domingo, 9 de dezembro de 2018

Biografia - Nicolas Poussin

Pintor francês, principal autor clássico do período Barroco, trabalhou quase exclusivamente em Roma.

Nasceu em Les Andelys, Normandia, França, em Junho de 1594;
morreu em Roma em 19 de Novembro de 1665.

Nascido numa aldeia do vale do Sena, no Norte de França, era filho de lavradores. Educado localmente foi com a visita do pintor Quentin Varin (1570-1634) à sua vila, em 1612, que o seu interesse pela arte foi despertado. Decidido a ser pintor foi estudar para Rouen e mais tarde para Paris. Não tendo encontrado professores de qualidade, devido à sua pobreza e ignorância, estudou com pintores de pouca qualidade. Devido às dificuldades regressou à casa paterna, doente e humilhado.

Voltou a Paris um ano depois, mas com outro objectivo, o de ir para Roma estudar, já que a cidade era a capital do mundo artístico. Com a ajuda de Giambattista Marino, poeta da corte de Maria de Médicis, conseguiu alcançar o seu objectivo em 1624.

O poeta encomendou a Poussin uma série de desenhos para ilustrarem as Metamorfoses de Ovídio. Entretanto Poussin ia tentando os vários estilos de pintura utilizados pelos artistas de Roma. A sua principal obra nesta época foi uma obra para um altar da Basílica de S. Pedro, O Martírio de Santo Erasmo, realizada em 1629. A obra não foi bem acolhida pela comunidade artística, o que levou Nicolas Poussin a virar-se para temas da mitologia clássica e de Torquato Tasso, sendo influenciado pelo pintor veneziano Ticiano. Até 1640, ano em que volta a França por um curto espaço de tempo, o artista aproxima-se deliberadamente do modelo de Rafael e da antiguidade romana, começando a criar o classicismo que marcará todo o resto da sua obra.

O seu trabalho em Roma atraiu a atenção da corte francesa, e o cardeal de Richelieu, ministro de Luís XIII, convenceu Poussin a regressar a França. As obras encomendadas não tinham a ver com as suas qualificações, e o que realizou não foi bem recebido, o que o obrigou a deixar Paris em 1642, regressando a Roma.

As suas obras dos anos 40 e 50 tratam de momentos de crises ou de difícil escolha moral, e os seus heróis são aqueles que rejeitam o vício e os prazer, pela virtude e pela razão. As suas paisagens mostra que a natureza desordenada submetida à ordem geométrica, sendo que as árvores se tornam quase suportes arquitectónicos.

No início da década de 60 do século, a saúde Nicolas Poussin degradou-se tendo vindo a morrer em 1665.

Fonte:
Jane Turner (ed.), The Grove Dictionary of Art

Biografia - Dante Gabriel Rossetti

Nasceu em Londres, Inglaterra, em 12 de Maio de 1828, e 
morreu em Birchington-on-Sea, no Kent, Inglaterra, em 9 de Abril de 1882.

Filho de Gabriel Rossetti, um controverso estudioso italiano da obra de Dante, exilado político em Londres, e de Frances Polidori, também de origem italiana, era o segundo de quatro irmãos, sendo o seu nome  original Gabriel Charles Dante Rossetti. A irmã mais velha tornou-se uma freira anglicana, tendo publicado um estudo sobre Dante; o irmão William tornou-se o historiador e arquivista do movimento Pré-Rafaelita, tendo editado os poemas do irmão; a irmã mais nova, Cristina, foi uma poeta (ou poetisa) tão famosa como o irmão.

Começou a estudar na escola secundária do King's College de Londres, de 1836 a 1841, passando por uma escola de desenho antiquada, e acabando na escola de antiguidades da Royal Academy britânica em 1845. Nessa época descobriu o pintor e poeta do século XVIII William Blake, crítico feroz do academismo na pessoa do seu contemporâneo Joshua Reynolds. Gabriel Rossetti, seguindo o seu modelo, decidiu-se a atacar a trivialidade da pintura vitoriana, sobretudo a obra de Edwin Landseer.

Discípulo de Ford Madox Brown, entrou em contacto com os «Pré-Rafaelitas» alemães, o nome por que eram conhecidos os «Nazarenos», um grupo de pintores que criaram em Viena, em 1809, uma cooperativa chamada Irmandade de São Lucas, que mais tarde foi viver para Roma. Estes criadores usavam pinturas medievais italianas e alemãs como modelos para as suas obras, tentando um regresso à pureza de estilo e de objectivos da arte anterior ao Renascimento.

Tendo como pano de fundo os grandes movimentos revolucionários de 1848, foi devido aos esforços de Rossetti que se criou nesse ano em Inglaterra a Irmandade dos Pré-Rafaelitas, formada por sete membros todos eles antigos estudantes da Royal Academy, tirando o seu irmão mais novo. O objectivo de Rossetti era vasto, dando como objectivos à Irmandade a poesia e o idealismo social, para além da pintura, que via como devendo romantizar o passado medieval, e tinha como base a obra do crítico de arte John Ruskin, Modern Painters, publicada a partir de 1843.

Foi o que mostrou nos seus quadros «A Infância de Maria», de 1848, e na «Anunciação», de 1850, de estilo simples mas de grande simbolismo. Obras que se relacionavam com o seu poema «The Blessed Damozel» publicado no 1.º número da revista pré-rafaelita «The Germ», que tinha como subtítulo «Pensamentos sobre a Natureza na Poesia, Literatura e Arte». A crítica, que Rossetti nunca aceitou bem, não lhe foi favorável e o pintor refugiou-se na aguarela, passando a ilustrar as obras de Shakespeare, Dante e Browning, o grande poeta da época vitoriana. 

