sexta-feira, 23 de junho de 2017

Biografia - Sigmund Freud



Sigmund Freud nasceu a seis de Maio de 1856 em Pribor, cidade que hoje pertence à República Checa. O seu pai, Jacob Freud, um comerciante de lã com um grande sentido de humor, tinha dois filhos mais velhos do seu anterior casamento, Emanuel e Philipp, que viviam com o casal. Amalia Freud, vinte anos mais nova que o marido, deu à luz, aos 21 anos, o seu primeiro filho, Sigmund.
Após o nascimento de Sigmund, a mãe teve mais seis filhos; Pauline, a filha mais nova, nasceu em 1865.

Após uma breve passagem por Leipzig, a família mudou-se definitivamente para Viena, em 1860. Enquanto os meio-irmãos foram viver para Manchester, Freud frequentou o curso de Medicina na Universidade de Viena, entre 1873 e 1881. Durante este período realizou trabalho cientifico na área de Fisiologia, com um dos grandes cientistas alemães da época, Ernst Brüecke, director do Laboratório de Fisiologia da Universidade de Viena. Neste laboratório Freud desenvolveu um novo método de coloração de tecidos nervosos para observação ao microscópio. Com esta descoberta Freud esperava conseguir reconhecimento cientifico, mas este só iria chegar anos mais tarde. O ano de 1882, foi bastante agitado para Freud, ficou noivo de Martha Bernays e começou a trabalhar na Clínica Psiquiátrica Theodor Meynert, onde conheceu Josef Breuer. Três anos mais tarde tornou-se professor da Universidade de Viena, onde leccionou um curso de Neuropatologia e desenvolveu um trabalho sobre os efeitos da cocaína como anestésico.

Em 1886, ainda antes do seu casamento com Martha Bernays, Freud viajou para Paris, onde ficou bastante impressionado com o trabalho do neurologista francês Jean Charcot que utilizava hipnotismo para tratar doentes histéricos e outras condições mentais anormais. Quando voltou para Viena, abriu um consultório privado para o tratamento de doenças psicológicas, que lhe proporcionou material para o desenvolvimento das suas teorias e as suas técnicas pioneiras. Utilizou a hipnose para o tratamento de alguns casos; no entanto, os seus efeitos benéficos não duraram muito. Foi então que Breuer falou a Freud sobre um novo método que estava a utilizar com um paciente histérico, que consistia em deixar o paciente falar sobre os primeiros sintomas de histeria e gradualmente os sintomas desapareciam. Ao trabalhar com Breuer, Freud formulou e desenvolveu a ideia de que muitas das neuroses (fobias, paralisia histérica, algumas formas de paranóia, etc.) têm origem em experiências traumáticas passadas, que não foram esquecidas, mas ficaram escondidas do consciente. O tratamento consistia em o doente lembrar-se das experiências e confrontar-se com elas intelectual e emocionalmente, por forma a apagar as causas psicológicas dos sintomas neuróticos. Esta técnica e a teoria que a suporta foram publicadas no livro "Estudos em histeria", em 1895, por Freud e Breuer. Neste ano nasceu a sexta e mais nova filha de Freud, Anna.

Após a publicação deste livro, Breuer e Freud começaram a discordar em certos aspectos; Breuer não concordava com a importância que Freud dava às origens sexuais das neuroses. Após a separação, Freud continuou a praticar psicanálise e a desenvolver a sua teoria. Utilizou o termo "psicanálise" pela primeira vez em 1896, num artigo publicado em francês sobre a etiologia das neuroses. Um ano mais tarde, inicia a análise a si próprio que culmina com a publicação de "A Interpretação dos Sonhos" em 1900 – este é considerado o seu melhor trabalho. Neste livro falava da relação com o seu irmão mais novo, já falecido, da crise emocional devida à morte do pai e na importância dos irmãos mais velhos no relacionamento com as pessoas que o rodeavam. Esta análise revelou-lhe que o amor e a admiração que sentia pelo pai, estavam misturados com sentimentos de vergonha e ódio. Por isso quando criança desejou que o seu meio-irmão Philipp (da mesma idade que a mãe) fosse seu pai e que o pai morre-se, pois era um rival nas atenções da mãe. Este sentimento foi a base para a sua teoria do complexo de Édipo. Freud publicou em 1901, "A psicopatologia da vida quotidiana" e em 1905, "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade". Inicialmente as teorias de Freud foram mal recebidas pela sociedade, provocando um enorme escândalo, devido à importância que dava à sexualidade. Durante estes anos manteve reuniões em suas casas com alguns dos grandes pensadores da sua época.

