A Paris japonica é uma planta para o jardineiro paciente. Para obter um exemplar com 80 centímetros, é preciso um ambiente húmido, sem sol directo, com muitos nutrientes e uma paciência de santo – depois de plantada, o caule pode demorar até quatro anos a despontar. A planta é exigente e isso pode estar associado aos 152,23 picogramas (um picograma é um bilionésimo de um grama) de ADN que cada célula tem. Uma quantidade enorme, 50 vezes maior do que cada célula humana carrega, que é apenas de três picogramas.
A Paris japonica pode crescer até aos 80 centímetros de altura
(Karl Kristensen)
"Algumas pessoas podem questionar-se que consequência tem um genoma tão grande e se realmente importa uma espécie ter mais ADN do que outra", disse Ilia Leitch, investigadora do jardim de Londres Kew Gardens. "A resposta é um 'sim' – um grande genoma aumenta o risco de extinção", disse.
A espécie com o genoma mais pequeno, excluindo bactérias e vírus, pertence ao fungo parasita chamado Encephalitozoon intestinalis e pesa apenas 0,0023 picogramas. A Paris japonica tem mais 19,4 picogramas do que o anterior recordista – o peixe pulmonado Protopterus aethiopicus, com 132,83 picogramas.
Durante o Verão, uma equipa do Kew Gardens pesou o genoma da planta japonesa. A descoberta, que realça a vulnerabilidade desta planta, mereceu publicação na revista científica Botanical Journal of the Linnean Society.
Segundo a investigadora, quanto mais ADN o genoma tem, mais a célula demora a replicar toda a molécula para poder dividir-se. "Pode demorar mais para que um organismo com um genoma maior complete o seu ciclo de vida do que um com um genoma menor", explicou a investigadora citada pela Reuters. Normalmente espécies com genomas grandes estão menos adaptadas a viver em solos poluídos e toleram mal condições ambiente extremas. "Que são cada vez mais relevantes no mundo em mudança", conclui a cientista.
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