Em 1854, numa época em que o grupo se começava a dissolver, Rossetti ganhou um poderoso e exigente patrono em Ruskin, o seu mentor original, o que lhe granjeou uma nova vaga de admiração, atraindo ao grupo os estudantes de Oxford, Edward Burne-Jones e William Morris, com os quais iniciou a segunda fase do movimento Pré-Rafaelita. O grupo dedicou-se, a partir de 1856 e com base nas obras de Thomas Malory, Morte Darthur, e de Tennyson, Idylls of the King, a recriar a época do rei Artur. Ligado a este entusiasmo romântico pelo passado lendário, que divergia substancialmente do ideal inicial de um realismo de acordo com a natureza, estava a vontade de reformar as artes decorativas. O novo grupo publicou o The Oxford and Cambridge Magazine para divulgar as suas posições

O contrato para a realização de um tríptico para a catedral de Llandaff, em Cardiff no País de Gales, pintado a partir de 1858, levou-o a aceitar decorar o salão de debates do edifício da Oxford Union, a associação de estudantes da Universidade de Oxford, criada para ser um local de debate livre, fora da organização constrangedora dos Colégios universitários. A tarefa, conhecida pela «Campanha Alegre» (Jovial Campaign) acabou em desastre devido à ignorância das técnicas de pintura moral, mas mostrou ao grupo que os seus ideais se podiam alargar às artes oficinais.

Em 1860 Gabriel Rossetti casou com Elizabeth Siddal, que tendo começado a posar para toda a Irmandade, acabou por se tornar seu modelo exclusivo. O casamento acabou em tragédia, em 1862, quando Siddal ingeriu uma dose excessiva e fatal de láudano - um medicamento à base de ópio. No caixão da mulher Rossetti colocou, num gesto romântico e insensato, toda a sua obra poética.

Após a morte da mulher Rossetti mudou não só de zona residencial, mudando-se das áreas ribeirinhas de Londres para a mais aristocrática zona de Chelsea, como de estilo, que se tornou mais sensual e estilizado. Os temas literários foram abandonados pelos retratos a óleo de belezas mundanas. A nova fase, de que «The Blessed Damozel», pintado entre 1871 e 1879, é um dos mais perfeitos exemplos, tornou-o muito popular entre os coleccionadores, tornando-o um homem abastado.

Mas a publicação em 1870 dos seus poemas, recuperados anteriormente pela exumação da mulher, bem recebidos de início, provocaram um violento ataque do crítico literário Robert Buchanan, acusando a poesia de Rossetti de indecente, o que juntos aos remorsos, ao álcool e ao cloral, ingerido para debelar as persistentes insónias, terá provocado o colapso de Rossetti em 1872.

Dante Gabriel recuperou a saúde, retomando a pintura e a escrita de poesia, mas ficou muito debilitado, tendo passando, até 1874, bastante tempo em Oxford, tendo ao lado Jane Morris, mulher de William.

Até à sua morte, no Domingo de Páscoa de 1882, Rossetti publicou uma edição muito revista e alrgada dos seus poemas, assim como um livro com baladas e sonetos, ambos publicados em 1881.

Fonte:
Enciclopédia Britânica

Biografia - Antoine Pesne

Pintor rococo francês que foi o mais importante artista na Prússia da primeira metade do século XVIII.
Nasceu em Paris, em 23 de Maio de 1683; 
morreu em Berlim em 5 de Agosto de 1757.

Ensinado pelo seu pai, o pintor Thomas Pesne e pelo seu tio-avô Charles de La Fosse, foi influenciado pelos principais retratistas franceses da época, Rigaud e Largillière. 

Continuou os seus estudos em Itália, em Roma, Nápoles mas sobretudo em Veneza, onde trabalhou com Andrea Celesti. Em 1707 pintou o retrato de corpo inteiro do embaixador prussiano na República de Veneza, o barão von Knyphausen, o que o levou a ser chamado por Frederico I da Prússia a Berlim e ser nomeado pintor da câmara real.

Quando Frederico II subiu ao trono em 1740, trabalhou como pintor decorador nos palácios que o novo rei  mandou construir ou redecorar, como os de Rheinsberg, Charlottenbourg, Berlim, Potsdam e Sans-Souci. Continuou a pintar retratos, que lembram, pela sua cor e efeitos impressionistas, Pierre-Auguste Renoir, destacando-se os que representam actrizes e dançarinas italianas e francesas que actuaram na Ópera de Berlim, e que são reconhecidos pelas suas inteligentes caracterizações.

Fontes:
Enciclopédia Britânica;

Biografia - George Romney

Nasceu em Dalton-in-Furness, Lancashire, Inglaterra, em 15 de Dezembro de 1734, e morreu em Kendal, Westmorland, em 15 de Novembro de 1802.

Popular pintor de retratos da sociedade inglesa de finais do século 18,  Romney evitou sempre fazer qualquer tipo de alusão ao carácter ou à sensibilidade dos seus clientes. O seu sucesso baseou-se exactamente nesta capacidade de conseguir lisonjear desapaixonadamente os retratados. Em Romney o desenho sobrepõem-se à cor, e os ritmos fluidos e as poses descontraídas vindas da  escultura romana clássica caracterizam as suas composições fluídas. 

