Filosofia, Mandarim, Programação ou Cultura Clássica podem ser disciplinas do 1.º Ciclo? Não só podem como já são em alguns agrupamentos.
O Governo pretende aumentar a flexibilidade curricular e diversificar as metodologias em sala de aula e muitas escolas já o fazem desde os primeiros anos de ensino. A maioria aproveita os tempos da oferta complementar para diversificar - há aulas de ioga, Robótica, Empreendedorismo e até Estudo do Meio ensinado em inglês, sob regime bilingue.
Apesar da diversidade, os objetivos são comuns: ensinar os alunos a pensar, a desenvolver o espírito crítico e a capacidade de reflexão, motivá-los para a aprendizagem e reforçar-lhes os níveis de confiança e autoestima. Em suma: promover o sucesso escolar.
Projetos são promovidos pelas respetivas autarquias em parceria com outras instituições
"Atualmente, as escolas podem ocupar até no máximo uma hora por semana em ofertas complementares. Estas ofertas são tanto mais enriquecedoras quanto servirem para promover melhores aprendizagens em qualquer área do currículo. Por exemplo, não faz sentido que as aprendizagens em Robótica e Programação não sejam integradas com o trabalho na Matemática ou nas Expressões", frisou ao secretário de Estado da Educação, João Costa.
Em escolas do 1.º Ciclo do Carolina Michaëlis (Porto), alunos dos 3.º e 4.º anos têm 20 aulas de uma hora por semana de Filosofia. Armindo Sousa, coordenador do 1.º Ciclo do Agrupamento, insiste nas mais-valias: "Ensinar a escutar, a saber pensar, desenvolver a oralidade e a reflexão". Os alunos do 1.º ano têm uma hora semanal de ioga, no tempo de Educação para a Cidadania. "O reforço da concentração e da autoestima" são os objetivos deste projeto que também é uma disciplina multidisciplinar, sublinha.
Os alunos dos 3.º e 4.º anos do agrupamento Oliveira Júnior (São João da Madeira) têm uma hora semanal de Mandarim. A professora Renata Oliveira não estabelece um impacto direto entre esta oferta e o sucesso educativo, mas admite que motiva os alunos e estimula o gosto por culturas diferentes, já que têm têm sessões de kung-fu e provas de gastronomia esporádicas no âmbito do projeto.
Os alunos do 4.º ano também têm Programação, mas nas Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC). O agrupamento investiu em tablets e os alunos "fazem problemas, histórias animadas e constroem jogos digitais".
Já o agrupamento de Oliveira do Hospital (Viseu) aderiu ao desafio da Associação de Professores de Latim e Grego e introduziu a disciplina de Cultura e Línguas Clássicas. "Os conteúdos lecionadas no 1.º Ciclo são, essencialmente, relacionados com as narrativas da mitologia clássica e costumes dos romanos e gregos", explica a presidente da associação. O objetivo é mostrar a origem da nossa cultura, despertando-lhes o gosto pela investigação, destaca Isaltina Martins.
Todos estes projetos são promovidos pelas respetivas autarquias em parceria com outras instituições. É esse apoio que falta às restantes escolas, insistem os presidentes das duas associações de diretores. "A autonomia acaba nos recursos disponíveis, a partir daí, só resta sonhar", afirma Manuel Pereira (ANDE).
Filinto Lima (ANDAEP) também admite que a diversidade oferecida depende dos recursos das escolas. Por exemplo, no Agrupamento que dirige, Dr. Costa Matos, os alunos aprendem teatro na oferta complementar por Gaia ser um concelho com longa tradição no teatro amador. No ano passado, por iniciativa de um professor, tiveram Língua Gestual. "São lições que ficam para a vida", frisa Filinto Lima.
Desde o 1.º ano que os alunos do agrupamento José Estêvão (Aveiro) aprendem Estudo do Meio em inglês. "Somando as horas de Estudo do Meio, Expressões, Oferta Complementar e AEC, os alunos estão em contacto com a língua inglesa, aprendendo conteúdos destas áreas cerca de sete horas", explica a coordenadora do projeto Paula Cruz. Os testes de Estudo do Meio são feitos nas duas línguas. "São discentes com maior capacidade da compreensão oral" e "que já tomam a língua inglesa como parte quase normal numa outra aula que não a de Inglês", explica.
Em Cascais, todas as escolas são "empreendedoras". Os alunos não têm tempo no horário, mas os docentes têm obrigatoriamente de cumprir o programa definido, explica o diretor do projeto Piteira Lopes. No final de cada ano letivo, há um concurso interescolas e os vencedores concretizam as suas ideias de negócio, como a aplicação criada para se tirar senhas na loja do cidadão através do telemóvel.
O concelho foi dos primeiros a avançar para a municipalização e o vereador Frederico Almeida garante que o balanço é positivo: Cascais tem um numero de auxiliares acima do rácio e conseguiu reduzir para metade o custo com o leite escolar ao lançar um concurso em vez de 11.
Informação retirada daqui
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