenhum local, logo têm a sua distribuição geográfica muito reduzida. Qualquer perturbação pode pôr em causa a sua sobrevivência", sublinhou Sofia Reboleira. A investigadora lembrou, nomeadamente, a poluição por pesticidas e insecticidas que se podem infiltrar nas grutas e a perturbação ou mesmo destruição daqueles locais por actividades humanas.

Além disso, estas populações nunca são de grande dimensão. "Não tendo luz, as grutas onde vivem estes animais não têm plantas e as fontes de alimento são muito escassas. Por isso, as populações não podem ser muito grandes. Na verdade, estes são exemplares raríssimos".

Sofia Reboleira acredita que 2011 poderá trazer mais surpresas. “Ainda estamos a estudar a fauna encontrada no ano da amostragem, em 2009”, salientou.

Higiene e Segurança no Trabalho - Delimitação e Acessos do Estaleiro


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Powerpoint sobre a Agenda 21 Local e a Educação Ambiental

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Biografia - Isabel II


            Isabel de Windsor tinha 25 anos quando o pai, Jorge VI, morreu em 6 de Fevereiro de 1952, às 7,30 horas. Como se encontrava em viagem no Quénia e o regresso demorou 24 horas foi declarada rainha in absentia, isto é, estava ausente do país quando foi declarada oficialmente monarca, facto que não acontecia desde o reinado de Jorge I (1714-1727). 
             Subiu ao trono com o título de «Isabel II, rainha do Reino Unido e da Irlanda do Norte». Em Fevereiro de 1952 a jovem rainha presidiu à primeira cerimónia pública. Os funerais do pai ocorreram no dia 15 de Fevereiro e no dia 5 de Maio a rainha, o marido, Príncipe Filipe e os dois filhos, Carlos e Ana, foram viver para Buckingham Palace. 
             A 4 de Novembro abertura do Parlamento com a presença da nova rainha. Esta é uma das cerimónias mais importantes da vida política da Grã-Bretanha, a que a rainha preside todos os anos. Em cinquenta anos, Isabel II apenas não abriu o Parlamento nos anos de 1959 e 1963. Para esta cerimónia há uma coroa específica e um traje especialmente concebido para este dia. A rainha desloca-se em coche do Palácio para o Parlamento. Muita gente vai para as ruas ver esta cerimónia. 
             A 25 de Dezembro de 1952 Isabel II leu a sua primeira mensagem de Natal, transmitida pela rádio, para toda a Commonwealth.
             A 2 de Junho de 1953 foi coroada rainha numa cerimónia sem precedentes, com milhares de convidados do mundo inteiro. Foi a primeira transmissão directa pela BBC de uma cerimónia com a monarquia. Ainda não havia muitas casas com aparelhos de televisão no Reino Unido, daí as famílias juntaram-se para não perderem tão importante e tão sumptuoso acontecimento. Em Novembro Isabel II e o marido fizeram a primeira grande viagem (cinco meses e meio) aos países da Commonwealth: Canadá, Bermudas, Jamaica, Ilhas Fidgi, Panamá, Tonga, Ilhas Coccos, Ceilão, Aden, Líbia, Malta e Gibraltar. Na Nova Zelândia e Austrália o casal real permaneceu três meses. Visitaram ainda a África do Sul e o Norte dos EUA.
             Em Maio de 1954 os príncipes Carlos e Ana foram transportados no novo iate real o Britânia até Gibraltar, onde os pais os esperavam. O primeiro-ministro Winston Churchill juntou-se à comitiva nos últimos dias da longa viagem de regresso.
             Em 1955 Isabel II posou para o pintor Pietro Annigoni. Dezasseis anos depois o mesmo pintor executaria novo retrato da rainha. A 4 de Abril Isabel II jantou com o primeiro-ministro Winston Churchill, em 10 Downing Street, residência oficial dos primeiros-ministros, na véspera do seu pedido de retirada da vida política. Em Junho o primeiro-ministro da Índia, Jawaharial Nehru visitou a rainha, em Londres. Nehru foi um homem fundamental na mudança de liderança na Índia. Quando da independência, em 15 de Agosto de 1947 assumiu a chefia do Governo. Em Agosto estalou o «escândalo» dos amores da princesa Margarida, irmã da rainha, com Peter Townsend, divorciado. Margarida renunciaria ao casamento por imperativos de Estado e por amor à irmã.
             No ano de 1956 a rainha e o Duque de Edimburgo realizaram uma viagem de três semanas à Nigéria. Foram recebidos por chefes tribais. Em Lagos foram homenageados com uma dança protagonizada por dez mil guerreiros com os seus trajes de festa. Em Abril a rainha recebeu Nikita Khrushchev, da URSS. O dirigente soviético escreveria, mais tarde, nas suas memórias, que a monarca britânica «era o género de rapariga que qualquer rapaz gostaria e encontrar a passear na Rua Gorky, num fim de tarde de Verão.»
             No início de Janeiro de 1957 o Governo britânico passou a contar com Harold Macmillan como primeiro-ministro. As conversas sobre assuntos de Estado da rainha com os primeiros-ministros são, ontem como hoje, extremamente importantes. A rainha está sempre bem informada. O seu Secretário todos os dias lhe dá conta dos factos relevantes do mundo. Neste ano Isabel II e o marido estiveram em visitas de Estado a Portugal, no mês de Fevereiro; em França, em Abril; na Dinamarca em Maio e no Outono Canadá e EUA tendo a soberana discursado na Assembleia-Geral da ONU. Em Portugal foi uma visita de cinco dias. Isabel II e o marido foram recebidos pelo Presidente da República, general Craveiro Lopes e mulher. Para lá do protocolo sabe-se que a rainha conversou muito com o general, que sendo de cavalaria era um entendido em assuntos de raças e performances de cavalos como o é a rainha. 
             A visita ao nosso país foi toda ela uma recepção sem precedentes na vida portuguesa, porque saíram dos museus bergantins (barcos a remos de grandes dimensões) e coches que foram restaurados para a ocasião. Portugal tem uma das mais ricas colecções de coches do mundo. Isabel II esteve também no Mosteiro da Alcobaça, tendo a rainha visitado os túmulos dos amantes infelizes Pedro e Inês, de quem conhecia a história. Também ali está sepultada a que foi rainha de Portugal, D. Filipa da Casa de Lencastre, que como sabemos era inglesa. Nessa altura Isabel II era jovem, bonita e trouxe um guarda-roupa extremamente elegante. O casal real esteve, a título privado, em casa dos duques de Palmela, por os ligar uma velha amizade. 
             No Natal a soberana inglesa leu a primeira mensagem dirigida a todos os países da Commonwealth, através da televisão.
             Em Março de 1958 a casal britânico retribui a visita da rainha Juliana dos Países-Baixos. Em Julho Isabel II concedeu ao filho primogénito, Carlos, o título de Príncipe de Gales, embora a cerimónia da investidura, só tivesse ocorrido em 1969. 
             Em Julho de 1958 a rainha pôs fim a uma tradição. O baile das debutantes, em Buckingham Palace. A chamada apresentação das meninas-família à rainha.
             O Presidente dos EUA Eisenhower e mulher visitaram a monarca em 1959 no castelo de Balmoral, tendo a rainha convidado famílias da aristocracia terra-tenentes para estarem presentes. «Ike» como era conhecido o Presidente dos EUA, era velho amigo de Jorge VI e tratava a rainha como se fosse uma «sobrinha» querida o que não desagradava a Isabel. Sabe-se pelas cartas que trocaram, que a rainha lhe mandou a receita da barbecue que tinham degustado em Balmoral. Muito festejada foi a notícia, em Agosto, de que a rainha ia ser novamente mãe. Carlos tinha doze anos e Ana dez.
             Uma das mais importantes visitas de Estado à Velha Albion foi, sem dúvida, em 1960, a do Presidente da República francesa, Charles de Gaulle, resistente e herói da 2ª Grande Guerra. A Grã-Bretanha honrou-o com manifestações de enorme apreço e admiração e, na ocasião o fotógrafo da Corte Cecil Beaton foi agraciado com a Legion d’Honneur, a mais alta condecoração francesa. Mais tarde outro Presidente francês seria recebido pela rainha, Jacques Chirac, em 1996, mas não foi mais do que uma visita entre outras. 
             Em Maio casou a irmã da rainha, princesa Margarida de quem fizemos uma biografia por ocasião da sua morte, em Fevereiro deste ano. 
             Também os monarcas da Tailândia e do Nepal foram recebidos em Buckingham Palace em 1960.
             Isabel II e o Duque de Edimburgo iniciaram o ano de 1961 com uma viagem à Índia, Paquistão, Nepal e Irão. Foi mais uma vez recebida com a tradição e beleza dos indianos, onde pontoaram os elefantes de Benares, luxuosamente ajaezados e pintados na própria pele, que deram aquele toque de exotismo que faz com que a Índia seja uma atracção para os europeus. A rainha vestiu trajes de linho, em homenagem à Índia que enquanto colónia britânica fez dessa indústria uma das mais prósperas do país. Em Maio a rainha esteve no Vaticano com o Papa João XXIII. 
             Nas décadas de 60 e 70 a monarquia britânica detinha grande prestígio, porque ainda se não avizinhavam as tormentas familiares dos anos 80 e 90. O príncipe Filipe sempre foi conhecido pelas suas afirmações directas aos jornalistas, às vezes pouco convenientes. O jornal Guardian era conhecido pelas suas «alfinetadelas» à monarquia, mas, como se sabe nas democracias é mesmo assim... 
             Em 1961 a Grã-Bretanha, depois de acesas discussões, entrou para a CEE, hoje União Europeia. Era então “A Europa dos Seis”! 
             Em Junho o Presidente dos EUA John Kennedy e a elegante Jackie visitaram a rainha, que gostou muito da senhora Bouvier. No ano seguinte a rainha convidou Jacqueline para uma visita privada a Londres.
             A vida da monarquia passou a pouco e pouco a ser mais familiar para o cidadão comum. Um filme sobre a família real no seu dia a dia foi realizado em 1959 e em 1962 foi aberta ao público uma galeria no palácio de Buckingham. 
             Acontecimento importante e repassado de significado foi, sem dúvida, a ida da soberana à Alemanha Ocidental, onde parou junto do Muro de Berlim, quando a unificação da Alemanha era um facto desejável, mas extremamente remoto.