De 1755 a 1757 Romney estudou com Christopher Steele, um pintor itinerante de retratos e de temas. A carreira de Romney começou quando percorreu as regiões do norte da Inglaterra pintando retratos por algumas libras. Em 1762 foi viver para Londres. O seu famoso quadro de tema histórico «A Morte do General Wolfe» permitiu-lhe ganhar um prémio da Sociedade das Artes. Mas mesmo assim, virou-se determinadamente, e quase de imediato, para a pintura de retratos. Em 1764 visitou pela primeira vez Paris, onde se tornou amigo de Joseph Vernet. Romney admirou especialmente o trabalho de Nicolas Le Sueur, cujo uso de temas da Antiguidade lhe agradou bastante. Em 1773 visitou a Itália  durante dois anos, tendo estudado os frescos de Rafael em Roma, as pinturas de Ticiano em  Veneza, e de Correggio em Parma. As viagens ao estrangeiro tornaram madura a sua pintura, tendo retratos como a «Sra. Carwardine e filho», de 1775, e o «Sir  Christopher e Lady Sykes», de 1786, uma graciosidade e uma elegância novas. 

Romney era naturalmente sensível e metido consigo próprio. Manteve-se afastado da Academia Real e dos pintores seus companheiros de profissão, tendo feito a maior parte dos amigos em círculos filosóficos e literários. Por volta de 1781-82 conheceu Emma Hart (a futura Lady  Hamilton), que o fascinou de uma maneira mórbida. Para Romney tornou-se um meio de fugir para um mundo imaginário e ideal. A sua «divina Ema» aparece em mais de 50 quadros, tanto representada como uma bacante, como personificando Joana d'Arc, quadros que foram quase todos pintados de memória.

Fonte:
Enciclopédia Britânica

Biografia - Francisco de Matos Vieira (Vieira Lusitano)

n.      4 de outubro de 1699.
f.       13 de agosto de 1783.

Cavaleiro professo na Ordem de Santiago da Espada, pintor histórico da Casa Real, académico de mérito da Academia de S. Lucas em Roma, etc. Era mais conhecido pelo [nome de] Vieira Lusitano, por ser natural de Lisboa, onde nasceu a 4 de outubro de 1699, e faleceu no sitio do Beato António a 13 de agosto de 1783.

Era destinado pela sua família à carreira eclesiástica, mas desde criança revelou tal vocação para o desenho, tanto parecia que as belas artes o atraíam, e que nelas poderia alcançar de futuro um grande nome, que essa resolução foi posta de parte. Uns fidalgos da quinta da Boavista, situada próximo do convento da Luz, quiseram conhecê-lo, e o pai lá foi apresentá-lo. Nessa quinta é que Francisco de Matos Vieira se encontrou com uma menina, que foi a sua primeira e única paixão, e por causa da qual muito havia de sofrer toda a vida. Esse amor que foi desabrochando por entre os brinquedos infantis, havia de atormentá-lo, depois, até ao fim da vida. Vieira ia fazendo progressos no desenho, e o marquês de Abrantes, que viu alguns desses trabalhos, e estava nomeado embaixador em Roma, propôs-lhe levá-lo consigo e protege-lo, para que ele pudesse aperfeiçoar-se na arte, para que mostrava tão evidente vocação. A família de Vieira aceitou a proposta, e a criança foi estudando regularmente com um professor, cujo nome se ignora, até que a 16 de Janeiro de 1712 saiu de Lisboa na companhia do diplomata português com destino à capital italiana. O navio que o conduzia sofreu um violento temporal defronte de Cartagena, mas felizmente chegou a porto de salvamento.

Em Roma foi discípulo de Lutti, e seguindo as indicações deste professor, estudou os quadros dos Caraches da galeria dos Farnésios, frequentou as academias nocturnas, e procurou com grande ardor aproveitar utilmente e tempo, mas o marquês de Abrantes lembrou-se de o distrair desses trabalhos encarregando-o de lhe fazer desenhos de todos os festejos e funções religiosas que se efectuavam em Roma, de todos os ornamentos e peças que serviam de adorno aos altares da basílica de S. Pedro, do museu do cardeal de Alpedrinha, e satisfeitas todas estas vontades, ainda o marquês de Abrantes o mandou copiar os panos de Arrás, os candelabros, os móveis e tudo quanto guarnecia a sala principal do palácio da embaixada, bem como tirar um desenho da sua carruagem. Nesta altura estava o diplomata português quase em vésperas de regressar a Portugal, e queria trazer consigo e seu protegido, ao qual comunicou a sua intenção. Vieira recebeu grande desgosto ao saber de tal ideia, porque na verdade, pouco aproveitara com a sua estada em Roma, e pediu-lhe para se demorar mais algum tempo, por ser o seu ardente desejo aperfeiçoar-se na pintura. O marquês de Abrantes não gostou do pedido, e parece mesmo que tratou desabridamente o seu protegido; afinal, reconhecendo que o pedido era razoável, deixou-o ficar em Roma, e Vieira ali se demorou mais dois anos, entregando-se então com todo o ardor ao estudo, e tendo Trevisani por mestre. Tomando parte num concurso da Academia de S. Lucas, ganhou o prémio com um trabalho em que representou a conhecida cena de Noé embriagado diante de seus filhos, sendo ele o primeiro português que em Roma alcançou tão sabida honra.

