domingo, 27 de julho de 2008

Mulheres negras invisibilizadas pela escola e na escola

Ao entrar em minha unidade escolar, onde desde o início do ano letivo de 2006, coordeno ´ações que possibilitem aos nossos mestres e nossos educandos conhecimento efetivo sobre a questão racial para além dos espaços consagrados ao tema tais como: 13 de maio ou 20 de novembro, abolição da escravatura ou morte de Zumbi dos Palmares. Na busca de uma construção de auto-estima positiva àqueles e àquelas que têm a sua história silenciada e que vêem na educação a possibilidade de ascensão social, chamou-me a atenção um mural, exposto a partir da produção realizada numa atividade nas aulas de leitura, cujo objetivo foi incentivar nossas jovens e nossos jovens a escreverem para o festival de poesia e arte, que vem ao longo dos últimos seis anos revelando talentos femininos e masculinos e apostando na interdisciplinaridade no fazer pedagógico daquela escola, que é pública e com uma clientela reconhecidamente das classes populares. O objetivo do mural era contribuir para que a comunidade escolar reconhecesse nossas poetas que, escrevendo sobre o cotidiano, o singular, as coisas simples, o “pouco importante”, nos estimulam a desenvolver a habilidade de reconhecer a poesia e escrever com poesia. A atividade foi desenvolvida com competência, não fosse meu olhar perguntador às imagens atribuídas ao “conhecendo nossos poetas”, título do painel. O leitor curioso deve estar a se perguntar que imagens foram estas que intrigaram e intrigam esta autora? Esta autora responde prontamente: a invisibilidade de poetas negras e poetas negros e a visibilidade somente de poetas brancos, numa sociedade reconhecidamente multiétnica e numa escola que busca em sua prática cotidiana, afirmação de todos e não negação de muitos. A constatação de que o conhecimento nem sempre leva ao reconhecimento faz-me indagar no tocante ao feminino, excluindo neste vagar o masculino por questões identitárias: sou mulher negra e professora que luta pela visibilidade de todas nós, independentemente do status. O que diferencia uma mulher de outra mulher? A cor da pele? As vivências cotidianas de luta? As buscas incessantes pela sobrevivência? Ou a vida? O que muda. Que se transforma. Ou será que as vidas das mulheres negras, que o sabem, nesta sociedade marcada pelo machismo, elitismo e racismo, são construídas nas conquistas cotidianas, nos SIM que a perda do medo de se expor se revelam? SIM, esses que valem mais do que os murais de escolas que ignoram a poesia negra em seus fazeres cotidianos? Que invisibiliza a beleza do ser mulher negra, desqualificando-nos enquanto
produtoras de saberes e fazeres? Pensar a diferença do ser mulher ou as diferenças do ser Mulher Negra é ousar visibilizar as lutas das Luiza Mahin, Nzinga, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Mãe Beata, Dandara, Clementina, Azoilda, para ficarmos apenas em algumas. Professoras, poetas, intelectuais, escritoras, artistas, lavadeiras, arrumadeiras, passadeiras, mães, irmãs, namoradas, esposas, rainhas e amantes, sozinhas ou acompanhadas que, em seus cotidianos construíram, constroem e reconstroem outras identidades, além das historicamente impostas e aceitas. Constroem com dignidade e poesia e merecem ser reconhecidas e conhecidas. Este é o espaço que nossas poetisas e musas de tantos poemas pode e deve ocupar nos murais de nossas escolas. Espaço este que tem na implementação da lei 10.639, que torna obrigatório nos estabelecimentos de ensino básico o ensino de História da África e da cultura afro-brasileira. Um avanço, sem dúvida, pois esta lei é fruto de uma luta histórica dos movimentos negros brasileiros, organizados.

Janete Santos Ribeiro
GRUPALFA – Campo Cotidiano. Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro

sábado, 26 de julho de 2008

A mudança subterrânea em curso

Cada governo ou cada partido ou cada ministro sabe que não pode pedir para o seu tempo médio de vida (enquanto ministro da democracia portuguesa) a possibilidade de executar mudanças sustentáveis e verificar, por resultados escolares consequentes, o alcance das suas políticas. Cada
ministro sabe que estará reformado ou morto antes de se conhecer o impacto de uma ou outra das suas decisões de política educativa.
A revisão participada do currículo, iniciada por um governo do partido socialista, foi um processo longo por ter chamado à participação efectiva todos os parceiros sociais, mais ou menos organizados e com interesses contraditórios (mutuamente exclusivos em muitos casos), e pela ambição de definir adaptações aos perfis de competências do ensino secundário a exigir adaptações nas ofertas de ensino e de organização das escolas, muito além de simples adaptações
de programas de ensino. Os responsáveis governamentais por tais decisões políticas puderam assistir ao arranque do seu programa de mudanças. A proposta original não passou completa para a acção e, mesmo já transformada em acção, veio a ser alterada por medidas avulsas dos ministros que se seguiram, sem que os documentos técnicos tivessem recebido adaptação.
Uma revisão participada, lenta, constitui uma fonte de legitimação das mudanças pela sociedade, procura um sentido social para a mudança que seja consentida pelos agentes educativos que acompanham a sua génese e evolução. Uma boa parte da formação para uma mudança por parte dos professores e outros agentes fica consolidada, ao menos como necessidade sentida, na fase preparatória. Reforma alguma se compadece de poderes que almejam principiá-las e vir a colher frutos. Em democracia, os poderosos têm contrato a termo certo. Mas incapazes de cumprir os seus nobres papéis de executantes honestos das grandes políticas de regime, os políticos de ocasião anseiam por arranhar uma eternidade de circunstância.
A actual nova ministra actua nessa revisão curricular participada, ainda não completamente transformada em acção. Grande parte dos documentos reguladores da organização de oferta educativa e dos programas de ensino mantêm-se aparentemente em vigor. Mas, ao arrepio da lei escrita, este ministério tem conseguido realizar uma clandestina revolução curricular e organizacional. Estão a ser postas em prática por via autoritária muitas medidas que não passaram nas negociações da revisão participada e sem constarem em papel timbrado. Recados e telefonemas das direcções e secretarias fizeram nascer de quase nada cursos profissionais e transformaram os, até há pouco, cursos tecnológicos de futuro em coisa nenhuma do presente. Sem qualquer ligação às empresas das suas regiões e sem quaisquer acordos protocolares, previstos em lei, as escolas públicas ganharam cursos profissionais e os estudantes que tinham pedido a sua matrícula em cursos tecnológicos acabaram matriculados em cursos profissionais com currículos diferentes, em alguns casos, mesmo com novas disciplinas em que não se inscreveram. E tudo feito sem que aos professores fossem dadas quaisquer oportunidades de formação para os programas que conheceram em Agosto e leccionaram a partir de Setembro. Estes falsos cursos profissionais têm falsos aspirantes a profissionais.
Professores impreparados para programas práticos e para avaliações subordinadas ao desempenho profissional que nem sequer está no centro das preocupações já que não há empresas de serviços, comerciais ou industriais envolvidas como ambiente, presente ou futuro, de algum desempenho. Mesmo que a razão prática nos diga haver justiça na aproximação ao trabalho, nada sobrevive em adversativa ideológica, em recusa ao trabalho e ao estudo de hoje. E nada sobrevive no ambiente de desregulação completa da profissão de professor. Profissão, sim! Mas que profissão? Com quantas ferramentas trabalha um professor? Com quais e com quantas pessoas trabalha um professor?

Arsélio Martins
Escola Secundária de José Estevão, Aveiro

Na matemática não existem diferenças entre raparigas e rapazes


O mito acabou. As raparigas e os rapazes são iguais nos resultados que têm a matemática. Um estudo publicado hoje na revista científica “Science” utilizou os resultados dos testes de matemática de mais de sete milhões de raparigas e rapazes de dez estados diferentes dos EUA. Não encontraram diferenças.

“Não existe diferença entre géneros na prática de matemática”, disse Janet Hyde, professora na Universidade de Wisconsin-Madison e líder do projecto. “Por isso, os pais e os professores devem rever as ideias que têm sobre esta matéria”, acrescentou.

Os cientistas foram calcular a média dos resultados dos testes de rapazes e raparigas e compararam entre si. O que descobriram é que a diferença entre os dois géneros era irrelevante e que em alguns estados os rapazes eram ligeiramente melhores do que as raparigas e noutros estados acontecia o inverso. No final, a comparação da média ponderada entre os géneros dava um avanço insignificante aos rapazes.

A análise teve em conta os estudantes de todos os anos até ao liceu. E também fez a comparação entre os géneros dos diferentes grupos étnicos.

Nos Estados Unidos esta discussão leva décadas. Antigamente, as áreas do liceu americano de matemática e ciência tinham mais rapazes do que raparigas. Actualmente, quase 50 por cento das raparigas fazem a disciplina de cálculo apesar de ainda haver muito menos elementos do sexo feminino a entrarem para as áreas de física e engenharia.

Uma das explicações que se dava é que apesar da média geral ser igual, haveria mais rapazes do que raparigas que seriam muito bons a matemática. Isto deveria traduzir-se numa maior variância, ou seja numa maior dispersão nos resultados dos testes para os rapazes do que para as raparigas.

Os investigadores foram à procura desta dispersão e descobriram que era pouco significativa. Por exemplo, no estado do Minnesota, no grupo de alunos caucasianos com melhores resultados, a equipa verificou que existiam dois rapazes para uma rapariga. Mas nos alunos asiáticos, as raparigas com melhores resultados estavam em número superior do que os rapazes.

Hyde e os seus colegas sugeriram que os factores sociais e culturais também influenciam o resultado dos estudantes e não as diferenças entre os géneros só por si.

A importância deste estudo é que nega as crenças culturais, “porque se a mãe ou um professor pensa que não somos bons em matemática, isso pode ter um grande impacto na forma como olhamos para a matemática”, conclui a cientista.




