quinta-feira, 21 de julho de 2011

Notas dos alunos nos exames são piores do que nas escolas

A disciplina de Português foi a segunda em que se registou uma maior diferença entre a classificação final obtida pelos alunos nas suas escolas e os resultados que obtiveram no exame do 12.º ano. A média dos alunos internos a Português foi de 13,5. No exame nacional, o resultado médio destes mesmos alunos foi de 9,6.

Os alunos internos são aqueles que frequentam as aulas o ano inteiro. Para irem a exame têm de ter, no mínimo, um 10 numa escala de 0 a 20. Tradicionalmente, as maiores diferenças a favor da classificação interna registavam-se nas disciplinas de Biologia e Geologia e Física e Química A, com exames no 11.º ano. Em 2010, por comparação à média obtida nos exames, esta diferença foi superior a quatro pontos. Este ano foi de 2,6 em ambas as disciplinas, o que se deve em grande parte a um melhor desempenho nos exames recompensado com uma média positiva, o que já não sucedia há vários anos.

Para os professores a diferença de médias justifica-se sobretudo pelo facto de as notas da escola reflectirem outras componentes para além dos resultados dos testes. Também são tidos em conta, entre outros factores, o trabalho desenvolvido pelos alunos ao longo do ano e as suas atitudes.

Mas os novos itens introduzidos este ano no exame de Português, no grupo do funcionamento da língua, poderão ser a principal causa da diferença de quatro pontos (no ano passado foi de três) entre a média que resulta da nota dada pelos professores e aquela que foi obtida no exame. Segundo a presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, a extensão do programa em vigor leva a que muitos professores se vejam obrigados a saltar algumas partes.

Por norma privilegia-se o estudo dos autores (Fernando Pessoa e os seus heterónimos, José Saramago e Luís Sttau Monteiro) em detrimento do treino do funcionamento da língua, onde se integra a gramática.

No exame deste ano pediu-se aos alunos que identificassem classes de palavras, funções sintácticas e que classificassem orações. E o resultado terá sido um desastre. Estes conteúdos são leccionados nos 10.º e 11.º anos. O exame do 12.º só incide sobre a matéria do programa deste último ano. Mas deste faz parte a consolidação dos itens de funcionamento da língua explorados nos dois anos anteriores.

Edviges Ferreira frisa que os testes realizados pelos alunos são diferentes das provas de exame. Esta professora defende que os alunos do ensino secundário passem também a realizar testes intermédios na disciplina de Português, à semelhança do que sucede com Matemática A, Biologia e Geologia e Física e Química A. Estes testes, elaborados pelo Gabinete de Avaliação Educacional, servem de preparação para os exames.

Este ano, a maior diferença entre a classificação interna e a média obtida nos exames voltou a registar-se a Geometria Descritiva. Foi de 4,5 pontos. No ano passado tinha sido de 5,1.

A Matemática A, com um exame mais difícil, a diferença entre a classificação interna e a média naquela prova final subiu dois pontos por comparação ao ano passado. Os resultados por escola, geralmente divulgados em Outubro, têm demonstrado que são os estabelecimentos de ensino com pior classificação que apresentam as maiores discrepâncias entre a nota de exame e a classificação interna. As notas dos exames contam 30 por cento para o cálculo da nota final.

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