Regressando à pátria depois de 7 anos de ausência, foi logo encarregado por D. João V de fazer um grande quadro do Santíssimo Sacramento para servir na procissão do Corpo de Deus, e depois de lhe pintar o retrato para servir de modelo aos cunhos da moeda. Posteriormente pintou também na sacristia da igreja patriarcal alguns quadros, representando Os Apóstolos, um Ecce Homo, Cristo crucificado, O Senhor preso à coluna, Cristo caminhando para o Calvário; e igualmente fez os esboços de três quadros do Salvador, S. João Evangelista e S. Lucas, os quais não chegou a concluir. Entretanto Vieira Lusitano e a menina de quem já se falou, D. Inês Helena de Lima e Melo, estavam cada vez mais apaixonados um pelo outro, e como a família de D. Inês se opunha ao casamento por julgarem o noivo de condição inferior, os dois namorados procuraram obter do patriarcado as licenças necessárias para o consorcio se realizar por procuração e apesar daquela resistência. O casamento realizou se, mas os pais da noiva, logo que souberam das diligências em que andava Vieira, levaram a filha para o convento de Santana, e a obrigaram a professar, embora ela protestasse era casada. Francisco de Matos Vieira tentou por todos os modos legais tirar a esposa da clausura, mas como nem o próprio soberano o atendeu, decidiu voltar a Roma afim de pedir ao papa os breves precisos para a realização do seu desejo.

Esteve mais de cinco anos em Roma, trabalhando activamente, por um lado para entrar na posse de sua mulher, e por outro estudando constantemente para mais se aperfeiçoar na pintura, e se é certo que os seus esforços se malogravam quanto ao seu casamento não é menos certo, no que respeita ás artes. tiveram eles o melhor êxito, porque, consolidando de dia para dia a sua reputação, foi feito académico de mérito na Academia de S. Lucas. Já antes da sua segunda viagem, em 22 de outubro de 1719, havia entrado na confraria de S. Lucas, onde estava designado com o nome de Francisco Vieira de Matos. No ano seguinte foi feito membro do conselho administrativo deste instituto. Dos trabalhos que então executou, especializa-se o quadro que pintou para a Academia representando Moisés na presença do rei do Egipto. Voltando à pátria desanimado por não ter conseguido do pontífice aquilo que tanto ambicionava, entendeu-se com sua mulher e com ela deliberou levar a efeito o projecto, saltando embora por cima de todas as leis civis e eclesiásticas. Arranjou meio de lhe chegar ás mãos um fato completo de homem, e um dia, ao anoitecer, D. Inês saiu da sua cela, passou em frente da abadessa, que não a reconheceu com aquele disfarce, e saiu do mosteiro para se encontrar com seu marido, e assim no fim de tantos anos de trabalhos e de amarguras puderam unir-se os dois estremecidos esposos. Não tardou que a fuga de Inês fosse conhecida no convento, e os parentes, ao saberem do facto, logo juraram que Vieira Lusitano não ficaria impune.

Um irmão da ex-reclusa constituiu-se em vingador da honra da família supostamente ultrajada, e esperando o pintor próximo, da rua das Pretas, desfechou sobre ele um tiro de pistola, que o feriu gravemente. Algum tempo depois, Vieira Lusitano achando-se restabelecido, foi pedir a D. João V justiça contra o seu traiçoeiro agressor, mas o monarca não o atendeu, porque influencias poderosas evitaram que a justiça procedesse; o criminoso saiu do reino livremente, e passados anos, caindo em miséria, viu-se na dura necessidade de ir mendigar o pão àquele mesmo que tentara assassinar. No entretanto, Matos Vieira, temendo algum novo insulto, retirou-se por algum tempo para o convento dos Paulistas, onde em 1730 e 1731 pintou uns famosos eremitas para o cruzeiro da igreja, e depois resolveu, para viver sossegado, uma nova viagem a Roma, mas chegando a Sevilha em 1733, foi dali chamado a Lisboa, e voltando a esta cidade, foi nomeado pintor do rei com o ordenado mensal de 60$000 reis e as obras pagas. Esteve em Mafra, onde enviuvou em 1775, e cheio de desgosto pela perda da sua estremecida companheira, abandonou a pintura, e foi viver para o Beato António, passando ali os últimos anos da sua existência.