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AMP: Verbas do QREN financiam 1.700 novas salas de aula

A Área Metropolitana do Porto vai contar com 1.700 novas salas de aula nos próximos anos, num investimento global de 86,5 milhões de euros garantido por verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), foi hoje anunciado.

«Pela primeira vez, a Junta Metropolitana do Porto (JMP) teve um pequeno pacote de verbas do QREN para distribuir pelos municípios», revelou Rui Rio, presidente da junta, em declarações aos jornalistas.

Segundo o autarca, estão em causa 173 milhões de euros, metade dos quais serão destinados exclusivamente ao sector da educação, a distribuir por 16 municípios (os 14 que integram a área metropolitana, mais Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis que deverão aderir em breve).

«Cerca de metade desta verba vai para a educação, o que permitirá criar cerca de 1.700 novas salas de aula na Área Metropolitana do Porto«, frisou.

Na reunião de hoje, a última antes das férias, a JMP analisou três decisões tomadas pelo Ministério do Ambiente, todas relacionadas com a água, que originaram fortes críticas ao governo.

«É um disparate obrigar a que as facturas da água passem a ser mensais», afirmou o presidente da JMP, acrescentando que a decisão do ministério «é uma norma destituída de sentido».

Rui Rio recordou que «ninguém reclamou que as facturas da água passem a ser mensais» e salientou que esta medida implica um aumento dos custos para os municípios, que, no caso do Porto, «pode chegar a um milhão de euros por ano».

A JMP criticou também o «novo imposto» lançado pelo governo para pagar a recém criada Administração de Recursos Hídricos, que «implicará um acréscimo nas facturas da água entre 50 cêntimos e um euro por mês».

«O governo criou a Administração de Recursos Hídricos, que será paga pela nova taxa, mas, na prática, não é uma taxa, mas um novo imposto«, afirmou Rui Rio.

As críticas ao Ministério do Ambiente estenderam-se ainda à exigência de que os municípios paguem com retroactivos a Janeiro o aumento de 6,6 por cento no preço da água.

«Os municípios foram notificados em Maio, mas o governo pretende que paguem com retroactivos a Janeiro. Isso não faz sentido», defendeu o presidente da JMP.

Na conferência de imprensa que encerrou a reunião da junta metropolitana, Rui Rio anunciou ainda o apoio expresso da Associação Industrial do Minho e da Associação Industrial do Distrito de Aveiro ao modelo de gestão que a JMP defende para o Aeroporto Sá Carneiro.

Nesse sentido, as duas associações assinaram, juntamente com a JMP, a Associação Empresarial de Portugal e a Associação Comercial do Porto, a carta enviada a 17 de Julho ao primeiro-ministro em defesa de um modelo de gestão do Aeroporto Sá Carneiro autónomo do futuro Aeroporto de Lisboa.







Diário Digital / Lusa

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Subsídio de férias canalizado para pagar material escolar

Com o início do ano lectivo a chegar, muitas famílias começam já a comprar o material escolar, aproveitando o facto de receberem agora o subsídio de férias que é canalizado para esta despesa, ao invés de ser utilizado em dias de descanso.

A lista que chega das escolas com o material a comprar para o ano lectivo é extensa, segundo a opinião dos pais.

Apesar da taxa máxima de IVA ter descido em Julho, os pais contactados referem que não sentiram qualquer diferença no preço que pagaram pelo material escolar. No caso dos livros, o IVA aplicado é de 5%, uma medida do Governo que visa apoiar os pais.

Além da taxa de IVA mais baixa nos livros, outra medida é a durabilidade de seis anos dos livros para permitir o seu reaproveitamento por irmãos, por exemplo.

No caso de filhos únicos, os livros podem ser entregues na «Entreajuda» que em parceria com o Clube de Livros está a promover a campanha de recolha e reciclagem de manuais escolares.

A presidente da associação defende que é preciso adoptar uma cultura de reaproveitamento, algo que já existia «e que se perdeu com o consumo exacerbado», salienta a responsável.



FC

Tribunal de Coimbra condena auxiliar educativa por maus-tratos em infantário


A juíza considerou provados crimes de maus-tratos a três menores, aplicando penas parcelares que totalizam os 44 meses de prisão, mas no cálculo do cúmulo jurídico estabeleceu 2 anos (24 meses) de prisão, suspensos por igual período, por fazer «um juízo de prognose favorável em relação ao futuro» da arguida.

Às três vítimas, que na altura tinham cerca de dois anos de idade, em função da gravidade dos maus-tratos, condenou a auxiliar a pagar 2.500, 2.000 e 1.500 euros.

A arguida, com 49 anos, encontra-se desempregada e, segundo o seu advogado, António Manuel Arnaut, terá de ser analisada com ela a forma como poderá cumprir a obrigação de entregar os seis mil euros às vítimas.

Após a sentença, o advogado disse que só tomará posição sobre uma eventual interposição de recurso após ter disponível a decisão. No entanto, disse que a sua constituinte estava ciente da condenação, em virtude de os factos se basearem em testemunhos consistentes.

O advogado, contudo, disse estranhar a forma como apareceu a prova, só quando foi aberto o processo disciplinar, na sequência das queixas de uma das mães.

No início do processo foram também constituídos arguidos os gerentes do infantário, mas acabaram por não ser pronunciados, arquivando-se a queixa contra eles.

Detentora de uma experiência de seis anos, respondendo a um anúncio publicado num jornal, a arguida foi admitira em Abril de 2004 como auxiliar, passando a acompanhar crianças de um e dois anos, cultivando uma boa imagem perante os responsáveis, mas levantando suspeitas perante as educadoras, por ser «fria, pouco afável e pouco carinhosa para com as crianças».

Além do apoio às educadoras, à arguida cabia cuidar das crianças à hora de almoço, e durante a sesta, período em que ficava sozinha com elas.

Em Julho desse ano, a mãe de uma criança de dois anos começou a observar comportamentos anormais e a notar marcas negras nas suas costas e pernas.

«O menor começou a recusar-se a mudar a fralda, a ir ao infantário de manhã e a auto-agredir-se, referindo com alguma insistência as palavra tau-tau» e o diminutivo do nome pelo qual era conhecida a auxiliar, segundo consta do processo.

O menino - acrescenta - «passou a ter um comportamento muito agressivo para com os adultos, fazendo birras constantes, batendo nas paredes, cadeiras e mesas, repetindo tau-tau insistentemente e à pergunta sobre quem batia respondia invariavelmente» o diminutivo da ex-auxiliar educativa.

Após as férias de Agosto, em que o infantário esteve encerrado, e perante a perspectiva de regresso, a criança exclama que não quer ir e «começa de novo a acordar de noite e em grande alvoroço» e «continua a aparecer com marcas nas pernas - nódoas negras» - e a responder com o diminutivo da arguida.

Outros pais de crianças aperceberam-se também de bruscas alterações comportamentais dos seus filhos e de marcas de lesões, que na altura não valoraram devidamente, entendendo-as como próprias da idade.

Perante a insistência da mãe do menino, que acaba por o mudar de infantário a conselho médico, a direcção do estabelecimento pressiona as suas funcionárias, que narram as situações presenciadas com a arguida, a que se segue a instauração de um processo disciplinar e o seu despedimento, a 20 de Outubro de 2004.

Lusa/SOL

Coimbra: pais da Escola de São Silvestre protestam contra falta de condições e transferências

Mais de duas dezenas de pais da Escola Básica do 1.º Ciclo de São Silvestre, em Coimbra, protestaram ontem à noite contra a falta de condições naquele estabelecimento de ensino e a transferência das crianças do quarto ano.

Armando Ferreira, presidente da Associação de Pais, disse que os encarregados de educação reclamam o arranjo do recreio e dos sanitários e estão contra a transferência dos alunos do quarto ano para uma sala sem condições na sede do agrupamento escolar a que pertencem.

"Os miúdos da quarta classe que estavam o ano passado nesta escola foram obrigados a ir para a sede do agrupamento, com salas pequeninas, divididas em pladur, com cadeiras que pareceriam para crianças do infantário", criticou o responsável, adiantando que a autarquia de Coimbra tinha prometido boas instalações.

Isabel Salgado, que participou no protesto, acrescenta que os alunos do quarto ano foram colocados no rés-do-chão da sede do Agrupamento de Escolas de São Silvestre, junto a uma sala de música e próximo da entrada principal e da área de recreio.

"Nós não nos importamos que eles estejam no agrupamento, queremos é que tenham condições e isso não acontece. O espaço que lhes foi atribuído está mal localizado e perturba a sua aprendizagem", sustenta aquela encarregada de educação.

Segundo Armando Ferreira, "os pais não querem lá (na sede do agrupamento) os miúdos enquanto a Câmara de Coimbra não criar as devidas condições", que prometeu numa reunião realizada no início deste mês.

"Como estamos com medo que no início do próximo ano lectivo a situação se mantenha resolvemos denunciá-la publicamente", frisou o presidente da Associação de Pais.

Numa vigília realizada ontem à noite, à porta da Escola Básica do 1.º Ciclo de São Silvestre, os pais colocaram cartazes no portão de entrada, onde se podia ler: "Estamos fartos de promessas. Queremos os nossos filhos nesta escola" ou "Deixem-nos mudar de Concelho para Cantanhede ou Montemor-o-Velho".

O presidente da Associação de Pais adiantou ainda que a Escola Básica do 1.º Ciclo possui duas salas vagas com condições para que as crianças do quarto ano ali permaneçam, enquanto não forem criadas as devidas condições na sede do agrupamento.