             E como nem tudo pode correr de feição no «País das brumas», houve, em 1963 o chamado caso Profumo com contornos “politicamente incorrectos” com ministros de Sua Majestade envolvidos em casos sexuais e espionagem. 
             Também a visita dos reis da Grécia, Paulo e Frederica decorreu com alguns incidentes, dadas as simpatias, quando jovem, da rainha Frederica pela juventude hitleriana. O próprio líder do partido trabalhista, Harold Wilson manifestou reprovação ao não comparecer ao banquete dado em honra dos convidados. Em Outubro a rainha conheceu o novo primeiro-ministro inglês, precisamente Harold Wilson. Isabel II teve uma relação de franca amizade com o primeiro-ministro Macmillan, que deixou o cargo, depois de seis anos, por motivos de saúde. Quando este foi internado num hospital, a rainha, contra as regras do protocolo, foi visitá-lo bastante emocionada, como contou o médico, sir John Richardson. Em Novembro a rainha fez-se representar no funeral do presidente Kennedy, assassinado em Dallas.
             Em Março de 1964, vinte e uma salvas de canhão anunciaram o nascimento de mais um varão na família real, Eduardo António Ricardo Luís. Este viria a ser o filho mais amado da rainha, segundo os mais próximos, até porque só saiu de casa, para casar, em 1999.
             Em 1965 são prestados funerais de Estado a Winston Churchill, provavelmente um dos dez mais importantes estadistas do século XX. Cerimónia de pompa e brilho à inglesa. E como a rainha tem sempre visitas agendadas, neste ano deslocou-se ao Sudão e à Etiópia, em visita ao imperador Haile Selassie. Em Maio esteve na Alemanha durante dez dias, terminando com um banquete no seu iate Britânia. 
             No dia 26 de Outubro os Beatles foram condecorados por Sua Alteza Real, em Buckingham Palace. O mundo exultou, porque já nada faltava à mais famosa banda rock do mundo! 
             A rainha soube que o seu tio, o Duque de Windsor, ia ser sujeito a uma intervenção cirúrgica em Londres. Sabe-se que a rainha «ignorou» sempre os duques de Windsor. Qual seria a sua atitude perante o tio, agora com setenta e um anos? A rainha fez o mínimo que a decência ordenava, telefonou para o Hospital para saber como correra a operação. À imprensa estava ávida de notícias. 
             E as damas de companhia da rainha e os criados tiveram que fazer de novo as malas para a viagem da soberana e do marido rumo às Caraíbas.
             Muito mais interessante terá sido, em 30 de Julho de 1966, em Wembley entregar à equipa inglesa, campeã do mundo de futebol a almejada taça.
             Como durante todo os anos do seu reinado Isabel II e o Duque de Edimburgo visitaram e visitam países, nomeadamente o Canadá e no final do ano de 1967, receberam o Presidente da Turquia e mulher. A mensagem de Natal foi vista pela primeira vez com a rainha a cores na televisão!
             O Governo aprovou novas leis sobre o divórcio, embora a doutrina da Igreja Anglicana continue a não o aceitar. Nesse ano o conde de Harewood, filho da princesa real e primo direito da rainha divorciou-se, o que provocou bastantes dissabores à rainha. Numa política de abertura o banquete oferecido ao Presidente da República italiana, em 1968, foi filmado pela televisão e em 1969 todos puderam saber mais da família real com um documentário de hora e meia. A BBC transmitiu-o em Julho. Assim muita gente disse que não fazia ideia nenhuma como viviam a sua rainha e os familiares. Foi um filme didáctico, contando como era um ano da vida da soberana e a sua relação com os filhos. A partir desta data as viagens da rainha passaram a ser filmadas, como, em Novembro de 1968 na viagem ao Brasil.
             As primeiras férias de Verão de Isabel II e família fora do país só aconteceram, pela primeira vez, em Agosto de 1969. Viajaram no iate Britânia até aos fiordes da Noruega.
             No ano seguinte, 1970, mais uma vez a rainha viajou para o Canadá, Nova Zelândia e Austrália, desta acompanhada dos filhos Carlos e Ana. No Canadá juntou-se ao grupo o Duque de Edimburgo que passeara pelo México. O já mencionado filme sobre a soberana com o título Royal Family, tinha tido grande impacto nas comunidades de língua inglesa e foi um sucesso a chegada da rainha com os príncipes Carlos e Ana.
             Em 1971 começou a ser discutida a fortuna da rainha, dos seus gastos e das despesas com a Civil List. Assunto longamente discutido no Parlamento. Os tempos eram outros e o Governo de um país democrata exigia, mesmo à mais importante monarca europeia, uma atitude de maior transparência. Sim, porque os palácios da família real: Buckingham, Windsor, Holyrood House, Sandringham e Bolmoral tinham grandes despesas e os parlamentares queriam saber como eram geridos. Hoje sabemos que a monarquia britânica é altamente rentável. 
             Em Outubro de 1971 o velho imperador do Japão, Hirohito e a imperatriz visitaram a rainha. Foi a primeira visita de um monarca japonês, desde a 2ª Grande Guerra, onde, como sabemos, o Japão esteve contra a Grã-Bretanha.
             E o ano de 1972 assinalou vinte anos de reinado de Isabel II. E houve as celebrações que se impunham. Nem vale a pena falar das viagens que são sempre uma parte considerável da sua vida como monarca. E foram-na visitar a rainha Juliana e o Príncipe Bernardo dos Países-Baixos. Isabel II esteve em França e esteve com o tio, o Duque de Windsor, muito doente. Não perdeu as corridas de cavalos em Longchamp antes de estar com o tio. Tinham passado trinta e três anos desde que o Duque de Windsor fora «banido» da corte e da memória da rainha, da rainha-mãe e da maior parte da família real. O Duque morreu poucos dias depois e, apesar de muitas reuniões entre os conselheiros, a rainha e o Governo foi-lhe proporcionado um enterro real. O seu corpo esteve em câmara ardente dois dias na capela de São Jorge em Windsor. E a duquesa de Windsor voltou a pisar solo britânico. No funeral, e por um dia Wallis Simpson foi tratada como viúva de um rei. 
             Em Outubro deste ano (1972) a rainha e o duque visitaram a Jugoslávia. Foi a primeira visita da rainha a um país comunista. O ano terminou com os festejos das bodas de prata de casamento de Isabel e Filipe. 
             Os príncipes Carlos e Ana foram notícia. Carlos optou por ingressar no Royal Navy College, em vez da Universidade de Cambridge e Ana distinguiu-se em competições equestres e foi declarada «A desportista do Ano» (Sportswoman of the Year). É sabido que a princesa ganhou uma medalha de prata num Campeonato Europeu e que participou nos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976.
             O casamento da única filha da rainha foi anunciado. Casou pela primeira vez em Novembro de 1973. Neste ano a rainha esteve presente na gala em honra do Reino Unido ao entrar para o Mercado Comum.
             Em Março de 1974 foi reeleito primeiro-ministro Harold Wilson. Inovador mesmo, foi o facto da cerimónia de Abertura do Parlamento ter sido simples, sem procissão, e com a rainha envergando um fato normal.
             Em 1975 entre muitas outras viagens Isabel II esteve em Hong Kong antes de seguir para o Japão para retribuir a visita dos imperadores.
             Harold Wilson anunciou a sua retirada da vida política em 16 de Março de 1976 e a rainha aceitou o convite deste para um jantar na sua residência oficial. Este facto só acontecera com Churchill, vinte e um anos antes. Em 21 de Abril Isabel II celebrou o seu 50º aniversário do seu nascimento, em Windsor. Em Julho a soberana visitou os EUA, nas celebrações do bicentenário, e de seguida esteve presente com os filhos e marido na abertura dos Jogos Olímpicos de Montreal. E foi este o ano da separação da princesa Margarida de lorde Snowdon.
             Em 1977 comemorou-se o Jubileu de Prata do reinado de Isabel II, com imensos acontecimentos, festas, exposições e o esplendor a que os ingleses nos habituaram. Não houve latinha de bombons, nem cidadezinha que não tivesse retratos da rainha. Houve também vozes discordantes por parte de alguns e na Irlanda do Norte o clima era adverso. Em Novembro de 1977 a rainha foi avó pela primeira vez, visto a sua filha Ana ter tido um filho.
             O Presidente da República portuguesa, António Ramalho Eanes e mulher visitaram oficialmente o Reino Unido, em 1978, numa altura em que a democracia era já uma realidade no nosso país.
             O Médio Oriente foi o destino de mais uma viagem da monarca britânica, em 1979, passando pelo Kuwait, Bahrein, Arábia Saudita, Qatar, Oman e Emiratos Árabes Unidos. Aqui punham-se alguns problemas protocolares, dado os árabes não reconhecem uma mulher como rainha, apenas como rei e não admitirem mulheres jornalistas. Por fim os Emiratos Árabes cederam à entrada das jornalistas, que tiveram de se vestir segundo os costumes, isto é, não podiam ter os braços nem as pernas destapados. A rainha que tem costureiros e conselheiros nestas áreas não teve qualquer problema. Usou vestido comprido, écharpe e luvas altas. «Em Roma sê romano!» 
             E, caso inédito no Reino Unido, em Maio de 1979, «o» primeiro-ministro passou a ser uma primeira-ministra, aquela que ficaria famosa como «a dama de ferro» Margaret Thatcher. O seu polémico desempenho terminou, sem glória, em 1990, quando pediu a demissão, na sequência de um imposto muito impopular. Sucedeu-lhe John Major também pelo partido conservador. 
             O ano terminou com um profundo desgosto para Isabel II e para o duque de Edimburgo. Foi o assassinato de lorde Mountbatten e Burma, pelo IRA. O tio da rainha fora o último Governador da Índia e tinha sido como que um segundo pai para o marido da rainha.
