sexta-feira, 25 de maio de 2018

Conteúdo - Alergias


O que é uma alergia?
As alergias são respostas exageradas do organismo humano após o contacto com o ambiente que nos rodeia, sendo mais frequentes quando existe uma tendência familiar, isto é, um risco genético para a sua ocorrência. Ou seja, lutamos contra algo que os não alérgicos toleram: “as alergias são um excesso de defesas”, por oposição a outras situações clínicas em que existe falta de defesas.

Porque temos alergias? São muito frequentes?
Para além da genética, muitos fatores de risco relacionados com o estilo de vida das sociedades ocidentais – sedentarismo, alteração da dieta, obesidade, poluição dentro e fora dos edifícios, exposição a alergénios, consumo excessivo de medicamentos, nomeadamente de antibióticos, são algumas dos atributos com peso significativo no aumento da expressão quase explosiva que ocorreu nas doenças alérgicas nas últimas décadas.
Na Europa, estas doenças afetam cronicamente mais de um terço da população e Portugal não é exceção.

Estas doenças têm sempre a mesma gravidade?
As doenças alérgicas são muito frequentes mas a gravidade é variável. Se é bem conhecido que a asma pode ter um desfecho fatal, as picadas de insetos, a toma de medicamentos ou a ingestão de alimentos, não são habitualmente, nem reconhecidas, nem valorizadas, como responsáveis por quadros muito graves.

Em alguns doentes alérgicos o contacto com alergénios, mesmo em quantidades mínimas, pode ser muito perturbador:

A ingestão não reconhecida de alergénios alimentares, ocultados em outros alimentos (por exemplo, leite misturado com sumos de frutas ou mesmo com bebidas alcoólicas – “licor de leite”-, pode colocar a vida dos alérgicos em risco.
Os acidentes relacionados com a toma de medicamentos devem ser referidos à equipa de saúde e bem conhecidos pelo próprio e sua família ou contactantes.
As reações relacionadas com picadas de insetos, especialmente se muito graves, devem ser rapidamente referidas ao médico assistente, o que geralmente não é efetuado. E a situação pode traduzir um risco de vida permanente.

A Imunoalergologia ou Alergologia baseia a sua atividade na promoção da saúde, prevenindo, a vários níveis, situações que afetam a qualidade de vida das populações, da asma à rinite, da urticária ao eczema, da alergia alimentar à medicamentosa.

É fácil diagnosticar as doenças alérgicas?
O reconhecimento correto e atempado destes quadros clínicos de ligeiros a muito graves, permite delinear medidas de atuação em termos de diagnóstico e de tratamento, oferecendo alternativas alimentares e medicamentosas, estruturando a atuação de emergência se sintomas muito graves ocorrerem.

No entanto para que o diagnóstico seja possível é importante que os médicos assistentes e os cidadãos afetados, adultos ou crianças, grávidas ou idosos, sejam encaminhados para um especialista em Imunoalergologia.

Como podemos então controlar estas doenças tão frequentes?
O tratamento que permite o controlo divide-se em várias abordagens, mas baseia-se, primeiro, num diagnóstico correto.

Os pilares fundamentais no controlo da doença são:
-Educar o doente e da sua família
-Evitar os fatores de agravamento
-Tratar os episódios agudos ou crises, com utilização de fármacos que aliviam a obstrução dos brônquios;
-Planear o tratamento preventivo ou de controlo através de vacinas anti-alérgicas.

Como evitar o contacto com os alergénios?
Evitar os alergénios do ambiente interior
Os ácaros do pó doméstico representam a principal causa de alergia na população portuguesa. As medidas aconselhadas para evitar a exposição aos ácaros do pó, e a outros contaminantes, são:
-Manter um arejamento e VENTILAÇÃO adequadas
-Evitar alcatifas e carpetes. Substituir por pavimento de linóleo, mosaico ou madeira envernizada
-Utilizar colchões recentes, com menos de um ano
-Colocar coberturas anti-ácaros nos colchões e almofadas
-Utilizar lençóis de algodão e edredão sintético
-Lavar a roupa da cama e as cobertas plásticas com água a temperaturas superiores a 50ºC
-Remover do quarto peluches ou objetos que acumulem pó (ex. livros)
-Usar aspirador com filtro de alta eficiência (HEPA)
-Controlar a humidade relativa em valor inferior a 50%

Nos doentes alérgicos a fungos, as medidas de controlo ambiental são semelhantes.
Nos doentes alérgicos a animais domésticos - gato, cão, coelho, hamster, entre outros - será necessário remover os animais domésticos da habitação.

Evitar os alergénios do ambiente exterior

Os pólenes são os alergénios mais importantes do ambiente exterior.

Para os doentes alérgicos aos pólenes, cuja época de polinização habitual é a primavera, algumas medidas podem ser úteis:
-Conhecer o boletim polínico da região (disponível no site da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica - www.spaic.pt)
-Planear viagens de trabalho ou férias elegendo alturas do ano e locais livres dos pólenes para os quais é alérgico
-Evitar ir para o campo durante os períodos de grande concentração de pólenes em especial no período da manhã
-Manter as janelas fechadas durante o dia em casa, optando por fazer ventilação mais para o final do dia
-Usar óculos escuros
-Viajar de carro com as janelas fechadas e os motociclistas devem usar capacete integral

Evitar o fumo do tabaco, ativo e passivo

O fumo do tabaco aumenta o risco para o aparecimento de asma e outras doenças alérgicas, e nas crianças com asma é um conhecido fator desencadeante das crises, com aumento do risco para a ocorrência de crises graves, que podem levar ao internamento hospitalar.

Os pais das crianças asmáticas deverão ter consciência de que se fumam ou deixam que outros fumem perto dos seus filhos (em casa, no carro,…) estão a prejudicar gravemente a saúde dos seus filhos, aumentando de forma significativa a gravidade da doença. É preciso não esquecer que a criança pequena não pode manifestar verbalmente o seu mal-estar, e que a tosse é habitualmente a sua única forma de expressão.

Quais os medicamentos a que podemos recorrer?
Podemos dividi-los em três grupos:
-Medicamentos sintomáticos, para o alívio das queixas, incluindo anti-histamínicos para o controlo dos sintomas de alergia a nível do nariz, dos olhos ou da pele e, broncodilatadores para o tratamento das queixas de asma.
-Medicamentos preventivos, anti-inflamatórios, que permitem combater a inflamação alérgica e evitar o aparecimento dos sintomas.
-Vacinas anti-alérgicas. São um tratamento específico, dirigido ao alergénio implicado, que têm uma grande eficácia desde que instituídas corretamente e sob vigilância estrita de médico da especialidade de Imunoalergologia. É um método de tratamento que visa modificar a evolução da doença alérgica. Por exemplo, em doentes com rinite a pólenes que têm risco aumentado de vir a desenvolver asma, as vacinas poderão prevenir esta evolução.

Podemos esperar a cura das alergias?
As doenças alérgicas quando são crónicas, formalmente, não têm cura, sendo doenças onde se pretende, como principal objetivo, obter o controlo e assim permitir uma adequada qualidade de vida. Falamos em vacinas anti-alérgicas ou em protocolos de indução de tolerância para medicamentos ou alimentos, os quais, os especialistas das unidades CUF têm capacidade para aplicar de acordo com indicações estritas.

De qualquer modo, um doente alérgico pode estar décadas sem sentir qualquer sintoma de alergia, sendo muito mais provável isto acontecer quanto mais controlados estivermos.


Informação retirada daqui

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