No entanto, Armando Ferreira considera prioritário o arranjo do recreio, onde recentemente uma menina sofreu um traumatismo craniano numa queda, e das instalações sanitárias que se encontram bastante degradadas. A criança, de oito anos, esteve internada durante duas semanas no Hospital Pediátrico de Coimbra e nos Hospitais da Universidade, onde foi alvo de uma intervenção cirúrgica a que se vai seguir outra no início de Setembro.





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Docente com filho doente impedida de concorrer

Uma docente de Aveiro que pretende ser destacada, ao abrigo da lei, para dar aulas na sua área de residência, alegando a necessidade de acompanhar o filho, a quem foi diagnos- ticado um tumor maligno há 18 meses, viu-se, até agora, impedida de concorrer, porque, segundo alega, a aplicação electrónica da Direcção- -Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE), acessível pela Internet, não permite alterar dados do relatório médico anterior para satisfazer os critérios exigidos.

O ano passado, Sara Godinho, "por desconhecimento", cometeu "o erro" de concorrer ao destacamento da zona de residência pela alínea C, que não abrange o tipo de doença do filho de três anos e foi excluída. Como continua interessada em dar aulas, embora sem abdicar de ser numa escola mais próxima de casa, pediu um novo relatório para corrigir.

Mas as tentativas feitas nesse sentido foram infrutíferas, tendo-lhe sido comunicado que "não há lugar a alteração de alíneas" no sistema, procedimento que configuraria "uma nova candidatura", o que legalmente não é possível. "Só têm de me disponibilizar novo relatório médico para eu preencher correctamente e fazer prova da situação", exigiu.

Sara Godinho, há 18 meses de baixa médica, anunciou ontem estar a ponderar, com apoio sindical, mover uma acção em tribunal. A professora de inglês de 36 anos, do quadro da zona pedagógica da Lezíria e Médio Tejo, não quer fazer novamente 300 quilómetros diariamente, como acontecia quando esteve em Ourém.

Fonte do Ministério da Educação afirma que a docente pode "pedir acesso à aplicação". Basta "alterar o que pretende, imprimir e levar ao médico para validar". Posto isso, deverá enviar por carta.
DN

Colégio de ensino especial suspeito de maus tratos

Processo. Colégio Décroly, de ensino especial, que acolhe crianças com paralisia cerebral, está a ser investigado pela PSP pela alegada prática do crime de maus tratos.

Advogado de defesa queixa--se que ainda não teve acesso ao processo e fala em interesses escondidos
O cheiro doentio que se faz sentir nas instalações do colégio Décroly, em Lisboa, que acolhe crianças e jovens com deficiência, deve-se ao facto de as fraldas serem mudadas nas salas de aula e de não existir sistema de ventilação. Já a alegada utilização de fraldas descartáveis como babete parece não ser um hábito, mas uma medida de recurso. Estes são dois pontos referidos na investigação que a Divisão de Investigação Criminal da Polícia de Segurança Pública (PSP) levou a cabo no colégio, de acordo com um documento a que o DN teve acesso. Os proprietários acabaram por ser constituídos arguidos por suspeitas do crime de maus tratos.

Alegadamente o colégio não possuiu sistema de ventilação porque este pode ser prejudicial para alguns alunos com problemas respiratórios. Mas uma das mais graves acusações que recai sobre os proprietários do colégio diz respeito aos internamentos sucessivos de um dos alunos. Outra questão levantada pela investigação diz respeito aos métodos que os funcionários usam para imobilizar os alunos durante as suas crises.

Há cerca de dois meses, o estabelecimento de ensino foi alvo de uma mega operação de fiscalização. "Estiveram no colégio a ASAE, PJ, PSP, Segurança Social, um procurador e o delegado de saúde. Até as crianças ficaram assustadas", refere o advogado dos proprietários, Vasconcelos Salgado. Ao que o DN conseguiu apurar, a acção foi movida após terem sido registadas várias denúncias relativas ao funcionamento do estabelecimento.

Aparentemente, a operação descobriu que os medicamentos se encontram ao alcance de todos, em armários com as portas abertas. Enquanto as casas de banho não têm sabonete, nem papel higiénico de forma a evitar que as crianças os arremessem aos colegas e funcionários.

As acusações dizem respeito a factos como a violação das regras elementares de acolhimento de pessoas deficientes, que provocam lesões físicas, défices nutricionais, exposição dos utentes a ambientes muito frios no Inverno e muito quentes no Verão, falta de higiene e ausência de actividades lúdicas e pedagógicas que promovam o desenvolvimento das capacidades dos alunos. Estes são alguns dos factos imputados ao três proprietários do colégio.

Os alunos são colocados no colégio pela Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DREL). A instituição acolhe actualmente cerca de 160 alunos, 70 dos quais em regime de internato. Os alunos dos 6 aos 18 anos, estão incluídos na valência de escolaridade obrigatória e são tutelados pelos Ministério da Educação. Enquanto os utentes dos 19 aos 24 anos são apoiados pela Segurança Social. De acordo com fonte da Segurança Social, estes jovens recebem um Subsídio Mensal Vitalício no valor de 171,78 euros, ao qual acresce um subsídio por frequência de estabelecimento de educação especial, pago aos jovens e não ao colégio.

O Ministério da Educação disse ao DN que a Inspecção-geral da Educação se "deslocou muito recentemente" ao colégio Décroly a fim de verificar se as condições exigidas para o seu funcionamento estão a ser cumpridas. "O Ministério paga os miúdos que lá estão em idade escolar 492,02 euros", acrescentou ainda a mesma fonte da tutela.










dn

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Perto de 400 mil alunos carenciados vão ter refeições e manuais escolares gratuitos

Perto de 400 mil alunos carenciados do ensino básico e secundário vão ter direito a refeições e manuais escolares gratuitos já a partir de Setembro, segundo as novas regras da Acção Social Escolar, que permitem triplicar o número de beneficiários.

De acordo com um despacho hoje divulgado pelo Ministério da Educação, a atribuição dos apoios vai assentar em novos critérios, passando o rendimento das famílias a ser determinado em função do escalão em que se encontram para efeitos de abono de família.

Com a alteração, passam de 185 mil para mais de 399 mil os alunos que vão beneficiar do apoio máximo da Acção Social Escolar (ASE), que prevê refeições gratuitas e o pagamento integral, por parte do Estado, dos manuais escolares obrigatórios.

Da mesma forma, o número de alunos com direito ao escalão B da ASE, cujos apoios equivalem a metade dos atribuídos no escalão A, cresce de 44.468 para cerca de 311.500. No total, vão usufruir de apoio mais de 711 mil estudantes do ensino básico e secundário, quase três vezes mais do que os que beneficiavam até agora.

"É o maior alargamento da Acção Social Escolar desde que existe Acção Social Escolar no país", afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, em declarações à Lusa.

De acordo com o responsável, a medida representa um investimento de 73 milhões de euros, dos quais 30 milhões destinados ao pagamento dos livros escolares e 43 milhões no caso das refeições.

Até agora, a atribuição destes apoios à Educação não estava anexada aos escalões de abono de família, uma vez que as escolas e a Segurança Social tinham formas diferentes de determinar os rendimentos das famílias.

Os dois métodos de cálculo utilizados explicavam a diferença no número de beneficiários entre os dois tipos de subsídio: 400 mil crianças e jovens usufruíam dos apoios máximos ao nível do abono de família, mas só 185 mil beneficiavam do escalão mais elevado da Acção Social Escolar.

"O regime da ASE tinha um sistema muito complicado. O cálculo baseava-se no rendimento das famílias abatido de uma série de encargos fiscais com a Segurança Social, a Habitação e a Saúde, o que obrigava as famílias a entregar uma série de papéis e as escolas a fazer a confirmação. Assim, bastará entregar o papel que identifica o escalão do abono de família", explicou Jorge Pedreira.

O despacho do ministério, que aguarda publicação em Diário da República, estipula ainda novas regras para a atribuição de bolsas de mérito aos alunos carenciados do ensino secundário que alcancem médias iguais ou superiores a 14 valores. Estas bolsas, que rondam os mil euros anuais, não podiam, até agora, ser acumuladas com os apoios da ASE, levando os estudantes a ter de optar entre uma e outra, o que deixará de acontecer.

Por outro lado, com o aumento do número de beneficiários da Acção Social Escolar, quase triplica também o universo dos estudantes que vão poder candidatar-se às bolsas de mérito.

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Academia Ciências cria prémios para melhores alunos 12º ano

A Academia das Ciências de Lisboa anunciou hoje a criação de três prémios destinados ao melhor aluno do 12º ano do Ensino Secundário nas disciplinas de Português, História e Matemática, e que têm como mecenas dois bancos.
O melhor aluno de Português será galardoado com o Prémio Padre António Vieira, enquanto o de História com o Prémio Alexandre Herculano e o de Matemática com o Prémio Pedro Nunes.


Os três galardões são financiados pelos bancos BPI e Popular.

Em comunicado, a Academia das Ciências de Lisboa refere ainda a criação de dois prémios para trabalhos universitários: Prémio Jorge Álvares, financiado pela Fundação com o mesmo nome, e Prémio Agostinho da Silva, que tem como patrocinador o Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários.

Diário Digital / Lusa


Academia Ciências cria prémios para melhores alunos 12º ano

A Academia das Ciências de Lisboa anunciou hoje a criação de três prémios destinados ao melhor aluno do 12º ano do Ensino Secundário nas disciplinas de Português, História e Matemática, e que têm como mecenas dois bancos.
O melhor aluno de Português será galardoado com o Prémio Padre António Vieira, enquanto o de História com o Prémio Alexandre Herculano e o de Matemática com o Prémio Pedro Nunes.

Os três galardões são financiados pelos bancos BPI e Popular.

Em comunicado, a Academia das Ciências de Lisboa refere ainda a criação de dois prémios para trabalhos universitários: Prémio Jorge Álvares, financiado pela Fundação com o mesmo nome, e Prémio Agostinho da Silva, que tem como patrocinador o Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários.