             Isabel II tem dado durante o seu reinado vários passos no sentido de uma aproximação à Igreja Católica, e nesse sentido esteve, mais uma vez no Vaticano, em Outubro de 1980, para conversar com João Paulo II. 
             O Zimbabué tornou-se independente da Grã-Bretanha.
             O ano de 1981 traria uma verdadeira revolução na vida da família real, quando o príncipe Carlos casou com a jovem e muito bonita lady Diana Spencer, que viria a ser até 1997, data da sua trágica morte, a verdadeira «rainha» em popularidade e glamour do Reino Unido e de todas as monarquias europeias.
             E nova década no reinado de Isabel II, em 1982. Dois factos importantes da Historia de Inglaterra foram a primeira visita de um Papa aquele País. Desde que o rei Henrique VIII, em 1531, cortara a ligação com a Igreja de Roma e se assumiu como chefe supremo da Igreja de Inglaterra. João Paulo II teve esse privilégio. O segundo grande acontecimento foi a viagem da rainha à China, tendo sido a primeira vez que um rei inglês visitou aquele imenso país. Os fotógrafos não deixaram de fixar o grande acontecimento da rainha e do duque de Edimburgo na muralha da China, nessa memorável visita. 
             O primeiro filho dos príncipes de Gales nasceu em 21 de Junho de 1982. Guilherme Artur Filipe Luís é, como se sabe, o segundo na linha de sucessão ao trono do Reino Unido. 
             Foi também neste ano que um facto deixou absolutamente estarrecidos os súbditos de Sua Majestade. Um intruso conseguiu penetrar nos aposentos da rainha, não lhe provocando qualquer dano e a rainha conversou com ele até que a segurança do palácio se apercebesse do incrível facto. 
             Incrível foi também o conflito nas Ilhas Malvinas ou Falklands (perto da Argentina, mas sob domínio britânico), ainda hoje com contornos pouco nítidos, para onde seguiu num navio de guerra, o terceiro filho da rainha, o príncipe André. O casal Reagan visitou a Grã-Bretanha. Foi o primeiro presidente dos EUA a ficar hospedado no castelo de Windsor.
             Em 1983 os Conservadores ganham as eleições por larga maioria e a senhora Thatcher permanece como Primeira-ministra. A rainha esteve, em Março no rancho do Presidente Reagan, e em Novembro, mais uma vez, viajou para a Índia onde concedeu a Ordem de Mérito à Madre Teresa de Calcutá, pelo seu empenhamento na melhoria das condições de vida das crianças pobres de Calcutá. Indira Gandhi, então primeira-ministra, conversou com a rainha em Nova Delhi e sabe-se que falaram de cooperação tecnológica e desenvolvimento.
             Em 1984 o IRA lançou bombas e matou mais uma vez. Mas as viagens da rainha continuam sempre. Neste ano visitou o rei Hussein da Jordânia. Em Setembro nasceu o segundo filho dos príncipes de Gales. Henrique Carlos Alberto David. A monarquia britânica está bem assegurada.
             E Portugal teve mais uma vez a honra de receber Sua Majestade, numa visita semi-privada em 1985. A rainha visitou Sintra.
             No Verão de 1986 casou o príncipe André com Sarah Ferguson e o filho segundo de Sua Majestade passou a usar o título de Duque de Iorque.
             Em Março de 1987 o rei Fahd da Arábia Saudita foi a Londres retribuir a visita da rainha. Como se sabe por detrás destas viagens há aspectos económicos significativos, que o Governo e os empresários tratam de ultimar. E como sempre acontece nas grandes famílias o filho mais novo da rainha, o príncipe Eduardo, depois de ser aluno brilhante no Colégio de Jesus em Cambridge, anunciou à família que se ia dedicar ao teatro. Causou algum desconforto e foi considerado um rebelde. Viria depois a dedicar-se a fazer pequenas metragens para televisão, até se casar, em 1999 com Sophie Rhys-Jones. Depois de ambos quererem continuar as suas carreiras, acederam a serem “apenas” membros da família real e a representar a monarquia.
             O livro The Enchanted Glass: Britain and its Monarchy, editado, em 1988, pelo ensaísta socialista da esquerda radical veio acender a polémica sobre a monarquia, afirmando que ela (monarquia) permanece por existir a nostalgia dos tempos do império, e o autor reconhece que a «mística» da monarquia é ainda muito forte, mas apelava a um «novo republicanismo.» E a rainha neste ano foi mais uma vez avó, desta vez de Beatriz Isabel Maria, filha dos duques de Iorque.
             O presidente da URSS, Mijail Gorbachev almoçou com a rainha no Castelo de Windsor, em Abril de 1989. Este foi o ano da queda do muro de Berlim, provavelmente o mais importante acontecimento da segunda metade do século XX. E O presidente George Bush foi recebido pela rainha no seu palácio.
             Em 1990 foi exaustivamente revisto o montante que o Governo deveria atribuir à família real, porque se falou em luxos que o País não podia arcar, mas tudo acabou em concórdia.              Glasgow foi em 1990 a Capital Europeia da Cultura e a princesa Eugénia Victória, irmã de Beatriz nasceu em Março. Em Agosto o líder do Iraque, Saddam Hussein invadiu o Kuwait e desencadeou-se a Guerra do Golfo, onde participou o Reino Unido como membro da Nato.
             Em 1991 regressam a casa as forças armadas britânicas no Golfo, que a rainha e os seus súbditos receberam numa parada especialmente concebida para o efeito. O novo primeiro-ministro, John Major beijou as mãos de Sua Majestade no final de Novembro. Dentre os oito primeiros-ministros que a rainha conheceu durante o seu reinado, John Major foi, como Churchill um dos que manteve a mais estreita relação de amizade com a família real, particularmente com a rainha. Isabel II esteve nos EUA, em Maio de 1991, tendo proferido um discurso no Congresso, em Washington. Foi o primeiro Chefe do Estado britânico a falar naquela Assembleia.
             1992 foi o annus horribilis para a rainha. Os casamentos dos dois filhos Carlos e André desmoronaram-se. Em 9 de Dezembro foi anunciada oficialmente a separação dos príncipes de Gales. Para terminar o ano, um pavoroso incêndio destruiu grande parte do Castelo de Windsor, o que deixou a rainha absolutamente inconsolável. As obras começaram quase imediatamente.
             Inédito, a rainha passou a pagar impostos, em 1993, ano em que várias salas do palácio de Buckingham foram abertas ao público. A rainha inaugurou com o Presidente Mitterand, de França o Túnel entre os dois países, que passa por baixo do Canal da Mancha.
             Em Junho de 1994 são comemoradas no Norte de França os 50 anos do Dia D, dia do desembarque dos Aliados na Normandia, com a presença de Isabel II. Em Outubro o Duque de Edimburgo visitou a Rússia a convite do Presidente Yeltsin e mulher.
             Em 1995 a rainha visitou o Presidente Mandela da África do Sul. Este líder carismático, que esperou décadas para ter um país independente governado por negros. Isabel de Windsor era ainda princesa quando visitara aquele território, em 1947.
            Em 1996 Nelson Mandela foi a Londres agradecer a visita. 
            Durante o seu longo reinado Isabel II conviveu também com membros das embaixadas e figuras das Artes e Cultura nos famosos garden parties, nos jardins de Palácio. A rainha e vários membros da família, além do duque de Edimburgo e os duques de Kent, primos da rainha chegam a receber por ano trinta mil convidados. Consoante a importância das pessoas podem aproximar-se mais ou menos da rainha ou do Duque, seu marido. A rainha festejou os 70 anos, a 21 de Abril.
             Pode dizer-se que o mundo ocidental parou ao ouvir a notícia da morte trágica de Diana de Gales, em Paris, no dia 31 de Agosto, de 1997, na sequência de um aparatoso e violento acidente de automóvel. Durante os dias e os meses subsequentes foi notícia de primeira página. Isabel II foi quase «forçada» pelo primeiro-ministro Tony Blair, a regressar de férias e mandar pôr a bandeira a meia haste no seu palácio, porque a reacção popular era de enorme indignação enquanto a rainha não apareceu a demonstrar o seu pesar. Depois foi o que todos sabemos. A pouco e pouco a vida da família real voltou à normalidade. Carlos, agora viúvo, passou a dedicar mais tempo aos filhos e o seu caso com Camilla Parker Bowles passou de «escândalo» a apenas o reatar de uma amizade iniciada em 1971, quando e ambos eram solteiros e jovens. Hoje as revistas dedicadas às monarquias, como o Point de Vue são muito favoráveis a esta mulher que soube esperar a sua oportunidade, sem se querer impor. Provavelmente um dia poderão casar. Também em 1997 foi inaugurado o real website: www.royal.gov.uk.
             Com 50 anos completados em 1998, o herdeiro do trono parece ganhar mais popularidade e aparece mais descontraído nestes últimos tempos.
             E em 1999 partiu Sua Majestade para a Coreia. O filho mais novo de Isabel II casou com Sophie Rhys-Jones, em Junho, e Hong Kong deixou de pertencer ao Reino Unido, mas em contrapartida Moçambique entrou para a Commonwealth.
             E chegou-se ao último ano do séc. XX. O acontecimento do ano 2000 no Reino Unido foram as comemorações dos 100 anos da rainha-mãe, em Agosto. Brilho, cor e festa! A respeitável rainha foi amada e respeitada por todos e um verdadeiro ícone do país. Para muitos a monarquia é um foco de unidade nacional. E o novo milénio trouxe mais paz à família real. O herdeiro do trono Guilherme (William) entrou para uma Universidade na Escócia e passou a ser o alvo dos fotógrafos, porque é muito fotogénico. O marido da rainha, o duque de Edimburgo, agora com 80 anos, completados em Junho, será ao lado da rainha o príncipe consorte que soube permanecer na sombra de uma monarca durante mais cinquenta anos. Teve os seus deslizes, mas quem os não tem? Se o Jubileu de Ouro é de Isabel II, também cabe ao marido uma parte do mérito, pois ser apenas rei consorte não é fácil. 


