sábado, 29 de março de 2008

'Profs' vão ter cursos de defesa e prevenção

"É na sala de aula que muitos problemas externos à escola se materializam, mas é também lá que, pela gestão eficaz, se podem corrigir e controlar. E há técnicas muito simples que, uma vez aplicadas pelos docentes, podem fazê-los ganhar aquela turma desde o primeiro dia". É isso que Fátima Marinho, pós-graduada em Formação Psicológica de Professores, se propõe ensinar nos novos cursos da Associação Nacional de Professores. Na sequência dos muitos casos de violência que chegam à linha SOS Professor, a partir de Abril a ANF abre a sala de aula a quem queira aprender a evitar o "bullying" e a prevenir e intervir em casos de indisciplina, violência e conflito nas escolas. "Por que razão os professores estão a ser vítimas? Porque não actuam prontamente, porque não agenciam os meios para pôr um ponto final na situação violenta, porque ganham medo e isso é desastroso. São incontáveis, inimagináveis e assustadores os ataques que os professores têm de suportar. Há docentes à beira da ruptura, que tomam calmantes para dar aulas. É preciso dar-lhes competências de gestão da sala de aula", explica Fátima. Desde há vários anos que as associações de professores reclamam ao Ministério da Educação a inclusão de formação específica sobre indisciplina e violência nos "curricula" universitários dos docentes. Depois do caso Carolina Michäelis, a Fenprof voltou a inserir a medida nas prioridades de combate ao problema. Aliás, em 2001 a própria Assembleia da República aprovou uma resolução sobre a matéria, em que recomendava ao Governo a concepção e adopção destes cursos. Em Abril de 2007, já com Maria de Lurdes Rodrigues no Governo, a Comissão de Educação, Ciência e Cultura, presidida por António José Seguro, relembra a importância de promover módulos de formação contínua no âmbito da mediação e prevenção de conflitos para professores e auxiliares de acção educativa.
"O Ministério nunca considerou importante dotar os professores destes mecanismos de defesa, nunca foi considerada área de formação prioritária. Aliás não temos qualquer apoio para estes cursos", adianta João Grancho, presidente da ANP.

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