Diário Digital / Lusa


quarta-feira, 23 de julho de 2008

Lições de uma pequena experiência educativa


Habituamo-nos a grandes e a muito dispendiosos projectos de investigação em educação. Não ficamos, ao mesmo tempo, menos desiludidos com o seu insucesso em fornecer soluções eficazes para os prementes problemas educativos. Uma das razões para tal, que tratarei aqui através de um simples, embora revelador, exemplo, poderá ser que, como aquele homem que deixou cair o seu relógio numa sarjeta, mas que o foi procurar junto a uma loja afastada porque aí havia mais luz, os investigadores em educação com muita frequência incidem onde a luz – as suas teorias da aprendizagem e capacidades, as suas técnicas e os seus financiadores, por exemplo – é melhor do que no lugar onde o problema reside. Alternativamente, podem encontrar imensas coisas a tapar o relógio e não conseguir ver para além delas. A experiência que eu gostaria de discutir não custou nada e não foi sujeita a uma rigorosa avaliação, porém diz-nos bastante acerca de como é difícil encontrar o relógio. Aconteceu numa escola secundária inglesa que investiu fortemente em
tecnologias de informação e comunicação (TIC) e fez uma ampla utilização destas no ensino. A experiência consistiu em organizar para todos os alunos de um dado ano escolar a recepção das suas lições em casa, através dos seus computadores, durante um dia. Os resultados foram claramente inesperados, mas que fazem rapidamente sentido quando pensamos sobre eles. A primeira reacção veio dos pais, que não ficaram satisfeitos com o facto de terem de faltar um dia ao trabalho, ou por terem de arranjar alguém para lhes tomar conta dos filhos enquanto estes estavam a ter ‘escola em casa’. Outra resposta pouco comum veio dos alunos, que longe de terem gostado de estar um dia sem escola, ficaram aborrecidos porque não lhes foi possível estar com os seus amigos. É especialmente interessante a resposta dos alunos; muitos deles passaram o dia a enviar mensagens aos amigos, o mais das vezes, supomos, do mesmo tipo daquelas que sussurram aos colegas na sala de aula – ‘o que é que respondeste a esta?’ Da mesma forma, os professores teriam preferido ter as suas lições ‘normais’, onde pudessem ver os seus alunos, reagir em relação a eles, etc., e especialmente teriam preferido confiar numa miríade de técnicas de linguagem corporal e outras formas tácitas de transmitir não só o conhecimento, mas também aprovação e desaprovação do que codificar toda a sua aula.
Inúmeras lições sobre a educação e sobre a investigação acerca dela podem ser retiradas deste exemplo, mas quatro são-me particularmente evidentes. A primeira, e a mais óbvia, é que a educação, certamente quando equacionada como escolarização, como o é por todo o mundo (poder-se-ia, por exemplo, notar aqui que o Objectivo de Desenvolvimento do Milénio para a Educação é ‘acesso ao ensino primário para todas as crianças’), envolve muito mais do que aprender, ou ensinar e aprender. Está profundamente impregnada nas estruturas sociais mais amplas, no mercado de trabalho quer dos adultos, quer dos jovens. Mais, não se trata de uma mera ‘corrupção’ ‘moderna’ de um originalmente puro sistema educativo; eu penso que, por exemplo, a primeira escola em Genebra precedeu o Colégio de Calvino em mais de um século; não foi fundada para potenciar a aprendizagem, que já era eficientemente providenciada por um pequeno exército de tutores individuais, mas por razões de segurança, como um lugar onde todos os jovens poderiam ser reunidos para impedir que causassem ofensas e distúrbios públicos. E há, é claro, muitos outros exemplos de objectivos ‘não educativos’ da escolarização que enquadram aquilo que hoje entendemos por educação.
A segunda lição vem das reacções dos alunos. Se é verdade que podem ir para a escola principalmente para se encontrarem com os amigos, também o é que eles reconhecem esta como um lugar onde se espera e se encoraja que eles aprendam. Produz-se, assim, uma espécie de elemento sub-reconhecido do currículo oculto da escolarização — que aprender é uma actividade social. Mas, e antes que os psicólogos comecem a rasgar esta página, tem que ser dito que se a aprendizagem de um curso é uma actividade social, aprender em turmas de 30, 40, ou 15, é um tipo particular de aprendizagem social, e se isto não for clarificado e compreendido, então todo o valor do insight provavelmente se perderá. A terceira lição é muito simples, reconhecida na retórica, mas raramente tida em conta nas práticas de inovação educacional, por exemplo – que as primeiras duas lições tornam a educação muito difícil de transformar, especialmente no que diz respeito à organização da aprendizagem. E, finalmente, o facto das TIC serem centrais para esta experiência está longe de ser irrelevante. É através da existência e potencial para a aprendizagem das TIC que estamos em condições de reconhecer estas coisas mais claramente; e é através das evidências que emergem das experiências com as TIC que podemos ver como será difícil realizar todo o seu potencial em educação.

Roger Dale

Petição n.º 496/X/3.ª

Petição n.º 496/X/3.ª
Relatora: Deputada Paula Barros
RELATÓRIO FINAL

Relatora: Deputada Paula Barros (PS)
9 de Julho de 2008


Iniciativa: Confederação Nacional das Associações de Pais - CONFAP
Assunto: Solicita que se legisle no sentido atribuir aos pais direitos laborais que assegurem a sua participação na educação dos filhos, que se regulamente o estatuto do dirigente associativo voluntário e que se isentem de IRC as Associações de Pais


1. Nota Preliminar

A presente Petição deu entrada na Assembleia da República em 9 de Maio de 2008, tendo sido recebida na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, para apreciação no mesmo dia.
Na reunião ordinária da Comissão, realizada a 20 de Maio de 2008, a petição foi definitivamente admitida e nomeada a signatária como sua relatora.


2. Conteúdo e motivação da petição

Os peticionários, mediante a entrega da petição em análise, solicitam à Assembleia da República que se legisle no sentido de atribuir aos pais direitos laborais que assegurem a sua participação na educação dos filhos, que se regulamente o estatuto do Dirigente Associativo Voluntário e que se isentem de IRC as Associações de Pais.
Com efeito, relativamente à primeira pretensão, os peticionários referem que «é necessário e urgente a sua tradução, adaptação ou integração e regulamentação em sede de Código do Trabalho, por remissão ainda à demais legislação em que as associações de pais e representantes de pais detêm lugares à representação.»
No que concerne à regulamentação do estatuto do dirigente associativo voluntário, alegando que «a actividade associativa dos pais e encarregados de educação baseia-se no trabalho voluntário de muitas centenas de homens e mulheres, que “roubam” horas à sua família para as darem a todas as famílias portuguesas no âmbito do acompanhamento da vida das escolas, em particular, e das questões da educação em geral», propõem, em conformidade, a respectiva regulamentação do Estatuto do Dirigente Associativo Voluntário, no sentido de a aplicar aos dirigentes das associações de pais.
Por último, na questão da fiscalidade das associações de pais, os peticionários entendem que estas «não estão enquadradas nas isenções previstas nos artigos 10.º e 11.º do CIRC, pelo que estão sujeitas a tributação em sede de IRC».
Argumentam que «será da mais elementar justiça que estejam em pé de igualdade com as demais associações nomeadas nos artigos 10.º e 11.º do CIRC», acrescentando que «a maioria das associações conseguem reunir condições para serem enquadradas em culturais, recreativas ou desportivas, pelo que estando as IPSS e outras de solidariedade social abrangidas pela isenção prevista pelo artigo 10.º do CIRC, restarão quase só ou mesmo só as associações de pais como associações não isentas, ou seja, sujeitas a IRC».
Deste modo, segundo os peticionários, «impõe-se que às Associações de Pais sejam atribuídas as isenções previstas nos artigos 10.º ou 11.º do IRC, considerando-se que as actividades desenvolvidas nas cantinas escolares, ATL’s e enquanto promotores das actividades de enriquecimento curricular e outras de carácter educativo, cultural e social, sejam consideradas decorrentes do seu objecto social e isentas de tributação em IRC.»


3. Enquadramento Jurídico

(i) Constituição da República Portuguesa (CRP)

Como fundamento para o objecto da Petição, a CONFAP invoca, desde logo, o disposto no n.º 2 do artigo 67.º da CRP, nos termos do qual incumbe ao Estado, para protecção da família, «promover, através da concertação de várias políticas sectoriais, a conciliação da actividade profissional com a vida familiar».

(ii) Código do Trabalho

Actualmente, as ausências dos trabalhadores para acompanhamento da situação educativa de filho menor podem ser consideradas justificadas, nos termos da alínea f) do n.º 2 do artigo 225.º do Código do Trabalho, que estipula como faltas justificadas:

«As ausências não superiores a quatro horas e só pelo tempo
estritamente necessário, justificadas pelo responsável pela
educação de menor, uma vez por trimestre, para deslocação à
escola tendo em vista inteirar-se da situação educativa do filho
menor.»

Relativamente aos efeitos das faltas em causa, o n.º 1 do artigo 230.º do Código do Trabalho estatui que estas não determinam a perda ou prejuízo de quaisquer direitos do trabalhador.