Muitos dos trabalhos de Vieira Lusitano se perderam na terrível catástrofe do terramoto de 1755, sendo mais notável de todos eles o tecto da igreja dos Mártires, pintado em 1750, e em que se via representada a tomada de Lisboa por D. Afonso Henriques. Das suas outras obras, que escaparam ao terramoto, citaremos dois painéis na igreja de S. Roque: Santo António pregando aos peixes e Santo António prostrado diante de Nossa Senhora, os quais eram muito louvados por Pedro Alexandrino; Santo Agostinho, na portaria do convento da Graça. em 1736; uns quadros de Santo António, S. Pedro, S. Paulo, a Família Sagrada, e Santa Bárbara, pertencentes à casa de Povolide e executados de 1736 a 1740; outra Sagrada Família, pertencente ao conde de Assumar; um grande painel representando S. Francisco, do convento do Menino de Deus; um quadro da capela-mor da Cartuxa; os quadros de S. Francisco de Paula, na capela-mor da sua igreja, e nas capelas laterais, os de Nossa Senhora da Conceição, da Sagrada Família e Santo António, todos executados em 1765. A capela dos sete altares da igreja de Mafra tem um grande quadro da Sacra Família; na capela de S. Joaquim ao Calvário. Há outro quadro da Família Sagrada, colocado por cima do altar, que passa por ser um dos seus mais belos trabalhos; uma Senhora da Conceição, que estava na Junta do Comércio. O conde de Lippe visitou Vieira em 1762, e obteve dele um Santo António que, levou para Alemanha; Guilherme Hudson também adquiriu um belo quadro da Adoração dos Reis magos, que levou para Inglaterra. Fez um número prodigioso de óptimos desenhos, dos quais a maior parte deles possui a Inglaterra, onde os amadores das belas artes os pagaram por bom preço, e muitos deles foram reproduzidos em gravura. Vieira Lusitano também gravou a agua forte, evidenciando se entre os seus trabalhos desse género: Neptuno e Coronis, e as Parcas cortando o fio vital de seu irmão. A sua vida tão amargurada por causa dos seus primeiros e últimos amores, contou-a ele num longo poema impresso em 1780, intitulado: O insigne pintor e leal esposo, historia verdadeira que ele escreve em cantos líricos.

Entre os discípulos do notável pintor conta se sua irmã Catarina Vieira, de quem eram, em parte alguns quadros da ermida de S. Joaquim e que pintou um S. Lucas e um S. João Evangelista, que pertenciam a um particular chamado Moreira Dias, que morava na rua da Fé. Também foi seu discípulo o morgado de Setúbal. Consta que na Biblioteca de Évora existe uma grande colecção de desenhos de Vieira Lusitano.

Informação retirada daqui



Biografia - Daniel MacLise

Pintor histórico irlandês do século XIX, percursor dos Pré-Rafaelitas.

Nasceu em Cork, Irlanda, em 25 de Janeiro de 1806; 
morreu em Londres em 25 de Abril de 1870.

Começou a estudar na escola de arte de Cork, para onde entrou em 1822, vivendo da venda de retratos. Em 1827 foi viver para Londres e entrou nas escolas da «Royal Academy» britânica, onde ganhou os principais prémios. 

Realizou regularmente exposições de retratos na Academia, tendo sido eleito, em 1835,  membro associado da Academia e académico em 1840.

A partir de 1830 começou a publicar no periódico londrino Fraser's Magazine, sob o pseudónimo de Albert Croquis, retratos de pessoas célebres do seu tempo, que acabaram por formar um conjunto composto por 72 litografias, que publicou em 1871 com o nome de MacLise Portrait Gallery.

Em 1854 o Parlamento Britânico encomendo-lhe um fresco sobre O Casamento de Longbow e Eva, que representava a ligação entre a Inglaterra e a Irlanda, mas que acabou por não realizar, tendo produzido de facto entre 1859 e 1864 dois grandes painéis históricos, começados como frescos mas terminados de acordo com uma nova técnica alemã, e que representavam A Morte de Nelson, na Batalha de Trafalgar, e O Encontro de Wellington e Blucher, no final da Batalha de Waterloo.

A realização destes dois painéis, pintados sem nenhuma ajuda, debilitaram-no muito não tendo recuperado a saúde.

Fonte:
Enciclopédia Britânica.

Biografia - Décio Rodrigues Vilares

Pintor brasileiro.

Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil em 1 de Dezembro de 1851;
e morreu na mesma cidade em 1931.

Estudou na Academia Imperial de Belas-Artes, e em 1872 foi para a Europa, onde estudou com Paul Cabanel e com Pedro Américo, em França e em Itália. Expôs no Salon de Paris de 1874 o quadro Paolo e Francesca. A sua técnica e sensibilidade evidenciam-se mais no desenho de figuras femininas. Abordou primeiro temas religiosos, tendo ganho uma medalha de ouro na Exposição oficial de 1879, no Rio de Janeiro, com um São Jerónimo, mas depois tornou-se retratista reconhecido tendo-se mostrado, nesta técnica, mais liberto dos convencionalismos. 

Regressado ao Brasil em 1881, Décio Vilares trabalhou também em escultura realizando vários bustos de personagens históricas, e  desenhou caricaturas para jornais satíricos. Católico, Décio Vilares converteu-se em Paris ao positivismo, tornando-se republicano, tendo pintado uma Queda do Cristianismo e uma Virgem da Humanidade para o Templo da Religião da Humanidade, a igreja positivista de Paris. O desenho da actual bandeira do Brasil, foi executado por Décio Vilares, de acordo com a ideia de Raimundo Teixeira Mendes. A sua viúva incendiou o atelier onde trabalhava tendo-se perdido uma parte importante da sua obra.