Informação retirada daqui
Bibliografia principal - PIMLOTT, Ben, The Queen: Elizabeth II and the Monarchy, Golden Jubilee Edition, Londres Harper Collins, 2001.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Notícia - Seis factos essenciais sobre a vida de George Michael


O músico britânico George Michael, que morreu domingo aos 53 anos, foi um ícone da música pop conhecido tanto pelos êxitos que colocou no top de vendas um pouco por todo o mundo, como pela sua turbulenta vida pessoal.

O nome - Georgios Kyriacos Panayiotou, de ascendência grega, brilhou como membro do duo Wham e como solista ao longo de uma carreira na qual vendeu mais de 100 milhões de discos, que inclui temas que se tornaram clássicos da música pop como "Careless Whisper", "Faith", Wake me up before you go-go", "Freedom" ou "Last Christmas". Filho de pai grego-cipriota e de mãe britânica, Georgios Kyriacos Panayiotou nasceu a 25 de julho de 1963 no bairro de East Finchley, no norte de Londres.

A fama - George Michael saltou para a fama no início da década de 1980, depois de formar o duo Wham, com o seu companheiro de escola Andrew Ridgeley, com o qual conquistou êxito atrás de êxito com "Club Tropicana", Young Guns (Go For It)" ou "Last Christmas". Em 1985 os Wham tornaram-se a primeira banda pop ocidental a dar dois espetáculos na China comunista, numa altura em que ainda se encontrava muito fechada ao exterior, liderada pelo líder reformista Deng Xiaoping. Em 1986 saiu o último álbum do duo "The Edge of Heaven", que voltou a ser um êxito de vendas, e com o qual fizeram uma série de concertos no estádio de Wembley. O seu primeiro álbum como solista "Faith" foi um êxito de vendas em 1988, embora tenha aberto uma batalha legal entre o músico e a editora Sony, da qual George Michael tentava sair.

As polémicas - Em 1998 também o seu nome começou a aparecer nos 'media' pelas piores razões, depois de anos em que se recusou a falar sobre a sua alegada homossexualidade, foi detido por atentado ao pudor na Califórnia, nos Estados Unidos. O incidente foi posteriormente parodiado no videoclip "Outside" pelo próprio músico que veio a declarar abertamente ser homossexual, bem como a revelar a relação com o norte-americano Kenny Goss. Em 2006 voltou a protagonizar as páginas dos jornais pelas piores razões depois de ser detido pela polícia londrina por dormir ao volante do seu BMW, embriagado e supostamente sob o consumo de cannabis. Dois anos depois voltou a ser detido por posse de cocaína e outras substâncias, tendo em 2010 recebido uma sentença de oito semanas de prisão por um incidente no qual foi com o seu automóvel de encontro a uma loja no norte de Londres.

A separação - Em 2011, anunciou oficialmente o fim da sua problemática relação de 15 anos com Kenny Goss, embora tenha assegurado que se tinham separado dois anos antes e, em 2012, tentou relançar a sua carreira ao cantar na cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres.

À beira da morte - Durante a última década da sua vida teve alguns problemas de saúde, tendo estado à beira da morte em 2011 devido a uma pneumonia, tendo sido obrigado uma traqueotomia.

Em Portugal - George Michael esteve apenas uma vez em Portugal, em 2007 no Estádio Municipal de Coimbra, por ocasião dos 25 anos de carreira.