(iii) Código do IRC

No que concerne às isenções de IRC referidas pela Petição, o artigo 10.º do CIRC preconiza o seguinte:

«1 – Estão isentas de IRC:
a) As pessoas colectivas de utilidade pública administrativa;
b) As instituições particulares de solidariedade social e entidades
anexas, bem como as pessoas colectivas àquelas legalmente
equiparadas;
c) As pessoas colectivas de mera utilidade pública que prossigam,
exclusiva ou predominantemente, fins científicos ou culturais, de
caridade, assistência, beneficência, solidariedade social ou defesa
do meio ambiente.
2 - A isenção prevista na alínea c) do número anterior carece de
reconhecimento pelo Ministro de Estado e das Finanças, a
requerimento dos interessados, mediante despacho publicado no
Diário da República, que define a respectiva amplitude, de
harmonia com os fins prosseguidos e as actividades
desenvolvidas para a sua realização, pelas entidades em causa e
as informações dos serviços competentes da Direcção-Geral dos
Impostos e outras julgadas necessárias.
3 - A isenção prevista no n.º 1 não abrange os rendimentos
empresariais derivados do exercício das actividades comerciais
ou industriais desenvolvidas fora do âmbito dos fins estatutários,
bem como os rendimentos de títulos ao portador, não registados
nem depositados, nos termos da legislação em vigor, e é
condicionada à observância continuada dos seguintes requisitos:
a) Exercício efectivo, a título exclusivo ou predominante, de
actividades dirigidas à prossecução dos fins que justificaram o
respectivo reconhecimento da qualidade de utilidade pública ou
dos fins que justificaram a isenção, consoante se trate,
respectivamente, de entidades previstas nas alíneas a) e b) ou
na alínea c) do n.º 1;
b) Afectação aos fins referidos na alínea anterior de, pelo menos,
50% do rendimento global líquido que seria sujeito a tributação
nos termos gerais, até ao fim do 4º exercício posterior àquele em
que tenha sido obtido, salvo em caso de justo impedimento no
cumprimento do prazo de afectação, notificado ao director-geral
dos Impostos, acompanhado da respectiva fundamentação
escrita, até ao último dia útil do 1º mês subsequente ao termo do
referido prazo;
c) Inexistência de qualquer interesse directo ou indirecto dos
membros dos órgãos estatutários, por si mesmos ou por
interposta pessoa, nos resultados da exploração das actividades
económicas por elas prosseguidas.
4 - O não cumprimento dos requisitos referidos nas alíneas a) e
c) do número anterior determina a perda da isenção, a partir do
correspondente exercício, inclusive.
5 - Em caso de incumprimento do requisito referido na alínea b)
do nº 3, fica sujeita a tributação, no 4º exercício posterior ao da
obtenção do rendimento global líquido, a parte desse rendimento
que deveria ter sido afecta aos respectivos fins.»

Acresce ainda o disposto no artigo 11.º do CIRC que, relativamente a actividades culturais, recreativas e desportivas determina:

«1 - Estão isentos de IRC os rendimentos directamente derivados
do exercício de actividades culturais, recreativas e desportivas.
2 - A isenção prevista no número anterior só pode beneficiar
associações legalmente constituídas para o exercício dessas
actividades e desde que se verifiquem cumulativamente as
seguintes condições:
a) Em caso algum distribuam resultados e os membros dos seus
órgãos sociais não tenham, por si ou interposta pessoa, algum
interesse directo ou indirecto nos resultados de exploração das
actividades prosseguidas;
b) Disponham de contabilidade ou escrituração que abranja todas
as suas actividades e a ponham à disposição dos serviços fiscais,
designadamente para comprovação do referido nas alíneas
anteriores.
3 - Não se consideram rendimentos directamente derivados do
exercício das actividades indicadas no n.º 1, para efeitos da
isenção aí prevista, os provenientes de qualquer actividade
comercial, industrial ou agrícola exercida, ainda que a título
acessório, em ligação com essas actividades e, nomeadamente,
os provenientes de publicidade, direitos respeitantes a qualquer
forma de transmissão, bens imóveis, aplicações financeiras e
jogo do bingo.»

(iv) Estatuto do Dirigente Associativo Voluntário

O Estatuto do Dirigente Associativo Voluntário, plasmado na Lei n.º 20/2004, de 5 Junho, prevê atribuição de créditos de horas a dirigentes de associações, variando entre o meio dia de trabalho por mês e os três dias de trabalho por mês, em função do número de associados.
De acordo com o n.º 1 do artigo 2.º, este regime aplica-se «aos dirigentes de todas as associações e respectivas estruturas federativas ou de cooperação dotadas de personalidade jurídica que não tenham por fim o lucro económico dos associados ou da associação».

(v) Regime de constituição, direitos e deveres das associações de pais e encarregados de educação

De acordo com a última alteração prevista na Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho, o regime que disciplina a constituição das associações de pais e encarregados, seus direitos e deveres, bem como das suas federações e confederações, já contempla um regime especial de faltas para os dirigentes das associações de pais, previsto no artigo 15.º, nos termos do qual:

«1 - As faltas dadas pelos titulares dos órgãos sociais das
associações de pais, ou das suas estruturas representativas, para
efeitos do estabelecido na alínea b) do n.º 2 do artigo 9.º e do
artigo 12.º, desde que devidamente convocados, consideram-se
para todos os efeitos justificadas mas determinam a perda da
retribuição correspondente.
2 - Os pais ou encarregados de educação membros dos órgãos de
administração e gestão dos estabelecimentos públicos de
educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário têm
direito, para a participação em reuniões dos órgãos para as quais
tenham sido convocados, a gozar um crédito de dias remunerado,
nos seguintes termos:
a) Assembleia, um dia por trimestre;
b) Conselho pedagógico, um dia por mês;
c) Conselho de turma, um dia por trimestre;
d) Conselho municipal de educação, sempre que reúna;
e) Comissão de protecção de crianças e jovens, ao nível
municipal, um dia por bimestre.
3 - As faltas dadas nos termos do número anterior consideram-
-se justificadas e contam, para todos os efeitos legais, como
serviço efectivo, salvo no que respeita ao subsídio de refeição.
4 - Às faltas que excedam o crédito referido no n.º 2, e que
comprovadamente se destinem ao mesmo fim, aplica-se o
disposto no número anterior, mas determinam a perda da
retribuição correspondente.
5 - As faltas a que se refere o presente artigo podem ser dadas
em períodos de meio dia e são justificadas mediante a
apresentação da convocatória e de documento comprovativo da
presença passado pela entidade ou órgão que convocou a
reunião.
6 - A forma de participação dos pais ou encarregados de educação
em órgãos de administração e gestão de escolas particulares ou
cooperativas que tenham celebrado com o Estado contratos de
associação nos termos do Estatuto do Ensino Particular e
Cooperativo é regulada por este Estatuto.»

Acresce que, no que diz respeito ao acesso ao estatuto de utilidade pública e a mecenato, as Associações de Pais, de acordo com o artigo 15.º-A, beneficiam ainda do seguinte regime:

«1 - Às associações de pais pode, a seu pedido, ser conferido o
estatuto de utilidade pública, nos termos e para os efeitos
previstos no Decreto-Lei n.º 460/771, de 7 de Novembro.
2 - Consideram-se de reconhecimento especial, e como tal
usufruem dos benefícios a conceder por via do Decreto-Lei n.º
460/77, de 7 de Novembro, as seguintes situações:
a) Organização de actividades de enriquecimento curricular no
âmbito do prolongamento de horário e da escola a tempo inteiro;
b) Organização de actividades de apoio às famílias.
3 - Os donativos concedidos às associações de pais beneficiam do
regime estabelecido no Estatuto do Mecenato, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 74/99, de 16 de Março.»


4. Audição dos Peticionários

Atendendo ao teor e ao enquadramento especial da petição, procedeu-se à audição dos peticionários no passado dia 4 de Junho, visando a obtenção de mais esclarecimentos sobre o seu propósito.
Em representação dos peticionários estiveram presentes Albino Pinto de Almeida e António Amaral de Almeida, respectivamente, Presidente e Vice-Presidente do Conselho Executivo da CONFAP.
Reiterando os argumentos expostos na petição, os representantes da CONFAP explicitaram melhor alguns aspectos implicados referindo, nomeadamente, que a questão da fiscalidade das associações de pais se põe actualmente com maior acuidade em função do alargamento da sua acção, desenvolvendo actividades de enriquecimento curricular, de “pontas” dos horários escolares e na exploração de refeitórios de escolas, que implicam o pagamento de IRC.
Entende a CONFAP que as associações de pais devem beneficiar de isenção de tributação em IRC, nos mesmos termos das instituições particulares de solidariedade social.
Confrontados com a hipótese de isenção de IRC após atribuição do estatuto de utilidade pública, a CONFAP respondeu que essa atribuição é difícil e envolve procedimentos que pela sua complexidade não são acessíveis à maior parte das associações de pais pelo que, tal somente seria possível mediante um regime simplificado de atribuição do estatuto de utilidade pública.
A este propósito, a CONFAP aproveitou para entregar um documento onde consta uma proposta de alteração do n.º 1 do artigo 10.º do Código do IRC – que estabelece a isenção deste imposto para as pessoas colectivas de utilidade pública e de solidariedade social - aditando uma alínea d) com a seguinte redacção: «As associações de pais e federações, legalmente constituídas nos termos da Lei n.º 29/2006, de 4 de Julho».
Relativamente a alterações à legislação laboral, a CONFAP considera que, apesar do estatuído actualmente no Código do Trabalho, um grande número de entidades privadas entende que as faltas permitidas para acompanhamento da situação educativa do filho menor originam perda de retribuição e noutros casos “força” os trabalhadores a utilizarem períodos de férias para essas ausências, acrescentando que esse regime não se aplica aos funcionários públicos.
A CONFAP alega que o tempo em causa é insuficiente para permitir a participação dos pais nas escolas, a qual a lei tem vindo a exigir cada vez mais, e propõem que aos pais envolvidos nos órgãos de direcção das escolas e em organismos municipais tais como Conselhos Municipais de Educação, Conselhos Municipais de Juventude e, mesmo, Comissões de Protecção de Crianças e Jovens em risco, seja atribuído o direito de ausência justificada e sem perda retributiva, de 4 horas por mês, comprometendo-se a entregar posteriormente a correspondente proposta.
Por último, a propósito da matéria do Estatuto do Dirigente Voluntário, os representantes da CONFAP assumiram a sua discordância face ao crédito de horas previsto no artigo 4.º da Lei 20/2004, considerando-o insuficiente para as necessidades dos dirigentes. No seu entendimento, o referido estatuto foi pensado para os dirigentes que se mantêm nas associações sem limite de tempo, enquanto no caso das associações de pais, por regra, os dirigentes apenas se mantêm durante o período em que têm os filhos na escola.