Biografia retirada daqui

EFA - STC - NG1 - DR3 - Ficha de Trabalho nº7 - Equipamentos, Princípios de Funcionamento - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG2 - DR1 - Colectânea de Textos sobre Consumo e Eficiência Energética - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº3 - Equipamentos Profissionais - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Download -  STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº3 - Equipamentos Profissionais

EFA - STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº4 - Equipamentos Profissionais - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº1 - Equipamentos Profissionais - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Download -  STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº1 - Equipamentos Profissionais

EFA - STC - NG1 - DR3 - Ficha de Trabalho nº6 - Utilizadores, Consumidores, Reclamações - Sociedade, Tecnologia e Ciência



EFA - STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº5 - Equipamentos Profissionais - Sociedade, Tecnologia e Ciência



Download -  STC - NG1 - DR2 - Ficha de Trabalho nº5 - Equipamentos Profissionais

sábado, 1 de dezembro de 2018

Postal Antigo - Reprodução de Arte - Ilha dos Amores em Gondarém - Aguarela de Roque Gameiro


Botânicos reúnem numa lista todas as espécies de plantas conhecidas

Legumes, musgos, rosas e mesmo as ervas mais simples fazem parte da lista mais completa de sempre das plantas conhecidas para a ciência. A base de dados, com mais de um milhão de nomes, está terminada, revelaram hoje os jardins botânicos de Kew e do Missouri, instituições de referência mundial em biologia vegetal.


A Lista das Plantas, que será actualizada, inclui 1,25 milhões de nomes científicos de plantas. Destes, cerca de 300 mil são nomes já aceites e 480 mil são sinónimos. Para os restantes 260 mil nomes ainda não há certezas suficientes e há que investigar mais.

“Todos os nomes válidos publicados para as plantas, ao nível das espécies, foram incluídos na Lista das Plantas. A maioria são sinónimos e nenhum nome foi apagado”, disse Peter H. Raven, director do Jardim Botânico do Missouri, em comunicado.

Stephen Hopper, director dos Jardins de Kew, considera que esta lista “é crucial para planear, implementar e monitorizar os programas de conservação das plantas de todo o mundo”.

Sem nomes específicos, a tarefa de compreender e comunicar o cenário botânico do planeta seria um “caos ineficiente, que custaria muito caro”, revelam os Jardins de Kew, em comunicado. Assim, a lista permite ligar os diferentes nomes científicos utilizados para uma espécie em particular e relacionar as espécies a publicações científicas para ajudar os investigadores.

Os botânicos ingleses e norte-americanos começaram a trabalhar nesta lista em 2008, comparando as famílias de plantas registadas pelos Jardins de Kew e o sistema Trópicos, um banco de dados alimentado desde 1982 pelos Jardins do Missouri, com cientistas a trabalhar em 38 países.

“Nas últimas décadas, estas duas instituições de referência têm feito um investimento extraordinário para identificar espécies à escala global e para construir uma rede de avaliação mundial da diversidade vegetal”, comentou Helena Freitas, directora do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. As duas conseguiram “chegar a um número bastante realista” e cientificamente válido sobre o número de espécies, acrescentou ao PÚBLICO, salientando a “promoção da ideia da importância das plantas como base das cadeias alimentares”.

Em Outubro, os 193 países membros da Convenção sobre a Diversidade Biológica reunidos em Nagoya, no Japão, decidiram criar até 2020 um banco de dados online de toda a flora conhecida no planeta.

Uma em cada cinco plantas no mundo está ameaçada de extinção, revelou em Setembro um estudo da União Internacional da Conservação da Natureza (UICN).

A espécie conhecida com mais ADN é uma planta japonesa

A Paris japonica é uma planta para o jardineiro paciente. Para obter um exemplar com 80 centímetros, é preciso um ambiente húmido, sem sol directo, com muitos nutrientes e uma paciência de santo – depois de plantada, o caule pode demorar até quatro anos a despontar. A planta é exigente e isso pode estar associado aos 152,23 picogramas (um picograma é um bilionésimo de um grama) de ADN que cada célula tem. Uma quantidade enorme, 50 vezes maior do que cada célula humana carrega, que é apenas de três picogramas.

A Paris japonica pode crescer até aos 80 centímetros de altura
(Karl Kristensen)

"Algumas pessoas podem questionar-se que consequência tem um genoma tão grande e se realmente importa uma espécie ter mais ADN do que outra", disse Ilia Leitch, investigadora do jardim de Londres Kew Gardens. "A resposta é um 'sim' – um grande genoma aumenta o risco de extinção", disse.

A espécie com o genoma mais pequeno, excluindo bactérias e vírus, pertence ao fungo parasita chamado Encephalitozoon intestinalis e pesa apenas 0,0023 picogramas. A Paris japonica tem mais 19,4 picogramas do que o anterior recordista – o peixe pulmonado Protopterus aethiopicus, com 132,83 picogramas.

Durante o Verão, uma equipa do Kew Gardens pesou o genoma da planta japonesa. A descoberta, que realça a vulnerabilidade desta planta, mereceu publicação na revista científica Botanical Journal of the Linnean Society.

Segundo a investigadora, quanto mais ADN o genoma tem, mais a célula demora a replicar toda a molécula para poder dividir-se. "Pode demorar mais para que um organismo com um genoma maior complete o seu ciclo de vida do que um com um genoma menor", explicou a investigadora citada pela Reuters. Normalmente espécies com genomas grandes estão menos adaptadas a viver em solos poluídos e toleram mal condições ambiente extremas. "Que são cada vez mais relevantes no mundo em mudança", conclui a cientista.

Monumentos vivos




As árvores mais antigas, raras e notáveis
Algumas árvores destacam-se pela idade e por estarem cravadas na memória das populações. Outras foram testemunhas de factos históricos e sociais relevantes. Há ainda as que brilham por serem bizarras ou de dimensões descomunais.