Só em 1908, durante o primeiro congresso Internacional de Psicanálise em Salzburg é que as teorias de Freud foram reconhecidas. Um ano mais tarde foi convidado a proferir uma série de palestras, nos E.U.A., que foram base para o seu livro publicado em 1916, "Cinco palestras sobre psicanálise". A partir de então, a reputação de Freud foi aumentando e escreveu obras até à sua morte, num total de mais de 20 obras teóricas e estudos clínicos. No seu trabalho "O Ego e o ID", Freud revelou a sua teoria sobre o Id, Ego e Super-ego.


Nos primeiros anos após a formação da sociedade de Psicanálise de Viena, as teorias de Freud foram apoiadas por Adler e Jung. Mas em 1911, Adler decide deixar a sociedade por não concordar com as teorias de Freud — mais tarde Jung deixa também a sociedade. Estas duas sisões foram as primeiras de muitas que aconteceram neste movimento, mas Freud sabia que tais discordâncias nos princípios básicos eram os primeiros passos para o nascimento de uma nova ciência.

A Primeira Guerra Mundial começa em 1914 e Freud atravessa um período bastante negativo. O número de pacientes diminuiu de tal forma, que Freud quase não tinha dinheiro para sustentar a sua família. Depois da Guerra foi-lhe diagnosticado um cancro, e mais tarde, após um ataque cardíaco, foi obrigado a deixar de fumar. Neste período, Freud recebeu vários prémios e muitos dos seus livros foram reeditados.
As obras de Freud e dos seus colegas psicanalistas foram publicamente queimadas em 1933, na Alemanha. Muitos dos colegas de Freud emigraram nos anos seguintes, mas Freud recusou-se a sair do país. Depois da anexação da Áustria pela Alemanha, em 1938, a família de Freud foi objecto de perseguições nazis. A sua casa e a sociedade de psicanálise de Viena foram revistadas e Anna Freud foi presa durante um dia pela Gestapo. Freud refugia-se então em Londres instalando-se inicialmente numa casa alugada em Elsworthy Road. No início do ano de 1938, Freud conheceu Salvador Dali e, durante o encontro, este desenhou, às escondidas, umcroquis e mais tarde um desenho a bico de pena de Freud. Estes desenhos não lhe foram mostrados pois prenunciavam a sua morte iminente. A 27 de Setembro de 1938, Freud mudou-se para Maresfield Gardens em Hampstead, onde se encontra uma casa-museu desde 1982. Permaneceu nesta casa até à sua morte, em 23 de Setembro de 1939 com 83 anos. A sua filha, Anna continuou a viver na casa e esta só se tornou museu após a sua morte. No último ano de vida continuou o seu trabalho, recebendo pacientes para as suas sessões, e concluiu duas das suas obras. Mas em Agosto de 1939 a doença obrigou-o a deixar definitivamente de praticar psicanálise.


Durante a sua vida, Freud defendeu várias teorias, que foram bastante "avançadas" para a sua época e por isso mal aceites na sociedade.
As pessoas não acreditavam nos meus factos e pensavam que as minhas teorias eram duvidosas. No fim, eu vou ganhar, mas a luta ainda não acabou. Sigmund Freud

Anna O. era uma rapariga de 20 anos, que passou a maior parte da sua vida a cuidar do pai doente. Desenvolveu vários sintomas, como tosse, perda de sensibilidade nas mãos e pés, paralisia parcial e espasmos involuntários que não tinham nenhuma causa física. A certa altura, começou a ter dificuldades de fala, ficou muda e, mais tarde, só falava em Inglês em vez do alemão, a sua língua materna. Quando o seu pai morreu, recusou comer durante algum tempo e desenvolveu alguns problemas pouco usuais. Tentou suicidar-se várias vezes, tinha mudanças de humor drásticas e fantasias. Breuer diagnosticou-lhe histeria, que significava que tinha sintomas aparentemente físicos, mas que não o eram. Durante as noites, Anna caía em estados que Breuer chamava "hipnose espontânea", que poderiam explicar as fantasias e outras experiências que tinha durante o dia. Anna definia estes episódios de "limpar chaminés", onde relembrava acontecimentos emocionais que eram explicação de alguns sintomas. Resumindo, os sintomas desapareciam quando ela se lembrava do episódio que o provocava e tinha a emoção apropriada ao episódio. Mas um novo problema apareceu, Breuer reconheceu que ela se tinha apaixonado por ele e ele estava a apaixonar-se por ela. Não fosse este já um grande problema, Anna dizia a todos que estava gravida de Breuer. Como este era casado, deixou, abruptamente as sessões com Anna e perdeu todo o interesse pelo estudo de casos de histeria.
Após estes incidentes, Anna passou algum tempo num sanatório. Mais tarde, tornou-se numa figura activa e respeitada, foi a primeira assistente social na Alemanha com o seu verdadeiro nome, Bertha Pappenheim. Ela vai ser lembrada não só pelo seu trabalho, mas também por ser a inspiração de uma das mais influentes teorias da personalidade.

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