5. Resposta do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social

Ao abrigo do disposto na alínea c) do n.º 3 do artigo 17.º, conjugado com o artigo 20.º da LDP, foi solicitado o envio de cópia da petição ao Ministério competente em razão da matéria, para que este se pronunciasse sobre o conteúdo da presente petição.
Em ofício de 9 de Junho de 2008, o Gabinete do Senhor Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social respondeu que «[…]as questões relativas à promoção da conciliação da vida familiar com a vida profissional, estão a ser estudadas no âmbito do processo de alteração ao Código do Trabalho, que tal como é do conhecimento público, está presentemente em curso», admitindo ainda que «revestiu-se do maior interesse para os trabalhos em curso a recepção da Petição ».


6. Conclusões

1) O objecto da petição é claro e está bem especificado, encontrando-se identificados os peticionários. Estão preenchidos os demais requisitos formais e de tramitação estabelecidos no artigo 9.º da LDP.
2) A petição tem 1 subscritor (em representação da CONFAP), pelo que não reúne as assinaturas suficientes para ser apreciada em Plenário (artigo 24.º, n.º 1, alínea a) da LDP), para que seja obrigatória a audição dos peticionários (artigo 21.º, n.º 1 da LDP) e bem assim a publicação em Diário da Assembleia da República (artigo 26.º, n.º1, alínea a) LDP).
3) Atendendo ao teor e ao enquadramento especial da petição, procedeu-se à audição dos peticionários no passado dia 4 de Junho, visando a obtenção de mais esclarecimentos sobre o seu propósito.
4) Os peticionários solicitam à Assembleia da República que se legisle no sentido de atribuir aos pais direitos laborais que assegurem a sua participação na educação dos filhos, que se regulamente o estatuto do Dirigente Associativo Voluntário e que se isentem de IRC as Associações de Pais.
5)
A legislação actual contempla um conjunto de direitos que beneficiam os trabalhadores que são pais e encarregados de educação no acompanhamento da situação educativa dos seus filhos menores, bem como o funcionamento das associações de pais e respectivos dirigentes no exercício das respectivas funções, que poderão ser, ainda assim, insuficientes.
6) Ao abrigo do disposto na alínea c) do n.º 3 do artigo 17.º, conjugado com o artigo 20.º da LDP, foi solicitado o envio de cópia da petição aos Ministérios competentes em razão das matérias em causa, para que estes se pronunciassem sobre o conteúdo da presente petição, tendo sido reconhecido, em resposta, por parte do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, o «maior interesse» da matéria no âmbito dos trabalhos em curso de revisão da legislação laboral.
7) Face ao proposto pelos peticionários, os Senhores Deputados e os Grupos Parlamentares, em função das suas posições políticas, tomarão as iniciativas entendidas como pertinentes, nos termos constitucionais e regimentais.


PARECER

Face ao supra exposto, a Comissão de Educação e Ciência emite o seguinte parecer:
a) A petição deverá ser remetida à Comissão de Trabalho, Segurança Social e Administração Pública, a fim de ser considerada no âmbito dos trabalhos de revisão da legislação laboral.
b) O presente Relatório deverá ser arquivado, com conhecimento aos peticionários, nos termos da alínea m) do n.º 1 do artigo 19.º2 da LDP.
c)
O presente Relatório deverá ser remetido ao Senhor Presidente da Assembleia da República, nos termos do n.º 8 do artigo 17.º3.



Palácio de São Bento, em 9 de Julho de 2008


A Deputada Relatora O Presidente da Comissão
Paula Barros António José Seguro

Fenprof acusa Teixeira dos Santos de mentir

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) diz que o ministro das Finanças «não falou verdade» e que os reformados da função pública voltaram a ver o seu subsídio de férias diminuir por causa dos descontos para a ADSE. «Algo que não acontece com quem está no activo», sublinha o sindicato. Em Abril, o ministro das Finanças, garantiu publicamente que os aposentados da função pública não continuariam a descontar no vencimento dos 13.º e 14.º mês para a ADSE. Mas a Fenprof assegura que os funcionários públicos reformados voltaram a deparar-se, este mês, com os descontos no recibo do subsídio de férias.

«Este é um problema que já se tinha colocado com os descontos a incidirem sobre o 13.º mês, em Dezembro passado», recorda o sindicato dos professores, que não tem dúvidas de que Teixeira dos Santos «faltou à verdade».

Para os sindicalistas, esta situação é uma prova de que «o Governo continua a querer resolver, em grande parte, os problemas da crise económica em que o país mergulhou, da forma mais fácil, isto é, à custa dos salários e pensões dos trabalhadores, que são constantemente assaltados».

Em comunicado enviado às redacções, a Fenprof lembra que estes descontos contribuem para as «desigualdades sociais» e que não se aplicam a «quem está no activo».

Indignados com a situação, os sindicalistas enviaram já um ofício ao ministro das Finanças, exigindo a «abolição imediata dos descontos para a ADSE que recaem sobre as pensões do 13º e 14º mês e a devolução do desconto realizado no seu subsídio de férias».

Margarida Davim

terça-feira, 22 de julho de 2008

DESPACHO (Percentagens Máximas da Avaliação de Desempenho)

A alteração do Estatuto de Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário (ECD), operada pelo Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de Janeiro, estabeleceu os princípios de um novo regime de avaliação do desempenho do pessoal docente, regulamentado pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro. Desse novo regime consta, como para a generalidade dos funcionários e agentes abrangidos pelo Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da Administração Pública, a determinação de percentagens máximas para a atribuição de classificações de mérito. Essa determinação deve ser entendida como um padrão de referência para o grau de exigência a adoptar na atribuição dessas classificações, no quadro de um sistema de reconhecimento do mérito e de promoção da excelência. Assim, dando cumprimento ao disposto no Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de Janeiro, e no Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro, importa agora estabelecer as percentagens máximas para a atribuição das classificações de «Excelente» e de «Muito Bom», tendo em consideração os resultados obtidos na avaliação externa das escolas. Considerando, porém, que nem todos os agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas foram objecto de avaliação externa, importa igualmente fixar essas percentagens para a primeira avaliação de desempenho, sem recorrer a esses resultados, nos termos do n.º 5 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de Janeiro. Assim, nos termos do n.º 3 do artigo 46º do ECD, do n.º 5 do artigo 16º do Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de Janeiro e do n.º 4 do artigo 21º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro, determina-se o seguinte:

1- As percentagens máximas para a atribuição das menções qualitativas de «Excelente» e de «Muito Bom», em cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, na sequência do procedimento da avaliação de desempenho do pessoal docente, são as seguintes:
a) Menção qualitativa de «Excelente» - 5%;

b) Menção qualitativa de «Muito Bom» - 20%.

2- Aos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas que foram objecto de avaliação externa aplicam-se as seguintes percentagens para a atribuição das menções qualitativas de «Excelente» e de «Muito Bom» na avaliação de desempenho do respectivo pessoal docente:

a) Cinco classificações de «Muito Bom» nos domínios e factores que compõem a avaliação externa das escolas:
i) Menção qualitativa de «Excelente» - 10%;
ii) Menção qualitativa de «Muito Bom» - 25%.

b) Quatro classificações de «Muito Bom» e uma de «Bom» nos domínios e factores que compõem a avaliação externa das escolas:
i) Menção qualitativa de «Excelente» - 9%;
ii) Menção qualitativa de «Muito Bom» - 24%.

c) Três classificações de «Muito Bom» e duas de «Bom» ou quatro classificações de «Muito Bom» e uma de «Suficiente» nos domínios e factores que compõem a avaliação externa das escolas:
i) Menção qualitativa de «Excelente» - 8%;
ii) Menção qualitativa de «Muito Bom» - 23%.

d) Duas classificações de «Muito Bom» e três de «Bom» ou três classificações de «Muito Bom», uma de «Bom» e uma de «Suficiente» nos domínios e factores que compõem a avaliação externa das escolas:
i) Menção qualitativa de «Excelente» - 7%;
ii) Menção qualitativa de «Muito Bom» - 22%.

e) Uma classificação de «Muito Bom» e quatro de «Bom» ou duas classificações de «Muito Bom», duas de «Bom» e uma de «Suficiente» nos domínios e factores que compõem a avaliação externa das escolas:
i) Menção qualitativa de «Excelente» - 6%;
ii) Menção qualitativa de «Muito Bom» - 21%.

3- Aos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas cuja classificação nos domínios e factores da avaliação externa das escolas seja diferente da referida em qualquer das alíneas
do número anterior, bem como aos agrupamentos ou escolas que não foram objecto de avaliação externa, aplicam-se as percentagens máximas na avaliação de desempenho do respectivo pessoal docente previstas no n.º 1.

4- As classificações de Suficiente referidas nas alíneas c), d) e e), do n.º 2 não podem em qualquer caso referir-se aos domínios e factores da avaliação externa das escolas relativos aos «Resultados» e à «Prestação do serviço educativo».

5- Os agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas podem proceder à agregação das percentagens a atribuir às menções qualitativas de «Excelente» e de «Muito Bom» e atribuir unicamente esta última menção qualitativa quando da aplicação das percentagens referidas nos números 1 e 2 para efeitos da atribuição da menção qualitativa de «Excelente» resulte um número inferior à unidade.

