sábado, 30 de março de 2019

Românico tardio na Igreja do Mosteiro de S. Salvador


Em estilo Românico ergue-se em Paço de Sousa o templo medieval que pertenceu aos monges beneditinos. A Igreja de três naves construída no século XIII, tem a robustez característica desta arquitetura mas apresenta já elementos góticos. A começar na escala.
A arquitetura religiosa românica foi uma tradição que em Portugal se manifestou tarde e, por isso, prolongada até ao século XIV. Enquanto a Europa há muito despertara para a monumentalidade das catedrais góticas, as construções no norte e centro do país, continuavam, na sua maioria, a ser pequenas, robustas, austeras e sombrias.

Mosteiros e igrejas não eram tão só locais de recolhimento, eram peças fundamentais na organização e defesa do território conquistado aos mouros, para formar povoados agrícolas ou repovoar terras abandonadas. As ordens religiosas foram, aliás, as grandes responsáveis pela difusão desta arte que, desde o século X, influenciava o ocidente.

Os novos templos tinham uma estrutura de base românica, mas a sua escala e riqueza decorativa dependiam das técnicas e materiais locais, das dádivas e dos patronos. Enquanto nos centros urbanos as encomendas ambicionavam seguir o exemplo dos grandes monumentos estrangeiros, com arquitetos e artífices famosos contratados; no mundo rural as construções caracterizavam-se pela simplicidade e proximidade ao imaginário popular, dando origem ao chamado românico português ou «nacionalizado».

No património medieval conta-se esta Igreja do Mosteiro de S. Salvador, mandada construir pela Ordem Beneditina num tempo em que o românico começava a ceder à linguagem artística que irradiava de França desde o século XII. O portal gótico de cinco arquivoltas, a rosácea de anéis encadeados apoiada em cachorrada esculpida, a questão da escala e a rudeza da pedra, são pormenores aqui explicados por Carla Varela Fernandes, Historiadora de Arte e Investigadora da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

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