sábado, 30 de março de 2019

Arquitetura romântica no Palácio de Monserrate


A cúpula avermelhada do Palácio de Monserrate sobressai no luxuriante manto verde da serra. Extraordinário exemplar da arquitetura romântica, este exótico palácio é uma mistura de estilos. Aqui falamos deste monumento, um dos mais icónicos do concelho de Sintra.
Sobre as ruínas de um antigo palácio, dois ingleses imaginaram e construíram uma das mais belas peças do romantismo em Portugal. Francis Cook, o novo proprietário, comerciante abastado de grande «sensibilidade cultural», e James Knowles, arquiteto de imaginação exuberante, deram forma ao edifício que sintetiza na perfeição a essência do movimento que nasceu na Europa, no século XVIII, o Palácio de Monserrate.

Para a arquitetura, a corrente dos românticos queria emoções em vez de geometria, arte genuína sem os artifícios das regras académicas. Procuravam-se experiências novas e intensas para substituir o neoclassicismo, um estilo que fosse capaz de surpreender a cada olhar. Por isso inspiraram-se no passado, recuperaram estéticas esquecidas, como o gótico e o renascentista barroco, juntaram-lhes o gosto pelos exotismos de outras culturas e o pitoresco dos regionalismos, e criaram o cenário eclético que caracteriza o romantismo.

Estes revivalismos fortaleceram sentimentos nacionalistas: cada país procurava a sua linguagem própria e recriava o que de melhor tinha feito no passado. Os ingleses reinventaram as linhas arquitetónicas da Idade Média num novo gótico que acabaria por influenciar os países à volta. Por cá, seguindo esta lógica, as atenções penderam sobretudo para o neomanuelino, revivente da época de ouro da história portuguesa.

Em Monserrate, estilos tão diferentes como o gótico medieval, o árabe, o mourisco e o renascentista misturam-se tranquilamente e de forma surpreendente. Magnífico exemplar do romantismo, o Palácio integra «a paisagem natural de Sintra», classificada desde 1995 como património mundial da UNESCO. Vamos conhecê-lo melhor nas palavras de Maria João Baptista Neto, professora de História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

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