Portugal tem a lei de protecção de árvores mais antiga da Europa. O decreto é de 15 de Fevereiro de 1938 e protege as que merecem a designação de “interesse público”. São assim classificadas as que se distinguem pela idade, pelo porte, pela raridade ou pelo desenho e que, ao mesmo tempo, mantêm resistência estrutural, crescimento natural e sistemas autoprotectores intactos. António de Campos Andrada, técnico da Autoridade Florestal Nacional (AFN) e responsável por esta área, decifra a segunda metade da equação: “Devem ter fustes, pernadas e braças fortes e resistentes até às partes mais altas, capazes de suportar os embates do mau tempo, e ostentar uma copa homogénea.”

A AFN admite que a legislação precisa de ajustes e revela estar a concluir uma proposta de alteração. O técnico explica: “Há parâmetros subjectivos, como a beleza ou a sua importância histórica, que não são fáceis de quantificar.” O objectivo do novo texto é “criar critérios para avaliar estas variáveis”.

Qualquer intervenção nos monumentos vivos, como movimentação de terras ou a impermeabilização do solo, está sujeita a aprovação prévia e à orientação técnica da AFN. O corte e desrame também. Aos proprietários, cabe mantê-los em bom estado de conservação. A desclassificação é possível. Campos Andrada resume os motivos que podem causá-la: “Perda de características, morte ou danos sérios, seja por causas naturais, físicas ou biológicas, como pragas e doenças.”

Lisboa é a região com mais classificações: 65 árvores isoladas e 19 arvoredos, provenientes de todos os continentes. O sucesso deve-se a dois factores, no parecer do especialista. Primeiro, a capital goza de um clima temperado de características mediterrânicas: “O Verão é seco e quente, a Primavera relativamente fresca e o Inverno chuvoso e moderado”, simplifica. A região está ainda “sujeita à acção amenizadora do Atlântico e do Tejo”. Em segundo lugar, Campos Andrada refere “a existência de muitas quintas da aristocracia, cujos proprietários, impulsionados pelo romantismo, plantaram árvores para dar distinção às casas”.

Em Portugal continental, estão registadas 431 árvores de interesse público e 74 arvoredos, mas é provável que a lista se alargue, brevemente, com mais 21 exemplos. Todas estão registadas numa base de dados nacional que pode ser consultada online.

Para classificar uma árvore, não é preciso confirmar cientificamente a sua idade. Campos Andrada esclarece que, por regra, a estimativa baseia-se “em testemunhos históricos e na tradição oral”. A única datada de modo científico foi a oliveira de Tavira. O método utilizado foi o carbono 14, e o resultado mostrou que a árvore foi contemporânea de Cristo!

Obras notáveis
Por vezes, isoladas não se destacam, mas em conjunto são admiráveis. Dos arvoredos classificados, distinguimos dois: a colecção de cameleiras da Quinta de Santo Inácio de Fiães, em Vila Nova de Gaia, e os plátanos do Jardim da Cordoaria, no Porto. A primeira é a maior da Europa. Estende-se por quatro hectares e reúne dois mil exemplares. Só tem variedades oitocentistas, a maior parte importadas. No entanto, uma das camélias portuguesas mais antigas, a Picturata plena portuensis, foi ali obtida, em 1844. O segundo caso conta com 37 plátanos que se destacam pela forma bizarra dos troncos, curtos e grossos, o que poderá dever-se a uma doença que os deformou.

As colecções dos jardins botânicos e dos parques da Pena, de Monserrate e do Buçaco não fazem parte da base de dados nacional, por estarem inseridas em áreas protegidas. No entanto, contam com algumas das maiores árvores do país, como é o caso da Araucaria bidwillii, de Monserrate, que ultrapassa os 35 metros de altura.

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores também não constam na base de dados, por terem regimes próprios. Para esta lista das árvores mais notáveis de Portugal, Anabela Miranda Isidoro, directora regional dos Recursos Florestais dos Açores, seleccionou um exemplar “com mais 200 anos”: um dragoeiro integrado no bosque exclusivo daquela espécie que circunda o Museu do Vinho, na ilha do Pico. “O elevado número de dragoeiros que compõem a mata é um caso raro, se não ac­tual­mente único, de propagação”, justifica. A Direcção Regional de Florestas da Madeira es­co­lheu um til do Parque Florestal do Fanal, no concelho de Porto Moniz, uma espécie carac­te­rística da floresta de laurissilva madeirense.

J.O.B.
SUPER 155 - Março 2011


Plantas Aromáticas, Medicinais e Condimentares

O uso de plantas aromáticas, medicinais e condimentares é parte integrante da cultura Portuguesa, tantas são as suas possibilidades de utilização. Dê uma espreitadela introdutória a este fascinante tema.

A utilização de plantas aromáticas, medicinais e condimentares é parte integrante da cultura portuguesa, tantas são as referências ao seu uso nas mais diversas situações. No entanto, o seu largo emprego não tem merecido atenção especial de quem publica e são ainda poucos os trabalhos que neste domínio se têm feito e ainda menos os que têm resultados que cheguem aos potenciais produtores.

Durante muito tempo considerou-se sem interesse o desenvolvimento deste tema face à importância crescente da química moderna e das maravilhas que supostamente consegue imitando a natureza. Mas, as muitas dúvidas sobre a metodologia e consequências de muitas substâncias que o Homem inventa leva à procura do natural, nomeadamente como forma de encontrar soluções sem consequências e efeitos secundários, o que a solução sintética não consegue no seu todo.

