domingo, 5 de abril de 2009

Novas regras de colocação de professores faz crescer procura de diplomas de Espanhol

A decisão do Ministério da Educação, que abriu o concurso para colocação de professores de Espanhol a docentes de Português ou de outras línguas desde que tenham o diploma de nível superior C2 do Instituto Cervantes (IC), está a corresponder ao aumento do número de candidaturas aos exames que permitem obter aquele certificado. “Uma situação preocupante”, na perspectiva do director do IC de Lisboa, Martín Valenzuela, que alerta para o facto “de muitos se disporem inscrever-se, apesar de estarem muito longe de terem os conhecimentos científicos exigidos”.

Considerando que estão a ser criadas “falsas expectativas” “com prejuízos óbvios”, Martín Valenzuela atribui responsabilidades pela situação “a pessoas que, para contestarem a decisão do Governo, fazem passar a ideia de que é fácil obter os Diplomas de Espanhol como Língua Estrangeira (DELE)”. “Muitos dos que nos aparecem nem sequer conseguiriam ver certificado o nível mais baixo de conhecimentos”, comenta.

Esta semana, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, correspondeu aos protestos de associações de professores e de representantes de universidades rectificando, na portaria que estabelece as habilitações para o ensino de Espanhol, a data limite para a obtenção do DELE. Assim, concorrem em igualdade de circunstâncias com aqueles que têm cursos universitários e profissionalização em Espanhol os docentes de outras línguas que consigam aquele diploma até ao fim do ano lectivo 2008/2009 e não 2010/2011, como estava definido.

Aquela cedência, no entanto, não acalmou os contestatários, que alegam que o problema de base se mantém. “Como o grupo de Espanhol é recente, serão os professores de outras línguas, menos habilitados mas com mais anos de serviço, a ocupar, para a vida, as 220 vagas definitivas este ano criadas”, explica Sónia Duarte, dirigente da Associação Portuguesa de Professores de Espanhol – Língua Estrangeira (APPELE).

Já Apolinário Lourenço, do Centro de Línguas da Universidade de Coimbra, considerou que, ao não limitar a este concurso a possibilidade de concorrer com o DELE (e estabelecendo 2008/2009 como limite para a sua obtenção), Valter Lemos não correspondeu ao compromisso assumido com representantes de várias universidades públicas. “Obter o DELE é facílimo e o Instituto Cervantes faz cursos intensivos, pelo que o número de professores com este tipo de diploma, que apenas os habilita a falar 'portunhol’, pode aumentar de forma muito, muito significativa”, protestou, esta semana.

Martín Valenzuela critica aquele tipo de afirmações, que diz entender apenas “como desabafos, sem rigor”. E frisa que o DELE de nível superior C2, a cuja obtenção se pode candidatar qualquer pessoa que julgue ter os conhecimentos exigidos, credencia “o completo domínio da língua”. 

Assegurou ainda que em Portugal “apenas haverá provas para obtenção do DELE em Maio e Novembro, como sempre esteve previsto”, não se referindo ao facto de a partir do sítio na Internet do Instituto Cervantes (http://lisboa.cervantes.es/pt/default.shtm) ser possível obter a informação de que noutros países, incluindo Espanha, também se realizam exames em Agosto.


Graça Barbosa Ribeiro

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