Informação retirada daqui

Notícia - Safari na praia


Com a abertura da época balnear, todos os caminhos vão dar ao litoral. Todavia, uma ida à praia pode ter outros motivos de interesse para além dos banhos de mar e de sol. O biólogo Jorge Nunes convida-nos a descobrir a bicharada da zona entre marés e a passar um dia diferente.

A palavra "safari" remete-nos de imediato para as ambiências de África e para a observação dos grandes mamíferos que aí habitam. No entanto, o convite não é para viajar até lugares exóticos, mas para olhar de forma diferente a "sua" praia, aquela que julga conhecer como a palma da sua mão. A aventura não oferece a adrenalina de uma expedição na savana africana, mas será com toda a certeza uma forma interessante de combater o tédio das longas horas de praia e permitirá jornadas inesquecíveis de observação da vida selvagem.

Sem nos darmos conta, partilhamos as praias portuguesas com um sem-número de organismos curiosos. Mesmo durante a agitação das épocas balneares, quando os areais se enchem de veraneantes, muitos dos animais que aí habitam prosseguem as suas actividades diárias quase indiferentes à presença humana. Outros, mais espantadiços, tentam manter-se afastados dos olhares indiscretos, como acontece, por exemplo, com as aves marinhas que visitam os areais essencialmente ao amanhecer e ao entardecer.

As pequenas dimensões e os comportamentos recatados fazem que muitos desses seres vivos sejam ignorados pelas pessoas que coabitam com eles durante o Verão. No entanto, basta um pequeno passeio pela praia, um olhar atento e alguma perseverança para começar a descortiná-los. Caracterizam-se pela multiplicidade de cores e a diversidade de formas, que indiciam fisiologias invulgares e adaptações especiais que lhes permitem sobreviver na zona de fronteira entre o mar e a terra. Embora pareçam insignificantes, alguns organismos que habitam a zona das marés são criaturas singulares, pois vivem num ambiente extremamente hostil, que fica parte do dia submerso e outra parte emerso ao ritmo das marés. São verdadeiros sobreviventes que vivem fustigados pela força das ondas, pelas variações bruscas da salinidade e da temperatura e pelo risco eminente de desidratação.

Mesmo os leigos em ecologia marinha ficam espantados com a diversidade de organismos que é possível encontrar numa singela poça de água deixada a descoberto durante a baixa-mar. Apesar da sua aparente simplicidade, estes seres vivos, quais liliputianos, são um desafio à nossa curiosidade. O seu pequeno mundo imita na perfeição os grandes ecossistemas da Terra, sendo possível encontrar as relações entre os vários seres vivos e destes com o meio ambiente, tal como numa enorme floresta ou num extenso oceano.

Os adultos mais reticentes em renunciar à preguiça da toalha e do guarda-sol para partir à descoberta do outro lado da praia rapidamente serão contagiados pelo entusiasmo e deslumbramento das crianças, que rejubilam com cada novo bicho avistado e fotografado. Dado que a água do mar é altamente corrosiva para os equipamentos electrónicos, basta ter à mão um telemóvel com câmara fotográfica para fazer o registo fotográfico da bicharada. Ao fim de algum tempo, já é possível começar a compor um álbum fotográfico da fauna e flora da costa que lhe permitirá partilhar com os amigos as suas inauditas aventuras na praia.

A diversidade faunística que pode ser observada numa ida à praia justifica que se leve na mochila, junto com as revistas, os livros de bolso ou os jornais, um guia de campo que possa auxiliar na identificação dos seres vivos que venham a ser encontrados. As deslumbrantes fotografias de qualquer "Guia de Campo do Litoral" não deixarão ninguém indiferente e serão certamente um motivo acrescido para despertar a curiosidade de miúdos e graúdos pela vida à beira-mar, e servirão de mote para aventuras palpitantes pelos areais. Afinal, um passeio pela praia pode ser tão educativo como uma aula de ciências naturais.

O tipo de praia que se visita determina a variedade de organismos que poderão ser descobertos, dado que as praias rochosas e arenosas, devido às suas distintas características edafoclimáticas, revelam uma fauna e uma flora bastante distintas. Em geral, as praias rochosas, embora sejam varridas pelo perpétuo movimento das ondas e fustigadas pelas tempestuosas brisas marítimas, oferecem uma superfície dura que facilita a fixação de algas, plantas e animais, possibilitando uma biodiversidade elevada, que encontra refúgio seguro nas múltiplas saliências, fendas, fissuras e grutas oferecidas pelas rochas.

Já as praias de areia, como constituem substratos instáveis (sujeitos às permanentes alterações provocadas pelo movimento da água do mar e pela força do vento), acolhem uma flora e uma fauna aquáticas relativamente mais pobres: vermes poliquetas, pequenos crustáceos e alguns bivalves a que se juntam, esporadicamente, insectos, aves e mamíferos vindos da zona terrestre.

Embora a variedade de seres vivos aquáticos seja menor nas praias arenosas, não faltam motivos de interesse para o naturalista amador. São os locais ideais para procurar conchas trazidas pela ondulação e para investigar os tufos de algas (arrancados nos substratos rochosos e arrastados pelas correntes), que servem de abrigo a pequenos burriés, aos casa-alugada (minúsculos caranguejos que se refugiam no interior de pequenos búzios) e às curiosas pulgas-do-mar. Os despojos trazidos pelo mar (sejam de origem natural ou de proveniência humana) podem esconder ainda outras surpresas, como ovos e conchas de chocos, cápsulas dos ovos de pata-roxa (tubarão costeiro que vive essencialmente sobre fundos de areia) ou de raia, conchas de bivalves e caracóis, pinças e carapaças de crustáceos, ouriços-do-mar, peixes mortos e até, em situações particulares, cadáveres de tartarugas e mamíferos marinhos.

Em muitas praias arenosas, é comum encontrar afloramentos rochosos, quer salpicando os areais, quer constituindo arribas e falésias que delimitam as mantas de areia. Esses locais constituem habitualmente verdadeiras ilhas de diversidade fauno-florística, devendo ser os principais refúgios a explorar.

Quem chegar cedo à praia ou puder ficar por lá até ao entardecer tem boas hipóteses de observar ainda diversas aves aquáticas (gaivotas, pilritos, borrelhos, ostraceiros e garças) que aproveitam esses períodos de acalmia para de alimentarem à beira-mar. Nas praias que se localizam nas imediações de estuários ou zonas húmidas, como lagoas costeiras ou desembocaduras de pequenos rios ou ribeiros, a observação pode realizar-se ao longo de todo o dia.

As praias rochosas, nomeadamente as mais abrigadas, merecem destaque por ostentarem uma elevada diversidade de espécies, num espaço relativamente limitado. São bastante comuns os caranguejos, as estrelas, os ouriços, os camarões e vários moluscos (mexilhões, lapas, burriés, caramujos, etc.). Durante a baixa-mar, os moluscos refugiam-se nas suas conchas, que fecham hermeticamente (como os mexilhões) ou fazem aderir às rochas (como as lapas), retendo a água essencial ao funcionamento das suas brânquias. Quanto aos crustáceos, como os caranguejos e as sapateiras, protegem-se nas fendas húmidas das rochas, que partilham geralmente com pequenos polvos. Já os peixes, os camarões, as anémonas, as estrelas e os ouriços, devido à sua fragilidade e à grande dependência hídrica, escolhem as poças de água, onde mantêm a sua actividade habitual. Apesar das difíceis condições de vida nas praias rochosas, devido ao rebentamento constante das ondas, quase todas as rochas estão usualmente cobertas por uma miríade de organismos.

Tal como acontece com um prédio dividido em andares, onde vivem as diversas famílias, também o litoral rochoso se apresenta organizado em zonas ou andares. Existem assim conjuntos de organismos característicos que correspondem a determinadas condições ecológicas, sensivelmente constantes em função da distância ao nível do mar, e que permitem definir o espaço correspondente a cada zona. O litoral pode assim ser dividido em quatro andares diferentes: o supralitoral, o mediolitoral, o infralitoral e o circalitoral.

O andar supralitoral está apenas sujeito aos salpicos das ondas, sendo uma zona que raramente é coberta pela água, excepto nas marés vivas (mas sempre por pouco tempo). Esta zona é caracterizada pela existência de um pequeno caracol da espécie Melaraphe neritoides, que se encontra em grandes quantidades principalmente nas fissuras das rochas. Também é comum encontrar-se um líquen negro (Verrucaria maura) com aspecto de alcatrão derramado na rocha. Em substrato arenoso, o povoamento marinho característico resume-se à ocorrência das vulgares pulgas-do-mar (Talitrus saltator).

