Duas escolas colocam estudantes com dificuldades em turmas específicas para combater o insucesso escolar. Mas apenas por seis semanas. E avisam que projecto deve ser explicado aos pais, o que não aconteceu na escola da Damaia
A separação de alunos por turmas segundo as suas dificuldades de aprendizagem já acontece em algumas escolas portuguesas, mas em nenhuma houve tanta polémica como na escola do primeiro ciclo José Ruy, na Damaia, onde os pais indignados acusam a direcção de fazer segregação por notas. Até porque nos outros projectos os estudantes ficam apenas seis semanas numa turma de apoio. Um factor importante, dizem os responsáveis que defendem a mobilidade destes alunos à medida que vão ultrapassando as suas dificuldades.
"A nossa experiência diz-nos que os alunos devem ser canalizados para essa aprendizagem efectiva de forma a que regressem à turma-mãe o mais depressa possível", indica Matias Alves, professor da Universidade Católica do Porto, que monitoriza o programa Fénix, na Póvoa do Varzim.
O projecto Fénix e o TurmaMais são os dois projectos mais conhecidos de separação dos alunos de acordo com as suas dificuldades nos estudos. Na Póvoa do Varzim e em Estremoz, respectivamente, os alunos são apoiados temporariamente para ultrapassarem os pontos fracos.
Em ambas as escolas, os pais foram ouvidos e fizeram parte da discussão do projecto. Uma explicação que ainda não terá chegado aos pais dos alunos da Damaia e que as associações de pais criticam.
A TurmaMais, que funciona há sete anos na Escola Secundária com 3.º Ciclo da Rainha Santa Isabel, em Estremoz, já conseguiu reduzir a taxa de insucesso escolar no 7.º ano. Antes do arranque do programa a taxa era de 38%, um ano depois era de 12% e tem vindo a baixar desde então.
Aqui, existe uma turma extra por onde passam todos os alunos do terceiro ciclo, dos melhores aos que têm notas mais baixas. "Os primeiros a ter aulas na TurmaMais são os alunos de nível quatro e cinco, depois são os que têm mais dificuldades, depois os de nível três e depois voltamos aos que têm mais dificuldades", explica Graça Figueira, uma das professoras da TurmaMais.
O projecto aplica-se a todas as disciplinas e começou de forma voluntária, tal como explica José Verdasca, director regional de educação e professor da Universidade de Évora, que monitoriza o programa. "No início só entravam na turma os alunos que os pais autorizavam", diz. Hoje, os alunos "pedem para ir para a TurmaMais porque querem trabalhar um bocadinho mais", conta Graça Figueira.
Na escola Rainha Santa Isabel, que estreou o modelo no ano lectivo passado, o reforço pedagógico acontece nas aulas de Matemática e Português. O apoio destina-se apenas aos estudantes com mais dificuldades. "Os alunos estão contentes e percebem que podem aprender como os outros", garante Luísa Moreira, presidente do conselho executivo da escola.
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