A definição do calendário para a avaliação do desempenho dos professores ficou ontem concluída, com os sindicatos a considerarem que a ministra Isabel Alçada está a começar mal o seu mandato na Educação. Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), e João Dias da Silva, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), não aceitam o seu silêncio.
"A ministra da Educação está a começar mal. Revelou uma grande insensibilidade para com as escolas e professores, pois o actual modelo de avaliação será substituído", afirmou Mário Nogueira ao CM, lamentando a ausência de resposta a uma carta enviada a pedir uma reunião urgente para abordar o calendário da avaliação: "Teve uma grande oportunidade de demonstrar aproximação aos professores. Enviámos uma carta e ficámos sem resposta. Já vimos isto durante quatro anos e meio, e não gostámos", garante.
Também João Dias da Silva, da FNE, não aceita o silêncio da ministra, embora até o compreenda: "Não aceito o silêncio, pois era um sinal de que queria aproximar-se dos professores, mas até o compreendo na base em que só agora tem a equipa completa e o programa do Governo só é discutido para a semana."
Quanto ao calendário que as escolas definiram para a avaliação dos professores, ambos são da opinião que é trabalho inútil. "A definição de um calendário que não terá qualquer concretização, porque mais tarde ou mais cedo será substituído, é uma grande inutilidade", afirmou João Dias da Silva, corroborado por Mário Nogueira: "Dentro de pouco tempo o modelo de avaliação será outro."
Apesar de as atenções estarem centradas no modelo de avaliaçãodo desempenho dos professores,a Fenprof é peremptória ao afirmar que não está disposta a aceitar uma avaliação enquanto a carreira dos docentes estiver dividida hierarquicamente. "Tem de haver uma revisão do Estatuto da Carreira Docente para resolver estes assuntos. Enquanto houver uma hierarquia de professores não há modelo de avaliação algum que seja aceite", afirmou Mário Nogueira, constatando que "nas reuniões com os partidos da Oposição ficou bem clara a discordância com a divisão da carreira dos professores".
As escolas que ontem definiram o calendário para a avaliação decidiram prolongar o prazo para a entrega dos objectivos individuais até ao final do primeiro período.
Bloco de Esquerda e PCP já apresentaram diplomas na Assembleia da República para substituir a avaliação. A esperança dos professores passa pela Oposição, em maioria no Parlamento, que já se comprometeu a votar favoravelmente a suspensão.
André Pereira
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