O mediolitoral corresponde à zona entre marés (também designada por "zona intertidal" ou "eulitoral"), sendo descoberta e coberta pelo mar duas vezes por dia. Aqui, a distribuição dos organismos faz-se em função do hidrodinamismo, ou seja, é influenciada pelo constante movimento da água e dos seus efeitos (intercalando períodos de imersão e de emersão). Trata-se de ecossistemas muito ricos, com uma fauna e flora extremamente diversificadas. São comuns os densos povoamentos de mexilhões, algas calcárias e castanhas (como a bodelha), lapas e crustáceos cirrípides (como cracas e balanos).

É nesta zona que abundam as poças de água que se formam com a descida da maré, geralmente forradas por algas calcárias e ouriços-do-mar. Dado que estão permanentemente repletas de água, constituem enclaves do infralitoral, pelo facto de as condições ambientais serem semelhantes às desse andar. As poças de maré, como também são conhecidas, constituem verdadeiros paraísos visuais, onde as algas, as lapas, os mexilhões, as anémonas, os ouriços, as estrelas, os camarões e vários pequenos peixes fazem as delícias dos mais curiosos.

O infralitoral vai desde o limite inferior da baixa-mar até cerca de 24 metros de profundidade (o que em Portugal corresponde grosso modo à máxima profundidade até onde podem encontrar-se as algas fotófilas, isto é, as que necessitam de luz), sendo por isso acessível somente aos mergulhadores. Trata-se de uma zona geralmente forrada por várias espécies de algas e com uma enorme diversidade de animais marinhos (peixes, anémonas, camarões, estrelas, polvos, esponjas, entre muitos outros) que só estão ao alcance dos olhos dos praticantes de mergulho em apneia (mergulho superficial com máscara aquática ou a pequena profundidade sustendo a respiração) ou com escafandro autónomo (pode saber mais sobre a modalidade em http//www.fpas.pt ou em http://www.cpas.pt). Vale a pena colocar a máscara, o tubo respirador e as barbatanas para espreitar esse admirável mundo novo.

Conhecer para proteger

Uma ida à praia poderá ser uma oportunidade sublime para sensibilizar os mais novos para a riqueza do património natural do litoral e para lhes mostrar ainda como preservar a natureza. Regras básicas de cidadania ambiental (não apanhar plantas ou animais, não colocar organismos aquáticos em baldes ou sacos de plástico para além do tempo necessário para a sua observação, não levar para casa os seres vivos, dado que morrerão rapidamente fora dos seus habitats naturais, não deitar lixo para o chão) serão comportamentos facilmente apreendidos pelas crianças e jovens, especialmente se o exemplo lhes for dado pelos adultos. É importante ensinar-lhes que na praia devem deixar apenas as suas pegadas e que no regresso a casa só precisam de levar as fotografias para mais tarde recordar.

Embora o litoral seja um mundo único e fascinante, onde habitam seres muito curiosos e complexos, também é um lugar cheio de problemas. A sua destruição tem geralmente causas humanas tão diversificadas como a poluição, a construção civil e a urbanização desregrada, a pesca profissional e desportiva, a extracção de areia, a destruição das dunas e o turismo massificado, entre outras.

Convém não esquecer que as praias estão sujeitas à acção destrutiva dos visitantes, umas vezes em resultado de comportamentos descuidados, outras como consequência da delapidação intencional dos recursos. A principal causa é a procura e apanha de organismos marinhos, como minhocas para isco dos pescadores, perceves, mexilhões, burriés, lapas, ouriços, navalheiras, polvos, etc. À actividade regular dos apanhadores profissionais e desportivos junta-se, durante a época balnear, a acção dos veraneantes e turistas, que muitas vezes recolhem organismos cujo tamanho é muito inferior às dimensões adequadas para apanha e consumo ou pura e simplesmente destroem-nos com o seu pisoteio imprevidente.

Algumas espécies que habitam a beira-mar são raras e podem necessitar de vários anos para atingir o estado adulto, razões que as tornam particularmente vulneráveis a uma recolha exagerada ou a uma destruição descuidada. Por estranho que pareça, muitos seres vivos são pura e simplesmente esmagados pelas pessoas. Os casos mais comuns são o pisoteio dos bancos de mexilhões e da barroeira (ou brueira, como é conhecida em várias regiões da costa portuguesa).

Os "recifes" de barroeira apresentam uma grande beleza devido às suas curiosas formas, que imitam colunas, barreiras e cogumelos. São frágeis estruturas arenosas edificadas por colónias de anelídeos poliquetas da espécie Sabellaria alveolata, que constroem pequenos casulos semelhantes a favos de mel onde se abrigam. As suas inúmeras fendas e galerias oferecem protecção para várias espécies animais, especialmente durante a fase larvar e juvenil, constituindo locais de maternidade e verdadeiros refúgios de biodiversidade marinha. O pisoteio dos veraneantes curiosos que se sentem atraídos pela sua beleza e a cobiça dos pescadores desportivos à cata de isco tornam estas delicadas construções alvos de destruição maciça, em especial durante o Verão.

A exploração do litoral deve fazer-se sempre tendo em conta a menor perturbação dos ecossistemas intertidais e dos organismos que aí habitam. O simples facto de virar as pedras e de não as colocar no mesmo local e na mesma posição poderá originar grandes desequilíbrios nos mundos em miniatura, como são, por exemplo, as poças de maré. Para observar, identificar ou fotografar os organismos não será sequer necessário removê-los do local onde vivem. No entanto, se tal se justificar, o manuseamento dos animais deve ser feito de forma rápida, evitando tocar-lhes com as mãos secas e mantendo-os durante pouco tempo fora de água ou expostos ao sol.

Em circunstância alguma se justifica colocar em risco a vida ou o bem-estar da bicharada. Por isso mesmo, deve evitar-se o uso de instrumentos cortantes e afiados (que são igualmente perigosos para as crianças!) e puxar ou arrancar animais que se agarram firmemente às rochas, como as anémonas e as estrelas-do-mar (infelizmente, muitas pessoas têm o péssimo hábito de secá-las ao sol e levá-las para casa como lembrança). Embora a palavra "safari" também seja sinónimo de "caçada de animais selvagens", não foi essa a intenção do seu uso neste texto. Afinal, nenhuma fotografia ou recordação que leve da praia será mais valiosa do que a vida dos maravilhosos organismos que aí, todos os dias, lutam pela sua sobrevivência.

J.N.

SUPER 148 - Agosto 2010

Ficha de Trabalho - Ossos e Articulações

Indisciplina: Mais de 11 mil participações no ano passado


No ano letivo 2015/2016, houve 11.127 participações disciplinares em apenas 5,4% da totalidade dos agrupamentos e escolas em Portugal. Esta é a conclusão do estudo “Indisciplina em Portugal com dados das escolas”, da autoria de Alexandre Henrique, realizado em parceria com a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), e divulgado pela agência Lusa.

"São mais de 11 mil participações disciplinares (ordem de saída da sala de aula) em apenas 5,4% da totalidade dos agrupamentos/escolas em Portugal, num universo de 53.664 alunos – o que, extrapolando para uma amostragem da totalidade dos agrupamentos/escolas em Portugal, levaria a um número de mais de 206 mil participações disciplinares num só ano”, refere Alexandre Henrique à agência Lusa.

De acordo com o estudo, cujos inquéritos foram realizados entre os dias 18 de outubro do ano passado e 27 de janeiro deste ano, é no 3º Ciclo que se registam mais casos de indisciplina, enquanto o 1º Ciclo é o que menos casos tem. Relativamente a períodos letivos, é entre o Natal e a Páscoa (o segundo período) que acontece o maior número de casos, enquanto o terceiro período regista um número menor.

"O Ministério de Educação e a sociedade em geral têm de ter consciência que a indisciplina é um problema recorrente e grave na sala de aula. Basta um aluno para estragar uma aula e nem precisa de insultar ou agredir para que o processo de ensino de aprendizagem seja posto em causa”, afirma Alexandre Henriques, acrescentando que é “urgente reconhecer o problema, conhecê-lo por diferentes perspetivas e depois intervir de forma coletiva.”

Biografia - Rainha Jinga


No tempo em que Cristina da Suécia foi formalmente nomeada rei do seu país, outra mulher em Angola quis também ser reconhecida como rei. Isto no princípio do século XVII. Os portugueses tiveram de esperar cerca de trinta anos para assinar um tratado de paz com esta poderosa mulher que na História de Portugal ficou conhecida por Ana de Sousa e Angola recorda como a Rainha Jinga.