Também a ideia de que só as plantas medicinais e aromáticas espontâneas tinham as propriedades que se procuravam está hoje posta de lado, podendo ser cultivadas com largo benefício para o desenvolvimento das propriedades por que são apreciadas e por que se procuram, para além de que se torna mais fácil a sua colheita e consequente preparação.

O cultivo em vez da recolha de plantas espontâneas, tem ainda a vantagem de evitar recolher plantas em habitat sensíveis, com a consequente destruição de plantas com interesse de conservação e de evitar recolhas exaustivas que podem levar ao desaparecimento de algumas populações.

Existem plantas medicinais e aromáticas das mais diversas espécies. Apresentam consistência herbácea, semi-herbácea ou lenhosa, com aproveitamento apenas de uma parte da planta ou da totalidade. Estas plantas têm na sua composição as substâncias que todas as outras possuem como seja água, sais minerais, ácidos orgânicos, hidratos de carbono ou substâncias proteicas. No entanto de planta para planta, há uma variação relativa destes compostos e noutras aparecem alguns outros que as demarcam e conferem propriedades especiais.

Os componentes que diferenciam as plantas com estas características de outras, conferindo-lhe valor terapêutico e aromático, são os seus princípios activos. Entre estes são importantes:

- Alcalóides: Compostos tóxicos que actuam sobre o sistema nervoso central. Podem ter acção terapêutica muito variada, como seja a do ópio que é usado como narcótico, a do quinino que tem acção sobre as febres, a da giesta como regulador cardíaco, a do chá como diurético. O teor de alcalóides nas plantas aumenta até à floração, diminuindo rapidamente após esta.

- Glucosíados: Apenas em casos pontuais têm propopriedades medicinais próximas dos alcalóide; têm presença importante no ruibarbo e na dedaleira.
- Óleos essenciais: Aparecem em muitas plantas com um aroma característico, geralmente agradável, que se pode obter por destilação.

- Taninos: Com propriedades anti-diarreicas, são facilmente oxidáveis.

- Princípios amargos: De origem diversa, geralmente glucosaídica, têm sabor amargo estimulando a secreção de sucos gástricos, criando condições para melhoria do apetite.

- Mucilagens: Hidrocarbonados que aumentam de volume por hidratação, são utilizados como laxantes, lubrificantes ou anti-inflamatórios.

Se quiser aprofundar este tema, sugerimos que comece por consultar a seguinte referência:

Vasconcellos, J. C. (1949) Plantas Medicinais e Aromáticas. D.G.S.A. Lisboa.

Primeiro Atlas Total da Flora Europeia poderá estar concluído dentro de cinco anos

Uma equipa de mais de uma centena de especialistas de toda a Europa está a desenvolver o Primeiro Atlas Total da Flora Europeia. A obra pretende responder a questões como: Quantas espécies de plantas existem na Europa? Quantas estão em risco de extinção? Em que condições existem? Em que quantidade?

O projecto começou com projectos isolados em 1973 e há cerca de nove anos formou-se esta equipa internacional, tendo já sido publicados alguns volumes desta vasta obra. Falta ainda entre cinco e dez anos, segundo as previsões dos peritos, para concluir este mapeamento total da Flora Europeia. “Este Atlas exige um trabalho meticuloso e moroso, passando pela introdução de toda a informação das espécies existentes, da raridade ou abundância das espécies, e da ameaça de extinção, entre outros dados”, explica o coordenador do grupo de pesquisa em Portugal, António Xavier Pereira Coutinho, do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Num comunicado divulgado hoje o investigador sublinha a importância da obra argumentando que “constitui uma das bases para o conhecimento da biodiversidade da Europa e para muitos estudos para aplicações das plantas, das quais um número significativo tem um elevado interesse medicinal e farmacêutico”. O mapeamento, adianta, pode ajudar a perceber, através do estudo de diversos indicadores, como o clima está a mudar a nível mundial, como os glaciares estão a evoluir, etc. “A acção humana recente nomeadamente no que se refere à construção civil e à poluição, bem como actividades tradicionais como a pastorícia e os fogos florestais estão a ameaçar várias espécies de plantas, essenciais para o equilíbrio do mundo da biodiversidade porque cada espécie tem um património genético irrepetível”, acrescenta António Xavier Pereira Coutinho.

Segundo o comunicado, a “mega equipa” internacional já rastreou cerca de um terço das plantas, e está actualmente a tratar as Rosaceae, “uma família importante a nível ecológico e, inclusivamente, económico, pois inclui numerosas plantas ornamentais (como as rosas), e alimentícias (como as pereiras, macieiras, ameixieiras, cerejeiras, morangueiros, etc.)”. O trabalho de recolha de dados exige que se percorra todos os herbários da Europa e se confirme a informação existente (classificação das plantas, a data de colheita, o lugar de existência, etc.). O tratamento da informação recolhida está a ser feito em Helsínquia, onde os dados enviados são coligidos e serão publicados.

Dirigida essencialmente à Comunidade Científica, “a informação fornecida a Helsínquia serve também para o Comité Internacional (“The Committee for Mapping the Flora of Europe”, em colaboração com a “Societas Biologica Fennica Vanamo”) apontar medidas para, por exemplo, salvar espécies em perigo de extinção sublinha António Pereira Coutinho. Em paralelo a este trabalho, o docente da FCTUC integra, também, a Comissão responsável pela elaboração do Livro Vermelho da Flora Portuguesa, onde se procede à catalogação das espécies ameaçadas no nosso país.