6- As percentagens máximas previstas no presente despacho aplicam-se, em cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada, de forma independente a cada um dos seguintes universos de docentes:
a) Aos professores titulares que exercem funções de avaliação, com excepção dos coordenadores dos departamentos curriculares ou dos coordenadores dos conselhos de docentes, na situação prevista no artigo 37.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro;
b) Aos restantes professores titulares;
c) Aos professores;
d) Ao pessoal docente contratado.

7- As percentagens previstas nos números 1 e 2 são aplicadas ao universo dos docentes previsto no número anterior, com aproximação por excesso, quando necessário.

8- Aos coordenadores de departamento curricular ou dos conselhos de docentes, na situação prevista no artigo 37.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro, aplicam-se os seguintes critérios para a atribuição das menções qualitativas de «Excelente» e de «Muito Bom»:
a) Nos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas cujo número de coordenadores seja igual a quatro pode ser atribuída uma menção qualitativa de «Excelente» e outra de «Muito Bom»;
b) Nos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas cujo número de coordenadores seja igual a cinco podem ser atribuídas uma menção qualitativa de «Excelente» e duas de «Muito Bom»;
c) Nos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas cujo número de coordenadores seja superior a cinco podem ser atribuídas duas menções qualitativas de «Excelente» e duas de «Muito Bom».

9- As percentagens previstas no n.º 2 aplicam-se aos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas cujo relatório final de avaliação externa seja tornado público até à data da conferência e validação das propostas de avaliação de desempenho com menção qualitativa de Excelente ou Muito Bom pela Comissão de Coordenação da Avaliação.

Lisboa, 15 de Julho de 2008
O MINISTRO DE ESTADO E DAS FINANÇAS,
(Fernando Teixeira dos Santos)
A MINISTRA DA EDUCAÇÃO,
(Maria de Lurdes Reis Rodrigues)

ESCOLA AMIGA DA EPI

1. DINAMIZADORES DO PROJECTO


EPI-APFAPE – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE FAMILIARES, AMIGOS E PESSOAS COM EPILEPSIA A EPI é uma Instituição Particular de Solidariedade Social de e para pessoas com epilepsia que trabalha na melhoria da sua qualidade de vida e seus familiares, pretendendo representar e apoiar as mais de 50.000 pessoas afectadas por qualquer forma de epilepsia em Portugal.A EPI, recentemente criada (2006), surgiu dos Grupos de Ajuda Mútua de Pessoas com Epilepsia e seus Familiares dinamizados pela Liga Portuguesa Contra a Epilepsia. LIGA PORTUGUESA CONTRA A EPILEPSIAA Liga Portuguesa Contra a Epilepsia é uma Instituição Privada sem fins lucrativos de cariz científico que privilegia a investigação clínica na área da Epilepsia.É constituída por médicos de diversas especialidades, psicólogos, assistentes sociais entre outros. PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO A EPI utiliza as estruturas da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE), com a qual caminha em parceria, localizadas no Porto (Sede), Coimbra e Lisboa. A implementação desta parceria assenta na crença de que só traçando caminhos conjuntos poderemos atingir objectivos comuns: - Promover a saúde, o bem-estar social, e a integração socioprofissional e ocupacional das pessoas afectadas por qualquer forma de epilepsia; - Defender os direitos das pessoas afectadas por qualquer forma de epilepsia. A parceria com a LPCE permite-nos, ainda, usufruir da colaboração dos seus associados técnicos, nomeadamente neurologistas, que se mostram disponíveis para participar nas nossas acções de sensibilização, transmitindo o seu conhecimento e experiência no tratamento de pessoas com epilepsia.

2. O PROJECTO: ESCOLA AMIGA DA EPI
2.1 APRESENTAÇÃO DO PROJECTO
O Projecto ESCOLA AMIGA DA EPI pretende dotar Escolas de Ensino do 1º e 2º Ciclos Regular, bem como, Escolas de Ensino Especial de condições adequadas para integrar as crianças com epilepsia. Futuramente, pretende-se que estas escolas venham a ser reconhecidas pelo Ministério da Educação como escolas de referência para a inclusão de crianças com epilepsia.Face à falta de formação dos agentes educativos sobre a epilepsia pretende-se a implementação de um Programa Integrado composto por uma Acção de Formação para professores e auxiliares de educação e uma Acção de Sensibilização para os alunos do 1º e 2º Ciclo de Ensino Regular e Especial, Público, Privado e Cooperativo.

2.2 ENQUADRAMENTO DAS NECESSIDADES Em Portugal, estima-se que existam cerca de 50.000 pessoas com epilepsia. Todos os anos surgem cerca de 4000 novos casos, na sua maioria crianças e adolescentes.Embora muitas crianças com epilepsia não revelem dificuldades no desenvolvimento psicossocial e cognitivo, alguns estudos indicam que a epilepsia pode estar associada a problemas de comportamento e aprendizagem.Estas dificuldades são frequentemente ampliadas pelo preconceito e pelo estigma que derivam do desconhecimento sobre a doença e do desconforto perante as crises epilépticas.A sensibilização para a epilepsia no contexto escolar revela-se especialmente importante pois é na escola que as crianças passam a maior parte do seu tempo e desenvolvem as competências psicossociais.Para além disso, sabe-se que professores bem informados sobre a epilepsia poderão ser mais capazes de potenciar o desempenho dos alunos com epilepsia, de desfazer crenças e mitos profundamente errados sobre a doença e de mitigar os efeitos do estigma, usando a influência significativa que têm sobre os alunos para lhes transmitir conhecimentos e atitudes adequadas face à doença.Os professores podem ter ainda um papel activo no diagnóstico precoce da epilepsia e no acompanhamento dos alunos com epilepsia, fornecendo aos pais e médicos assistentes informações sobre os tipos de crises e aspectos do comportamento que podem estar associados à medicação anti-epiléptica e ou impacto psico-afectivo.Cientes desta realidade, a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE) e a EPI têm dinamizado acções de divulgação e formação em escolas, a pedido de professores que manifestaram necessidade de saber mais sobre epilepsia e de pais que pretenderam facilitar a integração na escola dos seus filhos com epilepsia.A implementação do Projecto visa dar continuidade às Acções de Formação no contexto escolar de modo estruturado potenciando a abrangência de maior número de estabelecimentos de ensino e facilitando a integração das crianças com epilepsia.Dada a alteração da Legislação sobre o Ensino (DL nº3 / 7 de Janeiro de 2008) que reforça a integração de todas as crianças com necessidades especiais em vários estabelecimentos de Ensino, o projecto visa contribuir para o conceito Escola Inclusiva e Promotora das competências dos seus alunos, reconhecida pelo Ministério da Educação.
2.3 DESTINATÁRIOS Professores, auxiliares de educação e alunos de Escolas do 1º e 2º Ciclos, Ensino Regular e Especial, Público, Privado e Cooperativo. ÁREA DE ABRANGÊNCIA: Projecto-piloto circunscrito à Região da Grande Lisboa. CONDIÇÕES DE ACESSOTodas as Escolas do 1º e 2º Ciclos de Ensino podem ser beneficiárias do projecto, sendo seleccionadas, prioritariamente, aquelas que já tenham crianças com epilepsia, e aquelas que tenham sido referenciadas por associados da LPCE e da EPI.
2.4 OBJECTIVOS OBJECTIVOS GERAIS
a) Aumentar o conhecimento sobre a epilepsia e a forma adequada de actuar perante as crises epilépticas;
b) Reduzir o impacto psicossocial da doença e potenciar a integração das crianças com epilepsia;
c) Contribuir para a elaboração de estratégias de ensino adaptadas a crianças que demonstrem dificuldades cognitivas devido à epilepsia ou à medicação antiepiléptica;
d) Melhorar a comunicação e confiança mútuas entre os pais/familiares e os profissionais de educação de crianças com epilepsia;
e) Melhorar a articulação entre a escola e as entidades que podem prestar apoio médico, psicológico e social a crianças com epilepsia.
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
1. Formar/informar os professores e auxiliares de educação sobre os principais aspectos médicos, psicológicos e sociais da doença:É esperado que Profissionais de educação adquiram as seguintes competências:
a) Conhecimentos gerais sobre: definição da doença, causas e tratamento;
b) Identificar e actuar durante as crises epilépticas;
c) Reconhecer uma crise epiléptica e ajudar no processo de diagnóstico precoce;
d) Identificar potenciais dificuldades de aprendizagem associadas à doença e/ou à medicação adequando as estratégias de ensino;
e) Identificar potenciais problemas psicossociais e encaminhar para técnicos de Psicologia;
f) Facilitar a interacção da criança com epilepsia com os restantes elementos da turma.
2. Sensibilizar os alunos para aspectos médicos da doença e motivá-los a apoiar e integrar colegas com epilepsia:É esperado que os alunos adquiram as seguintes competências:a) Conhecimentos básicos sobre a doença;b) Identificar e actuar durante as crises epilépticas;c) Atitude positiva, não discriminatória e de solidariedade face a colegas com epilepsia.

