terça-feira, 21 de agosto de 2018

Vídeo - Chegar ao Brasil e ver o mundo novo do índio Tupinambá



No século das Descobertas, é grande o fascínio por tudo o que vem do Novo Mundo. Acreditava-se que essas terras eram habitadas por monstros. Mas eis como uma pintura de Grão Vasco revoluciona a antropologia e apresenta o primeiro índio, o senhor do Brasil.
A descoberta já era notícia no reino: Pedro Álvares Cabral tinha achado outra terra que não as Índias de Vasco da Gama. Afastara-se de propósito da rota  recém traçada, pois sabia-se que do outro lado do Atlântico existia mais do que mar. A expedição juntava 13 naus que a 22 de abril de 1500, avistaram uma ilha: chamaram-lhe Vera Cruz, o princípio do imenso continente que é o Brasil.

O momento foi registado por Pêro Vaz de Caminha numa carta destinada a D.Manuel I , para informar o rei da exuberância e do exotismo do novo mundo, da fisionomia dos nativos, gente inocente e simples, que “não lhes falece outra cousa para ser toda cristã”.

Esta narrativa de viagem, classificada pela UNESCO como um dos mais importantes documentos da história da humanidade, terá chegado ao conhecimento do mestre pintor de Viseu, Grão Vasco, um ou dois anos depois, exatamente na data em que é iniciado o retábulo da Adoração dos Reis Magos. A obra, encomendada pelo bispo D.Fernando Gonçalves de Miranda é realizada em parceria com outros artistas, provavelmente de origem flamenga.

No centro da composição desta cena bíblica, de forte tradição religiosa, está um outro Baltasar: o rei dos africanos é substituído pelo novo homem, de pele escura, “cabelos corredios”, o exótico índio brasileiro da etnia Tupinambá.

A  indumentária mistura-se em brocados europeus e toucado de penas, colares vistosos e manilhas de ouro nos pulsos e nos tornozelos…. da imagem do “bom selvagem” que anda nu no idílico paraíso, restam os pés descalços. A representação traduz uma mensagem evangelizadora, a outra conquista que os portugueses querem fazer no mundo.

Nesta visita ao Museu Grão Vasco, conduzida pela jornalista Paula Moura Pinheiro e pela historiadora de arte, Dalila Rodrigues, podemos conhecer melhor o primeiro índio brasileiro da arte portuguesa.

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