            Os primeiros contactos dos portugueses com o Ngola Quiloanji (ou Angola Aquiloangi), senhor do Dongo ou Angola, foram amistosos. Este rei não inviabilizou o comércio de escravos, que foi a grande receita dos portugueses durante largos anos, mas, em contrapartida, exigiu que os portugueses não fizessem como no vizinho reino do Congo, onde impuseram baptismos em massa. Astuto, Quiluanji aproveitou este mercado de escravas que eram levados para longes paragens para, de início, se ver livre de prisioneiros de guerra e outros elementos perigosos que albergava ao seu reino. 
            Mas a paz com os portugueses era demasiado precária e o soba, de feitio despótico e humor variável, acabou por entrar em conflito aberto com os portugueses em 1581 ano do nascimento da sua filha Jinga. Muito provavelmente por não ter chegado a acordo, em termos de contrapartidas. Quanto ao número de homens que permitia que fossem levados do seu reino para serem vendidas como escravos. Aponta-se, como outra motivo dessas guerras a construção, nas terras de Quiluanji, do presídio de Ambaca, em 1614. 
            Referir que, desde 1581, em Portugal existia a União Ibérica - governo dos reis espanhóis. 
            Por volta de 1617, morreu, ou foi morto, Quiluanji, que deixou três filhas e um filho adulto. Ngola Mbandi, e outro ainda criança, que, devido ao seu nascimento era o legitimo herdeiro do trono, por ser filho da mulher principal, considerada a legitima, enquanto o filho adulto provinha de uma ligação com uma concubina real (mocama), criada ou escrava. Como se vê mesmo em reinos africanos há estritas hierarquias. 
            Porém, o filho mais velho, ávido de poder mata o irmão e o sobrinho mais velho, filho da irmã Jinga, afastando assim qualquer hipótese de presumíveis adversários, e assume-se como sucessor. Jinga e as irmãs, Funji (ou Kifuní e Mucambo (ou Cambo), eram também filhas legitimas à luz dos costumes daquele reino. 
            Quando o governador Luís Mendes de Vasconcelos chegara a Luanda, em Agosto de 1616, havia paz entre os portugueses e o usurpador. Mas, em 1620, voltaram os conflitos. O governador invadiu as terras de Ngola (chefe) Mbandi inflige-lhe duras perdas e além de raptar a mulher principal, aprisiona muitos outros membros da sua família. 
            Em Dezembro de 1621, o novo governador João Correia de Sousa chega a Luanda e adopta unia atitude mais diplomática, enviando ao rei, Ngola Mbandi, uma pequena embaixada encabeçada pelo padre Dionísio Faria Barreto que dominava bem a língua nativa e lhe propôs a paz e a conversão ao catolicismo. O rei aceitou a paz mas impôs que os portugueses abandonassem o presídio de Ambaca e se comprometessem a apoiá-lo nas lutas contra o Jaga Cassanji, inimigo comum. Por último, pediu que os portugueses lhe restituíssem os prisioneiros feitos pelo anterior governador. Chegou-se a um acordo. 
            Entretanto, Jinga afastara-se já deste irmão que passou odiar desde que este lhe matara o filho e ela muda-se da capital do Dongo com o marido e as irmãs. Vai então viver para a região montanhosa da Matamba que mais tarde lhe irá servir de fortaleza natural contra os ataques dos portugueses. 
            É no período do governo de João Correia de Sousa que se vai dar o célebre encontro com Jinga que vai a Luanda negociar a paz. Há discrepâncias quanto à data deste encontro, mas o facto em si é que é relevante.
            Jinga prepara um séquito numeroso e com todos os atributos da sua condição de princesa faz-se anunciar em Luanda. Os portugueses vão recebê-la como uma verdadeira rainha, com tropas perfiladas e descargas de mosquetes, sendo-lhe dada hospedagem e casa condigna. 
            No dia marcado para a audiência, Jinga, acompanhada do seu séquito, dirige-se à casa do governador. Entrou para a sala onde este ainda se não encontrava e, num relance percebe que na sala só havia uma cadeira e duas almofadas de veludo franjadas a ouro sobre um tapete. 
            De imediato, a perspicaz Jinga percebe que pode ficar em desvantagem. Ficar de pé perante um homem sentado. Ordena a uma das suas escravas que se dobre e lhe sirva de assento e é assim sentada que vai encarar o governador — de igual para igual. Escusado será dizer que esta atitude de Jinga deixou estupefactos todos os presentes, muito particularmente o governador que percebeu imediatamente que a mulher que estava na sua presença ora especial e que deveria usar com ela de toda a diplomacia e cortesia. Até porque muita coisa estava em jogo e um gesto em falso podia representar o recrudescer da guerra. 
            As negociações ocorrem com sucesso, começando a princesa Jinga por apresentar as desculpas em nome do irmão. A sua maneira de falar e a sua postura vão deixar a assistência perfeitamente espantada. Não podemos esquecer que até ao século XIX houve antropólogos que defenderam que a raça branca era superior á negra. Imaginemos o que não seria no século XVII uma africana saber exprimir-se bem e adoptar uma atitude de superioridade para com os conquistadores. 
            No final, João Correia de Sousa argumentou que, para que o acordo ficasse bem cimentado, deveria o irmão de Jinga pagar aos portugueses um tributo anual. Porém, ela contrapôs que tributo só pagavam os povos subjugados, o que não era o caso. Uma última exigência por parte dos angolanos era a devolução dos escravos. Aqui os portugueses não puderam prometer que cumprissem, porque era um negócio que envolvia muita gente, mas mostraram boa vontade para o problema. 
            À despedida, o governador, reparando que a escrava se mantinha acocorada na posição de assento, perguntou à altiva Jinga porque não a manda levantar, ao que a sobranceira guerreira angolana terá respondido: “Já não preciso dela, nunca me sento duas vezes na mesma cadeira!” 
            A divulgação deste facto foi, em grande medida, obra de um holandês que poucos anos depois fez desenhos deste insólito comportamento e que veio contribuir muito para a aura de admiração que se gerou em torno desta mulher angolana, uma, se não a maior heroina do seu país. 
            Muito provavelmente como estratégia diplomática, Jinga deixa-se baptizar com toda a pompa e circunstância, e muda o nome para Ana de Sousa, tendo por padrinho o próprio governador João Correia de Sousa. Dai ter adoptado o seu apelido, como era costume. Isto terá ocorrido em 1622, contando Jinga 40 anos. 
            A verdade é que Jinga deixara em todos os portugueses uma profunda admiração e respeito e vai regressar ao seu reino com prendas preciosas oferecidas pelos portugueses. 
            Relata então ao irmão o sucesso da sua missão. Este, entusiasmado com a descrição do baptismo, manda comunicar ao governador que lhe mande missionários para ser também ele baptizado. É incumbido dessa missão o padre Dionísio de Faria, natural do reino de Matamba. Porém, quando Mbandi vê que os portugueses lhe enviaram um padre da sua raça, isto é negro, tomando isso como uma afronta, recomeça de imediato a guerra contra os portugueses que, muito mais bem preparados o vão perseguir. Cobardemente, foge e refugia-se numa pequena ilha do Quanza, onde acaba por morrer ou ser envenenado, a mando da irmã, que percebe que é chegada a sua hora da mandar. Ela possuía já um exército fiel, engrossado continuamente com escravos que fugiam a refugiar-se nas suas terras para escaparem ao seu trágico destino. 
            As mensagens entre os portugueses e a rainha Jinga prosseguiam, havendo, por parte do governador, alguma relutância em combater esta mulher que para todos os efeitos era cristã. O governador teria gostado de cumprir a sua palavra, mas as pressões de Lisboa para se aumentar o mercado de escravos para o Brasil eram demasiado fortes para que o governador pudesse agir segundo a sua consciência. 
            Em Agosto muda mais uma vez o governador, tendo assumido esse cargo o bispo Frei Simão Mascarenhas. 
