segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Governo atribui às novas ofertas educativas redução de quase 60 por cento dos professores desempregados

O Governo atribui a diminuição dos professores inscritos nos centros de emprego ao aumento da eficiência do recrutamento, ao alargamento das ofertas educativas, nomeadamente cursos de formação e profissionais, e à implementação da chamada escola a tempo inteiro.

O número de professores inscritos nos centros de emprego passou de 12.877 para 5521 entre Dezembro de 2005 e Dezembro de 2008, o que representa uma diminuição de 57,1 por cento, segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional.

“Por um lado, aumentámos a eficiência do sistema educativo através de um recrutamento mais cuidado dos professores em relação às verdadeiras necessidades, ao mesmo tempo que expandimos as ofertas educativas de alguns sectores”, afirmou à agência Lusa o secretário de Estado da Educação.

Valter Lemos referia-se ao “enorme” aumento dos cursos profissionais no ensino secundário, dos cursos de educação e formação no básico, as actividades de enriquecimento curricular no primeiro ciclo (no âmbito da escola a tempo inteiro), “que criaram cerca de 15 mil postos de trabalho”, e a criação dos centros novas oportunidades.

Por outro lado, Valter Lemos garante que a esmagadora maioria dos docentes que deixaram de estar inscritos nos centros de emprego foram absorvidos pelo sistema educativo, admitindo, no entanto, “um ou outro” professor que possa estar a trabalhar numa actividade não relacionada com o ensino.

Estavam inscritos em Dezembro de 2005 nos centros de emprego 9148 docentes do 2º e 3º ciclos do ensino básico, secundário e superior, mas passados três anos o número caiu para 2671, menos 70,8 por cento.

O secretário de Estado sublinhou ainda a “renovação” que se tem verificado no corpo docente. Em 2005, acrescentou, mais de metade dos professores estavam nos últimos três escalões da carreira docente e muitas aposentações acabaram por ser aceleradas com a lei que permitiu a antecipação das reformas da administração pública.

Valter Lemos lembrou ainda que o objectivo central das políticas do Ministério da Educação “não pode ser reduzir ou aumentar o desemprego”, mas sim “responder da melhor forma possível às necessidades de educação dos alunos”.

Os sindicatos consideram que a diminuição do número de professores inscritos nos centros de emprego “não reflecte verdadeiramente” o desemprego docente, já que muitos podem estar a trabalhar em áreas não relacionadas com o ensino, entre outros motivos.

“O facto de ter diminuído o número de professores desempregados registados nos centros de emprego não significa necessariamente que estes docentes foram absorvidos pelo sistema educativo”, afirmou à agência Lusa João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE).

Para o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, os dados também “não reflectem verdadeiramente” o desemprego entre a classe, já que muitos jovens com formação para serem docentes acabam por aceitar empregos noutras áreas, quando não conseguem uma colocação, de forma a garantirem um salário.

“Encontramos muitas pessoas com formação para a docência a trabalhar em caixas de supermercado. Obviamente, não podem estar inscritos nos centros de emprego e desaparecem das estatísticas do desemprego docente”, sustenta o dirigente da FNE.
Lusa

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