2.5 EQUIPA TÉCNICA COORDENAÇÃO:A coordenação será da responsabilidade da Dra. Paula Breia (LPCE) e da Dra. Alexandra Silva (EPI-APFAPE) que terão como funções:a) Constituir a equipa técnica,b) Coordenar as actividades ec) Verificar a execução do orçamento do projecto. TÉCNICOS• 1 Secretário (16 Horas/mês)Responsável pela criação/gestão da base de dados das escolas, formatação/edição e envio do material de divulgação e certificados de formação (por correio normal, electrónico e página da Internet), marcação das visitas/acções de formação com as escolas;• 1 Psicólogo (80 Horas/ mês)Responsável pela criação do material de divulgação; selecção dos conteúdos psicossociais; colaboração na criação de materiais pedagógicos; suporte às acções de formação; visitas às escolas; participação nas acções de formação;• 2 Médicos de neurologia/neuropediatria (6 horas/mês) Responsáveis pela selecção dos conteúdos médicos; colaboração na criação de materiais pedagógicos; participação nas acções de formação;A EPI pretende reforçar a parceria desenvolvida com os Médicos associados da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, bem como, convidar outros especialistas para integrarem a Bolsa de Formadores.• Apoio de voluntários, familiares/pessoas com epilepsia da EPI: 4-6 pessoas Colaboração na criação do material de divulgação e de suporte às acções de formação, acompanhamento das visitas às escolas e participação nas acções de formação;
2.6 PLANIFICAÇÃO DAS ACTIVIDADES
2.6.1 DURAÇÃOO projecto terá início em Maio de 2008 com a duração de 12 meses, tendo um interregno no mês de Agosto.
2.6.2 ACTIVIDADES A. ESTABELECIMENTO DE PARCERIAS• Ministério da Educação: Pretende-se que este organismo reconheça a certificação da formação no contexto escolar e permita a divulgação da lista de escolas beneficiadas pelo Projecto.• Associação Nacional de Professores: Pretende-se que esta associação seja um canal de comunicação com as escolas de modo a potenciar a implementação do Projecto.• Confederação Nacional de Associações de Pais: Pretende-se a divulgação do projecto junto dos seus associados e Escolas que mantém contacto privilegiado.• Alto Comissariado da Saúde: Pretende-se apoio institucional do Alto Comissariado da Saúde, através do reconhecimento desta formação como importante forma de promoção de um maior conhecimento para com uma patologia particularmente impactante nos mais jovens. B. DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA E CONTEÚDOS DA FORMAÇÃO A selecção dos conteúdos decorre da necessidade de informação manifestada pelas dúvidas apresentadas pelos profissionais de educação ao longo das acções já promovidas pela LPCE e com base no que é referido na literatura. Todavia, no desenvolvimento do projecto far-se-á uma avaliação da adequação dos mesmos face às necessidades da população-alvo e objectivos do projecto. C. ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃOAs estratégias de divulgação do projecto contemplam:• Elaboração de folheto/cartaz de Divulgação;• Divulgação em websites: http://epi.do.sapo.pt/ ; http://www.lpce.pt/; http://www.dgs.pt/, http://www.drel.min-edu.pt/ , http://www.anprofessores.pt/; • Divulgação na Comunicação Social;• Divulgação da Tabela de Características das Escolas na página da EPI (http://epi.do.sapo.pt/): (base de dados de todas as características das Escolas beneficiárias, nomeadamente, localização, níveis de ensino, respostas psicopedagógicas, etc.). D. ELABORAÇÃO DE RECURSOS PEDAGÓGICOS Tendo em conta a rotatividade dos profissionais de educação nos estabelecimentos de ensino pretende-se criar recursos pedagógicos para que os mesmos possam dispor de recursos para a formação de novos profissionais.• Reedição do Guia do professor: “Epilepsia na Escola”;• Elaboração e Edição do Folheto informativo sobre a Epilepsia para a Crianças com base nos recursos pedagógicos elaborados pelo IBE, ILAE e outras associações internacionais de apoio ao doente com epilepsia. E. ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTOS AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS A avaliação constitui a recolha e análise de informação relativa ao processo e resultados das acções com o fim de determinar se os objectivos foram alcançados e perspectivar melhoramentos futuros. Neste sentido a avaliação estará presente antes, durante e depois das acções, sendo um processo dinâmico: • QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS BÁSICOSSOBRE EPILEPSIA: Análise comparativa dos conhecimentos prévios e posteriores à acção de formação; • QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA ACÇÃO DE FORMAÇÃO: A avaliação da acção será avaliada através de uma escala de satisfação sobre os aspectos estruturais da acção, os conteúdos e o desempenho do formador. • AVALIAÇÃO FINAL DOS FORMANDOS: A emissão de Certificados visa credenciar o Estabelecimento de Ensino em como reúne condições para integrar crianças com epilepsia. • AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO PROJECTO: Solicitar às escolas que realizem um trabalho e ou actividade que contribua para o conhecimento da epilepsia e redução do estigma associado. O melhor trabalho receberá um prémio. F. IMPLEMENTAÇÃO DAS ACÇÕES DE FORMAÇÃO O Projecto visa beneficiar 30 estabelecimentos de Ensino, realizando-se em média 4 acções de formação durante 8 meses.
2.7 - CRONOGRAMA
Maio de 2008 a Maio de 2009

Ensino Básico reorganizado


O ensino das áreas curriculares não disciplinares nos 1º e 2º Ciclos vai mudar no próximo ano lectivo. A reorganização do currículo pretende "permitir a redução do número de professores por turma", refere o despacho do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos. Os sindicatos acusam o Ministério da Educação de não ter negociado as alterações e exigem esclarecimentos sobre as consequências para o emprego docente.


A área de estudo acompanhado deverá ser assegurada pelo professor titular de turma, no caso do 1º Ciclo, e, de preferência pelos docentes dos grupos de recrutamento de Língua Portuguesa e Matemática, nos 2º e 3º Ciclos. Aos directores de turma será atribuída, nos 2º e 3º Ciclos, a área disciplinar da formação cívica.

O despacho determina que até ao 9º ano devem ser desenvolvidas, na área de projecto e formação cívica, várias competências de Educação: Saúde/Sexualidade, Ambiental, Consumo, Sustentabilidade, Empreendedorismo, Igualdade de Oportunidades, Solidariedade, Rodoviária, Media, Direitos Humanos e Dimensão Europeia. Os alunos do 8º ano vão ter 90 minutos por semana de aulas TIC. Já os do 5º ano deverão ter cinco blocos de 90 minutos, distribuídos pelo ano lectivo, do módulo de Cidadania e Segurança.

O ano lectivo começa entre 10 e 15 de Setembro e termina a partir de 9 de Junho de 2009 (9º, 11º e 12º) e 19 de Junho (restantes anos).

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Aluna que molestou professora vai cumprir trabalho comunitário

A aluna da Escola Carolina Michaelis (Porto), que em Março molestou uma professora por causa de um telemóvel, apresentou hoje um pedido de desculpas à docente e vai cumprir 30 horas de trabalho comunitário, disse à Lusa fonte judicial.

O desfecho do caso deu-se numa audiência preliminar, conduzida pela juíza Ana Isabel Moniz, no Tribunal de Família e Menores de Matosinhos.

Caso fosse a julgamento, a jovem P., de 15 anos, responderia por um crime de coacção e outro de agressão física.

Na audiência preliminar, a professora de francês Maria Cruz aceitou que a menor não fosse a julgamento, bem como o pedido de desculpas formulado, disse a advogada da docente, Ana Espírito Santo.

Logo após o incidente, esta aluna foi transferida para outra escola.

Penas de trabalho comunitário foram já aplicadas a dois outros alunos envolvidos no caso.

Um deles, já com idade para responsabilização criminal (16 anos), que terá impedido outros colegas de socorrer a docente, foi obrigado a cumprir 40 horas de trabalho comunitário.

Já o aluno menor que filmou o incidente, ficou obrigado a prestar 20 horas de serviço similar.

Diário Digital / Lusa

Fenprof denuncia bloqueio informático nas candidaturas de docentes

A Federação Nacional de Professores (Fenprof) diz que o sistema de candidatura electrónica para a contratação de docentes voltou a bloquear este fim-de-semana e que «inúmeros professores ficaram sem possibilidade de concorrer». Ministério da Educação garante que o processo «decorreu com normalidade» e que foram registados 46 mil candidatos. O prazo para as candidaturas à contratação de professores – alargado por dois dias na sequência de problemas informáticos – acabava à meia-noite de domingo. Mas na madrugada de segunda-feira ainda havia docentes a enviar emails aos sindicatos queixando-se de não ter conseguido registar a sua candidatura.

«No domingo fomos recebendo alguns telefonemas e emails de professores que diziam que o site das candidaturas estava bloqueado» , contou Luís Lobo, da Fenprof, ao SOL.

Lobo garante que o bloqueio electrónico que se verificou este fim-de-semana tem uma consequência grave: «inúmeros professores ficaram sem possibilidade de concorrer».

Para resolver o problema, a Fenprof propõe – num ofício enviado esta segunda-feira à Direcção-Geral de Recursos Humanos da Educação – um novo alargamento do prazo de registo das candidaturas por mais dois dias.

«Infelizmente, aconteceu o que já se previa, razão por que a FENPROF havia colocado a necessidade de o concurso se prolongar até dia 22, ou seja, por mais dois dias úteis» , escreve a direcção do sindicato em comunicado enviado às redacções.

Luís Lobo lembra, aliás, que as dificuldades sentidas pelos professores durante sábado e domingo se agravaram por se tratar de dias em que os serviços do Ministério estão encerrados.

«As pessoas não sabiam o que fazer porque não havia ninguém que as pudesse esclarecer. Foi por isso que começaram a ligar para os sindicatos» , conta, assegurando que alguns docentes chegaram mesmo «a ir a casa de vários amigos para tentar fazer o registo da candidatura, por temerem que o problema pudesse estar no seu computador ou na sua ligação à internet».

Contactado pelo SOL, o gabinete de Maria de Lurdes Rodrigues refuta as acusações do sindicato e garante que «todo o processo decorreu com normalidade durante o fim-de-semana», não se tendo registado qualquer avaria ou bloqueio no site das candidaturas.

«Entraram várias candidaturas este fim-de-semana» , assegurou ao SOL o porta-voz da ministra, que adianta terem sido registadas pelo Ministério da Educação 46 mil candidaturas à contratação de docentes. «É um número que fala por si e revela que não houve qualquer problema», frisa a mesma fonte.

margarida.davim@sol.pt