            Embora, neste período, na correspondência trocada entre portugueses e a princesa Jinga, esteja assinada como Ana do Sousa, não deixa de insistir para que Portugal cumpra as suas promessas e devolva os homens do seu reino que foram feitos escravos. Ora, o tráfico de escravos era um grande negócio na altura e Portugal não estava interessado em abandonar essa fonte de rendimento, passe tudo o que é hoje a nossa visão da escravatura. Estava-se noutra época em que a escravatura existia em quase todo o mundo. E como “para grandes males grandes remédios”, em 1625, o governador Fernão de Sousa decide acabar com a supremacia crescente de Ana de Sousa. Para isso, manda colocar no trono do reino do Dongo (que ficava na região das Pedras de Maupungo ou Pungo um parente dela, Ari Quíluanji, que não passava de um rei-fantoche, pronto a fazer o que os portugueses lhe ordenassem. Este deixa-se baptizar e adopta o nome cristão de Filipe. E Bento Banha Cardoso, capitão- mor do governador, quem vai executar esta missão. E o rei-fantoche compro meteu-se a prestar vassalagem ao colonizador, fornecendo 100 escravos por ano à Fazenda Real. Reinava então Filipe III. Com o evoluir dos acontecimentos era quase certo que Ana de Sousa assumiria mais cedo ou mais tarde o que a sua natureza lhe pedia. Renegou o baptismo e assumiu-se como Rainha Jinga. Ao contrário de muitas outras histórias de rainhas africanas, Jinga não foi uma figura lendária. Há documentos mais que suficientes, onde constam cartas suas, o que para época era raríssimo numa mulher africana. Ela tinha sido educada por frades italianos e aprendera a ler e escrever. 
            E se a lenda diz que nas altas montanhas de Matamba está lá uma pegada sua, este é o pormenor mitológico que dá sabor a todas as grandes figuras da história dos povos.
            Para os portugueses parecia fácil domesticar esta mulher que para ser respeitada se vestia de homem, com as habituais peles de animais. Usava machado à cintura e manejava sem dificuldade o arco e a flecha. Ela exigiu ser considerada rei e não rainha, mantendo mesmo, à maneira de rei, o seu harém onde tinha mais de cinquenta jovens que eram para todos os efeitos as suas mulheres, como teria qualquer rei homem. Algo que não lembraria às mais belicosas feministas uns séculos mais tarde. 
            Em Fevereiro de 1626. Bento Banha Cardoso parte de Luanda acompanhado de um número considerável de cavaleiros e padres para tentarem pelas armas ou pela pregação reconquistar a rainha guerreira. Foram pelo Quanza até Massangano. Estava-se já no mês de Março. Vai haver confrontos. A rainha Jinga ataca de noite. Conhece o seu território. Há feridos e mortes. Debalde os portugueses lhe vão no encalço. Bento Cardoso, por agora, retira-se, visto ignorar o paradeiro da rainha que entre tanto se aliara ao Jaga Caza contra o rei--fantoche do Dongo. Os Jagas eram guerreiros por profissão e tinham fama de praticar ritos canibais, eram preparados desde jovens para essa função. Dai que, como mercenários, terem uma grande mobilidade, pois não lutavam por causas mas sim ao lado de quem dava mais vantagens. Os próprios portugueses vão ter jagas pelo seu lado, em várias fases das guerras angolanas, que duram várias décadas. 
            Morre, entretanto, Bento Banha Cardoso, antes de poder irem auxílio do rei do Dongo. 
            Os exércitos organizam-se de parte a parte e há novos recontros com a rainha Jinga. Estamos em Maio de 1629. Não conseguindo derrotá-la, os portugueses raptam-lhe as duas irmãs, Cambo, Funji e um número considerável de sobas que a apoiavam. As irmãs da rainha são entregues à guarda da mulher do capitão-mor, em Luanda, que terá a incumbência de as mandar baptizar. Tomarão os nomes de Bárbara e Graça (ou Engrácia).
Entretanto Jinga organiza os seus exércitos que passam a contar agora com o apoio explícito do Jaga Cassangi, possuidor de oitenta mil arcos de guerra. Neste momento a rainha guerreira só deseja que os portugueses lhe reconheçam legitimidade para governar o reino do Dongo. O próprio António de Oliveira Cardonega, escritor considerado “o pai da História de Angola”, na sua obra escrita em 1680, é de opinião que os vinte e oito anos de lutas entre a rainha Jinga e os portugueses se deveram em grande parte à má política dos governadores de Luanda. Ele diz mesmo que os portugueses primeiro, roubaram o Ngola Mbandí: depois, fizeram rei um fantoche só para não reconhecer como legitima sucessora a rainha Jinga. Por fim são também os portugueses os culpados daquela rainha africana ter ido pedir auxilio aos holandeses. 
            Por volta de 1630, a rainha Jinga promete casar com o chefe jaga para cimentar a aliança mas tal não se vem a concretizar. No entanto, entre 1630 e 1635, dada esta aliança, consegue-se que as lutas tribais acabem. Quase sem se aperceberem, diversas tribos reúnem-se em torno da rainha Jinga e tomam consciência da sua força, centrada na região da Matamba. 
            Portugal enfrenta, neste período, um poderoso inimigo—os holandeses que queriam maiores lucros no comércio africano, nomeadamente no tráfico de escravos. Com os holandeses ao longo da costa e com a rainha Jinga à frente dos seus exércitos, no interior do território, o governo português resolveu tentar refazer a aliança com a rainha. E, em 1639, realiza-se um encontro entre as duas partes, mas não se chega a acordo. 
            Com o avanço dos holandeses, o rei do Congo, Garcia II entra também na guerra, ficando os portugueses com três frentes de conflito. 
            Em 1641 reinava já novamente em Portugal um rei português: D. João IV. De Luanda parte um exército para combater o rei do Congo e a rainha Jinga da Matamba. Mas era demasiado tarde e Luanda cai nas mãos dos holandeses. Os portugueses fogem para o interior.
            Em 1645 a rainha Jinga cerca os portugueses que se encontravam em Massangano. Estes defendem-se heroicamente até ao limite das suas forças. Vários autores portugueses vão enaltecer este comportamento que faz parte daquela dupla visão histórica dos acontecimentos, que tem sempre dois lados. Para a história angolana heróicos terão sido os homens da rainha Jinga, daí ela ser a maior heroina angolana, que aos sessenta anos ainda comandava ela mesma os seus homens. 
            Jinga, aliada ao rei do Congo, com o apoio da Holanda e com os guerreiros de vários chefes jagas está prestes a vencer os portugueses, mas dá-se uma imprevista mudança de apoios. Os jagas abandonam-na, para se aliarem aos portugueses, que recebem também apoio do Brasil. 
            Os portugueses organizam-se e em 1646 vão atacar em força os acampamentos da rainha africana, matando mais de duas mil pessoas. 
            Luanda é reconquistada, em 1648, por Salvador Correia de Sá e Benevides. Nesse mesmo ano, este governador envia-lhe uma embaixada para que se converta, mas ela recusou. 
            O adido militar holandês Fuiler vai ser uma das principais fontes de informação sobre os acontecimentos em Angola no tempo da rainha Jinga, visto que ele é testemunha ocular de muitos destes acontecimentos, pois lutou ao lado dela, durante alguns anos. E ele testemunha a adoração que o povo angolano tinha por aquela extraordinária mulher, chegando muitos a beijar o chão quando ela se aproximava. Para o capitão Fuller, ela era tão generosamente valente que nunca feriu um português depois deste se render e tratava os seus soldados e escravos como iguais. 
            O acordo de paz entre portugueses e a rainha Jinga acontece em Outubro de 1656, sendo cento e trinta escravos trocados pela princesa Bárbara (nome de uma das irmãs depois de baptizada). 
            Em 1657, religiosos capuchinhos italianos aproximam-se da rainha Jinga e convencem-na a voltar à fé cristã e a vestir-se de mulher. Quem vai ter um papel importante nesta conversão é frei João António Cavazzi de Monte Cuccolo, conhecido simplesmente por Cavazzí. Com ele a rainha vai trocar cartas importantes. Os frades capuchinhos vão tomar a responsabilidade de edificar uma igreja paga pela já não rainha Jinga, mas pela novamente Ana de Sousa. A igreja de Santa Maria da Matamba é benzida em Agosto de 1663 por Cavazzi. 
            Aos 75 anos, acabara o reinado do rei/ rainha Jinga. Os seus últimos oito anos de vida são de uma pacífica e devota católica que assegurou a continuidade do reino ao aconselhar o casamento da irmã Bárbara com um general do seu exército. A sua longevidade foi extraordinária para a época. Morreu aos 83 anos, a l7de Dezembro de 1663, na presença de Cavazzi. Mas a memória dos seus feitos e a extrema dignidade do seu porte permanecem como uma referência para todos os angolanos.

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