Os encarregados de educação dos alunos de uma turma do 6º ano da escola EB 2,3 Martim de Freitas, em Coimbra, acusam um professor de agredir os alunos, de 10 e 11 anos, e de manter com eles "contactos físicos despropositados". Numa queixa apresentada na direcção do estabelecimento de ensino e na Direcção Regional de Educação do Centro (DREC), os pais pedem a substituição do docente e garantem que os filhos "não frequentarão as aulas" enquanto o professor de Educação Visual e Tecnológica e Área de Projecto estiver ao serviço.
Segundo o documento, a que o CM teve acesso, os alunos do 6º D queixam-se quase desde o início do ano lectivo, relatando várias situações, sobretudo de violência verbal. Mas a gota-d’água aconteceu na aula de quinta-feira passada, assim considerada pelos pais de um aluno, que avançaram com uma queixa individual, uma "verdadeira jornada de violência verbal e física". Quatro das crianças foram agredidas fisicamente. Uma delas terá sido forçada a enfiar a cabeça dentro do caixote do lixo.
Mas as situações de "agressividade, intimidação e contactos físicos despropositados verificam--se desde o início do ano lectivo, sempre em sentido crescente, criando o receio nas crianças", refere o documento, subscrito pelos 21 encarregados de educação. Os pais questionam, por exemplo, a "importância no âmbito pedagógico do contacto físico reiterado pelo professor com os respectivos alunos". Num dos casos, o docente terá feito festas nas costas, sob a camisola, a um dos alunos.
Por entenderem que o "ensino--aprendizagem [se] encontra totalmente comprometido, assim como a segurança das crianças", os pais pedem a substituição do professor. Na carta enviada à direcção da escola e à DREC, lembram que as crianças ficam "muito nervosas e receosas nos dias em que têm as disciplinas leccionadas pelo professor". Perplexos com os relatos das crianças, alguns encarregados de educação também apresentaram participações individuais. Foi o caso dos pais de um menino de 11 anos, que terá sido agredido na aula de quinta-feira, e que se afirmam chocados com o "grau de violência". A direcção da escola e a DREC escusaram-se a prestar declarações.
Os pais de um dos menores agredidos na aula vão apresentar uma queixa-crime contra o professor, afirmou ontem ao CM a mãe da criança, que pediu para não ser identificada. Horas após a aula, o filho ainda estava "visivelmente perturbado por toda a situação e pela manifesta violência de alguns comportamentos – que chegaram à agressão física – e atitudes do referido professor", descrevem na carta remetida à direcção da escola.
O professor em causa já anteriormente terá suscitado problemas noutros estabelecimentos de ensino por onde passou. As queixas, que em alguns casos terão mesmo originado processos disciplinares, referem-se a "comportamentos incorrectos com os miúdos e até com colegas", refere o pai de uma criança, que pediu para não ser identificado. Na sequência desses processos disciplinares terá sido afastado algum tempo do ensino.
O professor, que terá entre 40 e 50 anos, encontra-se de baixa médica, tendo sido substituído por uma colega.
Os pais de um menino agredido referem na participação feita à direcção da escola e à DREC que a violência verbal e física é fácil de comprovar por se encontrar na sala uma segunda docente.
Todas as crianças da turma, segundo os pais, apresentam a mesma "sensação de receio quando abordadas pelo professor".
Os pais verificaram que os filhos apresentavam relatos idênticos das situações que mais os marcaram.
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