Geralmente se considera que depois da filosofia de Kant tem início uma nova etapa da filosofia, que se caracterizaria por ser uma continuação e, simultaneamente, uma reação à filosofia kantiana. Nesse período desenvolve-se o idealismo alemão (Fichte, Schelling e Hegel), que leva as ideias kantianas às últimas consequências.
A noção de que há um universo inteiro (a realidade em si mesma) inalcançável ao conhecimento humano, levou os idealistas alemães a assimilar a realidade objetiva ao próprio sujeito no intuito de resolver o problema da separação fundamental entre sujeito e objeto. Assim, por exemplo, Hegel postulou que o universo é espírito.
O conjunto dos seres humanos, sua história, sua arte, sua ciência e sua religião são apenas manifestações desse espírito absoluto em sua marcha dinâmica rumo ao autoconhecimento. Enquanto na Alemanha, o idealismo apoderava-se do debate filosófico, na França, Auguste Comte retomava uma orientação mais próxima das ciências e inaugurava o positivismo e a sociologia. Na visão de Comte, a humanidade progride por três estágios: o estágio teológico, o estágio metafísico e, por fim, o estágio positivo. No primeiro estágio, as explicações são dadas em termos mitológicos ou religiosos; no segundo, as explicações tornam-se abstratas, mas ainda carecem de cientificidade; no terceiro estágio, a compreensão da realidade se dá em termos de leis empíricas de “sucessão e semelhança” entre os fenómenos.
Para Comte, a plena realização desse terceiro estágio histórico, em que o pensamento científico suplantaria todos os demais, representaria a aquisição da felicidade e da perfeição. Também no campo do desenvolvimento histórico, Marx e Engels davam uma nova formulação ao socialismo. Eles fazem uma releitura materialista da dialética de Hegel no intuito de analisar e condenar o sistema capitalista.
Desenvolvem a teoria da mais-valia, segundo a qual o lucro dos capitalistas dependeria inevitavelmente da exploração do proletariado. Sustentam que o estado, as formas político-institucionais e as concepções ideológicas formavam uma superestrutura construída sobre a base das relações de produção e que as contradições resultantes entre essa base económica e a superestrutura levariam as sociedades inevitavelmente à revolução e ao socialismo. No campo da ética, os filósofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873) elaboram os princípios fundamentais do utilitarismo.
Para eles, o valor ético não é algo intrínseco à ação realizada; esse valor deve ser mensurado conforme as consequências da ação, pois a ação eticamente recomendável é aquela que maximiza o bem-estar na coletividade. Talvez a teoria que maior impacto filosófico provocou no século XIX não tenha sido elaborada por um filósofo.
Ao propor sua teoria da evolução das espécies por seleção natural, Charles Darwin (1809-1882) estabeleceu as bases de uma concepção de mundo profundamente revolucionária. O filósofo que melhor percebeu as sérias implicações da teoria de Darwin para todos os campos de estudo foi Herbert Spencer (1820-1903). Em várias publicações, Spencer elaborou uma filosofia evolucionista que aplicava os princípios da teoria da evolução aos mais variados assuntos, especialmente à psicologia, ética e sociologia.
Também no século XIX surgem filósofos que colocam em questão a primazia da razão e ressaltam os elementos voluntaristas e emotivos do ser humano e de suas concepções de mundo e sociedade. Entre esses destacam-se Arthur Schopenhauer (1788-1860), Søren Kierkgaard (1813-1855) e Friedrich Nietzsche (1844-1900). Tomando como ponto de partida a filosofia kantiana, Schopenhauer defende que o mundo dos fenômenos – o mundo que representamos em ideias e que julgamos compreender – não passa de uma ilusão e que a força motriz por trás de todos os nossos atos e ideias é uma vontade cega, indomável e irracional. Kierkgaard condena todas as grandes elaborações sistemáticas, universalizantes e abstratas da filosofia. Considerado um precursor do existencialismo, Kierkgaard enfatiza que as questões prementes da vida humana só podem ser superadas por uma atitude religiosa; essa atitude, no entanto, demanda uma escolha individual e passional contra todas as evidências, até mesmo contra a razão.
Nietzsche, por sua vez, anuncia que “Deus está morto”; e declara, portanto, a falência de todas as concepções éticas, políticas e culturais que se assentam na doutrina cristã. Em substituição aos antigos valores, Nietzsche prescreve um projeto de vida voluntarista aos mais nobres, mais capazes, mais criativos - em suma, àqueles em que fosse mais forte a vontade de potência.
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